The Wildhearts lança continuação de debute clássico; ouça!

Satanic Rites Of The Wildhearts, o 11º álbum dos veteranos ingleses do The Wildhearts, chegou às plataformas digitais. O disco é o sucessor de 21st Century Love Songs (2021). Produzido por Jim Pinder (Bring Me The Horizon) e mixado por Pinder e Carl Bown (Machine Head), o trabalho é considerado como uma continuação tardia do clássico Earth vs The Wildhearts (1993). “As músicas foram escritas durante um período de transição, de extremamente negativo para positivo”, diz Ginger Wildheart em comunicado enviado à imprensa. “Eu percebi quanto controle eu tenho sobre minha saúde mental, e as músicas vieram desse entendimento. Há de tudo aqui — refrões cativantes, riffs de foda-se, raiva, frustração, aceitação e revelação, com muitos desvios insanos. O álbum começa pessimista e termina como ‘Ah, então eu POSSO mudar minha vida?’ Ginger vai além na explicação sobre o álbum: “Às vezes você tem que começar do fundo, do seu ponto mais escuro”. “Temos mais controle sobre nossas emoções do que pensamos. Controlamos o resultado pela forma como respondemos. Quando comecei a aprender isso, as músicas saíram mijando. É um álbum de hard rock para pessoas que realmente amam hard rock”. Por fim, Ginger falou sobre o amor pela música. “Eu estava lendo uma entrevista com um músico famoso recentemente, e ele estava falando sobre como não existem mais trovadores — pessoas que tocam música puramente por amor a ela. Eu pensei que era uma observação interessante, então eu a abordei aqui, junto com a ideia de ser você mesmo e não ser influenciado por tendências ou modas, pela última coisa. Se você permitir que isso aconteça, há o perigo de você estar sempre um passo atrás ou na sombra de outra pessoa.”

Resenha | The Wildhearts no Electric Ballroom, em Londres

Dias antes do lançamento do álbum 21st Century Love Songs, The Wildhearts caiu na estrada para promover o novo trabalho. A tour já havia sido anunciada meses antes, assim como o lançamento do disco. No período de lockdown, a banda fez uma “live” e anunciou o álbum. Aliás, logo nos apresentou Splitter, faixa que também já entrou no setlist da banda. O fato curioso é que o álbum foi gravado sem sessões de ensaios em grupo, foi feito totalmente com os integrantes trocando o material e se encontrando somente em estúdio para as gravações. Portanto, isso reflete no atual setlist, no qual as músicas seriam introduzidas gradativamente e ensaiadas nas passagens de som. Bem, o show deles é basicamente uma reunião familiar. Imaginem centenas de primos e primas juntos, todos no melhor astral possível. Em resumo, é essa a atmosfera dentro da casa, tudo estava encaminhado para mais um show perfeito. Abertura clássica, cantada uníssono no Electric Ballroom, em Londres, na última quinta-feira (9)… Banda no palco, primeiros acordes de Diagnosis, seguida de TV Tan e fechando a trinca inicial, a maravilhosa Sick of Drugs. Logo depois, foi só administrar o jogo. Aliás, já estava ganho antes de começar. Eles conseguem fazer isso. Uma das grandes surpresas do show está em um medley que estão fazendo logo no início do segundo bloco, mesclando Remember These Days, Turn American, Schizophrenic, Girlfriend Clothes, If Live is Like a Lovebank I Want a Overdraft Bank, e finalizando com Splatermania. Sem dúvida, um dos pontos altos do show, algumas dessas não entravam no setlist desde os anos 1990. Surpresas e mais clássicos do Wildhearts Após isso, clássicos atrás de clássicos. Contudo, mais uma bela surpresa iria rolar na sequência. O set todo funciona muito bem ao vivo e o link entre as músicas flui naturalmente. A banda deixa nítido que o habitat natural deles é em cima do palco, de frente aos seus fãs. Caffeine Bomb vira a casa de cabeça para baixo, enquanto Let Em’ Go nos remete a um estádio de futebol. Aliás, a primeira parte se encerra com Caprice. Em resumo, muitas cartas na manga em apenas 45 minutos, não? Pausa rápida para a última trinca, com Inglorious, Suckerpunch, além do clássico dos clássicos I Wanna Go Where the People Go, que encerra o set apoteótico. A alegria e a vontade de tocar do The Wildhearts é sempre exalada show após show. Contudo é fácil de entender o porque deles estarem sempre na estrada. Uma banda que foi moldada na porrada, literalmente, subiu, desceu, se auto sabotou, parou e voltou. E, após todos esses anos, nos mostra que a sua relevância merece todos os aplausos do mundo. Que venham os próximos, pois se pudesse assistiria eles todos mês. Quem já assistiu sabe o que estou falando. Quem nunca, por favor, faça esse favor a você mesmo.

Crítica | The Wildhearts – 21st Century Love Songs

Com uma capa que remete aos filmes de terror e um videoclipe no melhor estilo “gore” para a faixa Sleepaway, The Wildhearts está de volta. O retorno acontece dois anos após o seu último álbum de estúdio, o aclamado Renaissance Men. No filme Pânico 2, o personagem Randy Meeks (Jamie Kennedy) apresenta uma teoria sobre as três regras das sequências de filmes, onde segundo ele: “a contagem de corpos é sempre maior, as cenas de morte são mais elaboradas e com muito mais sangue. E nunca, nunca, sob quaisquer circunstâncias, presuma que o assassino está morto”. Contudo, se aplicarmos essa teoria ao disco novo dos Wildhearts, dá para se ter uma boa ideia sobre o que os caras aprontaram nesse que é o décimo disco da carreira da banda, 21st Century Love Songs, lançado pela Graphite Records. As músicas nunca soaram tão complexas, com passagens alucinadas que vão do metal ao punk, passando pelo rockabilly e desembocando em refrãos extremamente pop, com uma naturalidade que só mesmo o Wildhearts sabe produzir. Os temas seguem tratando sobre o cotidiano e a eterna batalha pela sanidade mental, ainda mais em um mundo devastado pelo covid. No entanto, algumas músicas trazem uma mensagem um tanto positiva e isso, por si só, já é uma grata surpresa. Surpresas nas mais complexas Por mais que músicas como A Physical Exorcism e You do You sigam uma linha um pouco mais convencional de hits e soam amigáveis aos ouvidos logo na primeira audição, são nas mais complexas que a banda surpreende e nos presenteia com músicas, que são verdadeiros passeios turísticos pela mente criativa do vocalista Ginger. Sleepaway, Directions e Institutional Submission, que começa tão feroz quanto uma música do Discharge, mas mesmo assim ainda consegue encontrar curvas que a levam a um refrão mais power pop. Um disco impecável, indicado para fãs de música rock, sem preconceitos. Guitarras altas, vocais berrados, bateria e baixo pulsantes protegendo belíssimas melodias. Aliás, funcionam como prêmios a todos os bem aventurados dispostos a desbravar esse mar de riffs e refrões até o fim. Seguindo a lógica da teoria do Randy e transportando ela para a discografia da banda, está tudo aí, incluindo a terceira regra. “Nunca presuma que o assassino está morto”. Por fim, a julgar por esse disco, os Wildhearts estão bem longe de estarem mortos. Ainda bem!

Crítica | The Wildhearts – 30 Year Itch

Discos ao vivo são uma das coisas mais questionáveis, principalmente quando o assunto surge nas rodas de fãs de rock. Existem os que amam e os que odeiam, no entanto, uma coisa é inegável: alguns dos maiores clássicos já lançados por bandas do gênero são frutos de registros de apresentações ao vivo. Que o diga Cheap Trick com o seu Live at Budokan, o Kiss e os Alive, o It’s Alive do Ramones, o Frampton Comes Alive! do Peter Frampton, Johnny Cash At Folsom Prison. No Brasil não é diferente. Tivemos o Viva do Camisa de Vênus, RDP Ao Vivo do Ratos de Porão, além do Rádio Pirata Ao Vivo, do RPM, como discos que ajudaram a definir a marca desses artistas. Formada em 1989, em Newscastle, na Inglaterra, o The Wildhearts pode agora se orgulhar de também ter o seu álbum ao vivo definitivo. Gravado durante a turnê do ano passado, 30 Year Itch, não é o primeiro registro desse tipo lançado pelos caras, mas de longe já pode ser considerado como o seu melhor, além de funcionar como um ótimo resumo da sua obra. Uma gravação poderosa, com guitarras distorcidas na cara e a ajuda do público entoando seus refrãos como verdadeiros hinos, esse é um disco que merece fazer parte da galeria dos grandes álbuns ao vivo de rock. Repertório As músicas escolhidas passeiam por toda a discografia da banda e, de certa forma, ajudam a padronizar uma sonoridade homogênea e definitiva. Algo como se o Kiss, o Ramones e o Motörhead resolvessem se juntar aos Beatles para fazer um som. Se você ficou curioso ou não conseguiu imaginar, então não perca tempo, ouça e tire as suas próprias conclusões. Vale destacar a presença das faixas Urge e Anthem, que foram originalmente lançadas no polêmico (e para alguns inaudível) Endless Nameless. Essas faixas aparecem agora, despidas de quaisquer artifícios, onde toda a beleza de suas melodias podem ser admirada, sem nenhuma contra indicação. Com uma biografia apaixonante, de deixar qualquer um de queixo caído, tamanho os altos e baixos que já passaram, o The Wildhearts é uma banda que soube se reinventar muito bem durante os últimos 30 anos. Hoje, desponta como uma das melhores bandas de rock da atualidade. 30 Year itch, lançado oficialmente na sexta-feira (4), nada mais é que a confirmação de tudo isso.

Entrevista | The Wildhearts – “Vamos desistir se não formos para a América do Sul”

*Entre o fim de janeiro e início de fevereiro, o The Wildhearts fez algumas apresentações pelo Reino Unido para divulgar o último disco de estúdio, Renaissance Man. Todavia, o Blog n’ Roll acompanhou um desses shows, na Inglaterra, e conseguiu conversar com os integrantes do The Wildhearts. Em resumo, eles comentaram sobre as gravações, planos futuros, shows na América do Sul e a alegria de estarem juntos no palco. Como vocês decidiram reunir a banda novamente? A ideia foi gravar um álbum ou apenas algumas apresentações comemorativas?  Danny McCormack: Não tínhamos tanta certeza de que eu viveria por muito tempo. (risadas) Eu não morri e não explodi ou explodi ninguém, não perdi outra perna ou qualquer coisa.  E, você sabe, nós realmente gostamos de compartilhar a vida nisso.  Nós realmente gostamos da companhia um do outro novamente e fazia sentido gravar e documentar isso, documentar essa formação, sabe? Renaissance Man é um álbum surpreendentemente bom. Todo mundo ficou surpreso com isso. O que você acha que o fez tão especial? Porque soa como um álbum especial. Você entende o que quero dizer? Ginger: Apenas soa como um álbum do Wildhearts para mim. Danny: Nós não ensaiamos demais. Nós não entramos na sala e treinamos por horas, dias e dias, semanas e semanas, porque aprendemos… Ginger: Você não… (Risadas) Danny: Não, sim … você poderia, veja bem, fizemos poucos ensaios, mas nada que se compare ​​ao que faziamos tempos atrás. Foi quase como espontâneo. Ginger: Queríamos fazer um álbum barulhento. Danny: Sim, espontâneo. Ginger: Queríamos fazer um álbum cru e, então, quando fizemos um álbum cru, quando ele saiu, ninguém mais estava por perto fazendo assim, aí ele se destacou.  Então, foi fácil chamar atenção porque, sabe, nosso álbum soou diferente. É muito, muito, muito cru. Sim, é um álbum muito cru, podemos ouvir isso. Especialmente quando estamos falando sobre esse álbum, podemos ouvir músicas como Dislocated ou Let’em Go. A música é crua, mas é completamente pop ao mesmo tempo. Ritch Battersby: Sim! Acho que uma das coisas que mais me empolgou em gravar o álbum é o fato de cada música ter seu próprio personagem, sabe? Não haviam duas músicas iguais. Isso tornou realmente agradável gravar e pensar no que cada música precisava. Backyard Babies e Wildhearts estão juntos em uma série de shows. Como está sendo essa experiência? Você já fizeram algo assim antes? Danny: Não. Nós somos amigos dos Backyard Babies há 25 anos, mas nunca tocamos juntos, sabe? Ginger: Eu não sei. Hoje em dia acho que os promotores estão mais interessados ​​em ter duas bandas conhecidas. Antigamente quando estávamos em turnê, costumávamos ser a banda mais conhecida e então chamávamos duas bandas que estavam começando para abrir. Atualmente acho que os promotores se sentem mais à vontade se escalarem três bandas com uma base de fãs. Eles querem vender ingressos. Existe plano para outro álbum ou disco ao vivo? Ginger: Somente se pudermos promover esse na América do Sul, caso contrário não gravaremos mais nada! (risos) Não vamos. Vamos desistir se não formos para a América do Sul.  É claro que sempre há outro álbum, sabe? E se estivermos vivos e respirando, haverá outro álbum. Está tudo funcionando tão bem até agora. É bom ver por fotos e vídeos vocês se dando tão bem. Ginger: Obrigado, isso é bom. A vibração é boa. E podemos ver isso nos shows. Vocês parecem estar muito felizes! Rich: Nós somos realmente, realmente, bons atores! (Risadas) A última pergunta é sobre o Brasil, a América do Sul. Existe possibilidade de shows do The Wildhearts? Danny: Nossa manager comentou algo. Comenta-se em ir lá algum dia, mas não tenho certeza de quando… Ginger: É… temos que fazer. Rich: Ainda não temos as datas direito, mas queremos muito e nosso gerente está tentando, por assim dizer, tentando conseguir o promotor certo e os shows certos para nós. E adoraríamos, porque nunca estivemos lá. Você já esteve lá? Ginger: Não. Rich: Você já esteve lá? Danny: Não. Rich: Nós nunca fomos. (Risadas) Ginger: As mulheres mais bonitas do mundo. Danny: Você acha que as pessoas viriam? Provavelmente, mas você não vai gostar da cerveja lá… Ginger: Estaremos felizes bebendo qualquer coisa: uísque, vinho, qualquer coisa! Eu só tenho que chegar lá. Tenho que chegar lá! Vejo vocês em São Paulo!