Vidaincerta desabafa sobre a vida de artista na mixtape “Brasil Emo Drill”

Em meio às dificuldades de ser um artista independente, o rapper Vidaincerta lançou sua mixtape Brasil Emo Drill com um desabafo sobre a jornada de um artista preto independente criado nas periferias do Brasil. Na contramão de artistas que cantam sobre luxos e a riqueza que conquistaram através da música, Vidaincerta fala sobre as angústias e dificuldades de ser um artista. Ele canta sobre como é difícil vencer fazendo o que ama quando a impressão é de que você está ancorado num mesmo lugar. O nome Brasil Emo Drill surge de uma brincadeira com o canal Brasil Grime Show, onde o cantor pode descobrir um pouco mais do universo do drill. Porém, esse é uma espécie de nome fantasia. Os títulos das músicas revelam o nome original do trabalho. “O nome original da mixtape é Por Mais Que Eu Esconda, Me Sinto Perdido, Ancorado, Como Se Eu Estivesse Afogando No Meio da Tempestade. Eu escrevi esse textinho antes de escrever as músicas e fala sobre o meu desespero pra fazer minha carreira dar algum retorno financeiro. Se não, eu vou ter que parar”, explica Vidaincerta que se tornou pai no último ano. A princípio, este seria um trabalho colaborativo com diferentes artistas. Vidaincerta que também é produtor musical – assinando seus trabalhos de produção como VDNCRT – abriu as faixas para diferentes artistas cantarem em cima de seus beats, mas apenas um dos MCs convidados mandou a trilha vocal. Ele, então, decidiu fazer um trabalho mais autoral. “Eu quis construir uma sonoridade própria com o Emo Drill, trazendo muito espaço de respiro pra melodia, mas sem perder as características do drill. Passei meses trabalhando nesses beats e fiz algo que eu realmente curtisse. Decidi então trazer a minha insatisfação enquanto artista para aquele momento que me gerou uma grande frustração”, conta o rapper ao falar de todo o processo de produção da mixtape. Esse é o primeiro trabalho de Vidaincerta após o lançamento do disco O Que Sobrou da Tristeza Vol. 1, lançado em 2021. E apesar de todas as dificuldades e frustrações que o cantor diz que podem dar um fim a sua carreira, Brasil Emo Drill é a busca por novos motivos para continuar!
Vidaincerta canta O Que Sobrou da Tristeza em seu novo disco

“Eu acho que tristeza dá nome a muita coisa que eu quero deixar pra trás, mas sinto a necessidade de ela ocasionalmente existir no futuro pra que a alegria do presente seja valorizada”. É dessa forma que o rapper Vidaincerta apresenta o seu segundo álbum de estúdio, intitulado O Que Sobrou da Tristeza Vol. 1. O disco, lançado nesta sexta (12), traz músicas que o rapper santista escreveu enquanto passava por um dos momentos mais difíceis da sua vida. As faixas tratam sobre depressão, tristeza e solidão. O trabalho surgiu da necessidade de falar sobre esses momentos como passageiros. “O meu primeiro álbum, Pessoa Tóxica, tratava sobre morar na tristeza, mas O Que Sobrou da Tristeza Vol. 1 é sobre a redenção, a libertação. É sobre o que fica quando a tristeza passa. Voltando para essas músicas hoje, consigo entender que não vale a pena desistir nos piores momentos. Eles que tornam os bons momentos ainda melhores”, explica Vidaincerta. O novo trabalho do Vidaincerta soa também como um manifesto sobre o emo rap no Brasil. Com frases como “eu não sou emo suficiente pros brancos e não sou rap suficiente pros pretos”, O Que Sobrou da Tristeza Vol. 1 fala sobre as dores de um homem preto periférico que sempre se viu segregado em todos os ambientes que frequentou. Faixas de O Que Sobrou da Tristeza Nos últimos anos, o Vidaincerta tem levantado a bandeira do emo rap no Brasil e falado sobre emos pretos em todos os estilos musicais, mas o álbum também traz músicas mais politizadas, como Emodrill, que é uma aposta num som mais pesado e que já foi apresentado ao público com um clipe gravado nas ruas de Santos. “Por mais que eu tenha o foco no emo rap, é muito difícil não falar sobre a situação que o Brasil está hoje. Os casos de racismo descarados e todas as desgraças que estão rolando enquanto alguns aplaudem. Quem não olha pra isso tá muito tranquilo na vida ou tá de chapéu”, explica Vidaincerta ao comentar a faixa. Outras duas músicas conhecidas do público que estão no álbum são O Novo feat. Gah Góes, e O Drill Mais Triste do Mundo feat. Lil Godfather, uma homenagem à banda Fresno. Além das inéditas Sentimento, Lacuna INC, Ragaton da Depression, #GIBAPARAIRMÃO, Grande Ponte Naruto e Sobre o Passado feat. Kevin Willian. O Que Sobrou da Tristeza Vol. 1 foi produzido e mixado pelo Vidaincerta em parceria com o Aladindaleste, com exceção da faixa O Novo, que foi produzida e mixada pelo Gah Góes, que também compôs junto do Vidaincerta.
Vidaincerta e Gah Góes lançam música juntos; ouça O Novo

O rapper santista Vidaincerta acaba de lançar o primeiro single do seu álbum O Que Sobrou da Tristeza Vol. 1. A música O Novo, feita em parceria com Gah Góes, também é o primeiro lançamento do selo idealizado pelo rapper, a Tri$teza Mob. O som O Novo foi composto por Gah Góes após ser desafiado num programa de televisão. O desafio veio de uma brincadeira em que compositores precisavam indicar frases ou palavras para outros compositores produzirem em cima. A compositora Tati Moura sugeriu que Gah escrevesse uma música a partir da frase “as ideias são mais poderosas do que armas”. “A primeira coisa que eu pensei foi algo político, mas eu não sou um cara muito dessa área. Comecei a pensar e percebi que era uma frase sobre idealizar. E cheguei em algo que idealizei muito, que foi um relacionamento que eu tive”, explica Gah. A escolha da música para ser o primeiro single da mixtape e o primeiro lançamento do selo tem um simbolismo muito especial. “Eu e o Gah somos negros que vivenciamos muito do emo e post-hardcore, que foi um movimento majoritariamente branco. É simbólico nós dois dividirmos essa primeira faixa da Tri$teza Mob porque boa parte da ideia por trás do selo é dar visibilidade aos emos pretos do Brasil”, conta o Vidaincerta. Uma das principais curiosidades é que a música se tornou um emo trap por acaso. Na época do desafio, Gah Góes estava trabalhando nos Estados Unidos e sem seus instrumentos. Então, surgiu a ideia de criar um beat para cantar com o Vidaincerta, com quem ele já havia gravado a música Cafeína. “Eu costumo fazer música mais pro rock, mas eu curti o beat. E a música ficou tão legal que eu quis lançar de verdade. É algo muito diferente do que faço e a primeira pessoa que pensei em chamar foi o Vidaincerta. Não teve outra pessoa passando pela minha cabeça. Eu fiz o convite e ele aceitou de cara”, complementa Gah Góes. “O Gah é um dos caras que mais têm talento e pouca visibilidade que eu conheço. A que ele lida com carreira sempre foi um incentivo pra mim porque sou muito fã dele de verdade”, conta Vidaincerta. “Estou muito feliz que a primeira faixa dessa nova fase seja justamente essa produzida por ele”.
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