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Falando Série - Lucas Krempel

Intrigante, Chernobyl é uma das melhores séries da temporada

A versão pode conter elementos de ficção misturados à realidade, mas a série Chernobyl, da HBO, é de fato intrigante. Nos seus cinco episódios soube conduzir o enredo com uma narrativa que misturou suspense e drama em dose certa. Muito provavelmente produziu uma espécie de túnel do tempo para quem já era grande o suficiente para entender o que se seguiu àquela madrugada de 26 de abril de 1986, e, particularmente, resgatou um pedaço vital de um passado recente, apresentando-a a quem chegou bem depois do desastre nuclear.

Digo isso em relação aos jovens. Boa parte só conheceu os ecos da Guerra Fria, entre União Soviética e Estados Unidos, nos livros de História.

Orgulho em jogo

Com personagens centrais, que existiram na vida real, Chernobyl cativa por tentar explicar a gênese do poder. A dificuldade (necessidade?) de camaradas em acreditar que aquilo de fato estava acontecendo. É perceptível o tom patriótico enquanto o desastre estava intramuros, conduzido pelo comitê local com dirigentes da usina, técnicos e membros da comunidade. Havia um orgulho em jogo. Mas pulavam também razões de Estado.

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Se um físico nuclear, com jeitão sério, e um burocrata do sistema, preso às suas convicções e ao alto posto no governo comunista, tornaram-se heróis improváveis é porque um desenrolar dramático se desenhava na até então bucólica vizinhança da central nuclear, a pacata Pripryat, na Ucrânia soviética. E mais do que isso: falhas humanas, outras irresponsáveis foram o estopim para aquele desfecho que atravessou fronteiras geográficas.

Não é um spoiler, porque o desastre em si e seus efeitos são mais do que conhecidos. Basta uma rápida pesquisa na internet para ver imagens e relatos da época e até mesmo como está, hoje, aquele raio de 30 km delineado como perigoso pela excessiva radiação que ainda emana dos destroços do reator 4 da Usina Vladimir Ilyich Lenin.

Personagens de Chernobyl

Valery Legasov, o físico encarregado de investigar as causas do acidente, e Boris Shcherbina, o burocrata vice-presidente do Conselho de Ministros da extinta URSS, passeiam pela trama com indisfarçável tensão.

O ator britânico Jared Harris, na pele de Legasov, e o sueco Stellan Skarsgård, interpretando Shcherbina, deram o componente déjà-vu que serve como um alerta que jamais poderia ter sido ignorado nos anos que se seguiram à grande tragédia nuclear.

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Sem contar as histórias paralelas e comoventes, como a de Lyudmilla Ignatenko, a esposa do bombeiro (Adam Nagaitis). Ela, interpretada pela irlandesa Jessie Buckley. Lyudmilla vive uma saga semelhante de outras milhares de pessoas que tiveram maridos, filhos e amigos expostos à radiação.

Por fim, que venham mais séries como essa. Aliás, os russos prometem contar sua versão dos fatos. Que não seja uma reedição da Guerra Fria transportada para a telinha. A esperar.

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