Não acredito que até o término desse ano, não me depare com uma produção tão ruim como essa. Escrito e dirigido por Timothy Scott Bogart, o próprio estava tentando tirar do papel A Era de Ouro“, desde 2019, uma vez que a história é sobre seu pai Neil Bogart, o fundador da produtora Casablanca Records (responsável por lançar nomes como Kiss, Village People e Donna Summer). Apesar da premissa ser interessante, temos uma verdadeira aula de como não fazer cinema, em vários quesitos.
Se passando em meados dos anos 70, o enredo é centrado no empresário Neil Bogart (Jeremy Jordan), que junto de vários amigos próximos, tentava estabelecer a Casablanca Records, no meio do mercado musical, uma vez que nenhum dos seus clientes estavam realmente fazendo sucesso.
Imagem: Paris Filmes (Divulgação)
Logo no prólogo de abertura do longa, a única sensação que temos é estarmos vendo uma versão pobre de “O Lobo de Wall Street“, escrita por um roteirista de propaganda de margarinas. Com diálogos clichês, sem emoção e remetendo ao filme citado (só para fazer jus ao termo “sexo, drogas e rock’nroll”), a produção poderia ter vida, se ao menos fossemos apresentados dignamente aos protagonistas.
Tudo parece ter sido jogado às pressas, pelos quais, em momento algum entendemos as verdadeiras motivações de Neil, que mais parece um antagonista e sequer nos pegamos interessados em torcer por ele. Sim, Jeremy Jordan não é um bom ator e é muito canastrão (só vermos suas expressões em momentos tristes e felizes, que são resumidas em sorrisos escrachados), e termos como sua parceira alguém como a atriz Michelle Monaghan (que não faz nada aqui também), chega a ser vergonhoso.
De quebra, uma das coisas mais vergonhosas, é a edição achar que pode disfarçar alguns problemas da produção, como ausência de direitos sobre algumas marcas e músicas (uma vez que o enredo ainda vilaniza algumas bandas como “Kiss“). Para piorar existem algumas tomadas externas, onde é nítido o recurso da tela verde, colocando todo o cenário em CGI (inclusive os figurantes parecem ter saído de um game do Playstation 1).
Para não falar que tudo realmente é uma desgraça, o figurino pelo menos consegue ser operante em relação a época, embora não tenha o grande destaque que merecia (uma vez que em produções desse tipo, esse quesito acaba pesando tanto como a trilha sonora).
“A Era do Ouro” consegue ser mais falso que ouro comprado no Paraguai, uma vez que temos uma história porcamente executada e mal conduzida.