Depois do sucesso de “Me Chame Pelo Seu Nome“, era inevitável que o diretor Luca Guadagnino e o ator Timothée Chalamet iriam repetir a parceria em um futuro próximo. Sendo lançado no Brasil timidamente, na semana da CCXP, e ficado apenas uma semana em cartaz na maioria dos cinemas (uma vez que o circuito foi dominado por “Avatar 2“, logo em seguida), “Até os Ossos” chegou agora nos serviços on-demand e provavelmente vai começar a ser notado pelo grande público.
Baseado no livro de Camille DeAngelis, a história é centrada em Marren (Taylor Russell) que vive como nômade com seu Pai (André Holland), pelo fato dela esconder seus desejos canibais. Porém, após um descuido da mesma, este acaba lhe deixando sozinha e ela começa a viver totalmente sozinha. É quando ela conhece Lee (Chalamet), por quem ela se apaixona e possui os mesmos hábitos canibais.
Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação)
É um fato que Guadagnino sabe como criar uma atmosfera desconfortável em seus filmes, quando a premissa tem este tópico como foco (vide o remake de “Suspíria”, feito pelo próprio em 2018). Aqui ele não hesita em mostrar cenas de canibalismo explícito (que chegam a beirar o perturbador), e situações que acabam transpondo o quão isso é algo totalmente desconfortante (vide uma cena onde ele intercala uma senhora sendo devorada, com suas fotos em família).
E para auxiliar nisso, o design de produção, figurino e até mesmo a fotografia de Arseni Khachaturan sempre transparecem uma tonalidade acinzentada, com aspecto sujo e nojento em quaisquer cenários por onde os personagens passam (com o intuito de representar o quão eles vivem em uma sujeira total).
Embora Russell e Chalamet estejam ótimos em cena, embora o segundo mais uma vez esteja preso na persona de adolescente rebelde, quem rouba o protagonismos destes é o veterano Mark Rylance (que interpreta o misterioso Sully). Mesmo aparecendo relativamente pouco, sua característica é uma verdadeira mescla dos citados, mas ainda sim transparece uma incerteza de suas verdadeiras intenções.
“Até os Ossos” pode facilmente conquistar os fãs de filmes trash de horror, mas causará um desconforto enorme nos que esperam encontrar um romance clichê e gostosinho de se ver.