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Crítica | Babilônia

Engenharia do Cinema

Desde seu anúncio em meados de 2020, esperava-se que “Babilônia” fosse um novo “Era Uma Vez Em… Hollywood“, uma vez que ele mostraria a capital do cinema em sua formação, em meados de 1925.

Com direção e roteiro de Damien Chazelle (“La, La, Land“), estamos falando de um projeto que realmente não pega na sua mão para explicar detalhes e bastidores, mas sim utiliza três histórias paralelas (onde alguns arcos funcionam como esquetes), para apresentar o quão foi complicada a transição do cinema mudo para o falado.    

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A história de Babilônia mostra Nellie LaRoy (Margot Robbie) e Manuel Torres (Diego Calva), que após participarem de uma festa regada a drogas, sexo e outras coisas, em Hollywood, acabam sendo literalmente jogados dentro da indústria cinematográfica (a primeira como atriz e o segundo como produtor e executivo).

Ao mesmo tempo, vemos o quão era complicado fazer cinema na visão do então respeitado ator Jack Conrad (Brad Pitt), que cada vez mais sofre com a transição para o o cinema falado.

Imagem: Paramount Pictures (Divulgação)

Já começo deixando claro que estamos falando de uma história totalmente inspirada nas produções exercidas pelo cinema em meados dos anos 30/40 (onde o romantismo dominava as telonas), e isso pode causar um tremendo desconforto naqueles que desconhecem como o mesmo era antigamente.

Seja por intermédio também da trilha sonora regada a jazz e orquestras (cujo trabalho de Justin Hurwitz, provavelmente vai levar o Oscar), ou a fotografia amarelada e com aparência de ter sido rodada em uma câmera Panavision (que possivelmente vai dar para Linus Sandgren, uma indicação ao Oscar).

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Chazelle realmente conseguiu captar também como funcionavam os bastidores naquela época, por intermédio de diretores que eram verdadeiros malucos (vide o arco da gravação de uma cena de batalha, cujo diretor parecia um verdadeiro general, mesmo andando bastante desleixado), principalmente quando começaram a gravar as primeiras cenas faladas (pelas quais não haviam dublagem na pós-produção ainda, e precisava ter um silencio absoluto no set), condições totalmente precárias nos sets (uma vez que eles eram filmados em desertos, e as vezes resultaram em óbitos) e os conflitos de vários atores devido seus comportamentos antiéticos e tiques vocais (que eram inaceitáveis, uma vez que muitos espectadores não aceitavam ouvir as vozes dos atores).   

E no quesito de atuações em Babilônia, Robbie realmente se encaixou perfeitamente nesse papel, embora ela esteja mais uma vez presa ao rótulo de Arlequina, ou seja, outra mulher maluquinha (e infelizmente a própria indústria está deixando ela presa nesta zona de conforto).

Enquanto Pitt parece estar totalmente em um papel pensado para ele (que lhe renderá mais uma indicação ao Oscar), e se encaixou perfeitamente uma vez que ele possui um perfil de astro daquela época também.

O mesmo pode ser dito do mexicano Calva, que realmente convenceu em sua estreia em Hollywood (e realmente possui a postura de um “faz tudo”, da industria).

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Vale enfatizar algumas menções honrosas para nomes como Tobey Maguire (James McKay), Eric Roberts (Robert Roy), Samara Weaving (Constance Moore), que aparecem relativamente pouco, mas conseguem ter momentos divertidos e que roubam a cena.

Só que infelizmente ele falha ao tentar retratar o trabalho do músico negro Sidney Palmer (Jovan Adepo), cuja pauta racial e suas várias dificuldades na indústria são praticamente deixadas totalmente de lado, em sua maioria (e acabou se resumindo apenas em uma cena totalmente banal, dentro do contexto do filme).

E não foi só neste tópico que o roteiro acabou pecando ao tentar colocar questões atuais (até mesmo linguajar), em um cenário onde isso realmente não estava acontecendo.

Não havia discussões sobre “toxicidade masculina” e principalmente “abusos sexuais” (uma vez que as festas de Hollywood eram regadas a todo tipo de coisas, com atos vulgares sendo cometidos por homens e mulheres).

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E isso acaba empacando ainda mais para a metragem chegar em 190 minutos (quando poderiam facilmente ter reduzido para 150).    

Babilônia” termina sendo um interessante recorte de como o cinema passou por vários problemas em seu início, e como era possível Hollywood passar de lugar dos sonhos, para um grande pesadelo.   

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