Depois de dois anos, finalmente a Netflix lançou sua segunda temporada da aclamada série “Cidade Invisível“. O sucesso da atração se deu pela originalidade, ao retratar várias lendas do folclore brasileiro, pelos quais nunca haviam tido tamanha abordagem e tinha de tudo para ser algo realmente excelente. Porém, após algumas críticas em relação à “apropriação cultural” na abordagem dos indígenas, esse ano é focado apenas nos problemas destes, e acaba sendo mais uma produção genérica do assunto.
A história começa algum tempo depois do término da temporada anterior, com Inês (Alessandra Negrini) e Luna (Manuela Dieguez) indo procurar Eric (Marcos Pigossi), que está em uma fauna totalmente desconhecida. Ao mesmo tempo, o trio acaba se envolvendo em uma complexa trama de garimpeiros que planejam prejudicar a Floresta Amazônica, além claro, de novas criaturas misteriosas.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Dividida em cinco episódios, a sensação é que o roteiro desta nova temporada sofreu várias e várias vezes com o fator dele ter sido reescrito por conta dos problemas citados no primeiro parágrafo. A consequência acabou sendo aparições pífias dos novos personagens Teresa/Matinta Perê (Letícia Spiller, totalmente irreconhecível e em excelente atuação), Simone/Mula Sem Cabeça (Simone Spoladore, bem canastrona), o Lobisomem mirim Bento (Tomás de França, em péssima atuação que parece não ter ensaiado absolutamente nada, se resumindo em um sotaque forçado) e o Padre Venâncio (Rodrigo dos Santos, outra atuação canastrona).
Isso porque ainda não entrei no mérito da produção técnica, que parece ter sido mais barata o possível e mesmo nitidamente terem ido aos locais mostrados da Floresta da Amazônia, a sensação é estarmos vendo mais uma produção clichê sobre indígenas (que anualmente possuem mais de 500 produções do mesmo assunto, sempre na mesma maneira). E com direito a frases clichês (algumas parecem ter sido tiradas do Twitter do “Quebrando Tabu”) e situações constrangedoras que transformam os episódios em uma verdadeira tortura (e olha que são apenas cinco).
E o trio protagonista? Enquanto Negrini fica totalmente deixada de lado (ela aparece pouco, e realmente não tem aquela presença gratificante), Dieguez parece ter desaprendido como atuar (deixando mais enfatizado que seu texto foi mudado várias e várias vezes) e Pigossi não passa aquela segurança/mistério que ele sempre carregada (independente do contexto que ele estava). Uma pena, pois eles eram para ser o foco da atração, ao invés de Débora/a cobra Boiuna (Zahy Guajajara, que acredita no fato de atuar se resume a cara de enfezada) e a policial Telma (Kay Sara, outra bem canastrona).
A segunda temporada de “Cidade Invisível” é mais uma prova que a Netflix consegue ter a proeza de estragar quaisquer de suas produções, independente de sua índole ou nacionalidade.