Este é um notório caso que se a Netflix tivesse concebido “Destemida” como um documentário, ao invés de forma dramatúrgica, teria feito um sucesso maior. Sim, estamos falando de uma grande história que poderia ter sido apresentada sem o acréscimo novelesco, que as vezes beira a ficção (de forma grotesca), dando menos foco ao que realismo.
A história se passa em 2010, quando a adolescente australiana Jessica Watson (Teagan Croft) começa a realizar seu sonho que é dar a volta ao mundo, em um barco a vela e sem paradas. Sendo a primeira a fazer o feito, ela mantinha a comunicação apenas com seu treinador Ben (Cliff Curtis) e seus familiares, além de registrar seu percurso através de uma série de vídeos.
Imagem: Netflix (Divulgação)
Realmente o feito foi totalmente impactante, visto por ela ter estudado por anos como fazer a viagem e a maneira que seria executada. Ficando até mesmo dias à deriva no mar (uma vez que existe uma parte do oceano que não há ventos e algo que incentive o andamento de um barco), tinham diversos fatores para a diretora Sarah Spillane (que também assina o roteiro com Rebecca Banner e Cathy Randall, com base no livro da própria Jessica Watson) poderia ter explorado a questão dramatúrgica melhor.
Porém, ela opta pelo pior caminho e resume a criar situações surreais, que envolvem “milagres”, várias frases de efeitos (onde dentro do contexto se transformam em total forçação de barra) e trata o jornalista como o verdadeiro vilão de forma totalmente amadora. Seja pela atuação canastrona de atores como Todd Lasance (que interpreta um dos principais jornalistas que dormem na porta da casa de Jessica), e o roteiro resume as falas deles em banalidades.
O que realmente chega a ser uma pena de acontecer, pois Croft realmente é uma boa atriz (sendo um dos principais destaques da série “Titãs”, onde ela interpreta Ravena) e convence a todo momento como Jessica. Enquanto Curtis possui uma química gigante como seu instrutor e braço direito, à todo momento (e chega a ser assustador o quão ele transparece de preocupação com ela, durante boa metragem).
“Destemida” é um filme que só consegue ser salvo por conta da atuação de seus protagonistas, uma vez que a diretora com os roteiristas, só pioram o que poderia ser uma ótima história de vida.