Por hora, não consigo imaginar outra adaptação recente de séries que vão para o cinema e que conseguem funcionar perfeitamente. Depois de um sucedido primeiro filme em 2019, “Downton Abbey 2: Uma Nova Era” vai pelo mesmo aspecto: uma história antológica e que não depende de seu longa antecessor e até mesmo da série para dar continuidade com seus eventos. E em cima destes fatores, o roteirista Julian Fellowes (também responsável por ter criado e escrito a série original) opta por realizar uma linda homenagem aos primórdios do cinema.
A história tem início quando Violet (Maggie Smith) recebe uma mensagem que acabou de herdar um vilarejo de uma antiga paixão, nos seus tempos de juventude. Como a mesma está com uma idade avançada, solicita que outros membros da família Crawley viagem para resolverem esta questão. Simultaneamente, a vida da família também é bagunçada quando o cineasta Jack Barber (Hugh Dancy) resolve gravar um filme em Downton Abbey.

Imagem: Focus Features/Universal Pictures (Divulgação)
Certamente os mais cinéfilos e historiadores do cinema vão se apaixonar por como Fellowes tem um enorme cuidado ao encaixar o arco da transição do cinema mudo para o falado, dentro do cenário de “Downton Abbey“. Sem ser gritante ou até mesmo optando por clichês habituais, ele opta por pegar alguns personagens como os atores Guy Dexter (Dominic West) e Myrna Dalgleish (Laura Haddock), para representarem alguns tópicos que eram feitos nos primórdios do cinema falado. Problemas com relação a dicção de alguns destes, diretores que não sabiam encaixar falas nos filmes e engenheiros de som que precisavam se esforçar ao triplo para poderem fazer o trabalho de mixagem, são alguns dos tópicos mostrados.
Só que mesmo com este arco sendo bastante divertido, o filme acaba perdendo um pouco a mão ao tentar estabelecer a subtrama envolvendo a situação de Violet com seu passado. Isso não acaba sendo tão bem exibido como deveria, e certamente parece estarmos vendo outro longa diferente, dentro deste. Embora os atores deste arco, figurino de Maja Meschede e Anna Robbins, design de produção de Donal Woods e até mesmo a própria mixagem de som (que dependendo de onde você estiver ouvindo o áudio, consegue ouvir perfeitamente até mesmo o barulho dos utensílios de cena) funcionem.
“Downton Abbey 2: Uma Nova Era” certamente abrirá novas portas para a franquia, e ainda exerce uma excelente e sutil homenagem ao cinema.