O cineasta James Gunn cada vez mais tem se mostrado um dos grandes nomes do cinema, ainda mais se tratando de adaptações de HQs (seja da Marvel ou DC, onde recentemente assumiu a Presidência do setor cinematográfico com Peter Safran). Após ter sido vítima da cultura do cancelamento (que ocasionou em sua demissão da Marvel, e consequentemente, ida para DC, onde dirigiu “O Esquadrão Suicida”), o elenco de “Guardiões da Galáxia” e vários fãs do mesmo, fizeram uma campanha para o mesmo retornar e encerrar a saga destes.
Felizmente ele não apenas voltou, como nos entregou a segunda melhor trilogia da Marvel (junto de “Capitão América”), transformando “Guardiões da Galáxia: Volume 3” em um encerramento e produção que os fãs do selo estavam carentes, desde “Vingadores Ultimato”.
A história tem início logo após o “Especial de Natal” dos personagens, com Peter Quill (Chris Pratt) ainda sofrendo com a ausência de Gamora (Zoe Saldana) e os Guardiões tentando levar uma vida normal. Mas após a misteriosa aparição de Adam Warlock (Will Poulter) ocasionar uma série de novos problemas, inclusive para Rocket (voz de Bradley Cooper), eles terão de agir não apenas para salvar eles, como também várias espécies.
Imagem: Marvel Studios (Divulgação)
O roteiro de autoria do próprio Gunn procura estabelecer duas linhas temporais, pelas quais a primeira é centrada na jornada dos protagonistas, e a segunda no passado de Rocket. Este, inclusive, consegue ser a estrela da produção, e nisso conhecemos ainda mais do seu passado. E por intermédio de seu conhecimento em desenvolver histórias embasadas nas emoções conhecidas pelos estúdios da Disney, Gunn consegue criar um arco tão emocionante, belo e simples, que consegue emocionar até o espectador mais durão (sendo até melhor que toda a fase 4 da Marvel, seja nas séries e filmes).
E não só por conta deste arco, como também a forma humana que ele retrata todos os personagens centrais. A todo momento eles transparecem sentimentos humanos, conflitos com várias questões pessoais e com os próximos. Um mero exemplo é o arco envolvendo Warlock (cuja interpretação de Poulter, está no timing certo), onde em uma cena ele age de forma violenta, mas posteriormente entendemos seu propósito de agir assim.
Porém, outro destaque acaba sendo o vilão Alvo Evolucionário (que possui uma ótima atuação de Chukwudi Iwuji), que consegue (como poucos vilões da Marvel, nos cinemas) quebrar alguns paradigmas para se justificar em seu rótulo (embora suas motivações, sejam um tanto que genéricas). Mas isso consegue ser suficiente para o público criar uma antipatia enorme por ele.
Inclusive, a produção possui várias participações especiais de nomes como Sylvester Stallone, Jennifer Holland, Daniela Melchior, Maria Bakalova, Nathan Fillion, Elizabeth Debicki e Linda Cardellini, que funcionam como chaves para o andamento da história. Poderiam ser feitos por outros atores? Sim! Mas se tratando de James Gunn, ele realmente possui moral para colocar nomes como do primeiro, em papéis breves.
Mas como estamos falando de um grande Blockbuster da Marvel Studios, muitas outras questões neste projeto caem na contramão do que estamos vendo nas recentes produções do selo. Além de optarem por alguns efeitos práticos, com uma maquiagem, design de produção e figurino que não necessitavam de um CGI excessivo (inclusive, aqui não há este problema, pois o mesmo está bem executado) para completa-los, há uma nítida vontade de James Gunn em homenagear suas origens (já que seus primeiros filmes foram para o cinema trash).
Sim, realmente em seu desfecho a sensação é de término na história dos personagens. Porém, datado o andamento das produções da Marvel (e até mesmo Disney), não duvide se aparecer um quarto longa nos próximos longas (“Toy Story” era para se encerrar no terceiro, e já está indo para o quinto, por exemplo).
“Guardiões da Galáxia: Volume 3” não só se encerra sendo um filme emocionante, engraçado e marcante, como um merecido encerramento para uma das melhores trilogias da Marvel.
Obs: o filme possui duas cenas pós-créditos.