Várias formas de narrar uma história de desigualdade social já foram exploradas em séries e filmes. Não posso cravar que seja uma novidade, mas certamente foge do comum o olhar dado em Irmandade, nova produção da Netflix, que chega à plataforma na próxima sexta-feira.
Ainda nos anos 1970, uma cena inicial nos apresenta Edson, um jovem negro da periferia, que é preso por fumar maconha em casa, após uma denúncia do próprio pai. Espancado por policiais, ele acaba sendo levado para a detenção sob os olhares perplexos da própria irmã.
Esse contexto inicial de Irmandade foi todo gravado em Cubatão, tendo a favela sob palafita como pano de fundo. E, quando somos levados aos anos 1990, acompanhamos toda a saga dos irmãos sob o olhar da irmã de Edson (Seu Jorge), Cristina (Naruna Costa), advogada do Ministério Público, que vive em São Paulo.
Cansado de sofrer com a repressão e tortura da polícia no presídio, Edson cria uma facção criminosa. O objetivo é garantir que nenhum preso sofra mais o que ele passou nos últimos anos. No entanto, para a luta ter força, Edson passa a comandar uma série de atos criminosos à distância.
Cristina, que acompanha uma de suas sessões no tribunal, decide pedir o apoio do Ministério Público para evitar que o irmão sofra mais torturas. Todavia, ela é aconselhada por sua superior a não dar prosseguimento no seu pedido. Mesmo sem saber que se trata do irmão de Cristina.
Jogada de risco
Disposta a mudar de uma vez por todas as condições do irmão no presídio, Cristina falsifica a assinatura da chefe e vai ao complexo penitenciário com o objetivo de tirar o irmão da cela solitária. O ato ilegal a leva a um caminho sem volta. A irmã do líder da facção criminosa é presa, mas passa menos de um dia sem liberdade.
Libertada por um investigador da Polícia Civil, especializado em facções criminosas, Cristina é usada como isca para desmantelar o grupo. Ou aceita a proposta e se mantém livre da cadeia ou seguirá sem liberdade por vários anos.
Atuando como agente dupla (advogada da facção e informante da polícia), Cristina coloca a vida em jogo. Não bastasse essa tensão, ainda vê o irmão mais novo indo para o crime. A advogada também se apaixona por um dos integrantes da facção do irmão.
Irmandade é um thriller de tirar o fôlego, com olhar diferenciado e expectativa de desfecho brilhante. Todavia, assisti apenas seis dos oito episódios.