Não é novidade que ao ouvirmos falar o nome do cineasta Jordan Peele, sabemos que alguma produção de qualidade está em evidência. Após os sucedidos “Corra!” (que lhe deu seu primeiro Oscar, pelo roteiro original) e “Nós“, “Não! Não Olhe!” consegue cair um pouco em contradição no termo de qualidade, afinal este é seu projeto mais fraco. Repetindo a parceria com o protagonista do primeiro, o ator Daniel Kaluuya, sentimos que ele tentou fugir um pouco de sua zona de conforto, e realizou um filme mais “fora da caixinha”.
A história gira em torno dos irmãos OJ (Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer), que após um misterioso ataque em seu sítio, começam a desconfiar que uma possível invasão alienígena está acontecendo. E para isso, a dupla começa um processo para tentar comprovar a existência dos mesmos.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
O roteiro de Peele bebe muito dos sucedidos longas “Sinais“, “Guerra dos Mundos” e “Bird Box“, ao tentar criar esta atmosfera de suspense, diante deste cenário repleto de incertezas e confusões diante do progresso dos irmãos. Enquanto um é mais frio e turrão, a outra é mais extrapolada e intrometida, fazendo este tipo de dupla ser perfeito para o tipo de filme que estamos vendo. Isso nos faz obviamente criar uma empatia pelos mesmos, devido a naturalidade nesta retratação (já que eles demonstram ser humanos, e não artificiais como muitos outras produções do gênero fazem).
Porém, aqueles que vão ao cinema procurando um simples filme sobre alienígenas, com toques de terror, vão se chatear. Digo isso com total clareza, pois Peele concebe seu roteiro com diversas situações com o intuito de refletirmos sobre alguma coisa, que será apresentada dentro daquele contexto (vide o arco do personagem de Steven Yeun, Ricky ‘Jupe’ Park). Tanto que é normal querer ver o título mais uma vez, para entender por completo estas pontas soltas.
Isso sem citar que Peele consegue tirar um ótimo proveito da tecnologia IMAX, pelos quais com o auxílio da fotografia de Hoyte Van Hoytema (que foi responsável pela função em “Tenet“, “Interestelar” e “Dunkirk“) e a mixagem de som, acabamos emergindo demais nas cenas de ação (lembrando que estamos falando de um filme que se passa em uma pequena cidade no meio do campo).
“Não! Não Olhe!” possui uma grande qualidade técnica, mas com relação ao roteiro consegue ser um dos mais fracos trabalhos de Jordan Peele. Entretém, mas não chega a inovar como seus projetos antecessores.