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Crítica | Ninguém é de Ninguém

Engenharia do Cinema

Não é novidade que o cinema espirita no Brasil, é quase sempre o mesmo padrão de qualidade em sua maioria. Vemos roteiros simples, atuações às vezes medonhas e uma direção totalmente errada (beirando as famosas simulações de esquetes em programas de auditório). Inspirado na obra de Zibia Gaspareto (que há alguns meses já teve seu livro “Nada é Por Acaso”, também adaptado para os cinemas), “Ninguém é de Ninguém” é um dos mais famosos e rentáveis livros da própria, desde seu lançamento em 2003.

A história é focada no casal Gabriela (Carol Castro) e Roberto (Dalton Mello), onde este possui uma imensa possessão e ciúmes pela sua esposa, inclusive acreditando que esta está lhe traindo com seu chefe Renato (Rocco Pitanga). Em meio suas crises de ira, ele acaba alertando a esposa deste, Gioconda (Paloma Bernardi), fazendo com que a situação piore à cada dia.

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Imagem: Sony Pictures (Divulgação)

Dirigido e roteirizado por Wagner de Assis (que já comandou filmes da temática como “Nosso Lar” e “Kardec”), o próprio já demonstrou para qual tipo de público ele faz seus longas desta temática: pessoas que não possuem o hábito de ir ao cinema, muito menos ler livros espíritas (entre outras palavras, são os menos exigentes). Consequentemente, somos brindados a um jogo de “pobreza” narrativa, como enquadramentos sensacionalistas, regados a uma trilha sonora que transmite um sentimento óbvio (como na cena onde Renato coloca a mão na cintura de Gabriela, cortando para um olhar canastrão de Roberto).    

Sim, realmente estamos falando de um filme que extrapola neste quesito. Isso porque não falei sobre as cenas de ambos os casais em suas casas, que se assemelham a uma família em uma propaganda de margarina (fugindo totalmente dos padrões de uma casa normal de brasileiros). Fora os diálogos que quando não são ditas frases de efeito ao rodo, o linguajar foge totalmente do que ocorre no dia a dia (em outras palavras, faltou um contato de realismo por parte dos envolvidos).   

Porém, por incrível que pareça, o mesmo não pode ser dito da atuação de Carol Castro e Dalton Mello (que também são produtores do filme), que realmente são uma das únicas coisas boas nesta produção nacional. A desconstrução de ambos personagens ficam nitidamente bem representadas por conta da emoção transposta pela dupla (com exceção da maquiagem lhes imposta, que parece ter saído do primeiro “Evil Dead”), além deles possuírem uma boa química em cena.   

Ninguém é de Ninguém” termina sendo mais um fraco filme de nicho, feito totalmente para pessoas adeptas ao espiritismo e nada mais além disso.

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