Temos em mãos outro caso de que a própria Disney não está sabendo trabalhar com seus principais lançamentos, onde os bons filmes acabam sendo direcionados diretamente para o streaming, ao invés de irem para os cinemas. “O Estrangulador de Boston” não chega a ser um título de Oscar (uma vez que possui uma temática e abordagem raramente explorada pelo mesmo), mas facilmente consegue captar a atenção do espectador por conta do seu enredo.
Baseado em fatos reais, a história se passa nos anos 60, quando as jornalistas Loretta McLaughlin (Keira Knightley) e Jean Cole (Carrie Coon) se juntam para investigar uma misteriosa onda de assassinatos em Boston, pelas quais são vitimadas várias mulheres distintas. Em meio a um cenário onde nem a própria polícia sabia o que fazer, a dupla foi totalmente responsável por uma revolução no caso.
Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)
Durante boa parte da exibição do longa de Matt Ruskin (que também cuida do roteiro), só me fizeram refletir como o jornalismo atual realmente não se aplica no mesmo padrão de qualidade de antigamente. Pode parecer clichê, mas o texto pontua a importância de Loretta e Jean sempre irem atrás das informações verdadeiras, para não passarem mentiras só para terem audiência.
Mesmo com a sociedade tendo um total viés machista por conta delas cuidarem deste assunto (embora a forma como este assunto seja abordado, é totalmente banal e repleta de frases de efeito), e os políticos e outros veículos de comunicação da cidade terem politizado totalmente o caso, apenas por interesse próprio (uma vez que muitos sequer sabiam o que fazer, enquanto a dupla de jornalistas demonstravam mais maturidade).
Porém, Ruskin não possui uma imagem própria, porque o tempo todo ele remete aos trabalhos de David Fincher em “Zodíaco” (fotografia escura demais, enquadramento nos atores em momentos tensos e a forma como ele apresenta as cenas envolvendo os crimes citados) e Tom McCarthy em “Spotlight“. Neste tipo de filme, uma imagem própria do diretor faz toda diferença (porque na hora de você refletir sobre determinada situação, o diferencial acaba pesando).
Agora na retratação das personagens, apesar dele conseguir desenvolver muito bem Loretta (inclusive, Knightley está ótima no papel) e fazer o espectador criar uma empatia por ela, faltou o mesmo detalhe para Jean (uma vez que ambas possuem grande importância para o enredo, apesar de Coon combinar perfeitamente com a própria).
“O Estrangulador de Boston” não é um suspense como aparenta ser, e sim uma ótima produção que nos faz refletir que um bom jornalismo consegue intervir em situações pelas quais muitos não encontram soluções viáveis.