Quando a empresa de pesquisa Nielsen divulgou, no ano passado, que pela primeira vez na história da indústria fonográfica americana o hip hop havia sido o gênero mais consumido do ano, ficando 2,1% acima do rock, muita gente ficou surpresa. Para essa turma, a série Hip-Hop Evolution é uma graduação, pós e um doutorado sobre o tema.
A série documental, com duas temporadas disponíveis na Netflix, narra toda a história do gênero por meio de entrevistas feitas pelo rapper Shad Kabango. O legal dessa produção é o cuidado que tem com as datas. Para quem desconhece a cronologia do hip hop, a série trata de fazer um resumo muito bem explicado e, o melhor de tudo, entrevistando os pioneiros.
No primeiro episódio da temporada inaugural, por exemplo, DJ Kool Herc, Afrika Bambaataa e Grandmaster Flash falam sobre o que levou ao surgimento do gênero, no South Bronx, em Nova York.
E o interessante é que não fica apenas focado no nicho do hip hop: a série traz uma contextualização da época. Enquanto Nova York era dominada pela disco music, no final dos anos 1960 e início da década de 1970, o South Bronx estava em chamas, literalmente. Foram milhares de incêndios por ano. Um dos entrevistados compara a região com zonas de guerra, inclusive. E não era exagero nenhum. Fotos, vídeos e relatos da época comprovam isso.
A realidade crua do South Bronx, junto com a influência do funk e soul da geração Motown, de Detroit, impactou na criação do gênero. Na sequência, nomes como Run-D.M.C., Sugarhill Gang, Ice-T, N.W.A., também são apresentados.
A segunda temporada, que estreou recentemente, avança ainda mais nos fatos. São mais quatro episódios, que focam na popularização do gênero em Miami e Houston, o surgimento de artistas independentes na Bay Area, próximo de San Francisco, até retornar para Nova York dos anos 1990. Vamos aguardar por uma terceira temporada. A história do gênero segue cada dia mais forte.
MAIS HIP HOP NA NETFLIX
Unsolved
Tupac Shakur foi um dos nomes mais conhecidos no mundo do RAP. Assassinado em 1996, alguns meses antes do rapper Biggie Smalls também vir a falecer, essa dupla viveu em uma época em que as disputas musicais ultrapassavam os palcos. Passados 20 anos, as causas e a possível relação entre as duas mortes continuam sendo um mistério. Essa série documental tenta entender, através de um grande trabalho de investigação, o que pode ter levado aos crimes.
The Defiant Ones
A minissérie retrata a trajetória de Jimmy Iovine e Dr. Dre e mostra como o filho de um estivador do Brooklyn e um jovem originário de uma das regiões mais violentas da Califórnia formaram uma inesperada parceria e desempenharam um revolucionário e surpreendente papel na cultura contemporânea.
The Get Down
The Get Down é uma saga mítica, que revela como Nova Iorque, em plena decadência, deu origem a uma nova forma de arte. Ambientada na Big Apple de 1977, este drama musical retrata o surgimento do hip hop e os últimos dias da disco music através da arte e dança de um grupo de jovens do South Bronx.
DESTAQUES DA SEMANA
Narcos: México
Depois dos cartéis colombianos, chegou a vez do México. Narcos: México explora a origem da atual guerra do tráfico ao voltar às suas raízes, um período em que o universo das drogas mexicano era protagonizado por uma gangue desorganizada independente.
https://www.youtube.com/watch?v=VBLcYJ7C4F0
She-Ra e as Princesas do Poder
O clássico desenho ganhou uma nova roupagem. She-Ra e as Princesas do Poder conta a história de Adora (Carrero), uma órfã que deixa para trás a Horda do Mal ao encontrar uma espada mágica que a transforma na mítica princesa She-Ra.
https://www.youtube.com/watch?v=_LDR37IWMWs
O Método Kominsky
Os vencedores do Oscar Michael Douglas (Kominsky) e Alan Arkin (Newlander) estrelam esta série como dois amigos que enfrentam os desafios inevitáveis da vida ao envelhecer em Los Angeles.
https://www.youtube.com/watch?v=Cj4K50o8uUA
RAPIDINHAS
Cupcake e Dino – Serviços Gerais, enfim, estreou na Netflix. É a primeira animação infantil nacional e original da plataforma de streaming. São 13 episódios.
E o fim de semana começou bem produtivo para as produções nacionais na Netflix. Na última sexta-feira, Vai Anitta!, docussérie sobre a cantora carioca também debutou. Para a autora de Paradinha e Vai Malandra, a série chega como prêmio de consolo, após sair sem prêmios do Grammy Latino, na última quinta-feira, e ainda ficar sem o vestido, que foi extraviado.
Mas nem tudo são estreias na Netflix. A plataforma soltou uma notícia bem desagradável: a comédia policial The Good Cop (Caso de Polícia) foi cancelada, após apenas uma temporada. Divertida e original, fica difícil entender o que houve. Se a desculpa for audiência, a Netflix está cada dia mais parecida com as emissoras norte-americanas, peritas em destruir boas produções.