Crítica: O Escolhido explora suspense sobrenatural

Crítica: O Escolhido explora suspense sobrenatural

Aguazul, a ilha misteriosa da série O Escolhido, nova produção nacional da Netflix, deixa qualquer um tenso com os seus segredos. E, apesar de ter algumas cidades com esse nome no Brasil (Colômbia também), o município escolhido para as gravações foi Natividade, que fica no sudeste do Tocantins, com apenas 9 mil habitantes. Essa foi uma das revelações feita pelo elenco, que conversou com a imprensa, no último dia 18, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

Para Paloma Bernardi, que interpreta a médica Lucia, a região da locação influenciou diretamente nos acontecimentos da série. “É um povoado pequeno, cheio de lendas. Aprendemos muito com os moradores de Natividade. Há muita natureza, que é um personagem direto dessa série”.

Em um desses diálogos com os moradores de Natividade, Paloma lembrou da conversa com uma morador mais jovem.

“O que me surpreende muito nessa cidade é a relação do povo com a terra. Em um dos dias de gravações, estava muito nublado. E uma menina de 15 anos falou: fica tranquila, será uma chuva rápida. Quando vem da serra é assim. Aquilo me surpreendeu muito. Existe uma relação do povo com a natureza. Não depende da internet, TV, nada. Aprendemos muito com essas coisas”.

Desafio pelo ineditismo

Criar uma produção de suspense sobrenatural no Brasil não é uma tarefa fácil. Mesmo com as referências internacionais, a primeira vez sempre traz desafios além do esperado. Paloma, no entanto, acredita que a série deve agradar ao público brasileiro.

“Há muito preconceito com qualquer produção nacional, independentemente do gênero. Mas, por isso mesmo, devemos provar que somos capazes, trabalhamos e pesquisamos muito para isso e fizemos suspense com profissionalismo”, comentou a atriz.

Responsável por interpretar o líder misterioso da série, O Escolhido, Renan Tenca também falou sobre o desafio de explorar um gênero não muito comum no Brasil. O ator, entretanto, lembrou que a série é de origem mexicana, mas foi adaptada para o público brasileiro.

“A Netflix é uma empresa norte-americana que decidiu fazer uma adaptação de uma série mexicana (Niño Santo) para o contexto brasileiro. O suspense da série traz consigo muitas referências da TV desses países”.

O personagem central

Para Renan Tenca, O Escolhido guarda um segredo. E, por conta disso, o líder fica cada vez mais fortalecido. Ele consegue envolver os médicos, segue intocável pelos moradores de Aguazul e garante todo o suspense.

“Quanto mais ele segura esse mistério, mais as pessoas dependem dele. É uma comunidade fechada, conservadora, que recebe pessoas e isso desestabiliza o funcionamento da comunidade. Para elas, a crença delas é a única verdade que existe no mundo”, explica.

Crítica de O Escolhido

Uma coisa é fato: O Escolhido, nova produção brasileira da Netflix, já chega com um mérito grande. Afinal, qual outra série ou filme trabalha o suspense sobrenatural no País? Se mergulharmos nas produções independentes podemos encontrar boas opções, mas com esse alcance certamente é algo raro.

Para os millennials e geração Z, sempre com pressa para maratonar as séries da plataforma, outra boa notícia: são apenas seis episódios, com média de 42 minutos cada.

Agora, vamos ao que interessa. Do que se trata O Escolhido? Adaptação da série mexicana Niño Santo, ela conta a história de três jovens médicos enviados a um vilarejo remoto do Pantanal para vacinar seus moradores contra uma nova mutação do vírus da Zika.

Seus esforços para tratar a população são recusados, e os médicos se veem subitamente presos em uma comunidade isolada coberta de segredos e devota de um líder enigmático que os força a confrontar o poder da fé com a ciência.

Os heróis de O Escolhido

Dispostos a descobrirem o que acontece no município de Aguazul, no Pantanal, Lucia (Paloma Bernardi), Damião (Pedro Caetano) e Enzo (Gutto Szuster) resolvem fazer uma investigação por conta própria. Mateus (Mariano Martins) é quem tenta controlar os passos dos médicos, mas sabe que não tem muito o que fazer a partir do momento que eles vão descobrindo o mistério da ilha. A determinação com a qual Lucia enfrenta a missão deixa todos apreensivos.

Posteriormente, algumas reviravoltas acontecem. O duelo entre ciência e mitologia fica ainda mais forte. O líder misterioso da ilha (Renan Tenca) mostra que realmente possui um poder que consegue manter toda a população bem. “Aqui as pessoas morrem quando querem”, diz um dos seguidores.

Com exceção de algumas cenas forçadas, como a simulação de uma reação alérgica da vacina (bem tosca, por sinal), a série agrada. Ademais, o grande mérito é explorar algo não muito trabalhado no Brasil. A tendência é melhorar.