Em tempos de blockbusters batendo recordes, um filme independente merece sua atenção.Uma das estreias mais aguardadas da temporada, Sócrates (Instituto Querô e Querô Filmes) tem motivos de sobra para atrair o público.
Produzido pelos alunos do Instituto Querô e com direção de Alexandre Moratto, a produção carrega a Baixada Santista em tudo. Seus protagonistas são santistas (Christian Malheiros e Tales Ordakji), o elenco de apoio também. As gravações foram todas feitas na região, em diversos pontos de Santos e São Vicente.
Isso sem falar na equipe de produção, que tem moradores da Baixada em todos os setores. Figurino, trilha sonora, produção, assistente de direção, câmeras. Tudo!
Sócrates também possui uma carreira internacional capaz de deixar qualquer um orgulhoso. Participou de mais de 40 festivais mundo afora, arrebatou dezenas de prêmios, incluindo Film Independent Spirit Awards (o Oscar do cinema independente), na categoria Someone to Watch.
A crítica internacional não poupou nos elogios. New York Times, LA Times, Variety e Hollywood Reporter exaltaram a produção.
“É um filme muito importante porque representa um momento muito atual que estamos vivendo no Brasil. Depois de quatro anos rodando o mundo, nosso filho Sócrates chega ao Brasil”, comentou o protagonista, Christian Malheiros, durante pré-estreia no Roxy Pátio Iporanga, na última segunda-feira.
Coordenadora do Instituto Querô e produtora do longa, Tammy Weiss, ressaltou a garra da equipe desde o início do projeto.
“Um filme como Sócrates deveria ter um custo de R$ 3 milhões, mas só tínhamos US$ 20 mil. Deu certo porque nós contamos com os jovens do projeto. Após as filmagens, fomos à luta, conseguimos recursos do Proac e contamos com vários parceiros na região. Esse filme tem a alma dos nossos jovens do instituto”.
Mais sobre Sócrates
Malheiros, aqui em seu primeiro trabalho no cinema, interpreta o protagonista gay que após a morte da mãe precisa lutar contra a burocracia do sistema, o preconceito do pai, a falta de oportunidades no mercado de trabalho e confiar em pessoas que nunca viu para tentar sobreviver.
Menor de idade, desempregado, sem dinheiro e apoio de conhecidos, a história de Sócrates se constrói a cada nova cena, deixando o público em alerta.
É um filme forte, uma história que apesar de fictícia é muito real. Sócrates é resistência, emociona, mas faz com que o público o receba como um soco na boca do estômago.
Ademais, mesmo com apenas 1h11, Sócrates passa a mensagem necessária: ame mais, pratique mais a cortesia e nunca desista da sua luta, seja qual ela for. Conter as lágrimas é missão quase impossível.