A nova cena carioca

A nova cena carioca


No último dia 13, Santos recebeu a banda carioca Sound Bullet no Lobo Estúdio. Foi a estreia da banda na Cidade, sendo que grupo divulgou o álbum Terreno na ocasião.  O show levou a plateia aos pulos e cantorias entre as várias faixas apresentadas lá. E bem, resumo que isso me inspirou a listar algumas bandas independentes do Rio de Janeiro.

Sound Bullet no Lobo Estúdio, em Santos.

Não é de hoje que ando relativamente impressionado com a força da cena de lá, que conta com dois selos interessantíssimos: Sagitta Records e Valente Records. Enquanto o primeiro é mais amplo, e abrange artistas que vão além do seu estado de origem, o outro tem enfoque somente na produção local.

Ventilador de Teto e Anna Triz são, particularmente, os meus prediletos da Valente. O primeiro nome, é uma banda, que pelo que me recordo, até já comentamos sobre aqui. Assim como boa parte do catálogo da gravadora de Duque de Caxias, eles brincam muito com o “rock triste”, com muito reverb, delay e afins.

O legal é que as letras tem uma roupagem bem simples. Focault, Hipster e Nu são alguns dos destaques do Debute, que é literalmente o álbum de estreia da banda.

A Anna, por sua vez, é mais do pop, apesar de também ter um pézinho no indie. Com uma voz pra lá de marcante, a cantora tem o que falta em muita gente atualmente: atitude. Com faixas instigantes como Mulher e Fetiche, o EP A Nova Vênus, é a prova viva disso.

https://www.youtube.com/watch?v=cByRglpptuo

Já em relação à Sagitta Records, vale pontuar que o selo é mais aberto ainda em termos de gêneros musicais. Isso é tão fato, que os principais destaques do selo são absurdamente distintos. Eles são João Capdeville, Alaska e El Efecto. Ou seja, um cantor de MPB, um super grupo de rock alternativo e uma banda que é balanço puro.

A última, inclusive, deve agradar principalmente quem gosta de bandas como Francisco El Hombre e Trupe Chá de Boldo. Com algumas canções mais longas, o grupo abusa de letras bem trabalhadas. O Drama da Humana Manada e O Encontro de Lampião com Eike Batista, são exemplos de trabalhos produzidos com maestria pela El Efecto.

Com 10 membros – sim, 10 membros – a Alaska lançou o disco Ninguém Vai me Ouvir, que conta com oito faixas. A banda se assemelha a Scalene e Supercompo em determinados pontos. Trata-se de um grupo bastante melódico e sentimental, que consegue ainda trabalhar isto em meio a vertente alternativa do rock.

NVMO, que é a faixa de abertura deste álbum, tem um clipe bem interessante.

Um bigodinho simpático e uma música que bateria bem em qualquer boteco. O próprio “Poeta de Bar”. Este é João Capdeville. Vejo a sua sonoridade como algo que passeia entre a MPB e o samba (por que não?). O seu último disco (homônimo), me remeteu um pouco ao álbum Espiral de Ilusão (2017), do Criolo quando escutei as faixas Deixa-me e Poeta de Bar. No entanto, o trabalho se de João se faz bem mais sútil e introspectivo. As músicas Ei Alma e Eu Amo Você mostram isso com uma maior intensidade.

Além das bandas e artistas ligadas aos selos, também observei alguns nomes completamente independentes que merecem (e muito) a citação aqui. E bem, falando nisso, este é justamente o caso das bandas Carmen e Unicórnio Maravilha.

Carmen

A Carmen é uma banda de indie folk, que por vezes flerta com o rock alternativo. Em agosto, a banda passou por Santos e reuniu 55 pessoas no Lobo Estúdio. Com um único disco lançado até aqui, intitulado Youth Culture (https://sptfy.com/1WRh), a banda também lotou shows em São Paulo e Belo Horizonte.

Division é uma das faixas aclamadas desse álbum e conta com as principais características do grupo: violão na base, voz absurdamente sútil. É difícil não ficar com o início da música na cabeça.

Unicórnio Maravilha

Sim, o nome é bem curioso (e atrativo). Quando o li pela primeira vez, esperei TUDO, inclusive algo pop e brega. Mas quando finalmente ouvi, percebi que a Unicórnio Maravilha faz é rock. E é um belo rock, diga-se de passagem. Com algumas pitadas de “blues genérico”, como a própria banda chama duas faixas do EP Gatos Voadores e uma Corrida de Capivaras, eles ainda flertam um tanto com uma espécie de noisy