Válvula de Escape #50 – Há 50 anos: Gal Costa mais produtiva do que nunca em 1969

1969 foi um ano mais do que produtivo para Gal Costa e toda a companhia “tropicaliana”. Digo isso levando em consideração os lançamento dos álbuns Gal Costa Gal. Ambos compostos por nove canções cada e recheados de grandes participações, quando olhamos para o âmbito das composições que ditam seus setlists. Tem Caetano, Jorge Ben, Jards Macalé, entre outros. Os discos são bem distintos e mostram toda a musicalidade que a então jovem cantora já tinha há nada menos que 50 anos atrás.

O primeiro é sútil e contém certa classe ao exibir belos arranjos de cordas em quase todas as suas músicas. Não Identificado é prova disso. Romântica a priori, a canção mostra um eu-lírico disposto a tentar conquistar a amada (o) através de uma composição. A percussão ganha vez na Sebastiana, quase um pseudo “punk” de tão veloz. Lost In Paradise, permite que Gal retome à doçura com algo que por algum motivo me remete tanto às canções lançadas em 1950 quanto aos Beatles e à brasilidade. Por mais que isso possa ter soado difuso, ainda faz um baita sentido pra mim.

Apesar do álbum também conter os hits Se Você Pensa Que Pena (Ele Não Gosta Mais de Mim), o grande ponto alto ocorre somente em Divino Maravilhoso. Escrita pro Caetano e Gil, a música expõe os dois lados da face da cantora ao versificar: “É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte” em plena ditadura militar brasileira.

Já o segundo álbum da cantora trata-se de um soco psicodélico e intrínseco como um todo. Aberto pela crua Cinema Olympia, o álbum segue com a hipnotizante Tuareg e o rock’n roll  puríssimo de Cultura e Civilização, respectivas segunda e terceira faixas do álbum.  País Tropical  expressa toda a provável diversão que Gilberto Gil, Caetano e Gal tiveram ao gravar o que considero como a melhor versão deste clássico de Jorge Ben Jor.

No entanto, grande destaque fica para a faixa Meu Nome É Gal, composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Nela, a cantora pode impor toda sua personalidade com clareza numa espécie de balada. Gal recita e posteriormente grita sobre si – o que é único. Com Medo, Com Pedro;  The Empty Boat; Objeto Sim, Objeto Não Pulsars E Quasars completam o repertório do disco.