Uma gama gigantesca de singles, discos, compilados e afins são lançados praticamente todos os anos no Brasil e no Mundo. Alguns destes obtém sucesso de público e mídia, outros não. Vários perdem gradativamente sua relevância com o passar do tempo. No entanto, alguns destes simplesmente se tornam atemporais.
São imunes às poeiras sobre a estante – e ainda destacam-se mesmo perante aos turbilhões de novos lançamentos e modas. Esse sentimento de atemporalidade, ainda assim, é muito pessoal. Hoje, checando uma pilha de arquivos antigos, me recordei dos tempos em que assistia diversos programas de videoclipes por horas e mais horas seguidas. Enfim, nada como torcer pelo meu artista favorito nos rankings da saudosa MTV.
Há cerca de dez anos três discos nacionais marcaram fortemente parte da minha infância. Ironicamente, vendo-os com novos olhos, ainda entendo-os como uma espécie de raiz musical. Os álbuns Sou e Estandarte, respectivamente de Marcelo Camelo e Skank, além do homônimo da Mallu Magalhães, foram lançados em meados de 2008.
O Sou foi justamente o primeiro de Camelo pós Los Hermanos. Contando com um total de 14 faixas, o CD me tocou especialmente com o assovio de Doce Solidão e com o dueto – ao lado da Mallu – de Janta. Com um violão que guia praticamente todas as suas melodias, o álbum ainda traz as canções instrumentais Saudade e Passeando. Em contramão ao restante do trabalho, ambas são levadas por um piano. Vale pontuar que Saudade também tem uma versão com letra cantada no mesmo disco.
Produzido por Mario Caldato Jr, o álbum de estreia de Mallu Magalhães também tem 14 canções ao todo. Com uma vibe bem próxima do folk e do folk/rock, o mesmo é totalmente distante do material que a cantora exibe atualmente. Na época, me senti encantado com a artista que tinha apenas 16 anos. O que dá uma nuance ainda mais especial ao trabalho, é o fator do mesmo ser independente. O grande destaque é a faixa Tchubaruba, que dá um leve adianto do que viria em 2011 com o disco Pitanga.
O álbum ainda traz as sutis Dry Freezing Togue e Noil. A segunda, inclusive, me recorda vagamente a britânica Amy Winehouse. Na ocasião, a cantora paulista mostra uma voz levemente mais arrastada e arranhada do que o normal. Particularmente, tenho um apego especial com esta canção.
Por fim, ainda neste assunto nostálgico, não posso deixar de abordar – novamente – o Estandarte. Com 12 músicas ao todo, um terço deste disco foi composto por Samuel Rosa em parceria com Nando Reis, o que eu não tinha a mínima ideia no auge dos meus 10 anos de idade. No entanto, isto talvez explique a minha paixão pelas faixas Pára-Raio, Renascença, Ainda Gosto dela e Sutilmente – ambas escritas pelos músicos. As duas últimas, aliás, foram hits absolutos no período.
A voz de Negra Li dá um toque especial em Ainda Gosto Dela. Já Sutilmente, por outro lado, tem uma letra confortante que ainda facilmente se mantém como um hino que muitos cantariam sem olhar qualquer “colinha” em pleno 2018. É válido ainda ressaltar o quê estético do álbum. Noites De Um Verão Qualquer recebeu uma clipe com uma série de colagens mais do que criativas enquanto o vídeo da própria Sutilmente foi premiado como Melhor Videoclipe no VMB de 2009.
Ou seja, mais do que nunca, este disco dos mineiros do Skank tratou-se de ser o ponto principal de todo o texto, quando olhamos pras lembranças audiovisuais citadas acima.