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Mais dois guitarristas no hall do rock santista: Marcão Britto e Nando Bassetto

Duas semanas atrás, iniciamos uma série de homenagens aos guitarristas da região. Os dois primeiros foram Mauro Hector e Milton Medusa, ambos reconhecidos pela extensa discografia (solos, bandas e como convidados) e por serem professores de boa parte dos novos instrumentistas da Baixada Santista.

Hoje, a série tem sequência com duas figurinhas conhecidas do público: Marcão Britto (Last Joker, Charlie Brown Jr, TH6, A Banca, Bula) e Nando Bassetto (Mr Green, Cajamanga, Drive V e Garage Fuzz).

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A dupla destacada aqui é contemporânea. O primeiro tem 48 anos, enquanto o segundo está com 46. Ambos iniciaram a trajetória do hard rock, alcançaram o mainstream com duas bandas de alcance nacional, mas depois seguiram caminhos distintos. Bassetto está há dez anos no Garage Fuzz, um dos nomes mais expressivos do hardcore nacional. Marcão lidera o Bula, o seu projeto pós-Charlie Brown Jr/A Banca.

Marcão Britto (Last Joker, Santa Claus, Charlie Brown Jr, TH6, A Banca, Bula)

É inegável que o guitarrista santista Marco Antonio Valentim Britto Jr., o Marcão, alcançou a fama e o reconhecimento do seu trabalho com a sua intensa participação no Charlie Brown Jr. Desde 1997, quando a banda lançou o seu debute, Transpiração Contínua Prolongada, a técnica apurada dos dois guitarristas, Marcão e Thiago Castanho, sempre foi motivo de elogios da imprensa especializada e público.

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Entre 1997 e 2013, Marcão participou da gravação de nove discos do Charlie Brown Jr: Transpiração Contínua Prolongada (1997), Preço Curto… Prazo Longo (1999), Nadando com os Tubarões (2000), 100% Charlie Brown Jr. (2001), Bocas Ordinárias (2002), Acústico MTV (2003), Tâmo Aí na Atividade (2004), Música Popular Caiçara – Ao Vivo (2012) e La Família 013 (2013).

Entre 2005 e 2011, Marcão foi um dos integrantes que deixou o Charlie Brown Jr em função de divergências musicais com o ex-vocalista Chorão. Mesmo nesse hiato, o músico não parou e fundou o TH6, com músicos conhecidos da noite santista.

Mesmo com pouco tempo de existência, o TH6 deixou um registro marcante, Contra Insetos Parasitas, lançado em 2008, com participações especiais de nomes como Tico Santa Cruz (Detonautas), Di Ferrero (NX Zero) e Badauí (CPM 22).

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Mas, antes disso tudo e, obviamente, dos projetos seguintes, como Rockfellas, A Banca e Bula, Marcão já despertava a atenção dos santistas por sua trajetória no Last Joker, onde dividia o palco com Christopher Clark, que em 2016 venceu a primeira edição do reality X-Factor Brasil.

Essa bagagem com o Last Joker ajudou o músico a ser ainda mais completo. Prova disso é que quando gravou o primeiro disco do Charlie Brown Jr, Marcão já carregou influências muito distintas dos tempos de Last Joker, evidenciando o seu ecletismo como guitarrista.

“Sublime, No Doubt, 311, Rancid, Green Day, Offspring, nós gostávamos muito dessas bandas, nos influenciaram também. E, naquele momento, elas tinham uma boa aceitação na programação da MTV. Não era um canal tão popular, mas era muito segmentado”, comentou sobre as bandas que mais influenciaram na gravação do debute.

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Em 2014, quando iniciou a Bula, sua banda atual, Marcão deu provas de que, além de um cara eclético, também tinha uma força de vontade fora do comum. Afinal, em questão de meses, viu duas de suas bandas acabarem de forma trágica, com as mortes de Chorão e Champignon.

“Acredito que a gente tem uma missão aqui. Senão, a vida não tem sentido. A deles foi levar alegria por meio da música. Para mim, cumpriram muito bem. Alguém pode falar da forma trágica como morreram. Cada um é um quando fechado em si. Às vezes nos surpreendemos com as atitudes, porque nunca saberemos tudo sobre alguém, por mais próximo que nos seja. Em Não Estamos Sozinhos (single) eu disse tudo que sinto e não conseguiria falar até mesmo para alguns amigos”, comentou em entrevista para A Tribuna, em 2014.

Fernando Bassetto (Mr Green, Charlie Brown Jr, Cajamanga, Drive V e Garage Fuzz)

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Fernando Bassetto, o Nando, iniciou sua trajetória como guitarrista com 14 anos, na segunda metade dos anos 1980, muito influenciado pela própria família.

“Meus irmãos escutavam muita coisa, eram dois caras bem mais velhos. O do meio tinha oito anos a mais, o mais velho tinha dez anos de diferença. Um era mais rock progressivo, o outro power, mas tinha Hendrix, Sabbath, Emerson, Lake & Palmer, Led Zeppelin, tudo isso rolando em casa. Foi assim que comecei a escutar música. Hendrix e Robin Trower. Esses dois discos eu comia com farinha em casa”.

Mas a influência de Bassetto não se restringia apenas aos ídolos estrangeiros. Ele conta que os próprios parceiros de banda, em suas primeiras experiências, também ajudaram, como Edson Gutierrez, que o acompanhou no Mr Green, primeira banda marcante do guitarrista.

“Depois veio o Rafa da Blaster, que deu aula para todo mundo aqui. Tive muita influência também do Mauro Hector, apesar de ser da mesma idade, mas que sempre foi muito além da conta. Mas se tivesse que cravar dois nomes, o Mauro e o Edson ajudaram muito”.

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O Mr Green teve início em 1989 e se seguiu ativo até 1997. Nesse período, Bassetto lançou dois discos. O segundo, por sinal, foi o responsável por tirar o guitarrista de um projeto que virou um dos maiores nomes da história do rock santista.

“Quando estávamos no Mr Green montamos um projeto que viraria futuramente o Charlie Brown Jr. Era eu, Marcão, Vinnie, que tocava comigo no Green, o Champignon e o Chorão, os dois na época eram do Whats Up. Mantivemos esse projeto entre 1993 e 1996. Depois, o Marcão saiu para montar o Santa Claus e nós fomos gravar o segundo disco do Green. Foi nesse momento que os caras entraram no nosso lugar (Thiago Castanho na guitarra e Renato Pelado na bateria)”.

Depois que o Mr Green encerrou as atividades, houve uma junção de músicos do Mr Green e Last Joker que resultou em outra banda relevante no mainstream nacional, o Cajamanga. “Lançamos um disco em 2002 pela Warner, mas, na sequência, já tivemos que mudar tudo. Mudou uma pessoa e o som também, aí viramos o Drive V, que se manteve até 2008”, explica.

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Foram poucos meses que Bassetto ficou sem banda. Isso se não levarmos em conta sua infinidade de projetos na noite santista e o trabalho à frente do estúdio Play Rec. “Fui chamado para o Garage Fuzz logo no final de 2008. Lembro que iniciei 2009 já tocando com eles e permaneço até hoje”.

Para o santista, o que o motiva a seguir se reinventando na guitarra é o prazer e o amor pelo instrumento. “Peguei desde cedo. Não comecei tão cedo como vários que começam com 8 ou 9 anos, mas foi um vício. Toco rock, mas gosto de tocar blues, fusion, funk, reggae. É uma terapia para manter a mente sã, representa minha vida, tocar é o meu ganha-pão”, comenta.

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