Entrevista | Diego Alencikas – “A música salva!”
Diego Alencikas é um dos representantes do MPB na Baixada Santista. Autor do single Um Barraquinho, ele apresenta composições poéticas, capazes de encantar a todos os apreciadores de arte popular. O artista tem aproveitado a quarentena para compor ainda mais e continuar se apresentando por meio de lives. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Diego comentou a cena do MPB na Baixada, os efeitos da pandemia e seus projetos futuros. Você é uma figura conhecida na cena musical santista. Como avalia o atual cenário do MPB? Diego Alencikas: Vejo gente muito boa, fazendo música brasileira, esse caldeirão, essa mistura de influências que chamamos de MPB. Porém, você dificilmente vai ouvir esses artistas nas rádios e/ou grandes mídias, e eles provavelmente terão números menores de visualizações, seguidores e “likes”, esses tão valorizados hoje em dia. Já pra quem valoriza a nossa riquíssima cultura, tem muita coisa boa sendo produzida sim. Como você tem apresentado seu trabalho nessa pandemia? Acredita que as plataformas de streaming estão fazendo a diferença? Diego Alencikas: Eu quis investir mais no audiovisual, que eu já vinha estudando e me aprimorando há alguns meses. Produzir bons vídeos, que antes poderia ser considerado como um diferencial, hoje se tornou algo fundamental para o artista. Primeiro eu lancei uma série de vídeos chamada #CadaUmNaSua, onde postava toda segunda-feira vídeos tocando versões de músicas. Cada músico gravou seu instrumento na sua casa, com seu celular, e eu fiquei responsável pelas edições. Depois realizei algumas lives através das minhas redes sociais e também de algumas casas parceiras, na mesma data em que tinha show marcado, sempre pensando na melhor maneira de entregar essas apresentações. Tive cuidado com o áudio, vídeo, cenário, iluminação, além do que sempre será o primordial e principal, a música. Atualmente, estou finalizando as gravações de três canções autorais que serão lançadas com videoclipe, tudo gravado dentro de casa, com as ideias e soluções criativas que o momento exige. As plataformas de streaming permitem a distribuição de todo esse material produzido. Com certeza estão tendo mais procura e auxiliando muitas pessoas nesse momento, tanto artistas quanto público. As pessoas consomem arte como uma forma de “remédio” e a música tem esse poder terapêutico, transformador. Quais são seus projetos futuros? No segundo semestre farei lançamentos de novas músicas autorais e videoclipes, tudo gravado dentro de casa. E assim que for seguro, pretendo realizar mais lives, porém com meus companheiros músicos participando, o que optei por não fazer até agora em respeito ao isolamento social. Juntos pela Vila Gilda O cantor Diego Alencikas é uma das atrações confirmadas no evento Juntos pela Vila Gilda, que acontece no dia 25 de julho. Diego já participou do arraial do Arte no Dique, e diz que sua participação é um pequeno ato, uma contribuição musical simples. Entretanto, quando somado a todos os outros artistas envolvidos, com certeza fará a diferença, além de ser um evento muito prazeroso. “Eu sempre me apresentei em outros eventos da comunidade e sempre fui muito bem recebido pelos moradores, tenho muito carinho por todos”. “Eventos como este mostram que a música salva! Que juntos somos capazes de fazer, pelo menos, uma pequena diferença na vida de pessoas que infelizmente estão passando necessidade devido aos efeitos da pandemia e de um problema ainda maior que é a desigualdade social do nosso país”, conclui.
Entrevista | Beline – “A música em prol de alguém, se torna algo muito maior”
O Juntos Pela Vila Gilda irá reunir diversos artistas em prol de uma única causa: ajudar o próximo. Entre eles, estão os caras da Beline. Nando (guitarra e vocal), Erick (baixo) e Matheus Oliveira (bateria), não carregam apenas o mesmo sobrenome, como também, a paixão pela música. O nome da banda faz referência ao renascentista Bellinni e isso não é em vão. Após um período sem tocar, decidiram se juntar em um projeto que seria para eles como uma forma de renascer. “A Beline veio como uma luz, trazendo à tona nossos sentimentos que foram avivados com tudo o que temos hoje”, diz Nando. Essa experiência faz com que a banda transmita ao público, através de seu trabalho, a mensagem de reinvenção e ressignificados, além do autoconhecimento que para eles não é algo efêmero, mas sim um processo. “Queremos que as pessoas se tornem cada vez melhores através deste processo. Que sejam mais felizes com o que fazem e com quem elas são”, comenta o vocalista. Beline no 16º Curta Santos Em outubro de 2018, a Beline conquistou o prêmio Videoclipe Caiçara no 16º Festival Curta Santos com seu clipe de estreia, Intangível. “Nós tínhamos gravado o nosso primeiro clipe e vimos a oportunidade de participar do evento”, relembra Nando. “Fizemos a inscrição e, de repente, recebemos a notícia de que estávamos entre os dez, então fomos a voto popular e acabamos ganhando”. Em síntese, o clipe dirigido por Matheus Correia e finalizado por Bruno Canuto levou o troféu com 1.500 votos. “Santos certamente é a casa de muitos artistas como nós e ficamos felizes pelo reconhecimento do nosso trabalho. E é claro, ver nosso clipe em uma tela de cinema foi muito legal”, brinca. O encontro do ser no Elemento Sorte O EP Elemento Sorte (2019) veio como um complemento do EP Experimental (2018), que fala sobre o autoconhecimento através de erros e acertos. “Elemento Sorte é uma segunda etapa do processo de busca do autoconhecimento. É quando você vivencia algo que conquistou durante este trajeto”, explica Nando. O trabalho possui quatro faixas e entre elas está o single Somos Vidas, lançado em dezembro do ano passado. O clipe gravado no antiquário, em Santos, traz o encontro do passado com o presente, bem como a música que carrega consigo a mensagem deste encontro. “Somos Vida, é como olhar para o espelho e falar: ‘não desista dos seus sonhos e das suas convicções’, porque eu sou feito deles, e se eu não estou crente disso, eu trilho um caminho oposto ao que acredito e logo, deixo de viver”, diz Nando. “Afinal, para mim, ter vida é ser alegre, feliz, completo”. Se reinventando em meio ao coronavírus Que a pandemia causada pelo novo coronavírus afetou todo o cenário artístico, não é novidade. Com a Beline, não foi diferente. A banda tinha diversos projetos e lançamentos para este ano, que tiveram que ser replanejados, bem como shows adiados. Entretanto, Nando vê a situação como uma oportunidade para se reinventar, afinal, este é o lema da Beline. “Nós estamos exercendo a Beline e nos reinventando em meio a este caos. Vejo como um momento de reflexão, de planejamento, não só profissional, como também artístico”, diz. “Estamos aprendendo coisas novas, inovando e buscando a melhora do nosso trabalho”. Para Nando, é importante vermos o copo mais cheio do que vazio. Beline no Juntos pela Vila Gilda Para o evento, a Beline separou seus dois singles: Intangível e Somos Vida, que serão apresentados por Nando. A banda acredita na importância da mobilização das pessoas e que há uma aproximação com o público, mesmo que à distância. “No momento em que temos a oportunidade de usar nosso trabalho para ajudar as pessoas, tudo faz mais sentido. Tudo se torna mais especial e isso nos dá força pra continuar”, diz. “E quando você usa a música em prol de alguém, ela se torna algo muito maior”, conclui o vocalista.
Entrevista | Quarto: “A arte tem um papel fundamental nesse momento”
Aos cinco anos de carreira, a banda Quarto divulga seu MPB mineiro, misturado com elementos do rock, pop e folk. Como influências musicais, constam Caetano, Paulinho Moska, Chico, Guilherme Arantes, Djavan, Vander Lee, Chico César, Dorival Caimmi e Lenine. Inicialmente formado por quatro integrantes, hoje o grupo conta com: Zé Cotché (violão e voz), Pretto Ferreira (bateria), Tiago Timbrado (guitarra e voz), Lucas Ben (baixo e voz) e John Souza (teclado). Seus passos nasceram de um projeto solo de Zé. Ele convidou seu irmão Lucas, o primo Tiago e seu ex parceiro de banda Pretto para tocarem em um show no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. A química entre os membros foi muito forte e resolveram então formar a banda. John conheceu Tiago na igreja, onde tocavam juntos, se tornando o quinto elemento da Quarto durante as gravações do primeiro EP, em 2018. Onde Começa o Infinito No ano de 2017, após decidirem seguir a formação como uma banda, Pretto os inscreveu em um festival musical. A Quarto ainda não tinha público, portanto acabaram não vencendo. Isso fez com que a ideia de gravar um disco surgisse. Entraram no estúdio e de lá saiu o EP de estreia com oito faixas, Onde Começa o Infinito. Hora de se recompor Após uma pausa em 2019 para cuidar da saúde, a banda pretendia retornar aos palcos, mas foi impedida por conta da pandemia. Isso fez com que refletissem sobre o momento atual. Como resultado, em 31 de março lançaram o single Recompor, gravado durante o isolamento. Além disso, lançaram o clipe da faixa, recheado de vídeos de fãs que foram recolhidos por uma semana. No entanto, se você é uma pessoa chorona, separe os lenços antes de assisti-lo, é emocionante! Está cheio de imagens fofas, momentos do cotidiano e demonstrações de carinho. Ademais, confira a entrevista com a Quarto, com direito até a declaração de amor entre os integrantes. De onde veio o nome Quarto? Tiago Timbrado: Foi o Lucas Ben, ele sonhou… Inclusive sonhou com a logo. Mas o simbolismo do nome é o que mais tem a ver com a gente. Quarto é um lugar do seu íntimo, onde você é o que é, lugar de genuinidade, onde se ama, onde se chora, lugar do seu infinito particular. Zé Cotchê: Quarto simboliza muita coisa no nosso contexto. O quarto onde ensaiamos, o quarto que na época soava como quatro pessoas e de outros elementos. Em cinco anos de trajetória, quais as conquistas pessoais e profissionais da banda? Zé Cotchê: O nosso primeiro disco, parcerias musicais com referências, maturidade e dinamismo musical, e a recepção muito boa ao tocar em outros estados também. Tiago Timbrado: Além de ter a honra de dividir o palco com bandas incríveis como Plutão Já foi Planeta, The Baggios, Dingobells… Uma coisa que veio como uma conquista enorme é que o convívio com o Zé Cotché me transformou, inspirou e me impulsionou como compositor. Eu já tinha algumas composições escritas e confesso que tinha vergonha de expor. Depois que comecei a conviver e vivenciar de perto, de dentro e até mesmo compondo em parceria com ele, eu me transformei. Te amo cara! E obrigado! Zé Cotchê: Da mesma forma fui reinventado pelo Tiago, inclusive a canção é em parceria com ele. Também amo você. O Tiago já citou uma, mas em quem vocês se inspiram quando compõem as letras e melodias? Zé Cotchê: Eu me baseio nas referências que me moldaram de certa forma. Inclusive, o Lucas foi um cara que me aplicou muita coisa que hoje é a base do meu jeito de escrever e compor no violão. Beatles, Pink Floyd, Música Popular Brasileira, etc. Aqui em casa a maioria toca violão. Então meu irmão Tuka trouxe uma bagagem muito forte, que vem por parte de pai e mãe também. Tiago Timbrado: Falando mais na lata de referências que eu curto, eu amo e reverencio a musicalidade mineira do clube da esquina, em especial Milton Nascimento. Além dele soy loco também pelos Los Hermanos. Acho que foram ponto fora da curva das bandas brasileiras… Isso tudo com uma pitada de bandas gringas como a multiplicidade dos Beatles, a complexidade de Muse e a tranquilidade de Kings of Leon. Isso me guia. Qual a importância de se recompor em tempos de isolamento? Zé Cotchê: Eu acho que recompor nesses tempos de isolamento remete a uma ação necessária pra se ter um recomeço mais equilibrado e com consciência coletiva. Apesar da ação de se recompor ser feita em sua singularidade e subjetividade, creio que é uma maneira de auto enxergar e se adaptar ao novo. Além dos shows, a quarentena trouxe dificuldades e empecilhos para a Quarto? Tiago Timbrado: Sim, a locomoção… Como atualmente moro em Vitória-ES e o restante da banda mora em BH, ficou impossível a gente dar sequência nos ensaios. Isso atrapalha muito a produção e montagem de arranjos de novas composições. Quando acabar a quarentena, você continuará morando em outro estado? Tiago Timbrado: Não foi por conta da quarentena, eu já estava morando aqui. Mas tenho planos pra voltar a morar em BH. Assim que isso tudo passar. Quais os próximos planos para a banda? Terão mais novidades neste ano? Pretto Ferreira: Estamos em processo de gravação de duas músicas para serem lançadas ainda esse ano. Tiago Timbrado: Entrar numa terapia pra controlar minha ansiedade pra lançar as próximas canções (risos). A Quarto irá participar do Juntos Pela Vila Gilda. Qual a importância de projetos beneficentes em tempos de pandemia e quais as expectativas da banda para o evento? Zé Cotchê: Acho extremamente importante projetos como esses pois a gente sabe que nem todos possuem condições socioeconômicas de se manter em casa com todos os requisitos exigidos pelos órgãos responsáveis. Acho que podemos colaborar da forma mais aberta e afetuosa. A arte tem um papel fundamental nesse momento e precisamos dar esse suporte. As expectativas são boas, devido a quantidade de pessoas envolvidas no projeto, e será um prazer mostrar nossas