One Direction: 10 anos de história

One Direction

Há exatos 10 anos, nascia nos palcos do The X-Factor UK (2010), a boyband One Direction, que vinha para deixar sua marca no pop. Naquele ano, os adolescentes Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson, Niall Horan e Zayn Malik foram atrás de seus sonhos como artistas solo. Entretanto, em uma jogada de Simon Cowell – diga-se de passagem, muito bem feita –, acabaram se tornando uma boyband. Foram diversas apresentações que levaram os meninos ao terceiro lugar da competição. Futuramente, entretanto, ocupariam o primeiro lugar das maiores paradas do mundo, inclusive, da Billboard. One Direction com músicas, vídeos e filmes Após diversos covers como Torn (Natalie Imbruglia), Viva La Vida (Coldplay), Kids In America (Kim Wilde) e muitos outros, One Direction enfim, tomou sua direção própria com o debute de Up All Night. Lançado em 2011, Up All Night carrega um dos singles mais marcantes da década, What Makes You Beautiful, bem como One Thing e Gotta Be You. O álbum deu nome à primeira turnê da banda, no mesmo ano. Logo depois vieram os álbuns Take Me Home (2012), Midnight Memories (2013), Four (2014) e por último, Made in The A.M (2015). Além dos álbuns, One Direction lançou diversos clipes como o romântico Little Things (2012), o divertido Best Song Ever (2013) e o memorável Steal My Girl (2014), que levou chuva ao deserto. Definitivamente, ninguém parava esses meninos e em 2013, eles lançaram seu primeiro filme, This Is Us. Em 2014, foi a vez do documentário Where We Are – The Concert Film. Quando as direções se tornaram opostas Apesar do grande sucesso, que levou One Direction a grandes turnês que reuniam milhares de fã em estádios por todo o mundo, os integrantes decidiram seguir caminhos opostos. Em março de 2014, Zayn Malik anunciou através das redes sociais que deixaria a banda. Em 2016, após inúmeras turnês, a banda decidiu entrar em hiato, que acabou se estendendo até os dias de hoje. Atualmente, cada um dos integrantes tem sua própria carreira, mas ainda assim o nome One Direction se destaca entre todas elas. Não por não terem reconhecimento ou talento em suas carreiras solo, mas porque juntos, fizeram história. One Direction comemora com vídeo especial As redes sociais amanheceram cheias de fotos e lembranças da boyband, que completa uma década de história. Harry, Liam, Louis e Niall fizeram postagens em agradecimento a todo apoio e sucesso, bem como vários dos integrantes da equipe 1D. E não parou só por aí: foi lançado um site oficial com uma linha do tempo que relembra toda a trajetória da banda, bem como um vídeo em homenagem a todos estes anos. (Confesso que chorei). A fã base se destacou no twitter, dominando todos os assuntos do momento com hashtags e travando o site, o que ocasionou uma brincadeira da produção: “One Direction quebrando a internet, de novo”. Além disso, como mais um presente, a 1D decidiu lançar seus maiores singles em versão 4K, que serão lançados até o dia 28. Directioners: a fã base que segue em uma direção Para mim, falar da One Direction é tão fácil, mas ao mesmo tempo tão difícil que às vezes, me perco. Confesso que hoje o dia foi movido à emoção. Lembro perfeitamente da primeira música que ouvi, o primeiro clipe e a decisão de criar um fã clube. Era dia 22 de setembro de 2012. Lembro dos sonhos, das amizades, das brincadeiras e de como cada um daqueles cinco garotos mudou a minha perspectiva. “Se eles sonharam e realizaram, eu também irei”, pensava. Da mesma forma, lembro do show, 11 de maio de 2014, em São Paulo. As luzes se apagaram, a batida de Midnight Memories começou, o chão tremeu e então eu os vi. Como eu, há diversos outros fãs (apelidados carinhosamente de directioners) que em entrevista, relataram seus sentimentos sobre o marco dos 10 anos. “One Direction sempre foi mais do que uma simples banda pra mim. Quando conheci os meninos, eu estava passando por uma fase muito difícil na minha vida, e as músicas, os vídeos e todo esse mundo voltado a eles me ajudou a superar esse momento”, comenta a fã Beatriz Santos. Gabriely Coelho relembra o quanto a banda a incentivou e inspirou na escolha da carreira. “Me pergunto se teria sido diferente se mesmo de tão longe, aqueles cinco garotos incríveis não tivessem entrado na minha vida”, comenta. “Ser fã me fez sentir parte de algo muito maior. Me deu amizades que carrego até hoje, inúmeras alegrias e momentos inesquecíveis, seja no lançamento de músicas, clipes ou filmes”, diz a directioner Catarina Barbosa. Por fim, um adendo: não importa quanto tempo passe, ou como passe. One Direction será, para sempre, a boyband que marcou a vida de diversos fãs pelo mundo – incluindo a minha.

Resenha – Jackals – Deathcrown

Deathcrown

Enquanto trabalha em seu full lenght, o quinteto americano de death metal Deathcrown soltou em janeiro último seu EP Jackals, sucessor de Living Hell (2016). Mike Parks (voz), Tommy Gunn e Jake Vanderband (guitarras), Anthony Gadzalski (baixo) e Robley Ball (bateria) sabem exatamente onde querem chegar com sua banda, ou seja, death metal old school. Com influências do lado americano mais brutal, como Monstrosity, e das melodias da Suécia, Jackals é um petardo facílimo de agradar aos fãs de metal extremo. Por ser um EP e conter apenas cinco faixas, é um daqueles trabalhos que nos fazem repetir a audição. A faixa-título abre o disco e traz riffs de guitarra com melodias mórbidas e uma bateria precisa e veloz, death metal puro! Of Blood And Iron começa direto com uma pancadaria pra lá de rápida, sendo a melhor música do EP, com toques de At The Gates. Baptized in Horror e Sermons of The Slaughter finalizam o massacre de maneira convincente, fazendo do Deathcrown mais um nome recomendável no disputadíssimo cenário death metal. Confira: JackalsAno de Lançamento: 2020Gravadora: Primitive Ways Records Faixas:1-Jackals2-Of Blood And Iron3-Hypnophonic Paralysis4-Baptized in Honor5-Sermon of The Slaughter

Resenha – At The Darkest Night – Evilcult

Evilcult

Formado no Rio Grande do Sul por Lucas “From Hell” (guitarra) e Blasphemer (bateria), o duo Evilcult estreou na cena em 2016 com o EP Evil Forces Command. At The Darkest Night, seu primeiro full lenght, chega à luz do dia agora em 2020, em meio ao caos mundial. Os mais atentos já sacaram qual é a do Evilcult, a começar pela capa e desembocando no pseudônimo dos músicos. Óbvio que se trata do mais puro speed/thrash/black oitentista, uma época que o metal extremo ainda não era dividido entre tantos subtítulos. Está tudo lá: os vocais guturais, mas que arriscam agudos no melhor estilo Tom Araya fase Show no Mercy; os riffs passando longe de efeitos mirabolantes ou afinações muito baixas; a bateria pulsante, firme e precisa. Bathory, Sodom, Sepultura (fase Morbid Visions) e até Hellhammer estão entre as influências aqui. A essa altura, quem é da época já ligou a guitarra invisível em sons certeiros como Sons of Hellfire, Noctural Attack, Army of The Dead, Burning Leather e Army of The Dead. A aura satânica do material também é digna de nota. Evidentemente, não espere pela invenção de um estilo novo, pois essa nem é a proposta da banda. Porém, é tudo tão bem feito, honesto e cativante que é impossível não lembrarmos o porque de curtimos metal, seja qual for sua vertente. Bangers, mãos (e ouvidos) à obra! At The Darknest NightAno de Lançamento: 2020 Faixas:1-Drunk By Goat´s Blood2-Sons of Hellfire3-Nocturnal Attack4-Eternal Cult of Darkness5-Burning Leather6-Army of The Dead7-Unholy Nights8-Necro Magic

Entrevista | Dani Coimbra – “Eu canto para levar felicidade às pessoas”

A cantora carioca Dani Coimbra é um dos nomes presentes no Juntos Pela Vila Gilda, que acontece esta semana. Em resumo, a artista é uma das grandes promessas da MPB e recentemente lançou o seu primeiro álbum de estúdio: Renda-se (2020). Ademais, Dani também é atriz e bailarina, tendo estudado dança contemporânea na UFRJ. Sem contar que a cantora é uma das vozes do Bloco Empolga às 9 e foi convidada para a 10ª edição do Festival Ziriguidum emCasa, criada pelo ator e cantor Claudio Lins. E as novidades não param por aí. “Em breve estarei lançando meu novo clipe. E também já estou escolhendo as músicas para gravar um EP que pretendo lançar antes do final desse ano”. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Danielle Coimbra conta detalhes sobre suas produções, expectativas e, claro, sobre o Juntos Pela Vila Gilda! Renda-se No início deste ano, Dani Coimbra divulgou o primeiro CD de sua carreira solo. Além de composições de seus amigos, o trabalho também conta com regravações de Djavan, Vinícius de Moraes, Baden Powell e Moska. “Eu acalentei durante anos o sonho de gravar um álbum, mas sabia das dificuldades financeiras pra isso, já que sou uma cantora independente. Mas, quando coloco algo na cabeça, luto muito pra conseguir. E trabalhei duro cantando na noite, dormindo pouco e acordando bem cedo pra cuidar do meu filho, até conseguir realizar esse objetivo. E consegui!”. Dani ainda revela que Renda-se levou cerca de um ano para ser finalizado. Isso inclui a escolha das músicas, criação dos arranjos, gravação e masterização. “Comecei a selecionar músicas de amigos compositores e escolhi regravar quatro composições que sempre sonhei cantar. O produtor musical desse CD, Nelson Freitas, captou rapidamente a essência do que eu queria passar nesse trabalho, criando arranjos muito requintados e criativos, misturando ritmos que fazem parte da minha musicalidade”, explica. Dani Coimbra é sergipana e carioca Dani é imersa em brasilidades. Nascida e criada no subúrbio carioca, a cantora é filha de uma sergipana e de um carioca, portanto, desde pequena foi influenciada pela diversidade da nossa música. “Temos um país que mais parece um continente, o que faz com que nossa música seja tão diversa. Meu pai, carioca, sempre foi um amante da música e tinha uma gigantesca coleção de vinis. Ele ouvia do samba à música clássica. De bossa nova a rock nacional. E eu ali do lado ouvia tudo com ele”, conta Dani. “Mesmo sendo carioca, desde pequena viajei inúmeras vezes a Sergipe para visitar minha família materna. Lá eu só ouvia forró, 24h por dia (risos). Seria impossível eu não ser essa pessoa que ama e valoriza incondicionalmente a música brasileira e creio que consegui expressar essa diversidade no meu álbum”. Inspirações musicais Apesar de cantar MPB, Dani Coimbra escuta de tudo. “Eu sou mega eclética e vai muito de acordo com meu clima no dia. Tem dias que ouço rock internacional, sou apaixonada pelo Foo Fighters. Outros dias, quando quero dançar, ouço Jamiroquai, Bruno Mars, Michael Jackson”, compartilha. “Tenho ouvido muito rap nacional ultimamente e tô amando. Ouço muito samba de raiz também, é claro. Enfim, minha playlist parece uma salada mista (risos)”. Além disso, a cantora também nos contou quem são as suas influências musicais. “Naturalmente os sons que te tocam te inspiram de alguma forma, mas digo que essas cantoras me inspiraram a começar a cantar e sempre serão minhas musas: Elis Regina, Eliseth Cardoso, Marisa Monte, Ana Carolina e Cassia Eller”. Dani Coimbra no Bloco Empolga às 9 Este ano, a artista participou pela primeira vez do Bloco Empolga às 9h, que a princípio, é considerado um dos maiores do Carnaval do Rio de Janeiro. “Esse foi meu primeiro ano cantando no Empolga, e foi de uma emoção ímpar. Ver aquela multidão pulando e cantando com você, não tem preço. Por isso, tentei dar toda minha garra e energia para essa troca linda com as pessoas. Eu sempre digo que amo cantar, seja para uma pessoa ou para milhares, como é no caso do bloco. São emoções diferentes, mas todas me completam”. Por fim, Dani também contou sobre as diferenças e cuidados necessários ao cantar em um bloco carnavalesco. “A diferença maior é que para cantar no bloco, o pique e o cuidado com preparo vocal, tem que ser bem maior”. “Me preparei meses antes intensificando minhas seções de fonoaudiologia e malhando muito. Felizmente deu tudo certo! Precisei desse preparo para não prejudicar minhas cordas vocais”. Festival Ziriguidum EmCasa Mais projetos! Este ano, a artista foi convidada para a 10ª edição do Festival Ziriguidum emCasa, criada pelo ator e cantor Claudio Lins. “Foi uma delícia! Fiquei super feliz com o convite em participar desse festival, nesse momento tão único que estamos vivendo, tendo a oportunidade de levar minha música e minha alegria para as pessoas que estavam em quarentena, e ao lado de artistas que super admiro. Só posso ter muita gratidão”, comenta. Lábios de Mel Recentemente, Dani Coimbra regravou a música Lábios de Mel, do Tim Maio, ao lado de Anderson Vaz. Em síntese, vale lembrar que o clipe foi gravado em isolamento, cada um em sua casa. “Como estamos impossibilitados de trabalhar nesse momento, aproveitei esse período para gravar vídeos, nesse formato de cada um em sua casa, para não ficar parada e continuar levando minha voz para as pessoas. Um dia ouvindo Lábios de Mel, pensei em convidar o Anderson pra cantar comigo”. Posteriormente, a artista também compartilhou os desafios da produção. “Tive que me virar nos 30 nesse período e fui aprendendo até a editar vídeo, essa foi a parte mais complicada (risos). O Anderson é um cantor que admiro muito, temos ideais com a música muito parecidos e estamos conversando pra outros projetos futuros”. Em quarentena Por conta da pandemia do novo coronavírus, boa parte dos artistas tem se debruçado em projetos virtuais, dessa forma, com Dani Coimbra não foi diferente. “Acho que foi importante, não só para mim, mas para muitos artistas, percebermos o quanto é

Entrevista | João Maria – “Ninguém larga a mão de ninguém”

João Maria

João Maria é conhecido e prestigiado nas noites santistas, e será um dos artistas presentes no evento Juntos pela Vila Gilda. O músico iniciou sua carreira em meados dos anos 1988/1989, no icônico Bar do Torto. Participou do projeto Amores Caiçaras, de Marcos Canduta e Emanuel Herzog, que conta com diversos nomes da música popular, como Chico Buarque e Zeca Baleiro, no disco Canções de Amor Caiçara (2019). Mesmo tão popular nas noites d’O Torto, não se considera um cantor específico da noite. Muitas vezes, segundo ele, é cantor diurno. A versatilidade faz parte de seu trabalho. “Vai para o bar cantar… É isso de se virar, mesmo. Mas é muito bom, você não fica na mesmice. Eu não gostaria de ser um cantor específico”. O ladrão Como resultado de sua atuação por cerca de 30 anos no Torto, João Maria revela que enfrentou muitas mudanças do início de sua carreira até os dias atuais. Ele conheceu muitas pessoas e por se tornar conhecido, era difícil lembrar o nome de todo mundo. Por isso, ficou conhecido pela brincadeira d’O ladrão. “Você acaba lembrando só do rosto e então, pra facilitar, tu acha um nome. Chamar todo mundo por um nome; porque ladrão é ladrão de emoção, é Robin Hood, ladrão de corações”, comenta. Desafios na cultura Para João Maria, a realidade na cultura brasileira tem sido muito cruel. O artista diz não querer ser pessimista com a situação atual, porém, os atuais eventos fundamentam sua opinião sobre a cena cultural. Além disso, falou da polêmica Lei Rouanet, dizendo que não são todos que conseguem acesso, pois é muito difícil receber o benefício. “No meu caso é desgastante, então é bem por aí, eu acho que é só pra justificar tipo ‘ah…nós incentivamos a cultura, nós fizemos umas tendinhas ali na praia tá ligado’, é por aí”. Juntos Pela Vila Gilda A ideia é “espetacular” nesse momento onde muitos estão passando dificuldades. Além de integrar o Juntos Pela Vila Gilda, o cantor também participa de um projeto semelhante fazendo doações de alimentos em conjunto com a pastoral do padre Júlio Lancelloti, em São Paulo. “Tô sempre, junto com todo mundo, como se diz: ninguém larga a mão de ninguém”, conclui.

Entrevista | Pedro Bara – “É nosso dever participar de ações que promovam o bem”

Estamos em contagem regressiva para o Juntos Pela Vila Gilda, que reunirá diversos artistas em uma boa causa. Entre eles está o roxo guitarra, Pedro Bara. A sua história com a música começou quando ele ainda era criança. Começou a tocar guitarra sozinho aos nove anos, entretanto, foi aos 12 que teve seu primeiro encontro com o blues. “Eu estava aprendendo a escrever. Lembro que meu pai tinha uma coleção de discos, a maior parte de bandas inglesas dos anos 60”, relembra Pedro. “Isso me levou a procurar estilos que influenciavam aquele som e acabei encontrando blues”. Entre suas primeiras influências estão Eric Clapton, Fleetwood Mac, Rolling Stones, entre outros. O álbum de estreia: Heading To The Moon    Aos 17 anos, Bara lançou o seu primeiro álbum, Heading To The Moon (2018), com 11 músicas autorais que foram compostas em parceria com Carlos Sander e Alexandre Fontanetti. Com uma estreia marcante na cidade de Santos, o álbum combina blues tradicional e moderno, rock, soul e funk. O disco não só foi parar em rádios do Reino Unido, como também entrou na lista das mais tocadas em duas delas. “Ter minhas músicas tocadas nos lugares que serviram de berço para o que eu admiro é uma grande realização”, comenta. “Ouvir meu som numa rádio inglesa foi surreal” Com esse lançamento, Pedro passou a ser uma promessa do blues nacional. Em 2019, foi citado pela A Tribuna entre os 10 nomes mais relevantes da música na região. “Este disco foi decisivo para que eu integrasse em alguns palcos extremamente importantes no cenário nacional, como o Santos Jazz Festival, a Mostra Blues”, conclui o músico. Pedro Bara no Juntos Pela Vila Gilda Para o evento beneficente que acontece no próximo fim de semana, o artista gravou um versão de uma música que gosta muito, na companhia de Silas Andrade no sax e André Matanó no piano. Bara acredita que os artistas devem estar unidos em prol de eventos como este. “Nós temos o dever de estar sempre o mais próximo possível de ações que promovam o bem da sociedade”, finaliza.         

Entrevista | Thiago Espírito Santo – “Todos os artistas devem se unir”

Thiago Espírito Santo

Com mais de 20 anos de carreira, o baixista Thiago Espírito Santo vem acumulando conquistas em seu portfólio. O musicista, que já se apresentou em mais de dez países, colaborou com grandes artistas da música brasileira, como Toquinho, Maria Bethânia e O Teatro Mágico. Ademais, o músico é um dentre os 200 artistas que participará do Juntos Pela Vila Gilda. Thiago é conhecido por suas composições. Ele compõe a partir de solos de guitarras, ou em violão, onde dedilhar e cantarolar são suas maiores fontes criativas. “Minhas inspirações e ideias não tem um método exclusivo, mas viso estar sempre buscando harmonia entre as melodias. Minha última música foi composta em menos de um dia”. “No dia da super-lua, fiquei olhando para ela no céu e realmente estava incrível. A partir dessa inspiração consegui compor de uma vez”, conta. Conciliando duas profissões Thiago também trabalha como mentor musical. E em tempos de pandemia, ser professor tem sido sua maior fonte de renda. “Sou filho de uma professora, então a música está presente em minha vida desde sempre. Trabalho como professor há 22 anos, e sempre considerei o ensino muito importante; quanto mais eu ensino, mais aprendo, então é sempre muito prazeroso”. “Atualmente tem sido de extrema importância, tem sido minha entrada principal de renda. Tenho ocupado meu tempo como mentor e dando aula; não tem sido complicado porque eu falo sobre o que vivo”. Thiago teve muitos projetos interrompidos devido a pandemia. Assim como ele, outros artistas não poderão seguir com a agenda profissional. “Muitos amigos meus também tiveram os compromissos interrompidos; foi um verdadeiro baque. Minha sorte é que eu dou aula há bastante tempo, e sempre investi nisso”. Dicas para novos artistas O músico deixou um recado para pessoas que sonham em viver de arte, mas que tem medo entrar nesse mundo: Manter a cabeça e o coração aberto é a primeira regra. Não há certo e nem errado, melhor ou pior. Quem hoje está se apresentando em grandes palcos, tem uma trajetória e uma história por trás. Não é fácil. Se você está começando, não olhe para algum artista achando que você vai conseguir ser igual. Admire, se inspire nele, e a partir disso crie seu próprio estilo. Nunca será possível copiar alguém; cada um tem sua essência. Respeite o próximo e o seu tempo. Vai dar certo! Thiago Espírito Santo Juntos pela Vila Gilda Thiago Espírito Santo é presença confirmada no Juntos Pela Vila Gilda, que ocorrerá neste fim de semana. Para ele, é fundamental ajudar as pessoas neste período de incertezas. “Vivo de música há mais de 26 anos; já estou dentro do mercado há muito tempo. Reconheço meus privilégios, mas infelizmente nem todos possuem oportunidades, deixando de ter acesso ao básico de higiene, alimentação, saúde. Muitas pessoas não conseguem acesso aos cuidados mínimos. É uma situação muito delicada”. “Todos os artistas devem se unir para ajudar as pessoas que vivem em uma realidade diferente. É uma honra poder contribuir com minha música e poder participar desse movimento que visa levar mais alegria pras pessoas”, conclui Thiago.

Entrevista | Wufologos – “Temos que fazer para os nossos!”

O grupo de rap Wufologos, da Baixada Santista, tem uma longa caminhada na cena. Criado em 1997, com 23 anos de estrada, conta na formação atual com Mysthério, 48 anos, Athayde Muñez, 27, e DJ Ice Boy, 44. Eles serão uma das atrações no Juntos Pela Vila Gilda, que acontece neste fim de semana. Mysthério, no entanto, é o único integrante da formação original do grupo. O artista conta como era fazer rap naquela época, quando as condições eram outras. “Quando começamos era tudo diferente. Não tinha internet, era mais complicado até para gravar, não tinha tanto estúdio igual tem hoje. Atualmente, as coisas são bem mais fáceis”. A voz do povo O grupo gosta de trazer retratos das desigualdades sociais, racismo e formas de preconceito em suas letras. Isso porque querem dizer o que o povo tem vontade de falar. “Queremos ser a voz do povo de verdade, o que eles gostariam de falar, mas não têm como. Então é como se estivessem falando por nós. Somos contra as coisas erradas do governo, do sistema que nos oprime. Escrevemos e transformamos isso em versos e rimas”, afirma Mysthério.  Para seus próximos trabalhos, no entanto, o grupo cogita organizar uma produção com todas as parcerias internacionais que já fizeram. Os trabalhos já estão disponíveis no YouTube, mas eles pretendem fazer algo melhor com o material.  Durante a pandemia, o grupo preza pelos ensaios solos, lives, estudos sobre produções musicais e assuntos relacionados a outros trabalhos e ações. Mysthério, por exemplo, mantém o canal Hip Hop Information Zero13, no qual entrevista rappers da Baixada Santista e de outras regiões do Brasil. Como é fazer rap na Baixada? Mysthério fala sobre a questão da localidade. “O desafio que a gente enfrenta é fazer rap na Baixada Santista, porque onde se respira o rap mesmo é na Capital. E é muito prazeroso pra gente quando artistas de lá comentam sobre a gente, é sinal que estamos no caminho certo”.  O DJ Ice Boy aponta para a falta de investimento e mídia para os grupos e artistas da região. “Cada local tem sua linha e forma de fazer rap. A Baixada Santista tem uma característica diferente, o que falta muito é investimento, rádio aberta, mídia, organização”. “O público daqui também precisa fazer mídia, pois precisamos sair da fase de começo e ir para uma fase mais profissional. Produzir clipes, shows e começar a desenvolver o trabalho, tirar dinheiro do que se faz”. “A maioria dos grupos em São Paulo, por exemplo, já viraram marcas. Os grupos daqui precisam partir para esse campo. É desenvolver o mercado da Baixada Santista e começar a sobreviver do que produz”, conclui. Athayde Muñez, de São Vicente, ressalta a falta de público: Fazer rap na Baixada Santista é um desafio; é complicado, escasso. O pessoal meio que se divide e ainda tem aquele preconceito. A maior dificuldade de fazer rap aqui é a falta de público. A maioria das pessoas nos eventos são aquelas que vão cantar, poucos são plateia. Às vezes, são 15 artistas e eles são a própria plateia, e isso atrapalha bastante. Athayde Muñez “Também há falta de recursos pra ficar indo pra outros lugares. Mesmo assim a gente não para por nada, isso faz parte da nossa vida!”, enfatiza. Wufologos no Juntos Pela Vila Gilda Os integrantes comentam a importância de sua participação no evento. O grupo se apresenta no primeiro dia de festival (25), portanto, acompanha outros rappers da região, o Facção Caiçara. É muito importante, eu tenho alguns conhecidos na Vila Gilda, só que nunca tive a oportunidade de participar de uma ação como essa. A Vila Gilda pode contar com o Wufologos quando precisar. É um povo guerreiro, batalhador, povo que trabalha, que luta. Temos que fazer para os nossos, isso é muito importante! Mysthério DJ Ice Boy comenta a necessidade de organização política. “Pessoalmente, não conheço a Vila Gilda,  pois estou há dois anos aqui na região. Sei que é uma comunidade que passa pela carência do Estado e de políticas públicas, como a maioria das comunidades da Baixada Santista e São Paulo. Cabe a população se organizar, saber lutar pelos seus direitos e cobrar do poder público”, destaca.

Estreia: Nietts e seu Inferno Dançante

Foto: Fernanda Carrilho Gamarano Faz bastante tempo que não escuto algum lançamento do independente nacional, presto atenção e escrevo sobre. Tem uns dias que sinto que algo me chama à pratica novamente, e sinais diários são frequentes. Recentemente, assisti um vídeo do Lisciel Franco, produtor musical com carreira longa, refletindo sobre as diferenças entre Underground e Mainstream. Encurtando, ele deixa uma mensagem que no Underground você pode criar e ser quem você quiser, sem amarras ou qualquer tipo de obrigação. Horas depois de ter visto esse vídeo, preso no umbral das redes sociais, me deparei com uma postagem do meu amigo André Guimarães, que já tocou na Muff Burn Grace, uma das bandas mais legais que o Stoner Rock brasileiro produziu. No post, o André falava do lançamento do EP de estréia da sua nova banda, a Nietts. “Niets”, traduzido do holandês, significa “nada”, sendo pronunciada “níts”. De acordo com a própria banda, todos os nomes possíveis já foram usados, “então não coloca nada”. A formação conta com o já citado André Guimarães na voz e guitarra, Luiz “Zezito” no baixo e backing vocals, e Allan Carvalho na bateria. Composta em Fevereiro de 2019, o trio já arregaçou as mangas para produzir o seu primeiro material, e fazer dois shows no mesmo ano, no 74 Club em Santo André/SP. Me lembro de nessa época, voltar do trabalho e encontrar com o André no Metrô, e ele me contar sobre essa nova banda, que nem nome tinha no momento. Se nesse tempo eles já conseguiram seu primeiro EP, sinal que as coisas estão indo muito bem. Afinal, quem tem banda, ou tem contato com quem tem, sabe como as coisas funcionam em um ritmo não tão acelerado. O tal EP é intitulado “Disco Inferno”, e escutando as 4 faixas que ele tem a nos oferecer, dá pra entender o porquê do nome. Ao escutar o som da Nietts, você consegue se imaginar dançando totalmente chapado a algo que não soe artificial, a algo piegas. Tem a característica sombria, mas ao mesmo tempo sensual, dignas de um Madame Satã. É nítida a influência do Pós-Punk oitentista, do Rock Alternativo britânico da década de 90, e principalmente do Indie do início dos anos 2000. Você consegue perceber cada traço e pode identificá-los em cada nota tocada. Porém, é importante deixar bem claro que a autenticidade está presente, por mesclar tudo isso de forma singular. “Disco Inferno” foi gravado no Caffeine Sound Studio em São Paulo, e produzido no Estúdio Jukebox por Kléber Mariano e André Leal, responsáveis por trabalhos com Color For Shane, Stone House On Fire, Carbo, Troublemaker, entre outros. “Bad Times” foi a faixa escolhida para ganhar um clipe, com a direção do próprio baterista da banda, retratando a luta diária para manter a sanidade mental em dia durante o isolamento social causado pela pandemia do COVID-19. O Lisciel tem razão. A obra do independente não tem cabresto, você apenas faz do seu jeito e pronto. Dificilmente vamos ver um novo fenômeno que arrastará multidões, mas e daí? Estamos em um momento em que a música se prende a muitos padrões pasteurizados, e que artisticamente, nos separam cada vez mais de algo que realmente possa nos tocar. E quando nos deparamos com algo que é sincero, despretensioso e honesto, isso nos cativa. Desperta aquela vontade de falar sobre, de apresentar pros amigos, de voltar a escrever num artigo. É algo que nos marca pro resto da vida. Nietts: Instagram|Facebook