Crítica | Royal Destroyer – The Crown

Mesmo não sendo muito conhecida em nosso país, a banda sueca The Crown mantém uma carreira firme e consistente, contando apenas com um pequeno hiato entre 2004 e 2008. Primeiramente, para quem nunca ouviu o trabalho dos suecos, o quinteto pratica um melodic death metal com influências de thrash metal, resultando em um som para headbanger nenhum botar defeito. Em resumo, Royal Destroyer, lançado agora em 2021, é o décimo primeiro álbum de estúdio dos caras, sucedendo o ótimo Cobra Speed King (2018). Igualmente aos álbuns anteriores, Royal Destroyer mantém a mesma pegada, porém o “melodic” dividiu lugar com um esporrento thrash/death. Todavia, ainda estão lá os riffs tipicamente suecos, como na melhor faixa do álbum, Motordeath, veloz, pesada e com referências ao Metallica. Baptized in Violence, faixa de abertura, traz uma avalanche de velocidade em apenas pouco mais de um minuto de som, confirmando que o desejo dos suecos com esse álbum era pegar pesado, e assim o fizeram. As melhores do álbum Outros exemplos de pura insanidade musical podem ser ouvidos na ultrarrápida Ultra Faust, um soco na cara que deixará o ouvinte atordoado, provando a ótima fase que a banda atravessa, e na poderosa Full Metal Justice, também candidata a melhor faixa de Royal Destroyer. É nessa faixa que o baterista Henrix Axelsson mostra todo seu arsenal, moendo seu instrumento do começo ao fim. Da mesma forma, Scandinavian Satan e We Drift On também são destaques que saltam aos ouvidos dos bangers. Apesar do material ir direto ao ponto, os músicos do The Crown são extremamente competentes, dominando como pouco as nuanças do metal extremo, seja nas timbragens ou nos arranjos. Em outras palavras, Royal Destroyer é metal puro, genuíno, sendo obrigatório para qualquer pessoa que goste do estilo. Royal DestroyerAno de Lançamento: 2021Gravadora: Metal Blade RecordsGênero: Death Metal Melódico/Thrash Metal Faixas:1-Baptized in Violence2-Let The Hammering Begin3-Motordeath4-Ultra Faust5-Glorious Hades6-Full Metal Justice7-Scandinavian Satan8-Devoid of Light9-We Drift On10-Beyound The Frail11-Absolute Monarchy

Crítica | Violent Aggression – Deathraiser

Formado em Leopoldina (MG), em 2009, o Deathraiser inicialmente se chamava Merciless antes de optar pelo nome atual. Posteriormente, em 2011, veio seu debute, Violent Aggression. E não poderia ter sido melhor batizado. Aliás, o material que ouvimos nesse álbum é um thrash metal incendiário, veloz e pesadíssimo. Primeiramente, vale destacar que Thiago (guitarra, voz), Ramon (guitarra), William (bateria) e Junior (baixo) realmente sabiam o que queriam quando entraram em estúdio. Contudo, a vontade era simplesmente distribuir porrada para tudo quanto é lado. Dez anos se passaram do lançamento, e o material aqui ainda exala a mesma carnificina, talvez até mais. Em síntese, o andamento lembra o álbum Beneath The Remains (Sepultura), a voz de Thiago remete a de Mille Petrozza (Kreator) com algo de Don Doty (Dark Angel), as guitarras lembram o que melhor Kerry King e Jeff Hanneman fizeram em seus dias de glória, e a cozinha não deixa pedra sobre pedra, invariavelmente veloz. Portanto, em apenas 27 minutos de música, Violent Aggression transmite seu recado perfeitamente, que é destruir o pescoço dos thrashers. Em resumo, o álbum funciona muito melhor quando ouvido da primeira à última faixa, ininterruptamente. Mas ainda podemos apontar destaques como as matadoras Enslaved By Cross, Command to Kill, Thrash or Be Thrashed e a faixa-título, que simplesmente explodem em adrenalina e agressividade. Por fim, cá aguardamos o segundo álbum do Deathraiser. Violent AggressionAno de Lançamento: 2011Gênero: Thrash Metal Faixas:1-Violent Aggression2-Annihilation of Masses3-Terminal Disease4-Enslaved By Cross5-Command to Kill6-Killing The World7-Oppression Til Death8-Lethal Desaster9-Thrash or Be Thrashed

Conheça Wescritor, o rapper tupinambá na Baixada Santista

Weslley Amaral dos Santos, o Wescritor, tem 24 anos e é um tupinambá na Baixada Santista. O rapper aborda pautas indígenas e reverbera ancestralidade nas rimas. Transita entre letras de resistência, reflexivas, sobre amor e sentimentos. Nascido e criado em São Vicente, aos 18 anos mudou-se para Santos, onde mora atualmente.  O artista se jogou de cabeça no mundo da música em 2019 e desde então, além de singles, coleciona os seguintes trabalhos solo: EP Corpos Laranjas, Mixtape T.R.A.P, Mixtape Comunicação e o EP Dela.  Além da qualidade dos sons, Wescritor já possui clipes marcantes, como Caos Indígena, Modificado e Exemplo.  As letras dele ecoam forte para o ouvinte, principalmente para quem tem afinidade com a causa indígena. Mas nem sempre ele entendeu de fato sua ancestralidade. O Weslley de 17 anos, até então, não compreendia o significado disso. E só após compreender, foi a virada de chave. Virada de chave Wescritor passou por uma mudança interna intensa em 2019 quando no início do ano visitou a Aldeia Itapoã, Tupinambá de Olivença, onde vive o seu avô, José Ramos Amaral, mais conhecido como Ancião Amaral, de 76 anos. “Eu reconheci o espaço, a história, a vivência e senti na pele o que é a causa”, explica.  O artista comenta que sabia que o avô era indígena, tinha casa na aldeia, mas até então não tinha sido tocado daquela forma pela sua ancestralidade. “Vem mudando meu ser. Você vai olhando pra trás e se conectando, isso vai te fortalecendo no agora e no amanhã”.  Wescritor EP Corpos Laranjas Muito significativo, 2019 foi um ano de grande importância para ele, tanto pela viagem e suas descobertas, quanto para mergulhar dentro de si. Dos três meses que ficou na Bahia, alguns dias e semanas foram dedicados a ficar na aldeia. Daí, surgiram algumas letras do primeiro EP Corpos Laranjas. “Escrevi Caos Indígena, Tupinambá (tanto a poesia quanto o som) a fala do meu vô e captei na aldeia. Resistir também foi lá”.  Ele foi lançando singles ao longo de 2019 até se tornar o EP Corpos Laranjas que foi lançado em 20 de dezembro do mesmo ano. “Foi o primeiro projeto compilado, foi especial, sendo a melhor construção que eu fiz. Consegui investir um dinheiro, ter material profissional. O clipe Caos Indígena foi fluido, foi lindo e rolou da melhor forma, como tinha que ser”.  A produção musical, mixação e masterização de Caos Indígena ficou a cargo de Léo Ost. YBY Festival Ainda em 2019, Wescritor participou do YBY Festival, o festival de música indígena contemporânea do Brasil. “Pra mim é muito sensível o que aconteceu em 2019. Foi muito importante a presença no YBY. Meu avô veio da Bahia para São Paulo assistir. Ele era o ancião mais antigo do festival, foi muito impactante ver ele no palco, honrando todo o povo Tupinambá. Por causa de um movimento que eu fiz… É algo muito forte. A família acredita e eu acredito muito”.     Wescritor Ritmo e Poesia Apesar de ter sido 2019 o ano que Wescritor foi a fundo no rap, ele já tinha contato com o gênero musical e com a poesia.  Desde pequeno ele escuta rock e rap, por influência de seu irmão mais velho e atualmente seu empresário Wallace Amaral, de 30 anos. “Escuto há muito tempo, Racionais e todos os grandes das antigas”.  Ingressou no teatro em 2014, conhecendo a literatura mais a fundo. “Em 2015, comecei a escrever muitas poesias, foram dois anos assim. Me apaixonei pelo Fernando Pessoa, é meu mestre, minha base”, afirma. Na virada de 2017 para 2018, ele começou a experimentar o rap, colocando suas poesias na batida lofi. Passou o ano de 2018 inteiro escrevendo até que em 2019 foi o seu alavanque, se jogando para o mundo da música. Mixtape T. R. A.P (Tem Rap, Amor e Poesia) Lançada em abril de 2020, a Mixtape T. R. A.P (Tem Rap, Amor e Poesia) foi mais sentimental para o artista. A música Modificado rendeu a ele novos ouvintes, tanto que ganhou um clipe. Ele conta que até ficou receoso de expor esse projeto, pensando que poderia ser julgado por estar fazendo algo mais “comercial”. No final das contas, como ele mesmo diz, ampliou o seu trabalho. Sobre a mixtape de sete faixas, ele abre o coração. “Foi um processo muito importante. Eu sempre fui um cara sentimental, amoroso. E surgiu da necessidade íntima de impor meu lado musical, cantado, que fala de amor e envolve corações. Queria que me olhassem e me sentissem dessa forma”.  Mixtape Comunicação Da necessidade de se firmar novamente, Wescritor lançava a Mixtape Comunicação em 7 de dezembro de 2020, com seis faixas. “Surgiu da necessidade de me firmar novamente, trazer o rap de mensagem, sentimental, emocional e também de força. Eu gosto de equilibrar as coisas”.  Desse trabalho, nasceu o clipe de Exemplo e para ele, como o clipe Caos Indígena e Modificado, foi outro marco em sua carreira. Gravado no Centro de São Paulo e em alguns trechos de Santos, em monumentos históricos, o artista quis visibilizar os indígenas em contexto urbano. O clipe foi dirigido pela artista visual Isa Hansen. “Foi algo espiritual, veio a intuição de investir ali, movimentar pessoas. O que Exemplo representa eu vejo como muito explícito. É realista aquela poesia, eu tô falando as palavras na lata. Entender hoje a importância e o significado que está tendo, como a representatividade e a quebra de estereótipo, acompanhar esse retorno é gratificante”. Wescritor EP Dela O mais recente trabalho de Wescritor é o EP Dela, lançado em 29 de março de 2021. As três faixas falam de amor e foram inspiradas em uma pessoa.  “Eu digo que é uma música só. O EP tem um sentimento intenso. Por mais que as faixas variem, elas conversam ao mesmo tempo”. O trabalho foi mixado e masterizado pelo New Hippie, músico, cantor, produtor da Baixada Santista e integrante da banca SOS. A arte ficou a cargo da  artista visual Isa Hansen. SOS Com os artistas Caiqueira e Bia