Faith No More retorna a São Paulo com show curto e empolgante

Faith No More retorna a São Paulo com show curto e empolgante

Quando o “senhor das mil vozes” Mike Patton sobe ao palco, o público pode esperar qualquer coisa dele. Somente em apresentações antigas no Brasil, o vocalista do Faith No More já bebeu urina, engoliu o cadarço do próprio tênis, entre outras estripulias.

Mas algumas coisas mudaram no comportamento desde a primeira vinda ao País. O Faith No More estreou no Brasil em 1992, no Rock in Rio 2. À época, Patton tinha apenas 23 anos e colecionava histórias bizarras em cena.

Na noite de quinta-feira, Patton voltou a São Paulo com o Faith No More. Tocaram no Espaço das Américas, com a casa lotada, numa prévia da apresentação de sexta-feira, no Rock in Rio.

O cenário e o figurino permanecem os mesmos da última vez que desembarcou no Brasil: grandes vasos com girassóis e rosas espalhados pelo palco e todos os integrantes com roupas brancas. Tal figurino, segundo Patton, é para deixar os integrantes com cara de umbandistas.

Não sei se propositalmente ou não, mas as flores só foram colocadas em cena na hora programada para o início do show, fato que atrasou a apresentação em 20 minutos. Nada que tirasse a empolgação dos fãs.

A grande expectativa estava pelo repertório. Com o recém-lançado Sol Invictus na bagagem, o primeiro álbum de inéditas em 18 anos, o Faith No More queria certamente apresentar algumas canções novas.

Logo após a introdução conhecida de Midnight Cowboy, tocada para a entrada dos integrantes, Patton iniciou a apresentação com Motherfucker, do novo trabalho. E, se tinha alguma dúvida se funcionaria ao vivo, ela acabou logo no início. O público, uma mistura na casa dos 20 a 50 anos, cantou junto e mostrou disposição para aceitar os novos sons do Faith No More.

Totalmente identificado com o Brasil, Patton usou muitos momentos para conversar em português com os fãs. Após pedir um coro e ser prontamente atendido, o músico devolveu com um “sacanagem”.

A clássica Evidence ganhou uma versão em português, tal como já havia acontecido no SWU, em 2009, última vez do Faith No More no Brasil.

Um dia antes, em entrevista ao humorista Danilo Gentilli, no SBT, Patton havia dito que não pretendia mais cantar a faixa em português. “Está mais para português de Portugal do que português do Brasil”. Parece ter mudado de ideia.

O maior hit do Faith No More veio na sequência, com Epic, que levou o público ao delírio no Espaço das Américas. Com o jogo ganho desde cedo, Patton arriscou mais sons novos. Alguns passaram batidos, outros foram bem festejados. Destaque para Matador e Separation Anxiety.

Para não dizer que Patton se comportou direitinho, o vocalista engoliu o microfone, gritando muito com ele dentro da boca e encarou o público como se fosse um cão bravo em alguns momentos.

Durante Chinese Arithmetic, da fase pré-Mike Patton (ele entrou na banda apenas no terceiro disco, The Real Thing, de 1989), o músico cantou alguns trechos do hit pop chiclete All About That Bass, de Meghan Trainor.

Para acalmar o público, após The Gentle Art of Making Enemies, que rendeu rodas de pogo, Patton cantou Easy, do The Commodores.

Mais surpresas rolaram no bis. The Crab Song, também da época que Chuck Mosely era o vocalista, e I Started a Joke, do Bee Gees, deram números finais ao show. Curto e direto. Um final pouco previsível para uma apresentação de apenas 1h20.

No meio disso tudo, coros com palavrões em português (porra, caralho), como Patton costuma puxar no Brasil, além de perguntas divertidas, como: “Vocês querem ouvir Caetano Veloso?”, respondida com muitas ofensas pelos fãs, sempre de forma descontraída.

Set list
>>Midnight Cowboy (introdução /John Barry)
>>Motherfucker
>>Land of Sunshine
>>Caffeine
>>Everything’s Ruined
>>Evidence (versão em português)
>>Epic
>>Sunny Side Up
>>Midlife Crisis (com Boz Scaggs Lowdown)
>>Chinese Arithmetic (com All About That Bass)
>>The Gentle Art of Making Enemies
>>Easy (cover do The Commodores)
>>Separation Anxiety
>>Matador
>>Ashes to Ashes
>>Superhero
>>The Crab Song
>>From Out of Nowhere
>>I Started a Joke (cover do Bee Gees)
>>Raindrops Keep Fallin’ on My Head (Burt Bacharach)

(***Fotos: Stephan Solon / Move Concerts)