Quando o jovem músico britânico Jake Bugg estreou no Brasil, em 2014, com um show no Lollapalooza e outro no Cine Joia, ambos em São Paulo, a timidez era uma das marcas mais presentes em seus shows. A crítica não o perdoou: “comedido”, “cansou o público” e “não despertou interesse” foram algumas das observações feitas à época. Ledo engano dos críticos. O guitarrista iniciava ali uma relação próxima com o público brasileiro, que rendeu outro show em outubro do mesmo ano, além de uma terceira excursão, com três shows pelo País neste mês: São Paulo, Rio de Janeiro (sexta) e Belo Horizonte (sábado).
O primeiro deles foi na última quinta-feira (9), no Citibank Hall, na Capital, quando recebeu um apoio incondicional do público do início ao fim. Vale observar a quantidade de crianças e adolescentes acompanhadas dos pais na casa. Mesmo que o seu som beba na fonte de veteranos como Bob Dylan e Neil Young, Bugg é um ídolo para os mais jovens.
Logo no início da apresentação, o britânico apostou em um set acústico, violão e voz, sem o apoio dos músicos da sua banda. On My One, que dá nome ao último álbum e a atual turnê, The Love We’re Hoping For, Country Song e Simple As This foram acompanhadas em uníssono pelos fãs.
Quando chamou os seus companheiros para o palco, Bugg não pensou duas vezes: mandou o seu maior hit, Two Fingers. Mesmo que a timidez ainda persista, é possível notar avanços na ligação dele com os fãs. Agradeceu quase sempre o apoio e ainda arriscou alguns “obrigado”, em português mesmo.
Mas esse “puxa-saquismo” que estamos acostumados a ver nos shows de artistas internacionais não foi e nunca será uma característica de Bugg. Ao invés de mimar em cima do palco, diante dos fãs, o guitarrista prefere algo mais real. Prova disso são suas ações sociais. Um dia antes da apresentação no Citibank Hall, por exemplo, Bugg fez um pocket show e respondeu perguntas de fãs durante um evento para alertar os altos índices da Síndrome de Guillain-Barré no mundo.
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Na primeira vez que esteve em São Paulo, criou laços com uma ONG em Heliópolis, uma das maiores favelas da Capital. Gravou, inclusive, um documentário.
Ontem, ao invés de fazer uma auto promoção do seu show, Bugg optou por usar o Facebook para divulgar uma foto dele com os “amigos de Heliópolis”, que foram ao Citibank Hall.
Voltando ao repertório, o inglês, que já foi elogiado inúmeras vezes por integrantes dos Rolling Stones e Beatles, separou uma parte do show para canções mais rápidas e pesadas. O clima de acústico foi substituído por uma apresentação de punk rock.
Trouble Town, com uma levada folk mas com um peso extra, Put Out the Fire, Kingpin, There’s a Beast and We All Feed It, Taste It e Slumville Sunrise colocaram o público para pular, mesmo que Bugg continuasse com sua posição padrão, quase sem empolgação. Nada diferente para quem está acostumado com o Oasis e outras bandas britânicas que empolgam com o próprio som ao invés de micagens. De peso, faltou apenas What Doesn’t Kill You. Entre as baladas, Song About a Love foi a grande baixa.
Na reta final, Bugg mesclou canções mais leves e músicas mais animadas, casos de Simple Pleasures, Gimme the Love, Broken e Lightning Bolt.
Antes de encerrar a apresentação, Bugg ainda brincou com o público: “A última não vai ser Lightning Bolt”. Mas logo na sequência, entregou a brincadeira: “Vai ser Lightning Bolt, sim”.
Com 1h20 no palco, Bugg agradeceu aos fãs e como já havia feito das outras vezes no Brasil, foi embora e nem voltou para o bis.
Set list
On My One
The Love We’re Hoping For
Country Song
Simple As This
Two Fingers
Messed Up Kids
Seen It All
Love, Hope and Misery
Me and You
Never Wanna Dance
Bitter Salt
Trouble Town
Put Out the Fire
Kingpin
There’s a Beast and We All Feed It
Taste It
Slumville Sunrise
Simple Pleasures
Gimme the Love
Broken
Lightning Bolt
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