Anúncios de despedidas no universo roqueiro sempre são vistos com muita desconfiança. Scorpions, Aerosmith, Black Sabbath, The Who, Rolling Stones, muitas já sinalizaram ou efetivaram esse desejo. E, dessa forma, esse seleto grupo ganhou mais um representante, a britânica Deep Purple, um dos maiores nomes da história.
No próximo dia 13, no Allianz Parque, em São Paulo, a banda liderada por Ian Gillan será a headliner do festival Solid Rock, que tem ainda Cheap Trick e Tesla no lineup. E o clima é de despedida, mesmo com um disco de alto nível lançado no primeiro semestre deste ano, o Infinite.
Em entrevista exclusiva concedida por telefone para A Tribuna, o tecladista Don Airey reforçou o que o vocalista Ian Gillan tem anunciado em todos os cantos: “É bem provável que seja a última turnê”.
Airey explica que assim que o Deep Purple bater o martelo nessa decisão, ele seguirá o mesmo caminho. “Bem, estou pensando em me aposentar também. Talvez continuarei fazendo algo com música, mas essas turnês ao redor do mundo estão chegando ao fim”, explicou o artista, mostrando que pretende seguir algo anunciado por outro gigante do rock, Ozzy Osbourne.
O integrante do Deep Purple afirma não estar muito preocupado com uma possível falta de renovação do rock. Para ele, essa conversa muito comum entre os seus contemporâneos não faz muito sentido.
Falta de renovação não preocupa
“Alguns dizem que a música está meio que morrendo ou que nunca haverá outra grande banda de rock. Quero dizer, Ozzy Osbourne pensa assim. Mas já ouvi algumas coisas recentemente que realmente me deram muita esperança. Há uma banda de Michigan muito boa e os caras são incríveis. Eles têm apenas 19 anos, mas é uma boa banda. Também escuto Imagine Dragons”, comentou, ao citar uma das atrações do próximo Lollapalooza Brasil, que acontece em março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
Ainda sobre o debate aposentadoria e nova safra, Airey argumenta que as pessoas devem manter a história em mente o tempo todo.
“Bandas como Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin vêm de uma era. Agora vivemos em um mundo diferente, então a música vai ser diferente. Estamos na era da informação, das mídias sociais. Muitas coisas mudaram. Fizemos alguns grandes festivais e ouvimos bandas legais. Algumas são muito impressionantes mesmo, mas você se pergunta se as pessoas estão apenas evitando os problemas reais. Falta uma mensagem como antigamente. Você tem que se jogar e cantar junto. É disso que a música se trata”.
Diferenças entre vocalistas do Deep Purple
Desde 2002 no Deep Purple, o tecladista tem uma carreira muito forte. Já acompanhou e gravou com nomes como Ozzy Osbourne, Bruce Dickinson, Ian Gillan, seu atual parceiro, além de gravar registros com Rainbow, Judas Priest, Wishbone Ash, Whitesnake e Jethro Tull. E Airey enxerga uma diferença bem grande entre dois dos principais frontmen que acompanhou: Ozzy e Gillan.
“Com Ozzy, eu tinha uma nova história todos os dias quando estava na estrada com ele. Quando se trata de escrever as músicas e as palavras, era tudo um grande segredo, e eu me perguntava o que estava por vir. O Ozzy sempre foi muito rápido. Ele aparece com algo imediatamente, enquanto Ian Gillian espera seus momentos para pensar em tudo com calma. Eles são muito diferentes”.
Prestes a desembarcar no Brasil pela sétima vez com o Deep Purple (banda vem para a 12ª turnê por aqui), Airey, que está na música desde 1969, revela que gosta muito de um representante nosso: “Sou grande fã de Antônio Carlos (Tom) Jobim. Eu escuto muito jazz e tem uma enorme influência o som dele”.
Repertório
Contudo, para o show no Allianz Parque, o torcedor fanático do Sunderland, time da segunda divisão do campeonato inglês, garante que será bem difícil equilibrar o set list com canções do novo disco e os grandes sucessos da carreira.
“Houve uma boa reação ao novo material, a banda gosta de tocá-lo. Atualmente, estamos tocando um set que mistura o novo álbum com os hits. Nós estamos tocando Bloodsucker, Fireball, Perfect Strangers, Smoke On The Water, entre outras. Se você for ao show, ouvirá muitas coisas que você já conhece e algumas que talvez não. Os fãs podem esperar algo antigo, algo novo, algo emprestado e um pouco de blues. Mas ainda somos uma banda de heavy rock e é isso que sempre seremos”.
Provavelmente seria um advogado. Adoraria ser um jogador de futebol também. Meu filho, Mike, era um jogador muito promissor quando era mais jovem. Ele seria um profissional, mas teve uma lesão quando tinha 13 anos e foi o fim da carreira”
Don Airey falando sobre o que seria se não fosse músico
Festival teve alteração no line up, mas continua atraente
Quando foi anunciado meses atrás, o festival Solid Rock tinha em seu line up, Deep Purple, Tesla e Lynyrd Sky-nyrd. A última, no entanto, foi forçada a deixar a excursão por conta de um problema de saúde com a filha do vocalista, Johnny Van Zant. O Cheap Trick, que nunca veio ao Brasil, assumiu prontamente o posto e vai desfilar sucessos como I Want You to Want Me, In the Street e Surrender por aqui.
Assim, com esse line up setentista, o Solid Rock vai percorrer Curitiba (PR), com show na Pedreira Paulo Leminski, dia 12 de dezembro. Em São Paulo, acontecerá no Allianz Parque, no dia 13, enquanto no Rio de Janeiro será realizado na Jeunesse Arena, no dia 15.
Ingressos
Aliás, ainda há ingressos disponíveis para o público de São Paulo. Em resumo, eles custam entre R$ 130,00 (cadeira superior/meia) e R$ 580,00 (pista premium inteira). Mas é bom ficar atento, pois o site da Tickets for Fun tem anunciado diversas promoções de ingressos para os seus shows, principalmente durante a semana. Por fim, para garantir o seu, acesse o site da Tickets for Fun.
Texto, entrevista e tradução por Lucas Krempel e Caíque Stiva