No final dos anos 1990, Santos vivia um momento interessante musicalmente. Diversos estúdios serviam como base para as dezenas de bandas novas, marcar show não tinha nenhum grande empecilho e o som chegava com mais facilidade aos músicos. Se a internet banda larga não era uma realidade ainda, a conexão discada ajudou muito quem buscava informações sobre suas principais influências e contatos para fazer o rock rolar fora de Santos.
Bem estruturada na Cidade, a Overjoyed aproveitou bem a onda. Percorreu vários estúdios, fez o som próprio ganhar espaço na web, rádio (via Microfonia, da Enseada FM) e teve seu primeiro álbum lançado por um selo santista, o Orphan Records. Responsável por lançar trabalhos históricos dos cariocas da Beach Lizards, dos mineiros da Dread Full entre outras bandas, o Orphan Records apostou na Overjoyed. E deu resultado.
Se o objetivo inicial era simplesmente entrar no estúdio, ligar os instrumentos e fazer barulho, como revelou o baixista Diogo Derra, assinar com um selo relevante no cenário independente foi uma grande conquista.
O início da Overjoyed aconteceu em 1998, quando os amigos da escola Denis Trombino, Lucas Arci e Andre Sanches resolveram se juntar com Ginho Maestre e Diogo para montar uma banda. “Aos poucos a coisa foi dando liga. Um apareceu com uma música e outro com outra, quando vimos lançamos a primeira demo tape Song For A Better Life (1999). Nessa época o Thiago Noronha já havia substituído o Lucas Arci em uma das guitarras. O Lucas, apesar de ter feito poucos ensaios, foi primordial para juntar todo mundo”, diz Derra.
Até 2004, ano do hiato nas atividades, a Overjoyed passou por várias fases de influências no som, iniciando em Screeching Weasel, MxPx, Millencolin, Peg Boy, Pennywise, Samiam, Garage Fuzz até Sunny Day Real State e Hot Water Music.
As referências diversas no som estão presentes nos outros registros da banda. Além da demo tape Song For A Better Life, a Overjoyed lançou outro registro em k7: Something to Say? (2002), o CD 8th Sunset Star (2002 – Orphan Records), participou de coletâneas da Antimídia Recs, Barulho Records, e finalizou com o EP Disfuncional (2007, Orphan Records).
Algumas canções da banda entraram em trilhas sonoras de filmes de surf, como Epidemia (Silver Surf 2003) e Antídoto (Silver Surf 2008). Na mesma época não era incomum ouvir as canções nos campeonatos de surf em Santos e Guarujá.
“Acredito que Better Life abriu as portas da cena independente para a banda. Like a Bird in a Box apresentou um pouco mais de maturidade e foi onde nós vimos que estava fluindo e valendo a pena. Some Words, onde as influências da Sense Field, Farside e Samiam falavam bem alto e Um Dia a Mais, que marcou o retorno da banda, foram igualmente importantes”, lista Derra sobre as principais faixas da Overjoyed.
Diferentemente da maior parte das bandas do final da década de 1990, a Overjoyed acredita que o Bar do 3 foi o local mais interessante para os shows deles em Santos. “Não almejávamos grandes públicos, nós queríamos a galera que curtia as mesmas bandas que nós curtisse nosso som”. Nos pós shows e ensaios, a banda corria para os barzinhos da Conselheiro Nébias. “O Surf Dog era o local para matar a ‘lara’ depois dos ensaios, além de tomar umas geladas e encontrar os amigos”, completa.
Atualmente, somente Diogo Derra e Denis Trombino continuam na música. O primeiro está na ativa com a clássica Safari Hamburguers e o outro trabalha algumas composições e gravações em um home estúdio. “Apesar de não ter nada planejado, poderia ser interessante por diversão”, diz Derra sobre um possível reencontro.
Ouça 8th Sunset Star (2002 – Orphan Records)