Engenharia do Cinema

Apesar de ter sido lançado apenas em 19 de dezembro de 1997, nos cinemas dos EUA e em 16 de janeiro de 1998, no Brasil, o clássico “Titanic” foi lançado neste início de 2023 com o intuito de pegar o público para o dia dos namorados (que é comemorado nos EUA e restante do mundo em 14 de fevereiro), e realmente foi um tiro certeiro da Disney, uma vez que estamos falando de uma época ausente de grandes lançamentos nas telonas (e por conta da promoção de ingressos por R$ 10 reais, o mesmo tem lotado cinemas por aqui).    

Sendo responsável por uma das maiores bilheterias da história do cinema, com US$ 2,16 bilhões (perdendo apenas para o primeiro “Avatar”), e posteriormente levado 11 Oscars (inclusive nas categorias de filme e direção, com ausência de Leonardo DiCaprio nesta cerimônia, levou a Academia a ter um ranço pelo mesmo, até sua aguardada vitória em “O Regresso“), a clássica história contada por James Cameron sobre o romance de Jack (DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) foi responsável por uma nova era de filmes, e até hoje os efeitos visuais e enredo se mostram superáveis apenas pelo próprio cineasta (que nos dois “Avatar“, conseguiu entregar uma perfeição técnica ainda maior). Sim, já fazem 25 anos que este filme chegou nas telonas.

Imagem: 20th Century Studios (Divulgação)

Conhecido por fazer várias viagens submarinas como hobby, o cineasta James Cameron realizou um extenso estudo sobre a construção e queda do gigantesco navio. Embora Jack e Rose sejam totalmente fictícios (embora uma das vítimas do naufrágio se chamassem J. Dawson, ele não teve ligação alguma com aquele, como também a informação foi descoberta pelos envolvidos do filme depois do lançamento), a inspiração do mesmo para esta trama veio por intermédio da ceramista Beatrice Wood.

Aquela realizou uma autobiografia contando sua turbulenta relação com sua mãe, que não aceitava seguir seus sonhos artísticos, e consequentemente se tornou a principal representante do Dadaísmo (um movimento revolucionário, no ramo mencionado).    

Embora os protagonistas sejam fictícios, Cameron optou por colocar em sua história alguns personagens reais que foram relativamente importantes dentro da embarcação como o responsável por ter criado o Titanic, Thomas Andrews (Victor Garber), os burgueses J. Bruce Ismay (Jonathan Hyde) e John Jacob Astor IV (Eric Braeden), o escritor Archibald Gracie IV (Bernard Fox), o capitão da embarcação Edward Smith (Bernard Hill) e Margareth “Molly” Brown (Kathy Bates) que foi uma das passageiras milionárias que lideraram os resgates dos passageiros que estavam à deriva, após o naufrágio.

Para retratar tudo na maior tranquilidade e realismo, o cineasta optou por realizar uma verdadeira recriação de como era a embarcação do Titanic (que foi inaugurado/naufragado em 1912), em vários detalhes. Seja no design dos ambientes, louças, artigos, postura dos passageiros e inclusive como havia um enorme conflito de classes lá dentro (onde os mais ricos sempre tinham prioridade, e os mais pobres acabaram sendo até vitimados por causa disso).

Partindo para os efeitos visuais, realmente muitos deles foram executados de forma prática e raramente optando por usar CGI em cenas que poderiam ser feitas manualmente (tanto que até hoje, poucas produções foram tão audaciosas neste quesito, como essa). Tanto que foram criadas réplicas em miniatura do próprio Navio, para serem gravadas as cenas de destruição do mesmo com mais impacto (e por intermédio de CGI, foram colocados alguns figurantes).

“Titanic” até hoje pode ser considerado uma das maiores obras do cinema, por vários quesitos, onde dificilmente encontraremos algum longa que mescle romance e ação na mesma proporção e qualidade.