Ame ou odeie, o cineasta Wes Anderson ainda é um dos poucos que sempre conseguem mover uma centena de espectadores para seus filmes, independentemente da temática.
Usando tonalidades claras, enquadramentos assimétricos e um elenco estrelar (composto na maioria das vezes, sempre pelos atores Edward Norton, Jason Schwartzman, Adrien Brody, Jeffrey Wright, Tilda Swinton e Bill Murray – porém, aqui este teve de ser substituído por Steve Carell de última hora, pois acabou testando positivo para COVID-19).
“Asteroid City” chegou corrigindo e muito os erros de seu último projeto (“A Crônica Francesa”), conseguindo resgatar a leveza que Anderson sempre nos trás.
A história se passa no início dos anos 50, quando um roteirista (Edward Norton) começa a confeccionar sua nova peça teatral, sobre a fictícia cidade de “Asteroid City“. Nela acompanhamos os mais caricatos moradores e visitantes, que chegam ao local para um evento científico que é surpreendido por um acontecimento bizarro.
Imagem: Universal Pictures (Divulgação)
Em seu primeiro arco, o roteiro tenta nos vender como o grande protagonista da atração um tímido fotógrafo (Schwartzman), que vai até o local com seus filhos para o mais velho (Jake Ryan) apresentar seu projeto de ciências. Ao mesmo tempo que ele tem de lidar com a partida de sua finada esposa (Margot Robbie), e o fato do seu sogro (Tom Hanks) não gostar dele. Só que embora essa trama em si, não seja bem explorada, o foco é a própria cidade como um todo.
Construída em um local isolado para a gravação deste filme, fica plausível que realmente houve um enorme cuidado para confecção da Asteroid City. Seja na concepção dos imóveis, figurinos e os famosos enquadramentos de Anderson (que facilmente, podem ser tirados vários papéis de parede belíssimos), e devo mais uma vez fazer uma ressalva pelos excelentes trabalhos dos constantes parceiros deste, Alexandre Desplat (trilha sonora), Robert D. Yeoman (fotografia) e Adam Stockhausen (design de produção).
Porém, vale a ressalva que mesmo contando com um eclético elenco de estrelas, muitas delas só aparecem brevemente, e acabamos soltando o famoso “olha quem ta ai”, pois muitos deles não possuem uma profundidade que justifique sua participação.
“Asteroid City” não é o melhor trabalho de Wes Anderson, mas consegue tirar o gosto amargo que “A Crônica Francesa” havia deixado.