Crítica | Sharper: Uma Vida de Trapaças

Engenharia do Cinema Realmente a Apple TV+ consegue ser uma das plataformas mais homeopáticas e sucedidas do mercado de streaming, por lançar poucas produções e de qualidade. “Sharper: Uma Vida de Trapaças” facilmente se enquadra neste quesito, pois estamos falando de uma narrativa composta de atores realmente bons (Justice Smith, Sebastian Stan, Julianne Moore e John Lightgow), e uma trama que nos faz pensar “realmente está falando a verdade?”. A história é dividida em quatro atos distintos, mas que são interligados em um único propósito. Nela conhecemos o bibliotecário Tom (Smith), que se apaixona pela universitária Sandra (Briana Middleton); O misterioso Sam (Stan), cuja mãe Madeline (Moore) está prestes a se casar com o influente magnata de Nova York Richard Hobbes (Lightgow). Imagem: A24/Apple TV+ (Divulgação) O roteiro da dupla Alessandro Tanaka e Brian Gatewood, procura contar a história dos quatro personagens citados em atos individuais (chegando até funcionar como esquetes distintas), pelos quais ambos são os protagonistas, apenas com o intuito de colocar não só a motivação de cada um deles no jogo, como também fazer que compreendamos suas verdadeiras intenções (não vou entrar mais no mérito disso, pois é risco de entregar spoilers e estragar a sua experiência). Embora tenhamos várias interpretações excelentes, o destaque acaba indo para Sebastian Stan (que sempre quando está fora da Marvel, nos entrega excelentes atuações) e a própria Julianne Moore (que mesmo aparecendo relativamente pouco, está se divertindo nesta história). E isso é justificável, uma vez que o próprio texto deixa o andar da história ser feito por intermédio dos diálogos e atuações dos atores, ao invés de ações apresentadas pelo diretor Benjamin Caron (que vem de séries como “The Crown” e “Andor“).    “Sharper: Uma Vida de Trapaças” termina sendo uma divertida produção de suspense, com toques de investigação, pelos quais o mérito decai em cima da estrutura de seu roteiro.

Crítica | Oferenda ao Demônio

Engenharia do Cinema Chega a parecer piada, mas por mais ridículos e preguiçosos que sejam os longas de horror lançados ultimamente, nos cinemas nacionais, eles ainda conseguem chamar a atenção do espectador e renderem bilheterias plausíveis em algumas praças. “Oferenda ao Demônio” chegará com este intuito, e provavelmente vai se destacar por onde irá passar, principalmente por ter chego na “Semana do Cinema” (onde os ingressos estarão por R$ 10,00 em todo o Brasil). Após uma misteriosa morte de um dos colegas de seu Pai, Arthur (Nick Blood) se vê obrigado a voltar para sua casa natal com a esposa Claire (Emily Wiseman) que está grávida, para auxiliar no funeral e tentar se reaproximar de seu patriarca. Só que quando ele começa a trabalhar na funerária que o mesmo é proprietário, começa a perceber coisas estranhas acontecendo a sua volta, assim como sua esposa. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) O roteiro de Hank Hoffman e Jonathan Yunger usa e abusa para todas as situações já criadas e desenvolvidas em vários outros longas do gênero, causando uma verdadeira sensação de exaustão e sono. Realmente, já cansou ser sempre contada da mesma forma os arcos englobando um demônio que quer possuir uma criança que está prestes a nascer, situações macabras em uma funerária, crianças que possuem presenças dark e até mesmo o famoso “só eu estou vendo isso?”. Isso sem citar que quase não há sangue nas cenas brutais, muito menos aquele típico impacto que algumas produções causam. Isso acaba sendo demérito também de Blood, pois mesmo estando ciente que seu personagem não é bem escrito (uma vez que ele só parece ser arrogante, e nem como antagonista é plausível), ele é totalmente canastrão. Enquanto para Wiseman, só sobram situações cansativas e totalmente previsíveis, para intercalar com seu arco. “Oferenda ao Demônio” termina não sendo um filme de terror realmente considerável para ser visto, e sim uma verdadeira vergonha, pela qual podemos deixar para gastar os nossos R$ 10,00 em quaisquer outros longas disponíveis nos cinemas.

Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Engenharia do Cinema Não é novidade que a franquia “Homem-Formiga e a Vespa“, é uma das menos populares da Marvel Studios nos cinemas, mas dentro do arco de “Vingadores Ultimato” foi crucial para buscar uma solução para conseguir estabilizar tudo. Durante a CCXP22, o próprio Kevin Feige e ator Paul Rudd (intérprete de Scott Lang) comentaram que “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” seria totalmente diferente dos dois longas antecessores e abriria um novo leque das produções da Fase 5 do estúdio (uma vez que o próprio Feige já confessou a quarta fase não ter sido sucedida como imaginaram). Realmente não só foi uma abertura plausível, como a produção conseguiu ser divertida dentro de sua proposta.     Após ter ajudado a salvar o universo em “Vingadores Ultimato“, Scott está vivendo uma vida ótima e gloriosa como nunca teve. Tentando cada vez mais se aproximar de sua filha Cassie (Kathryn Newton), ele acaba descobrindo que a própria estava desenvolvendo em segredo com o próprio Hank Pym (Michael Douglas) uma forma de estabelecer uma conexão com o Reino Quântico. Porém, o mesmo não só acaba sugando os próprios, como os coloca em um cenário onde terão de enfrentar alguns segredos do passado de Janet (Michelle Pfeiffer).   Imagem: Marvel Studios (Divulgação) Diferente dos recentes “Thor: Amor e Trovão” e “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura“, o roteirista Jeff Loveness estava ciente dos erros que levaram ambas produções ao fracasso da opinião do público (como o fato de deixarem os protagonistas como verdadeiros patetas, sendo sempre superados facilmente por qualquer personagem feminina), e a constante queda visceral nas bilheterias. Temos agora não só um filme que ascende aquela chama do verdadeiro “trabalho em equipe”, como também se encaixaria perfeitamente no contexto de “nenhum personagem é deixado para trás”. Temos cinco protagonistas (Scott, Hope, Cassie, Janet e Hank), que sempre possuem alguma breve importância para o contexto da história, e tudo não é resolvido de maneira simples (uma vez que a própria Cassie passa boa parte do tempo se atrapalhando com o traje, uma vez que ela é obrigada a agir por impulso). E este tipo de narrativa não só combina com o contexto da história (já que quatro deles estão explorando um território desconhecido), como remete a franquias sucedidas como “Star Trek” e “Star Wars”. O mérito também cai para o ator Jonathan Majors, que mesmo começando a ser apresentado lentamente dentro do UCM (já que conhecemos uma das variantes de Kang, na primeira temporada de “Loki”), a sensação é de que realmente algo mais complexo está por vir (e o intérprete caiu como uma luva para o mesmo). Agora como nem tudo é às mil maravilhas, a retratação de M.O.D.O.K. (Corey Stoll) é uma das piores e mais ridículas coisas do filme (inclusive a origem do personagem é totalmente diferente das HQS). Embora a persona do vilão realmente seja caricata, os efeitos visuais conseguem ser piores que os mostrados em filmes como “Sharkboy e Lavagirl”, para representá-lo (e não só para ele, mas como em boa parte da narrativa, o CGI continua precário). “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” não é uma maravilha de filme, mas consegue ser um dos melhores longas da Marvel nos últimos tempos. Uma abertura de Fase 5 justa, e que deixou muitas pontas soltas para o que virá nas próximas produções do estúdio. Obs: o filme tem duas cenas pós-créditos de importância para as próximas produções da Marvel.

Crítica | Na Sua Casa ou Na Minha?

Engenharia do Cinema Por mais que possa soar clichê e totalmente um filme que explora o famoso “mais do mesmo”, digamos que a Netflix acertou em cheio neste longa estrelado por Ashton Kutcher e Reese Whiterspoon (que voltam ao gênero que lhes consagrou nos cinemas, depois de anos). Com uma boa dosagem de leveza, arcos que nos fazem se divertir e ao mesmo tempo relaxar, “Na Sua Casa ou Na Minha?” facilmente irá fazer sucesso com o público.     A história gira em torno de Debbie (Witherspoon) e Peter (Kuther) que são amigos há 20 anos e desde então não deixam de sempre estarem juntos e conversarem sobre as suas vidas. Mas um dia, eles acabam tendo a ideia de literalmente trocarem de casas, pois a primeira terá de realizar um curso em Nova York, enquanto seu filho terá de ficar em sua cidade natal por conta da escola. Imagem: Netflix (Divulgação) O roteiro e direção são assinados por Aline Brosh McKenna (que escreveu os divertidos “O Diabo Veste Prada” e “Cruella“, ou seja, ela sabe o que o público gosta), que procura estabelecer em um primeiro momento uma narrativa que sempre enfatize que ambos são conectados, há todo momento, de todas as maneiras possíveis (mas sem deixar isso explicito em diálogos, chamando indiretamente o espectador de desligado). E isso é mérito também dos próprios protagonistas, que possuem uma química e sintonia gigante dentro deste contexto. Sim, ambos acabam vivendo várias situações já conhecidas pelo grande público em outras produções como “A mãe que sufoca o filho”, “o homem mulherengo”, “a mulher que se apaixona pelo cara maduro” e etc. Só que isso acaba fazendo sentido dentro da narrativa que já era composta com este intuito. Não posso deixar de fazer menções honrosas a participações breves, mas bem executadas, de nomes como Zoe Chao (a amante de Peter, e que vira amiga de Debbie, Minka), Steve Zahn (o floricultor Zen) e Tig Notaro (uma das mães da escola do filho de Debbie). São aparições homeopáticas na história, mas que funcionam mais por conta do carisma dos atores, ao invés do próprio roteiro. “Na Sua Casa ou Na Minha?” facilmente conseguirá conquistar o seu público e fazer com que a própria Netflix invista ainda mais em produções nesta pegada.

Crítica | Tulsa King (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema Só de ter o nome de Sylvester Stallone envolvido em alguma produção, já é sinônimo de sucesso (independentemente da qualidade). Em mais um acerto em sua plataforma, a Paramount+ resolveu colocar o astro envolvido em sua primeira série como protagonista, e justamente na pele de um mafioso (lembrando que ele chegou a ser cotado como um dos filhos de Don Corleoni, em “O Poderoso Chefão”). “Tulsa King” mostra o cenário conhecido dos filmes de máfia, mas se passando nos dias atuais.  Após ter ficado 25 anos atrás das grades, o mafioso Dwight ‘The General’ Manfredi (Stallone) volta para sua cidade e descobre que seu superior lhe afirmou que “como se passou muito tempo e as coisas mudaram”, não havia mais um espaço para ele naquela região e que teria de fazer a sua própria, em Tulsa, totalmente do zero. Só que à medida que Dwight vai construindo sua gangue, vai notando coisas mais complexas surgindo. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) Criada pelo cineasta Taylor Sheridan (“A Qualquer Custo“), a atração tem como plano de fundo aproveitar o carisma e presença do próprio Stallone, para conseguir passar aquele ar de confiança para quem está com ele e medo para os que lhe estão devendo. Essa primeira temporada é dividida em nove episódios, que certamente irão conquistar o espectador não só pelo fator citado, mas como ele se preocupa em dosar e apresentar seus coadjuvantes de diferentes maneiras. Seja detalhando a vida pessoal de algum deles, como o motorista de Dwight, Tyson (Jay Will) e do primeiro “cliente” que ele consegue em Tulsa, o traficante “legal” Bodhi (Martin Starr). Mas como toda boa história de Máfia, há sim um arco envolvendo os dramas pessoais da antiga gangue daquele (que ainda deixou várias pontas soltas, para uma possível segunda temporada) e como isso afetou a própria vida pessoal de Dwight, assim como sua relação com sua filha. Outro acerto da produção é saber dosar os momentos de ação (com destaque para o divertido arco de perseguição no exame da auto-escola), comédia (que são bem breves) e dramáticos (que possivelmente poderá render uma indicação ao Emmy, para Stallone). Para este tipo de história, é necessário deixar o espectador absorver exatamente tudo que está sendo retratado, antes de partir para outras situações (algo que os diretores e roteiristas já perceberam). A primeira temporada de “Tulsa King” termina com um gostinho de que realmente Stallone se mostra um grande nome também nas telinhas.

Titanic completou 25 anos

Engenharia do Cinema Apesar de ter sido lançado apenas em 19 de dezembro de 1997, nos cinemas dos EUA e em 16 de janeiro de 1998, no Brasil, o clássico “Titanic” foi lançado neste início de 2023 com o intuito de pegar o público para o dia dos namorados (que é comemorado nos EUA e restante do mundo em 14 de fevereiro), e realmente foi um tiro certeiro da Disney, uma vez que estamos falando de uma época ausente de grandes lançamentos nas telonas (e por conta da promoção de ingressos por R$ 10 reais, o mesmo tem lotado cinemas por aqui).     Sendo responsável por uma das maiores bilheterias da história do cinema, com US$ 2,16 bilhões (perdendo apenas para o primeiro “Avatar”), e posteriormente levado 11 Oscars (inclusive nas categorias de filme e direção, com ausência de Leonardo DiCaprio nesta cerimônia, levou a Academia a ter um ranço pelo mesmo, até sua aguardada vitória em “O Regresso“), a clássica história contada por James Cameron sobre o romance de Jack (DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) foi responsável por uma nova era de filmes, e até hoje os efeitos visuais e enredo se mostram superáveis apenas pelo próprio cineasta (que nos dois “Avatar“, conseguiu entregar uma perfeição técnica ainda maior). Sim, já fazem 25 anos que este filme chegou nas telonas. Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Conhecido por fazer várias viagens submarinas como hobby, o cineasta James Cameron realizou um extenso estudo sobre a construção e queda do gigantesco navio. Embora Jack e Rose sejam totalmente fictícios (embora uma das vítimas do naufrágio se chamassem J. Dawson, ele não teve ligação alguma com aquele, como também a informação foi descoberta pelos envolvidos do filme depois do lançamento), a inspiração do mesmo para esta trama veio por intermédio da ceramista Beatrice Wood. Aquela realizou uma autobiografia contando sua turbulenta relação com sua mãe, que não aceitava seguir seus sonhos artísticos, e consequentemente se tornou a principal representante do Dadaísmo (um movimento revolucionário, no ramo mencionado).     Embora os protagonistas sejam fictícios, Cameron optou por colocar em sua história alguns personagens reais que foram relativamente importantes dentro da embarcação como o responsável por ter criado o Titanic, Thomas Andrews (Victor Garber), os burgueses J. Bruce Ismay (Jonathan Hyde) e John Jacob Astor IV (Eric Braeden), o escritor Archibald Gracie IV (Bernard Fox), o capitão da embarcação Edward Smith (Bernard Hill) e Margareth “Molly” Brown (Kathy Bates) que foi uma das passageiras milionárias que lideraram os resgates dos passageiros que estavam à deriva, após o naufrágio. Para retratar tudo na maior tranquilidade e realismo, o cineasta optou por realizar uma verdadeira recriação de como era a embarcação do Titanic (que foi inaugurado/naufragado em 1912), em vários detalhes. Seja no design dos ambientes, louças, artigos, postura dos passageiros e inclusive como havia um enorme conflito de classes lá dentro (onde os mais ricos sempre tinham prioridade, e os mais pobres acabaram sendo até vitimados por causa disso). Partindo para os efeitos visuais, realmente muitos deles foram executados de forma prática e raramente optando por usar CGI em cenas que poderiam ser feitas manualmente (tanto que até hoje, poucas produções foram tão audaciosas neste quesito, como essa). Tanto que foram criadas réplicas em miniatura do próprio Navio, para serem gravadas as cenas de destruição do mesmo com mais impacto (e por intermédio de CGI, foram colocados alguns figurantes). “Titanic” até hoje pode ser considerado uma das maiores obras do cinema, por vários quesitos, onde dificilmente encontraremos algum longa que mescle romance e ação na mesma proporção e qualidade.

Crítica | Alguém Que Eu Costumava Conhecer

Engenharia do Cinema No universo do cinema, uma das coisas mais comuns de se verem é cineastas que fazem vários projetos para idolatrarem o talento de suas cônjuges como protagonistas. E isso realmente está se aplicando em Dave Franco (irmão de James Franco), que em seu terceiro projeto como diretor, Alguém Que Eu Costumava Conhecer, coloca sua esposa Alison Brie como protagonista (embora ela também assine o roteiro com ele, aqui), e justamente em um papel com pitadas dramáticas (se você está esperando um romance, realmente isso não se aplica por aqui). A história é centrada na viciada em trabalho Ally (Brie), que após retornar a sua cidade natal acaba esbarrando com seu ex-namorado Sean (Jay Ellis) que agora está noivo de Cassidy (Kiersey Clemons). A medida que ela começa a se relacionar com eles, ela vai começando a notar várias coisas em sua vida que realmente valem a pena.     Imagem: Amazon Studios (Divulgação) Você começa a perceber a tonalidade de produção independente, no momento onde estamos falando de um filme redigido por um casal, dirigido pelo próprio marido, estrelado pela esposa e vários amigos da dupla atuam como coadjuvantes (como é o caso de Danny Pudi, que trabalhou com Brie na série “Community“). Mas isso não significa que estamos falando de um filme relativamente bom, muito pelo contrário, ele se aplica exatamente no que foi dito no primeiro paragrafo: faz parte de uma reunião de amigos, com o intuito de vender que Alison Brie é uma boa atriz dramática (que realmente já foi comprovado em outras produções). Tudo mostrado aqui, já foi apresentado exaustivamente em varias outras produções, em diversos gêneros (até mesmo em filmes da Mavel/DC). E isso não se torna uma motivação suficiente para o espectador chegar ao final deste longa, sem resolver mudar para outra coisa no Prime Video. “Alguém Que Eu Costumava Conhecer” termina sendo mais um projeto pessoal na filmografia de Dave Franco e Alison Brie, que acabará sendo esquecido pelo espectador segundos depois de seu término.

Crítica | Esquadrão Secreto

Engenharia do Cinema Previsto para ser lançado originalmente nos cinemas, “Esquadrão Secreto” foi jogado direto no streaming da Paramount+ e sendo tratado como um dos carros chefes do mesmo, se tratando de produções “originais” e ter como protagonista o ator Owen Wilson (“Case Comigo“). Porém, isso não seria um problema se ele se tornasse um mero coadjuvante no próprio e só está no pôster para chamar o público para conferir o mesmo (algo bastante comum na indústria). Ao terminar de conferir o mesmo, digo apenas que o estúdio tomou uma sábia decisão.     A história mostra o pacato e simples Jack (Wilson), que após ter contato com uma energia extraterrestre obtém poderes de um verdadeiro super-herói. A medida que ele vai conseguindo ganhar a vida com suas novas habilidades, ele fica mais distante de seu filho Charlie (Walker Scobell), que acaba descobrindo o segredo de seu Pai e colocando todo o trabalho do próprio em risco. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) O roteiro de Christopher L. Yost, Josh Koenigsberg, Henry Joost e Ariel Schulman (estes dois últimos também assumem a direção), parece ser tirado de uma mistura entre os filmes das franquias da Marvel com “Pequenos Espiões“. Ao contrário dos citados, a fórmula não acaba funcionando aqui, pois simplesmente somos apresentados a várias situações óbvias, imbecis e que até nos afastam em ter interesse ao acompanhar a trajetória de Charlie (sim, o filme é centrado no filho do protagonista e seus amigos).    Quando chega na hora de apresentar o grupo de vilões, é uma dos momentos mais vergonhosas do mesmo, uma vez que nitidamente o ator Michael Peña (“Homem-Formiga”) está forçado (e ele não esconde isso em seu trabalho) e sem o mínimo interesse em apresentar algo plausível. E inclusive há algumas piadas suas, porcamente tiradas de outras sátiras sucedidas do gênero de super-heróis. Isso porque não entrei no mérito dos efeitos visuais, que provavelmente até cenas simples em uma residência, parecem terem necessitado de auxilio do recurso (de tão preguiçoso e relaxada que estava a equipe de design de produção). Se fosse um filme da Marvel, pelo menos ficaríamos tranquilos, pois haveria algum patch de atualização, em algum momento (e ainda seria cotado para receber alguma indicação ao Oscar, na categoria citada).     “Esquadrão Secreto” realmente consegue se consagrar como uma das maiores bombas no catálogo da Paramount+.

Crítica | Certas Pessoas

Engenharia do Cinema Desde que começaram a surgir os primeiros materiais de divulgação do longa “Certas Pessoas“, muitos se depararam com a curiosidade por se tratar de um projeto cômico estrelado por Eddie Murphy (que está fazendo poucos projetos nos últimos anos). Com roteiro de Jonah Hill (que além desta função, atua como o protagonista) e Kenya Barris (que assina a direção também), temos a ligeira sensação que eles beberam demais da fórmula já mostrada exaustivamente em Hollywood, e aplicaram pautas polêmicas (como racismo e religião) de uma perspectiva que usuários do Twitter tratam (totalmente regadas a frases feitas e conflitos desnecessários).  Após ter confundido Amira (Lauren London) com uma motorista de Uber, o judeu Ezra (Hill) a chama para um passeio e logo iniciam um romance. Porém, eles não imaginavam que teriam de enfrentar diversos problemas com ambas as famílias, uma vez que enquanto os pais dela (Murphy e Nia Long) são militantes anti-racismo, os pais dele (Julia Louis-Dreyfus e David Duchovny) são dois judeus totalmente atrapalhados. Imagem: Parrish Lewis/Netflix (Divulgação) Com quase duas horas de projeção, fica complicado você torcer para o casal protagonista, muito menos se simpatizar na trama, devido a falta de interesse que eles transpõe. Apesar de Murphy estar bem no papel do “sogro extremista” (embora em algumas cenas, ele esteja desconfortável), chega a ser triste vermos nomes como Dreyfus e Duchovny (este é basicamente um figurante) sendo totalmente desperdiçados e entregando cenas bizarras, de tão ruins. A única sensação que temos é a falta de Hill e Barris terem saído na rua, para verem como funciona uma sociedade fora da bolha da indústria e das redes sociais (uma vez que várias coisas que são mostradas, dificilmente aconteceriam naquele contexto).  E este problema, que faz o espectador se cansar da história ainda na metade de sua projeção (mesmo ela estando como mais assistida, a grande maioria deve ter largado o mesmo antes do desfecho), que sequer explora a questão do judaísmo e racismo nos EUA (uma vez que várias sementes são plantadas e nada é brotado). “Certas Pessoas” termina sendo um mais do mesmo, onde o roteiro parece ter sido reciclado de uma discussão fútil do Twitter e com atores cumprindo acordos contratuais com a Netflix.