Crítica | Swimming With Sharks

Engenharia do Cinema Sendo originalmente lançado nos EUA pela plataforma de streaming da Roku, em 2022, foi adquirida pela Amazon Prime Video e lançada por esta em outros países (inclusive no Brasil). Inspirado no longa “O Preço da Ambição“, estrelado por Kevin Spacey e Frank Whaley, a minissérie “Swimming With Sharks” trás a mesma história mostrada na produção, porém agora trocando os protagonistas homens, por mulheres. A história é centrada na misteriosa Lou Simms (Kiernan Shipka), que há anos admira a poderosa produtora cinematográfica Joyce Holt (Diane Kruger). Quando ela finalmente consegue trabalhar como assistente da própria, a vida de ambas começa a ser totalmente bagunçada, em vários sentidos, pois a primeira fará de tudo para ser tão poderosa quanto Holt. Imagem: Roku (Divulgação) Dividida em seis episódios, com cerca de 35 minutos cada, essa minissérie escrita por Kathleen Robertson, consegue mostrar sutilmente os vários problemas que a indústria acaba causando nos atores e funcionários, de diversas maneiras possíveis. Seja por conta destes serem totalmente desprezados pelos seus superiores (sendo demitidos por um simples café), ou como conseguem o que querem por conta de poucas horas de prazer íntimo (conhecido como “teste do sofá”). Sem apelar em momento algum para a pornochanchada ou violência gratuita, essa produção conquista seu espectador, por conta do lado humano de suas protagonistas. Ao mesmo tempo que vemos uma mulher que sonha em ser mãe, temos uma adolescente que sonha em ser bem sucedida (algo bem comum no contexto atual, em qualquer setor). Inclusive, por mérito da personalidade das próprias Shipka e Krudger ser muito familiar, elas funcionam perfeitamente como protagonistas da atração. Não são atuações dignas de Emmy, mas dentro da atmosfera de mistério que é desenvolvida pelo diretor Tucker Gates (que inclusive em quase todo momento, vende que ambas estão erradas), isso é plausível. “Swimming With Sharks” termina sendo uma interessante minissérie, que infelizmente vem passando em branco por parte da maioria dos usuários da Amazon Prime Video.
Crítica | Asteroid City

Engenharia do Cinema Ame ou odeie, o cineasta Wes Anderson ainda é um dos poucos que sempre conseguem mover uma centena de espectadores para seus filmes, independentemente da temática. Usando tonalidades claras, enquadramentos assimétricos e um elenco estrelar (composto na maioria das vezes, sempre pelos atores Edward Norton, Jason Schwartzman, Adrien Brody, Jeffrey Wright, Tilda Swinton e Bill Murray – porém, aqui este teve de ser substituído por Steve Carell de última hora, pois acabou testando positivo para COVID-19). “Asteroid City” chegou corrigindo e muito os erros de seu último projeto (“A Crônica Francesa”), conseguindo resgatar a leveza que Anderson sempre nos trás. A história se passa no início dos anos 50, quando um roteirista (Edward Norton) começa a confeccionar sua nova peça teatral, sobre a fictícia cidade de “Asteroid City“. Nela acompanhamos os mais caricatos moradores e visitantes, que chegam ao local para um evento científico que é surpreendido por um acontecimento bizarro. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Em seu primeiro arco, o roteiro tenta nos vender como o grande protagonista da atração um tímido fotógrafo (Schwartzman), que vai até o local com seus filhos para o mais velho (Jake Ryan) apresentar seu projeto de ciências. Ao mesmo tempo que ele tem de lidar com a partida de sua finada esposa (Margot Robbie), e o fato do seu sogro (Tom Hanks) não gostar dele. Só que embora essa trama em si, não seja bem explorada, o foco é a própria cidade como um todo. Construída em um local isolado para a gravação deste filme, fica plausível que realmente houve um enorme cuidado para confecção da Asteroid City. Seja na concepção dos imóveis, figurinos e os famosos enquadramentos de Anderson (que facilmente, podem ser tirados vários papéis de parede belíssimos), e devo mais uma vez fazer uma ressalva pelos excelentes trabalhos dos constantes parceiros deste, Alexandre Desplat (trilha sonora), Robert D. Yeoman (fotografia) e Adam Stockhausen (design de produção). Porém, vale a ressalva que mesmo contando com um eclético elenco de estrelas, muitas delas só aparecem brevemente, e acabamos soltando o famoso “olha quem ta ai”, pois muitos deles não possuem uma profundidade que justifique sua participação. “Asteroid City” não é o melhor trabalho de Wes Anderson, mas consegue tirar o gosto amargo que “A Crônica Francesa” havia deixado.
Crítica | A Era de Ouro

Engenharia do Cinema Não acredito que até o término desse ano, não me depare com uma produção tão ruim como essa. Escrito e dirigido por Timothy Scott Bogart, o próprio estava tentando tirar do papel A Era de Ouro“, desde 2019, uma vez que a história é sobre seu pai Neil Bogart, o fundador da produtora Casablanca Records (responsável por lançar nomes como Kiss, Village People e Donna Summer). Apesar da premissa ser interessante, temos uma verdadeira aula de como não fazer cinema, em vários quesitos. Se passando em meados dos anos 70, o enredo é centrado no empresário Neil Bogart (Jeremy Jordan), que junto de vários amigos próximos, tentava estabelecer a Casablanca Records, no meio do mercado musical, uma vez que nenhum dos seus clientes estavam realmente fazendo sucesso. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Logo no prólogo de abertura do longa, a única sensação que temos é estarmos vendo uma versão pobre de “O Lobo de Wall Street“, escrita por um roteirista de propaganda de margarinas. Com diálogos clichês, sem emoção e remetendo ao filme citado (só para fazer jus ao termo “sexo, drogas e rock’nroll”), a produção poderia ter vida, se ao menos fossemos apresentados dignamente aos protagonistas. Tudo parece ter sido jogado às pressas, pelos quais, em momento algum entendemos as verdadeiras motivações de Neil, que mais parece um antagonista e sequer nos pegamos interessados em torcer por ele. Sim, Jeremy Jordan não é um bom ator e é muito canastrão (só vermos suas expressões em momentos tristes e felizes, que são resumidas em sorrisos escrachados), e termos como sua parceira alguém como a atriz Michelle Monaghan (que não faz nada aqui também), chega a ser vergonhoso. De quebra, uma das coisas mais vergonhosas, é a edição achar que pode disfarçar alguns problemas da produção, como ausência de direitos sobre algumas marcas e músicas (uma vez que o enredo ainda vilaniza algumas bandas como “Kiss“). Para piorar existem algumas tomadas externas, onde é nítido o recurso da tela verde, colocando todo o cenário em CGI (inclusive os figurantes parecem ter saído de um game do Playstation 1). Para não falar que tudo realmente é uma desgraça, o figurino pelo menos consegue ser operante em relação a época, embora não tenha o grande destaque que merecia (uma vez que em produções desse tipo, esse quesito acaba pesando tanto como a trilha sonora). “A Era do Ouro” consegue ser mais falso que ouro comprado no Paraguai, uma vez que temos uma história porcamente executada e mal conduzida.
Crítica | Bird Box: Barcelona

Engenharia do Cinema Sendo um dos maiores sucessos da história da Netflix, o longa “Bird Box” (estrelado por Sandra Bullock e lançado em 2018) teve muitos rumores que ganharia uma continuação. Porém, devido a conturbada agenda da própria, o projeto segue engavetado e a plataforma começou a apostar em uma expansão do universo do próprio. “Bird Box: Barcelona” se passa no mesmo período daquele, mas na Espanha, no local citado no título. Em pleno debate da era de Chat GPT, e roteiros que são totalmente escritos por este recurso, é nítido que os roteiristas Àlex Pastor e David Pastor (que também assinaram a direção) usaram o próprio para conceber essa história, que diferente do filme estrelado por Bullock (que era inspirado no livro de Josh Malerman), é totalmente original. A história gira em torno do misterioso Sebastián (Mario Casas), que anos depois de ter conseguido sobreviver no cenário apocalíptico, onde não se deve deixar os olhos abertos ao ar livre, vaga por Barcelona, deturpando vários grupos de sobreviventes. Sim, essa é a história do filme. Imagem: Netflix (Divulgação) Em seus primeiros minutos, fica nítido que os roteiristas não estavam interessados em exercer situações realistas, dentro do cenário proposto pelo longa. A facilidade como Sebastián se infiltra nos grupos de sobreviventes, chega a ser hilária (com tamanha facilidade, e em momento nenhum ninguém chega a cogitar suas atitudes maléficas) e ofensiva para o bom senso do ser humano. Interligado por momentos de quando a infecção começou a tomar pelo mundo, e como ele perdeu sua família (em momentos que possuem emoção zero, de tamanha previsibilidade). Não existe uma sensação de impacto e desconforto, que o próprio estava vivenciando. Nada disso funciona, e só piora ainda mais, pois Casas é um ator canastrão. Sim, o longa estrelado por Bullock já não era grande coisa (porém, pode ser considerada uma versão melhorada do cômico “Fim dos Tempos“, com Mark Walhberg), só que este consegue ser banal em vários aspectos (tanto que não conseguimos criar familiaridade por um personagem, só por tratar de ser uma criança ou um Pai de luto por sua filha), por ainda tentar forçar um protagonismo em uma mulher (Georgina Campbell), que está com uma menina (), cuja mãe desapareceu em meio ao caos. “Bird Box: Barcelona” é mais um spin-off vergonhoso, realizado pela Netflix, e mostra que realmente o selo está tentando tirar suco de uma fruta que já nasceu podre.
Crítica | Meus Sogros Tão Pro Crime

Engenharia do Cinema Não é novidade que as produções estampadas por Adam Sandler como produtor, são muito divertidas (“A Missy Errada“) ou muito ruins (“Time do Coração“). “Meus Sogros Tão Pro Crime” facilmente se encaixa no segundo caso, pois temos ótimos nomes como Pierce Brosnan e Ellen Barkin, em papéis onde nitidamente foram aceitos por conta do cachê (já que eles comprovaram outras vezes ter semblante cômico plausível). Prestes a se casarem nos próximos dias, o bancário Owen (Adam Devine) está bastante ansioso com as possibilidades que ele pode exercer com sua noiva Parker (Nina Dobrev). Eis que eles são surpreendidos com a vinda dos pais desta (Brosnan e Barkin), que logo acabam assaltando justamente o banco onde o genro trabalha. Imagem: Netflix (Divulgação) O roteiro da dupla Ben Zazove e Evan Turner, parece ter sido tirado de um lixo, entregue na mão do comediante Adam Levine (“Um Senhor Estagiário”) e os próprios disseram para ele “olha, faz umas piadinhas improvisadas aí, pois o público gosta de ser o seu estilo escrachado”. Porque realmente, estamos falando de um projeto que se resume nisso, durante sua metragem de quase 90 minutos. Sim, o próprio possui um tipo de humor que funciona não como protagonista, e sim como coadjuvante de apoio (como já foi de astros do nível de Robert De Niro e Bryan Cranston). E chega a ser vergonhoso vermos que em paralelo, Brosnan e Barkin estão com imensa vergonha e pouca vontade de estarem neste projeto. Não sobra uma linha de diálogo cômica para a dupla, que não seja repetir a mesma piada exaustivamente. Pior ainda, é termos a participação de atores que já mostraram ótimos em outros projetos como Michael Rooker, Richard Kind e Lauren Lapkus (a protagonista do ótimo “A Missy Errada“), em papéis forçados, sem graça e que chegam a serem vergonhosos. “Meus Sogros Tão Pro Crime” termina sendo uma comédia tão sem graça, que o único crime que vemos é o fato dela ter sido realizada para o público.
Crítica | The Witcher (3ª Temporada – Parte 1)

Engenharia do Cinema Sem um motivo aparente (provavelmente por causa do fator audiência) a Netflix resolveu dividir em duas partes, a terceira temporada de “The Witcher” (com a segunda sendo lançada no final de julho). Com o marketing sendo realizado em sua maioria, por conta da saída de Henry Cavill da atração, no papel de Geralt of Rivia (cujo traje será assumido por Liam Hemsworth, à partir da quarta temporada), essa primeira parte mostra que o próprio realmente deixou a atração por conta da imensa queda da qualidade, em seu roteiro. O enredo continua no ponto onde a segunda temporada havia parado, com Geralt e Yennefer (Anya Chalotra) seguindo sua jornada, agora acompanhados pela aprendiz de feiticeira, Ciri (Freya Allan). Porém, o trio começa a descobrir que eles estão sendo alvo não apenas de mercenários, como de vários reinos, magos e criaturas. Imagem: Netflix (Divulgação) Contendo cinco episódios, essa primeira parte procura de imediato mostrar o quão o trio composto por Geralt, Yennefer e Ciri conseguem viver como uma verdadeira família, mesmo que inusitada. Sim, continuamos apegados aos próximos, e temos vontade ainda de ver o que irá resultar a sua jornada. Porém, à medida que a última vai conseguindo executar e trabalhar melhor seus poderes, novos personagens vão sendo colocados em pauta. É nesta hora, que o roteiro acaba apelando um pouco para personalidades e arcos totalmente genéricos e repetitivos. Que vão desde um novo e inusitado romance de Jaskier (Joey Batey), com um membro da realeza (inclusive, os diálogos entre ambos chegam a ser vergonhosos), até cenas de batalha com um CGI vergonhoso, em alguns desfechos (principalmente em uma cena onde Ciri vai emperrar uma espada, em um monstro, cujo design parece ter sido feito pelos técnicos do Chapolin). Felizmente, fica nítido que (por mais vergonhoso que possa parecer) os atores ainda demonstram interesse em continuar vivenciando essa história. Principalmente da parte do próprio Cavill (que deve ter deixado a série, por conta dos descuidos do roteiro e terem mudado a pegada original de lado, cada vez mais). Além disso, o design de produção, figurino e alguns efeitos visuais para criar o mundo da atração, também continuam funcionando perfeitamente. Mas isso não chega a ser um fator suficiente para conseguir prender a atenção do espectador, por muito tempo nesta nova leva de episódios (que acabam sendo até um pouco arrastados). A primeira parte da terceira temporada de “The Witcher“, consegue ser a mais fraca da série, e mostra que realmente Henry Cavill resolveu cair fora, antes que piorasse de vez.
Crítica | Elementos

Engenharia do Cinema Em meio a diversas bombas e fracassos, finalmente a Disney conseguiu acertar em uma animação que foi lançada nos cinemas. “Elementos” não é na mesma pegada de clássicos da Pixar como “Up“, “DivertidaMente” e até mesmo “Toy Story“, porém consegue cativar o espectador por conta de sua simplicidade e reflexão transposta para o público, com relação a família as suas diversas histórias de origem. A história é centrada na jovem chama Ember, que aguarda o dia que irá conseguir assumir a loja de seu Pai, e assim fazer o próprio e sua mãe ficarem orgulhosos de suas atitudes. Mas, após um incidente no local, ela acaba tendo seu destino cruzado com a gota d’água Wade, que a faz refletir ainda mais sobre a vida. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Em sua abertura, fica nítido que se trata de um projeto que busca a ligar ao espectador não pelo seu visual, mas sim pelo roteiro (indo na contramão das últimas obras do estúdio, que procurava focar nos dois quesitos). Concebido pelo trio John Hoberg, Kat Likkel e Brenda Hsueh, logo nos primeiros minutos já começamos a criar um vínculo com a família de Ember, pois é inegável que muitos de nós tivemos uma origem similar (com parentescos que vieram de outras nacionalidades e se sustentaram por comércios populares). Por conta disso, conseguimos comprar facilmente a nossa protagonista (que realmente é bastante humana), e por consequência, o coadjuvante Wade (que também é bem conduzido, mas é totalmente o oposto daquela, em sua personalidade e forma). A criação de um universo com vários elementos distintos, não chega a ser como as últimas obras da Disney/Pixar (que sempre abria brechas para possíveis spin-offs e outros arcos paralelos, em futuros curtas), mas funciona dentro daquela premissa (inclusive, se assemelha a produções como “Divertidamente” e “Detona Ralph“). “Elementos” consegue ser uma grata animação da Disney/Pixar, onde mesmo em tempos que o selo vem entregando produções animada de qualidade mediana/ruim, é bom sabermos que ainda a chama do estúdio não apagou.
Crítica | Oppenheimer

Engenharia do Cinema Sendo um dos filmes mais aguardados por muitos neste ano, “Oppenheimer” teve sua estreia exercida de forma bastante inusitada (no mesmo dia de “Barbie”, que era aguardado por muito também). Sendo o novo filme do cineasta Christopher Nolan (“Tenet”), temos seu segundo projeto inspirado em fatos reais e envolto ao cenário da Segunda Guerra Mundial, depois do ótimo “Dunkirk“. Estrelado por seu parceiro de longa data, Cillian Murphy (que finalmente passou de coadjuvante, para protagonista dos longas daquele), e tendo vários outros nomes famosos em seu elenco como Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Josh Hartnett, Jason Clarke, Kenneth Branagh, Rami Malek e muitos outros, este fator só aumenta a curiosidade de muitos. Inspirado no livro de Kai Bird e Martin Sherwin, o enredo mostra a trajetória do famoso físico J. Robert Oppenheimer (Murphy) que nos anos 40, foi convocado pelo Serviço Secreto dos EUA para auxiliar no famoso Projeto Manhattan, que se tratava da criação da famosa bomba atômica. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Temos aqui o longa mais político e sério na carreira de Christopher Nolan, uma vez que o próprio já se tornou um grande nome do cinema de ação (por sempre realizar suas cenas de forma prática, sem CGI basicamente). Se assemelhando e muito a clássicos como “JFK“ (de Oliver Stone), o próprio é dividido em três fases temporais. A primeira é no julgamento de Oppenheimer, quando foi acusado de enviar informações secretas para os soviéticos; A segunda é seu depoimento sobre essas acusações, para o FBI; A terceira é a retratação de sua vida, desde quando era um universitário, até quando se tornou um dos maiores nomes da física. Era necessário sim, ter uma metragem grande para retratar estes fatos (e as três horas de duração, acabam sendo justas aqui) E isso só consegue ser mais plausível, pois Murphy literalmente se entregou no papel e várias de suas camadas são divididas aqui. Vemos um homem que acreditava nos ideais militantes e pró-socialismo, afetado por decisões de sua vida, um gênio da física e um político a partir de determinado ponto da história. Sua presença no Oscar de melhor ator, é quase como certa. Com relação ao restante do gigantesco elenco, os destaques acaba realmente sendo para Emily Blunt (Kitty Oppenheimer), Matt Damon (o general Leslie Groves), Robert Downey Jr. (o filantropo Lewis Strauss), Josh Hartnett (o cientista nuclear Ernest Lawrence) e Benny Safdie (o físico Edward Teller). Todos estes são bem retratados de uma forma, que não ficarei surpreso se algum deles for indicado ao Oscar. Ciente que muitos não conhecem a história do próprio, e a atual geração possuí muitas pessoas que desconhecem bastidores da Segunda Guerra, Nolan conduz seu roteiro de forma sutil, sem ser complexo, ou seja, ele foca nos detalhes políticos (sem deixar um viés político beirando pró esquerda ou direita, uma vez que Oppenheimer era ligado a movimentos comunistas) e sociais da história, deixando a bomba atômica como um coadjuvante de luxo. Mas quando essa está aparecendo, a mixagem de som realmente é sentida de uma forma bastante impactante (por isso, optem por salas com qualidade acústica boa, não sendo necessariamente em IMAX), e a trilha sonora de Ludwig Göransson (que já trabalhou com Nolan, em “Tenet”) consegue ser um toque de classe ao focar em notas agudas de teclado e violino não só nos momentos antecedentes a este, como durante vários diálogos chaves (por isso que já adianto, será justa a vitória de ambos trabalhos no Oscar 2023). “Oppenheimer” faz jus ao que prometia, ao retratar a vida de um dos nomes mais polêmicos e enigmáticos da Segunda Guerra Mundial. Finalmente Christopher Nolan pode levar seu primeiro Oscar.
Crítica | Barbie

Engenharia do Cinema Desde que foi anunciado ano passado pela Warner Bros, o longa “Barbie” foi um dos mais aguardados até então, por muitas pessoas. Sendo lançado de forma inusitada nos cinemas (no mesmo dia de “Oppenheimer”, outro título muito aguardado por cinéfilos), a produção tem feito um enorme sucesso e até o encerramento desta crítica, muitas sessões seguem com ingressos esgotados na maioria dos cinemas. Com direção de Greta Gerwig, que escreveu o roteiro com seu marido Noah Baumbach (“História de Um Casamento”), temos uma narrativa totalmente original, apesar de seu escopo ser bastante clichê. Porém, o grande fator para este filme funcionar, é você comprar a mensagem satírica exercida pelo casal, em relação ao debate feminismo x machismo. Após descobrir que está começando a não ter sua rotina normal na Barbieland, Barbie (Margot Robbie) é convencida que terá de ir ao mundo real e tentar descobrir o motivo disso. Em sua jornada, ela acaba tendo a inusitada companhia de Ken (Ryan Gosling), que assim como ela, começa a perceber que a realidade não é como eles pensam. Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Em sua sequência de abertura (remetendo ao clássico “2001”) e na apresentação da Barbieland, é nítido que Gerwig não quer que levemos a sério absolutamente nada do que está sendo mostrado (uma vez que, de forma criativa, ela adapta a “rotina” de uma boneca). Tanto que a própria ainda consegue criar alguns arcos musicais realmente convincentes (e neste tipo de filme, era necessário ter isso, mas era trabalhoso colocar em prática, na hora certa). E em meio a um cenário visual bastante alegórico é diferente (sim, o design de produção está muito bem executado e tudo parece ser vários brinquedos gigantes), vemos vários nomes que compraram o clima de “brincadeira” exercido. Com uma química excelente, Gosling e Robbie facilmente conseguem ser um casal “hollywoodiano” que muitos sempre gostariam de ver, e que estão vendo agora e de forma inusitada. Com uma beleza e aparência que remete aos próprios Ken e Barbie, o teor satírico de ambos em momentos chave, são a verdadeira graça da atração (como na primeira cena de ambos, na praia). Como a lista de nomes é gigante, é justo focar que nomes como Michael Cera (Allan), Kate McKinnon (Barbie Riscada), Rhea Perlman (a misteriosa senhora Ruth) e Helen Mirren (que mesmo sendo narradora, tem ótimas tiradas), estão ótimos e nitidamente até roubam a cena brevemente.