Crítica | Apresentado os Ricardos

Engenharia do Cinema O cineasta Aaron Sorkin ganhou bastante notoriedade após ter escrito o aclamado A Rede Social, e ter dirigido os ótimos A Grande Jogada e Os 7 de Chicago. Em seu terceiro projeto como diretor, Apresentado os Ricardos, temos o seu filme mais fraco por vários motivos. Seja por intermédio de seu texto menos ácido ou até mesmo por faltar uma maior proximidade com quem não é dos EUA, pois estamos falando de um longa que retrata um fato histórico desta nacionalidade e também mostra o quão estes amavam o seriado I Love Lucy. Baseado em fatos reais, a história mostra o famoso casal Lucille Ball (Nicole Kidman) e Desi Arnaz (Javier Bardem), que protagonizaram durante anos o seriado I Love Lucy, cujos espectadores paravam os EUA para verem os episódios semanais. Mas tudo isso acabou indo para o ralo, após uma séria denúncia em relação a primeira estar envolvida com o Partido Comunista, além do seu casamento com Desi estar aos poucos se esgotando. Imagem: Amazon Studios (Divulgação) Realmente, Sorkin se viu perdido ao tentar quebrar este paradigma, ao retratar uma história que interessa mais um estadunidense que um brasileiro. Para tentar se sobrepor, ele resolve criar uma espécie de “mock documentary” (um misto de documentário com longa live-action), porém ele se perde totalmente ao não saber inserir os discursos de alguns produtores do programa para falarem “o quão ele era grande e importante pros EUA”. Bastava cenas de 30 segundos ou até mesmo dois minutos, com alguns figurantes, que já eram suficientes. Apesar do trabalho de maquiagem em Nicole Kidman e Javier Bardem está excelente (inclusive o Oscar pode vir para este filme, na categoria citada), você repara que eles realmente estavam um tanto quanto desconfortáveis em estarem presentes nesta produção. Tanto que o segundo esconde seu sotaque espanhol, mesmo em cenas aos quais ele seria um certo “charme”. Fora que os arcos aos quais eles poderiam ter extrapolado as cenas mostrando bastidores do programa ou até mesmo a censura que estava rolando em Hollywood (tudo é embasado em diálogos, principalmente vindos de personagens como o encabeçado com JK Simmons). Apresentado os Ricardos é uma típica produção feita apenas para os estadunidenses, aos quais consequentemente poderão ainda dar um Oscar apenas por este motivo.
Crítica | Comemoração dos 20 Anos de Magia: Harry Potter De Volta A Hogwarts

Engenharia do Cinema Após o tremendo sucesso que foi o relançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal nos cinemas nacionais e mundiais, a HBO Max anunciou que iria lançar no primeiro dia de 2022 o especial Comemoração dos 20 Anos de Magia: Harry Potter De Volta A Hogwarts. Ele contaria com o reencontro do elenco principal de todos os filmes e seus diretores, comentando sobre como foi o processo de realizarem a franquia durante exatos 10 anos. Apesar de alguns erros como “trocar” a foto de Emma Watson pela de Emma Roberts na infância, e também o nome dos personagens dos atores James Phelps e Oliver Phelps (intérpretes dos personagens George e Fred Weasley), pode-se dizer que foi algo emocionante para se iniciar o ano. Com uma abertura remetendo a icônica cena de “recebimento da carta de Hogwarts”, sendo guiadas por Watson, vemos aos poucos vários atores que marcaram aquele universo como Gary Oldman, Helena Bohan Carter, Robbie Coltrane e Mark Williams se preparando para irem até o salão oval. Momento pelo qual causará até arrepios nos fãs mais ávidos da franquia, criada por J.K. Rowling (que por conta de várias polêmicas em relação ao politicamente correto, acabou se desligando do projeto, aparecendo apenas por vídeos de arquivo). Imagem: HBO Max (Divulgação) Dividida em quatro capítulos, com dois filmes cada um, as principais entrevistas são guiadas pelos próprios Daniel Radcliffe e Emma Watson, aos quais acabam tirando memórias e ótimas situações que se passaram nos bastidores. Como estamos falando de uma produção de 100 minutos, que resume-se mais de 10 anos, obviamente muitas coisas iriam estar de fora (por isso, muitos fãs podem se chatear por conta deste quesito). Porém relatos de cineastas que comandaram os filmes como Chris Columbus, Afonso Cuaron, Mike Newell (cujas histórias rendem vários risos) e David Yates (que inclusive comanda até os filmes do spin-off “Animais Fantásticos”). Com relação aos atores que já se foram, a homenagem se resume apenas aos quatro importantes nomes de todos os filmes que foram Richard Harris, Richard Griffiths, Alan Rickman, Helen McCrory e John Hurt (que mesmo tendo uma breve cena como o Senhor Olivaras, carregou um enorme carinho por ser o responsável por conduzir a marcante cena de Harry escolhendo a sua varinha). Mas a carga emocional acaba sendo enorme, pois são selecionados para falar nomes que estavam mais próximos aos mesmos, durante a realização da franquia. No final das contas, este especial de Harry Potter acaba sendo tão emocionante como o de Um Maluco no Pedaço, que foi feito exatamente da forma que os fãs esperavam e enalteceu os responsáveis por uma das melhores obras da história do cinema.
Crítica | Encanto

Engenharia do Cinema Inspirada em uma ideia do cineasta e dramaturgo Lin-Manuel Miranda (que se tornou um dos principais nomes da indústria do cinema nos últimos dois anos), a nova animação da Disney “Encanto” mostra que realmente este possui um talento híbrido para teatro, filmes, séries e agora animações. Se passando em um cenário fictício da Colômbia (embora tenha embasamento em alguns fatos reais ocorridos por lá), temos uma situação que bate literalmente com a nova premissa do estúdio, que é conduzir histórias sem doses de romance, mas sim sobre o amadurecimento de seus protagonistas. A história gira em torno de Mirabel, que mesmo com toda sua família e suas irmãs Luisa e Julieta tendo poderes mágicos, a mesma ainda não teve sua habilidade despertada. Mas após descobrir uma lenda antiga contada por sua avó, ela resolve ir atrás de suas verdadeiras origens familiares. Mesmo que para isso ela tenha que se conectar com membros desligados da mesma. Imagem: Walt Disney Pictures (Divulgação) Começo enfatizando que nos primeiros minutos de projeção, embora Miranda esteja envolvido apenas na escrita das músicas e no escopo da história, sua imagem está presente em boa parte da animação. Seja por intermédio do visual bastante colorido, as canções são perfeitamente casadas com os clipes musicais (seja por um andar do personagem, dança e até mesmo ritmo) e principalmente a questão da família ser muito próxima (como ocorre em todas as suas obras originais). Realmente, a sensação otimista acaba rolando durante boa parte da animação, e isso acaba conquistando tanto crianças como adultos. Só que por se tratar de uma animação que beira mais para o musical, os diretores Jared Bush, Byron Howard e Charise Castro Smith realmente não conseguem trabalhar neste quesito. Já que se você gostar deste tipo de produção, vai ter comprado a mesma, agora caso contrário, não conseguirá se assemelhar com o universo criado. Porém este é o grande problema de um filme comandado por três diretores, onde certamente rolou alguma discussão séria sobre essa tonalidade problemática. “Encanto” facilmente pode-se dizer que é um acerto da Disney em sua nova abordagem de roteiros, aos quais procuram explorar mais o lado pessoal e familiar dos personagens.
Crítica | Gavião Arqueiro

Engenharia do Cinema Após a Viúva Negra/Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) ter ganho seu filme solo, o último Vingador que faltava ter uma produção para chamar de sua era o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). Segundo o próprio Kevin Feige, ele disse que mesmo cogitando levar o arco do mesmo como um filme, logo no início do projeto, viu que ele seria melhor abordado em uma minissérie de seis episódios. Anunciada em 2018, a minissérie Gavião Arqueiro iria introduzir ao Universo Cinematográfico da Marvel, a personagem Kate Bishop (Hailee Steinfeld) sucessora do Gavião na equipe dos maiores heróis da terra. A história começa no exato momento da confusão causada por Loki em Nova York, em meados de 2012, onde uma então pequena Kate Bishop acaba sendo salva pelo Gavião Arqueiro e fica deslumbrada com suas habilidades. Onze anos depois do fato, agora se mostrando ao ser bastante hábil com arco e flecha, ela tem seu caminho cruzado com este após um incidente durante um evento. Porém ambos acabam percebendo que devem se unir para combater um inimigo em comum. Imagem: Marvel Studios (Divulgação) Apesar de não ter feito tanto alarde ou sucesso como as outras produções da Marvel (afinal, neste ano tivemos quatro filmes e séries do estúdio), essa minissérie serve mais como um “passe de tocha” entre os Clint e Kate. Mesmo ela sendo bem retratada, a subtrama envolvendo Yelena Belova (Florence Pugh) e esta mostra que futuramente elas serão os “novos” Gavião e Viúva no UCM, e elas funcionam demais juntas (tanto que se fizerem uma produção estrelada pela dupla, seria sucesso de imediato). Mas não estamos falando de um programa centrado nelas e sim no próprio Clint Barton/Gavião Arqueiro, que mais uma vez acaba sendo coadjuvante por causa destes “erros” na narrativa (já que em momento algum vemos um cenário que de uma ênfase apenas nele). Mesmo mostrando de forma sutil algumas consequências de seus atos em prol da humanidade no filme Vingadores Ultimato, como o fato da surdez e o trauma em relação ao sacrifício de Natasha, eles acabam se perdendo em relação às cenas de ação. Nisso o único diferencial que é explorado são os “tipos de flechas” que Clint usa (realmente não há mais nada diferente, além disso), até mesmo o fato dele ter se utilizado da identidade de Ronin é bastante rasteiro. Isso acabou trazendo os arcos dos personagens Maya Lopez (Alaqua Cox, que se mostra uma forte antagonista, mas não tão explorada quanto deveria) e a inclusão do vilão Rei do Crime dentro do UCM (que após a série do Demolidor da Netflix, continua sendo vivido por Vincent D’Onofrio) , porém a sensação de “importância” do protagonista, não consegue ser comprovada nessa minissérie. Porém com relação aos aspectos técnicos, a direção consegue ser bastante interessante ao conseguir prender a ação por divertidos planos sequências, onde seja através de uma câmera no banco traseiro de um carro ou até mesmo andando por um apartamento, durante uma cena de luta. Com duração destas cenas variando entre 10 e 20 minutos, elas conseguem prender a atenção do espectador por conta destes quesitos. Em seu desfecho vemos que a minissérie do Gavião Arqueiro serviu apenas para incluir alguns personagens no universo da Marvel, e nada mais além desta premissa.
Crítica | Matrix Resurrections

Engenharia do Cinema O primeiro Matrix revolucionou o cinema e mudou a perspectiva do gênero de ficção-científica, além de alavancar a carreira de Keanu Reeves, Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss. Apesar de também serem um sucesso, os dois longas posteriores encerraram um arco que estava estabelecido como “sem chances de ser reaberto”. Porém, com várias franquias voltando aos cinemas, a Warner Bros viu que era a hora de renascer com uma das suas maiores produções: Matrix Resurrections. Matrix Resurrections brinca com si mesmo, com o assunto é “não se deve realizar um reboot, de uma produção que funcionou no passado”. Mas já aviso de antemão, que estamos falando de um projeto que possivelmente irá dividir a maioria dos espectadores e fãs do universo citado. A história tem início com Thomas Anderson (Reeves) trabalhando em uma produtora de games, pelo qual está projetando um novo jogo da franquia Matrix (sim, realmente ele está acreditando que todos os acontecimentos antecessores, eram um videogame e não real). Mas ele passa a ver que tudo não é o que parece, quando esbarra com uma então “misteriosa” Tiffany (Moss), e a é surpreendido pela presença do velho amigo (que ele realmente não se lembrava) Morpheus (agora vivido por Yahya Abdul-Mateen II). Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Um dos pontos positivos da produção assinada por Lana Wachowski (que também cuidou da trilogia original, com sua irmã), é que ela não necessita que você confira os antecessores para entender essa história, ou seja, é uma narrativa totalmente cânone (basicamente como foi feito com os últimos Exterminadores do Futuro). Apesar do enredo beber bastante do original de 99, seja por intermédio de constantes flashbacks com cenas daquela produção, ou até mesmo situações bastante similares. Isso funciona dependendo do ponto de vista do espectador, pois se você gosta deste tipo de filme, vai comprar a premissa, caso contrário, não (inclusive irá desistir e ir embora, antes do desfecho da projeção). No caso de quem vos fala, funcionou muito bem. Porém diferente dos anteriores, Wachowski não consegue estabelecer uma direção operante nas cenas de luta e ação. Com muitas utilizando de um slow-motion capenga, misturado com uma câmera na mão, é notável que o recurso foi estabelecido pelo fato de alguns atores não terem tido tempo para treinar artes marciais (afinal, estamos falando de uma das várias produções afetadas pela pandemia, no primórdio de suas gravações). Agora com relação às tomadas envolvendo perseguições automobilísticas, ela realmente soube trabalhar isso (inclusive, é perceptível que ela optou por menos CGI e mais efeitos visuais práticos nestas horas). Não hesito em dizer que estamos falando de um dos melhores efeitos visuais realizados em 2021, pois o realismo em determinadas cenas é enorme (diferente de recentes produções da Marvel). Com quesito das atuações, não há nenhuma em destaque, pois eles estão operantes e até mesmo canastrões de atores como Jonathan Groff (que vive o “novo” Sr. Smith), Neil Patrick Harris (intérprete do psicólogo de Thomas, que é um mais do mesmo com relação ao seus outros personagens na sua filmografia) e até ao próprio Mateen II (que não convence como um “novo” Morpheus). Matrix Resurrections é uma produção que realmente dividirá a opinião dos espectadores, pois ele acaba sendo mais um cânone que homenageia o original e possivelmente uma porta para uma nova trilogia.
Crítica com Spoilers | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

ESTE ARTIGO ESTÁ REPLETO DE SPOILERS DO FILME “HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA”.CASO NÃO TENHA VISTO, LEIA O TEXTO SEM SPOILERS. Realmente é inegável que estamos falando do maior filme após os acontecimentos da pandemia. Desde o primórdio da reabertura das salas de cinema, o Presidente da Marvel, Kevin Feige, sempre deixou claro que não iria adiar muito este filme e que o mundo precisava deste filme. O mesmo foi dito por atores envolvidos na produção como Tom Holland e Alfred Molina. Durante a exibição da produção dirigida por Jon Watts, isso é comprovado a partir do momento onde o Matt Murdock/Demolidor (Charlie Cox) aparece em cena (mesmo que seja breve) e começa a arrancar gritos na sala de cinema. A história começa no exato momento onde “Homem-Aranha: Longe de Casa” parou, com o mundo sabendo que Peter Parker era realmente o detentor da identidade do Homem-Aranha. Após perceber que isso não só o estava atrapalhando a ele, como também à todos em seu redor, ele resolve ir pedir para o Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch) fazer um feitiço para todos esquecerem que ele é o Homem-Aranha. Só que o feitiço acaba dando errado, e ele acaba trazendo para a sua realidade todos aqueles que sabiam a verdadeira identidade do Homem-Aranha/Peter Parker, em outras realidades, ou seja, os principais vilões dos outros filmes do herói. Imagem: Marvel Studios/Sony Pictures (Divulgação) A principal dúvida e mistério em torno deste filme foi se realmente havia a aparição das versões de Homem-Aranha/Peter Parker, realizadas por Tobey Maguire e Andrew Garfield. Eles não só aparecem, como o roteiro de Chris McKenna e Erik Sommers brinca com diversas situações inusitadas que o choque de realidade os promove. Seja por conta da ausência dos “Vingadores” naquelas realidades, ou até mesmo pelo fato do primeiro já ter uma idade “avançada”. Tudo que sempre sonhamos em ver nas telonas, realmente foi concretizado (especialmente pela enorme química entre as três versões do herói) e isso faz todas as emoções que estavam presas nos espectadores, serem exaltadas durante as quase três horas de projeção (que realmente não tem como sentirmos). Com relação aos vilões, pela primeira vez acabamos vendo o verdadeiro lado humano de cada um deles e inclusive acabamos curtindo “positivamente” alguns deles como Electro (Jamie Foxx) e Octopus (Molina). Por mais que ainda tenhamos tudo isso que citei, a participação do veterano Willem Dafoe como o icônico vilão Norman Osborn/Duende Verde consegue roubar a cena (por incrível que pareça) e nos trazer de volta um dos melhores vilões da história do cinema e dos quadrinhos. Especialmente na cena em que ele causa a morte da Tia May (Marisa Tomei), que sem dúvidas não só homenageia o primeiro Tio Ben (Cliff Robertson), como é um dos momentos mais emocionantes da produção. Já a sequência final de ação funciona muito bem, pois estamos falando de quase 12 personagens sendo trabalhados de forma simultânea. Porém o excesso de CGI fica nítido até em algumas cenas onde o mesmo não era necessário (especialmente se tratando do arco de piadas envolvendo Maguire, Garfield e Holland, nos andaimes da Estátua da Liberdade), e francamente poderiam ter sido mais trabalhados (suou tudo meio feito as pressas). “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” acaba sendo uma das maiores homenagens já feitas para o herói favorito de Stan Lee e Steve Ditko.
Crítica | A Última Noite

Engenharia do Cinema Esta é uma daquelas produções que realmente foram feitas com base na situação mundial atual, englobando com alguns fatos já ocorridos na história. Com produção do renomado cineasta Matthew Vaughn (da franquia “Kingsman“), “A Última Noite” coincidentemente terminou suas gravações principais exatamente um dia antes da pandemia começar a estourar na Europa (inclusive o mesmo só chegou a ser finalizado quase cinco meses depois da quarentena). Com roteiro e direção da estreante em longas Camille Griffin (que coincidentemente na vida real é mãe dos atores Roman Griffin Davis, Gilby Griffin Davis e Hardy Griffin Davis, que vivem os filhos de Keira Knightley e Matthew Goode), vemos que ela consegue extrair várias situações reflexivas diante de um cenário bastante atual. A história gira em torno de uma família, onde durante a ceia de Natal acaba passando por diversas situações delicadas e conflituosas, enquanto a Russia acabara de soltar pela Inglaterra um gás mortal que matará todos os presentes e cidadãos do país. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Começo destacando que este é um filme sobre o cenário apresentado, e não sobre o perfil dos personagens. A começar que enquanto Art (Roman Griffin Davis) está preocupado com o cenário apocalíptico, seus pais (Knightley e Goode) estão ligando para coisas bastantes supérfluas. Há um debate bastante plausível também, pois enquanto muitas pessoas acabam indo atrás das recomendações do governo, Art tenta trazer a tona o debate à mesa e se realmente eles sabem o que estão falando e possui respostas debochadas por pensar diferente (algo que realmente vem acontecendo, no cenário de pandemia). Apesar do ator mirim ser um dos destaques centrais do longa, vale destacarmos que mesmo tendo nomes como de Knightley, Goode, Annabelle Wallis, Lily-Rose Depp, Lucy Punch e Kirby Howell-Baptiste, nenhum deles possuem grandes atuações ou momentos bastante memoráveis. Eles estão operantes como se estivéssemos vendo um monólogo ou até mesmo peça teatral (uma vez que a produção se passa em um único cenário), e isso vai incomodar o espectador que procura algo aos moldes dos recentes “Não Olhe Para Cima” e “Destruição Final”. “A Última Noite” acaba conseguindo fazer um interessante parâmetro com o nosso cenário atual, justamente em uma época natalina (pelo qual nos encontramos).
Crítica | Amor, Sublime Amor – 2021

Engenharia do Cinema No início dos anos 60, um então Steven Spielberg com 10 anos conheceu a história de “Amor, Sublime Amor“, clássico dirigido pela dupla Jerome Robbins e Robert Wise, com base no livro de Arthur Laurents. Apaixonado desde então pela história de amor proibido entre Tony (Richard Beymer) e Maria (Natalie Wood), ele tentou durante anos realizar esta produção e mesmo sendo quem ele é, nenhum estúdio queria que este projeto acontecesse (devido ao fato de descreverem o mesmo como “único”). Então após constantes sucessos na então 20th Century Fox, o mesmo permitiu que ele o realizasse da sua maneira. O resultado acabou não só sendo um dos melhores musicais do ano, como também dos últimos anos. A história é fortemente inspirada no clássico de William Shakespeare, “Romeu e Julieta” e mostra os jovens Tony (Ansel Egort) e Maria (Rachel Zegler), que fazem parte de etnias completamente diferentes, pelas quais brigam constantemente de formas diversas. Afinal, o primeiro faz parte de uma gangue de estadunidenses, e a segunda é irmã de um dos líderes da gangue de costa-riquenhos. Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Spielberg sabe as grandes possibilidades que poderiam ser feitas nesta produção, e por isso nos brinda com diversos momentos que fazem esta produção ser única. A começar pela sequência de abertura, que é totalmente concebida com um número musical com uma melodia viciante composta por Leonard Bernstein (que provavelmente vai levar o Oscar), pelos quais consegue captar a nossa atenção de imediato. Isso não poderia ter ficado melhor, já que a fotografia de Janusz Kaminski usa e abusa de tonalidades amareladas e acinzentadas, para remeter ao fato de estarmos assistindo ao filme dos anos 60 (e isso ocorreu durante toda a projeção, vale destacar). Com relação às canções, há dos mais diversos tipos, dos mais românticos aos mais animados e dramáticos. Mas Spielberg sabe muito bem como e quando conduzi-las, pois ele sempre os coloca nos momentos certos e não durante arcos dramáticos ou desfechos aos quais o espectador ainda está absorvendo o que foi visto. São nestas horas que vemos o talento do casal protagonista vivido por Elgort e Zegler, consegue não só ter química, mas também semblante e entonação para as músicas. Agora uma atriz chave, pelo qual acaba roubando a cena é a costa-riquenha Rita Moreno (que esteve no original interpretando a irmã de Maria, Anita, e agora vive Valentina, a chefe de Tony), que possivelmente pode ser indicada ao Oscar de atriz coadjuvante. A veterana sabe brilhar quando aparece e até mesmo possui ótimos momentos chaves em cena (já que muitos dos pesos dramáticos caem sobre ela). O remake de “Amor, Sublime Amor” é uma verdadeira obra de Steven Spielberg que mostra o quão o mesmo estava nitidamente apaixonado na hora de conceber essa nova roupagem ao clássico.
Crítica | Chucky: A Série (1ª Temporada)

Engenharia do Cinema Já não é novidade que a franquia “Brinquedo Assassino” havia caído e muito a qualidade de seus últimos filmes, especialmente o recente reboot (que funciona mais como comédia, que um filme de horror). Com propósito de “reaver” a imagem do boneco Chucky, “Chucky: A Série” tenta pegar a essência do original (que foi um enorme sucesso nos anos 80 e 90) e transpor em oito episódio tudo aquilo que queríamos ver: terror com um humor negro de primeira. E confesso que eles finalmente conseguiram isso. A história mostra o tímido adolescente Jake Wheeler (Zackary Arthur), que após adquirir um boneco em uma venda de garagem, para colocar em sua obra de arte, acaba descobrindo que o mesmo se trata do famoso serial-killer Chucky (ainda dublado no original por Brad Dourif, e em português por Guilherme Briggs). Então o mesmo volta a espalhar sua onda de terror, com várias mortes e sempre fazendo Jake se tornar o principal suspeito. Imagem: SyFy/USA Network (Divulgação) Com episódios com duração em torno de 50 minutos cada, em cada um deles vemos que cada vez mais o programa tenta mostrar a origem do mesmo (lembrando que o criador da franquia, Don Mancini, está envolvido com o programa como showrunner e diretor do piloto) e explorar o perfil de todos os seus personagens coadjuvantes, antes de executar determinadas ações com os mesmos. Desde os tios de Jake, Logan (Devon Sawa) e Bree (Lexa Doig), até mesmo colegas de escola do mesmo, como Lexy (Alyvia Alyn Lind) e Devon (Bjorgvin Arnarson). Tudo é bem conduzido e nos capta o interesse, assim como a abordagem de Jake, cujo ator Zackary Arthur consegue transpor um trabalho considerável dentro do que lhe é proposto. Já quando voltamos a origem de Chucky, na época que ele estava no corpo do icônico assassino Charles Lee Ray (vivido pela filha do intérprete original do mesmo, Fiona Dourif, que é encoberta com um excelente trabalho de maquiagem), a pegada da série fica mais voltada ao terror e o gore rola ainda mais solto. Mas sempre com uma pegada cartunesca, aos quais acabam fazendo a produção voltar ao estilo cômico. É nesta hora que compreendemos o talento de Fiona e da veterana Jennifer Tilly (que volta a viver a assassina e namorada de Chucky, Tiffany). “Chucky: A Série” acaba não só resgatando a qualidade original dos filmes da franquia “Brinquedo Assassino“, como também abre um leque enorme para continuar com mais arcos envolvendo o boneco Chucky. Que venha a segunda temporada!