Crítica | The Witcher (2ª Temporada)

Engenharia do Cinema Após o estrondoso sucesso da primeira temporada e uma conturbada produção de seu segundo ano, com interrupções por conta da quarentena e acidentes com o ator Henry Cavill, finalmente foi lançada a mesma. Agora com uma pegada bastante diferente do primeiro ano, agora não há mais uma preocupação em apresentar os personagens e sim contar uma história totalmente linear e que consiga atingir seu rumo de forma curta e direta. A temporada tem inicio exatamente quando a antecessora acabou, com Geralt (Cavill) se encontrando com Ciri (Freya Allen), e a levando para começar a estudar a arte da magia e feitiçaria. Apesar dele acreditar que o primeiro não pode ter morrido em batalha, Yennefer (Anya Chalotra) inicia uma jornada paralela, para encontrar o mesmo. Imagem: Netflix (Divulgação) Começo destacando que esta temporada é menos confusa que a antecessora, que além de contar três histórias distintas (com as “origens” de Geralt, Ciri e Yennefer) se passava em diferentes épocas. Agora tudo é literalmente no mesmo ano, porém são duas histórias que se juntarão futuramente. Com os diversos problemas enfrentados na produção, realmente fica difícil reparar que isso acabou sendo transposto em tela, pois além de termos ótimas atuações (principalmente da parte de Allen, que tem um arco maior agora) o design de produção e maquiagem estão impecáveis. Alguns descuidos são notados apenas nos efeitos visuais, que parecem não ter tido uma finalização mais digna (mas isso é bastante praxe nas produções da Netflix). Felizmente isso não acaba atrapalhando a imersão nas cenas de batalhas, principalmente no arco final da temporada. Mas já aviso de antemão que esta temporada ainda consegue ser tão brutal e violenta como sua antecessora, mas não é algo gratuito ou até mesmo forçado. Era necessário para o contexto. A segunda temporada de “The Witcher” consegue se sobressair em cima da primeira, e ainda continua possuindo uma qualidade digna de seu enredo. Que venha o terceiro ano!
Crítica | Pânico (Sem Spoilers)

Engenharia do Cinema Após o quarto filme da franquia “Pânico” ter tido uma boa receptividade, em 2011, o cineasta Wes Craven começou a idealizar um então possível quinto longa. Porém após os escândalos de Harvey Weinstein (que era detentor dos direitos da franquia) que fizeram todos os vindouros filmes da sua produtora serem cancelados, e o falecimento de Wes Craven em 2015, o mesmo ficou estagnado. Mas após a Paramount adquirir o estúdio daquele, a Miramax, algumas franquias começaram a ver a luz do dia novamente. E uma delas acabou sendo o próprio “Pânico”, que começou do zero com os roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick. Para não adentrar em território de spoilers (afinal, neste tipo de filme quanto menos você souber sobre, melhor), a história não foge dos outros quatro longas, e mostra uma nova onda de assassinatos do Ghostface, em Woodsboro,. Isso acaba fazendo com que o trio Dewey (David Arquette), Gale (Courteney Cox) e Sidney (Neve Campbell), acabem auxiliando o novo grupo de jovens que correm perigo. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) Agora com a direção da dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (do divertido “Casamento Sangrento“), eles sabem que possuem a difícil missão de tocar um projeto como uma espécie de tributo. Enquanto os últimos exemplares haviam caído no olhar mais satírico, este quinto não vive apenas de diversas homenagens a cineastas (por intermédio da nomeação de alguns personagens como Wes (Craven) e as protagonistas vividas por Jenna Ortega e Melissa Barrera serem as irmãs Carpenter (remetendo ao icônico John Carpenter), mas sim há diversas cenas onde há sangue e violência de sobra (algumas são captadas de uma forma, que dão até aflição de olhar). Porém como estamos falando de um gênero slasher (aos quais a premissa é apenas matar seus personagens de formas diversas, não importando o contexto), o roteiro acaba buscando soluções bastante esdrúxulas para causar algumas mortes. Mesmo cheio de referências aos longas antecessores, nesta altura este tipo de atitude poderia até mesmo não ter ocorrido mais (uma vez que um universo de situações mais inteligentes haviam sido criadas). Quanto aos personagens, não há um aprofundamento em nenhum deles, mas apenas no legado que aquele universo carregou como um todo. Realmente não conseguimos nos importar com a maioria dos novos nomes. Este novo “Pânico” acaba sendo um verdadeiro fanservice para os fãs da franquia, pelos quais estavam carentes de uma boa produção do Ghostface, e que homenageia o legado de Wes Craven de forma digna.
Crítica | Four Good Days

Engenharia do Cinema Este é aquele típico filme feito para chamar atenção das premiações e mostrar que determinadas atrizes têm um ótimo semblante dramático. No caso, Four Good Days junta a veterana Glenn Close com a atriz Mila Kunis que é conhecida mais por comédias e produções de ação. Ainda sem ter tido a oportunidade de mostrar seu talento em dramas, aqui só temos a comprovação que a mesma é realmente uma ótima atriz e que ela segura a trama com a própria Close. Kunis interpreta Molly, que após 10 anos envolvida com drogas resolve voltar para sua casa e ter um novo rumo em sua vida. Mesmo com a desconfiança de sua mãe (Close), ela a leva para uma clínica de reabilitação onde o médico lhe informa que para tomar a injeção de abstinência ela terá de ficar quatro dias sem usar nenhum tipo de droga. Eis que mãe e filha acabam vendo que este período pode se tornar uma eternidade. Imagem: Vertical Enterteiment (Divulgação) Apesar do diretor Rodrigo García não transpor absolutamente nada de anormal, e ser bastante operante em sua função, o show mesmo é sem dúvidas da dupla protagonista. Enquanto temos uma Close interpretando uma mãe traumatizada pelas ações de sua filha no passado, Kunis vive a filha totalmente destruída pelas drogas. Com um excelente auxílio da equipe de maquiagem, ela realmente pareceu uma pessoa destruída pelas drogas e chega até mesmo assustar (principalmente para os que já estão acostumados com o semblante da mesma). Agora com relação ao roteiro de Eli Saslow e do próprio Garcia, ele não é nem um pouco diferente de produções recentes como Querido Menino, que extrapola ao mostrar a verdade nua e crua de uma família que vive vários problemas por ter um filho drogado. As situações são sempre as mesmas, pelas quais qualquer pessoa com conhecimento deste tipo de comportamento, já deduz tudo o que virá no decorrer da narrativa deste filme. Four Good Days mostra um enredo já conhecido nos cinemas, pelos quais acaba se sobressaindo por conta da atuação excelente de Glenn Close e Mila Kunis.
Crítica | Pig – A Vingança

Engenharia do Cinema Não é de hoje que o astro Nicolas Cage está envolvido em vários projetos aleatórios, onde alguns deles soam tão estranhos que acabam sendo realmente bons. O que é o caso deste Pig – A Vingança, que está trazendo seu nome de volta aos holofotes e inclusive às premiações (até mesmo sendo cotado para o Oscar de atuação). Mesmo com algumas pessoas vendendo o mesmo como uma espécie de John Wick, já alerto que o longa do cineasta Michael Sarnoski (que também assina o roteiro com Vanessa Block) é um forte drama sobre redescobertas. No longa, Cage vive Rob, um homem que mora no meio de uma floresta e vive caçando trufas com seu porco de estimação. Então um dia ele é fortemente agredido e o mesmo é sequestrado. Ao acordar, ele nota que é a hora de voltar para a civilização após um longo período fora, e terá de encarar algumas pessoas de seu passado. Imagem: MGM (Divulgação) Realmente o grande chamariz e diferencial no filme, é a atuação do próprio Cage. Sem emitir muitas palavras, suas atitudes chegam a ser uma verdadeira incógnita, pois ele não só transmite um semblante depressivo e triste, como também um ameaçador e que poderá fazer qualquer coisa grave para obter uma resposta. Isso já consegue captar a atenção do espectador até mesmo em uma simples cena onde ele prepara um frango cozido. Mas o cineasta Michael Sarnoski também faz isso com o jogo de câmeras, pois como nesta cena citada, ele literalmente mostra o preparo desde a mutilação do animal, até levá-lo ao forno. Pig – A Vingança é uma grande surpresa que só um astro como Nicolas Cage poderia nos trazer. Por fim, felizmente consegue ser uma luz potente na carreira de um ator que é bastante querido por todos.
Crítica | Bar Doce Lar

Engenharia do Cinema Apesar de ter uma enorme fama e prestígio, quando o astro George Clooney assume a função de diretor, seus filmes normalmente se encaixam facilmente no quesito “ame ou odeie”. O mesmo pode-se dizer dos seus dois últimos projetos Suburbicon e O Céu da Meia-Noite, cuja recepção foi bastante morna e deixam ainda mais este rótulo sob ele. Em Bar Doce Lar, parece que suas experiências pessoais e ótima relação com nomes presentes no elenco como Ben Affleck (que ganhou com ele o Oscar de filme por Argo, em 2013), fizeram este ser o seu melhor filme desde Boa Noite e Boa Sorte, de 2005. Inspirado no livro de memórias do jornalista J.R. Moehringer, vemos como na sua infância na casa dos avós, e sua convivência com seu Tio Charlie (Affleck), foram bastantes influenciadoras em seu caráter e desenvolvimento como homem, enquanto sua mãe (Lily Rabe) enfrentava diversos problemas graves em sua vida, como o conturbado relacionamento com o Pai de J.R. (Max Martini). Imagem: Amazon Studios (Divulgação) O roteiro de William Monahan procura explorar seu enredo embasado em situações já conhecidas neste tipo de temática, onde em quaisquer filmes de John Hudges vemos isso ser exercido com uma certa maestria. Apesar de não ter nenhum arco original, sentimos que há algumas pitadas verídicas na relação dos atores/personagens, a começar com Affleck se assemelhar bastante com Charlie na questão de problemas com Álcool, que obviamente lhe auxiliaram a lidar melhor com sua interpretação. Enquanto seu pai, vivido por Christopher Lloyd (o icônico Doutor Emmett Brown, da trilogia De Volta Para o Futuro), ainda bebe um pouco do personagem citado (roubando a cena em alguns momentos, inclusive). Já as versões criança (Daniel Ranieri) e adolescente/adulta (Tye Sheridan) de J.R., se diferenciam mais no quesito de atuações, pois o primeiro demonstra uma vivência melhor que o segundo, que notoriamente está no automático. Porém estamos falando de uma produção comandada por George Clooney, ou seja, não esperem bastante inovação ou até mesmo situações que podem dar o Oscar para algum envolvido. Tudo soa meramente como uma produção feita para honrar um amor pessoal dele, por conta do estilo de vida mostrado (que inclusive remete ao de bastantes pessoas). Mas o destaque realmente acaba caindo em cima da trilha sonora, que tem músicas de Golden Earring, Ace, Pilot e outras bandas que fizeram sucesso no passado (inclusive, acaba se casando bastante com a temática do filme). Bar Doce Lar realmente se mostrou uma enorme surpresa neste início de 2022, pelos quais consegue nos transmitir uma ótima sensação no término de sua exibição.
Crítica | Cobra Kai (4ª Temporada)

Engenharia do Cinema Já não é novidade que uma das maiores séries da atualidade é Cobra Kai. Com uma incrível velocidade que a equipe e envolvidos conseguem fazer cada uma das temporadas (inclusive esta quarta, que foi rodada durante a pandemia), o mesmo pode-se dizer quando cada uma delas é lançada, pois mesmo contendo 10 episódios com cerca de 30 minutos cada, é normal grande parte do público conseguir terminar uma temporada em um único dia. Pode-se dizer isso também para esta quarta temporada, que chegou na Netflix exatamente no último dia do ano. Dependendo do ponto de vista, digo que a plataforma terminou/começou o ano com chave de ouro. Esse quarto ano começa onde terceiro parou, com Johnny (William Zabka) e Daniel (Ralph Macchio) unindo suas equipes de Karatê para participarem do campeonato municipal e conseguirem combater o grupo Cobra Kai, que agora está sob comando de John Kreese (Martin Kove). Só que este agora também conta com o apoio de seu antigo parceiro, Terry Silver (Thomas Ian Griffith). Imagem: Netflix (Divulgação) Nesta nova temporada vemos que o clima continua o mesmo, porém agora a abordagem decai mais em cima de outros personagens que ainda sequer haviam ganhado destaque como o filho mais novo de Daniel, Anthony (Griffin Santopietro) que cai em contradição com o comportamento exercido pelo seu Pai, e começa a ter conflitos com o novo colega de escola Kenny (Dallas Young). Este demonstrou ser um baita acréscimo na série, e ainda casou perfeitamente como uma espécie de “novo caminho” que o programa tenta levar (que é apresentar subtramas mais detalhadas de coadjuvantes). Se isso não soubesse ser trabalhado, iria afetar a dramaturgia do enredo principal, porém ele só acaba acrescentando e até mesmo trazendo mais emoção ao arco final. Confesso que também foi bastante divertido ver que neste novo ano souberam trabalhar a questão de Johnny e Daniel trabalhando juntos, após quase 30 anos sendo rivais. Um misto de emoções são criadas, e realmente eles continuam transpondo química e naturalidade. O mesmo pode-se dizer dos antagonistas, John e Terry (que chegou agora ao seriado), que renascem sua parceria dos clássicos filmes e pela primeira vez vemos o lado humano da dupla (que inclusive estava ausente nos longas), e seus traumas que os levaram até ali. Apesar de ter tudo isso, a trama ainda sabe elaborar o amadurecimento dos personagens que compõem a equipe dos lutadores. Mesmo eles não sendo o foco da vez, Miguel (Xolo Maridueña), Samantha (Mary Mouser), Tory (Peyton List) e Robby (Tanner Buchanan) tem seus momentos apenas com a seguinte enfase de “olha, eles são protagonistas ainda, mas não vamos focar em neles, por enquanto”. A quarta temporada de Cobra Kai continua mostrando que a série faz jus aos ensinamentos do Sr. Miyagi, ao focar no lado humano de seus personagens e se divertir em cima disso.
Crítica | A Filha Perdida

Engenharia do Cinema Em seu primeiro filme como diretora, a atriz Maggie Gyllenhaal claramente tem como objetivo transpor seu projeto mais pessoal. Com um elenco de primeira, A Filha Perdida é um longa que notoriamente foi feito para um público feminino na faixa dos 40 anos para cima, pois não só aborda a crise da meia-idade, como também nos faz refletir sobre algumas decisões que tomamos na vida por impulso. Baseado no livro de Elena Ferrante, o longa mostra Leda (Olivia Colman), uma mulher com quase 50 anos que está passando suas férias em um local paradisíaco. Então ao observar a vida de uma família na praia, ela começa a refletir sobre suas atitudes no passado e começa a desenvolver uma relação pessoal com Nina (Dakota Johnson). Imagem: Netflix (Divulgação) Com uma narrativa que apela mais para a ação, do que para diálogos, Gyllenhaal consegue exercer sua marca logo nos primeiros minutos de exibição (que já havia feito um curta metragem para a minissérie antológica, Feito em Casa, para a Netflix). Enquadramentos nos olhares de Colman e de outros personagens, assim como as mãos destes exercendo distintas atividades, até transpor o ato em geral como um todo. Dependendo da perspectiva do espectador, isso pode cansar e até mesmo incomodar (porque isso não é habitual neste tipo de produção). Em quesito de atuações, digamos que apesar de Colman estar perfeita mais uma vez, e Johnson estar em um papel dramático relativamente bom (mas fraco, em contexto geral), temos nomes como Ed Harris, Peter Sarsgaard (marido de Gyllenhaal) e Oliver Jackson-Cohen totalmente em papéis secundários e sequer são bem explorados. Com relação aos arcos de Colman jovem, realmente o trabalho de maquiagem e cabelo em cima da atriz Jessie Buckley lhe deixaram bastante similar com a veterana (chega as vezes, até a assustar tamanha semelhança). A Filha Perdida acaba sendo um drama bastante ácido que certamente conseguirá emocionar e bastante o público feminino.
Explicando o longa “Não Olhe Para Cima”

Engenharia do Cinema Quando sai da sala de exibição do longa Não Olhe Para Cima (sim, este filme passou nos cinemas brasileiros), no começo de dezembro, uma coisa era certa: galera iria polemizar este filme, sem sequer dar ao trabalho de entender o verdadeiro motivo de sua narrativa. Lançado pela Netflix em seu catálogo em 24 de dezembro, muitos debates têm sido feitos até então, com relação ao fato da produção escrita e dirigida por Adam McKay (O Âncora) ser feita apenas para um “nicho de espectador” e que principalmente “foi feita para atacar o governo brasileiro” (sim, este absurdo vem sido citado por várias pessoas). Anunciado no início de 2020 (como você pode ver a noticia publicada por nós aqui, foi antes da pandemia), Não Olhe Para Cima começou contratando Jenniffer Lawrence e originalmente seria lançada em 2020. Mas por conta da pandemia, acabou sendo jogada para este ano. Mas em recentes entrevistas durante a divulgação e campanha para o Oscar 2022 (que possivelmente veremos a produção em várias categorias), o próprio McKay garantiu que o escopo da produção é uma sátira que demonstra o comportamento do ser humano em relação ao aquecimento global. A história gira em torno dos astrólogos Dr. Randall Mindy (DiCaprio) e Kate Dibiasky (Lawrence), que acabam descobrindo a existência de um cometa que está prestes a colidir com a terra. Com um prazo de seis meses até o impacto, vemos a trajetória de ambos, ao tentar convencer o mundo que ele está cada vez mais perto do fim. Em meio a esse processo o longa nos apresenta várias situações distintas, como se fossem verdadeiras esquetes sobre os mais diversos comportamentos humanos. Imagem: Netflix (Divulgação) A começar pelo grande interesse da sociedade em se ligar mais para a vida amorosa de celebridades, do que o fato do mundo estar prestes a acabar. Quando a classe política coloca as mãos na situação, o longa se torna uma crítica mais séria e mostra por vários ângulos que o ser humano não está preparado para lidar com este tipo de situação. Todos acabam defendendo mais o próprio ego, ao invés do iminente fim do planeta terra. Isso é apresentado em diversas cenas, seja pela celebridade (vivida por Chris Evans) que apoia uma causa que não entende (como até membros do elenco deste filme o fazem), a mídia jornalística fazendo pouco caso da situação, comentários em redes sociais, memes e até mesmo algoritmos de dispositivos eletrônicos que “escondem” os fatos para mostrarem coisas supérfluas. Inclusive alguns personagens são subornados por de baixo dos panos, para adequar algumas opiniões para a sociedade, com o linguajar de bom samaritano (como ocorreu com o cientista vivido por DiCaprio). Vale ressaltar e deixar claro que em momento algum é citado posicionamentos políticos ou algo do tipo, apenas como o ser humano é ignorante como um todo. Tudo é apenas em prol do próprio ego, e em momento algum paravam para analisar o que estava ocorrendo (tanto que a decisão de explorar recursos do cometa, sequer foi analisada por especialistas da área e sim por “algoritmos de computadores”, ou seja, iria dar errado). E como estamos vivendo um contexto de pandemia, muitas pessoas estão interligando com situações aos quais vivenciamos e automaticamente “rotulando” o filme como uma espécie de “divertimento gourmet” ou até mesmo “se você é de ‘x’ pensamento, não é um filme para você”. Agora pegue e reflita: o que acabei de citar no último paragrafo, realmente não acabou mostrando tudo isso que o espectador está fazendo? Lembrando que estamos falando de um filme cuja premissa já foi apresentada inúmeras vezes em diversos longas metragens como Dr. Fantástico, Armageddon e por ai vai. No desfecho de Não Olhe Para Cima vemos que realmente não há um retrato satírico da humanidade, mas sim uma imagem verdadeira do que está ocorrendo atualmente em nosso planeta.
Crítica | Ferida

Engenharia do Cinema Apesar de ter ficado quase um ano na geladeira, por conta de não ter conseguido uma distribuidora, o longa de estreia da atriz Halle Berry como diretora foi adquirido pela Netflix. Mesmo com a plataforma tentando criar um ar de “filme de Oscar”, Ferida é o típico filme clichê de esporte, pois enquanto um estúdio nos lança uma produção como King Richard, o outro nos chega com esta produção que possui todos os arcos já conhecidos e uma trama totalmente desinteressante e amadora. O enredo mostra a aposentada lutadora Jackie Justice, onde após uma enorme onda de sucesso, vive de maneira precária e desempregada. Mas tudo em sua vida muda quando sua mãe aparece com o garoto Many (Danny Boyd Jr.), e alega que ele é seu filho. Mesmo sem acreditar na situação, ela acaba aos poucos voltando a se aproximar do garoto e tenta realocar sua vida nos ringues. Imagem: Netflix (Divulgação) Lembre dos clássicos Rocky, Touro Indomável, Ali e até mesmo A Procura da Felicidade. Agora jogue em um liquidificador, bata tudo e coloque em um copo. Então temos o roteiro de Michelle Rosenfarb, que não é nada original ou até mesmo convincente em sua abordagem, pois em momento algum criamos afeição ou interesse pelos personagens. Para piorar Berry não se mostra como uma boa diretora, pois ela visivelmente não sabia como realizar cenas de luta (pelas quais as coreografias são bastante pobres, e quando não haviam as mesmas, era feito um enquadramento no rosto de algum personagem que estava batendo), assim como as dramáticas (já que em cada situação ela opta por um enquadramento diferente). Para não falar que tudo estava realmente perdido, Rosenfarb ainda aposta em um romance na metade pro final do longa, que soa de maneira totalmente forçada e até chega brevemente a mudar o rumo da produção (que era sobre mãe e filho). Em contexto geral vemos que certamente esse filme deve ter acontecido por causa do desejo antigo de Berry em ser diretora, e alguns amigos apostaram neste sonho dela (que ainda precisa de muita prática para dar certo). Ferida acaba sendo exatamente como o próprio nome diz, ou seja, é uma verdadeira “Ferida no catálogo da Netflix”.