Sarau das Ostras completa dez anos com homenagem à poetisa Dona Mazé

Há exatos dez anos, no dia 25 de junho de 2010, surgia o Sarau das Ostras, em Praia Grande. O projeto foi idealizado pelo poeta Nego Panda, 45 anos, e hoje é um coletivo poético marginal periférico, que visa fomentar a poesia e a literatura de várias formas. O Sarau das Ostras foi o primeiro sarau periférico da Baixada Santista. Por conta da covid-19 a comemoração do sarau vai ser online. Haverá uma live de comemoração no Instagram do sarau, às 20h, com o lançamento do livro do sarau Transformando Versos em Pérolas. Terá ainda uma homenagem à Maria José Delfino, poetisa negra e periférica carinhosamente conhecida como Dona Mazé, de 80 anos. Ela teve a oportunidade de fazer seu primeiro livro Anseios Poéticos, pela editora Periferia tem Palavra. “A homenagem para a Dona Mazé está ocorrendo desde o início do ano. Nós produzimos um documentário sobre ela e no dia 8 de março aconteceu um sarau em sua homenagem. Na ocasião, ela pôde falar um pouco da sua vivência poética e familiar, trazendo questões sobre ancestralidade, africanidade descendência e realeza,  partilhando isso com outras mulheres de diferentes idades”.  Nego Panda Dona Mazé mora em Praia Grande atualmente, mas nasceu em Lins, região Centro Oeste de São Paulo. Periferia Tem Palavra Paralelamente ao trabalho realizado pelo Sarau das Ostras, surge a editora Periferia Tem Palavra. A editora traz a personificação desse pensamento poético na produção dos livros artesanais em antologias. Isso da oportunidade a novos autores para terem suas obras publicadas. O livro da Dona Mazé foi um deles.  Atualmente, além da produção do livro do sarau, o coletivo está trabalhando a vendagem do livro Anseios Poéticos da Dona Mazé. Eles acreditam que ela tem uma riqueza impar que merece ser compartilhada. Nascimento e crescimento do sarau  “O crescimento do Sarau das Ostras foi considerado rápido, talvez por ser o primeiro do gênero na região. Mas não imaginávamos que iríamos estar completando dez anos. Não apenas isso, sendo uma referência para outros projetos que foram surgindo ao longo desse percurso”, afirma Nego Panda. O início do sarau se deu porque ele sentia falta de um sarau periférico na região.  “Eu já frequentava a Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande, que realiza eventos e saraus. Mas eu sentia a necessidade de um sarau periférico, coisa que até então não tinha na Baixada Santista. A ideia era que os MCs, o pessoal do rap chegasse com suas letras sem o uso da base e compartilhassem essa poesia. Eu conversei com alguns amigos que já participavam de outros saraus e do hip hop. A primeira pessoa que conversei sobre isso foi o Pelé (RO3P), e depois estendi a conversa para o Poeta Fernandes, dona Ludimar e o Abel(A2k)”, explica.  A princípio a ideia era um evento que reunisse o rap e a poesia periférica. Com o desenrolar das apresentações e eventos realizados, as pessoas passaram a ver o Sarau das Ostras como um grupo. Hoje o Sarau é composto  pelos poetas e poetisas:Nego Panda Poeta da Boêmia; Poeta Fernandes; Ludimar Gomes; Dona Mazé; Lua; Pelé (RO3P); Abel(A2k); Arquimedes Machado( Poeta do Morro); Serginho Serginhô.  Eventos literários O Sarau das Ostras nunca manteve um cronograma marcado com dia programado.Os saraus aconteciam em diferentes espaços como escola, faculdades, coletivos, eventos literários e eventos de hip hop. Mas o Sarau tinha uma maior periodicidade de eventos no Espaço Cultural Verde América e o Sebo Café em Praia Grande. “Nossa maior parceria foi com o Espaço Cultural Verde América, onde realizamos muitos eventos de lançamento de livros, videoclipes, CDs, rodas de conversa”. “Ao longo desses dez anos, realizamos diferentes eventos e lançamentos como a primeira Mostra Literária de Literatura Periférica da Baixada Santista. Além disso, fizemos lançamentos de livros de diferentes autores. Dentre eles: Vulgo Elemento, Marah Mends, Israel Neto, Emerson Alcalde, Julio Tumbi Are, Julio Cesar Costa, além das Antologias Gotas de Vinagre vol.1, vol.2 e vol.3. Por que Sarau das Ostras?   O nome Sarau das Ostras tem um significado. Nasceu da ideia que a ostra é um ser presente na natureza e que vive no mar, essência dos moradores do litoral. Por outro lado, a ostra também é vista como motivo de cobiça, por parte de exploradores sem escrúpulos que visam somente o lucro, em busca das pérolas preciosas.  “Estas por sua vez, são reações do molusco a corpos estranhos que invadem seu organismo, assim, como vermes ou grãos de areia. Nós a nossa maneira, com o sentimento de reação contra tudo o que nos incomoda, produzimos versos, poemas e letras, muitas de protestos e de conscientização dos problemas de nossa sociedade. Estas traduzem, veemente, o valor de nossas pérolas”.

Svit retorna com single Magrim Ruim e cita evolução em maior vivência da vida

O rapper caiçara Svit, 21 anos, de São Vicente, anunciou seu retorno à cena com o single Magrim Ruim na sexta-feira (19). O último trabalho do artista foi o CD Entre o Beck e a Bad, lançado em 2018. A música Magrim Ruim é um boombap no melhor estilo sujão e já está disponível nas plataformas digitais. A  letra carrega punchlines e egotrip (normalmente os sons de egotrip são cheios de punchline e do ego do MC na letra). A faixa foi gravada no Estúdio Bom Bando, em Santos e a produção é do Speed, de Recife. O clipe do single foi dirigido pelo Svit, todo no efeito VHS, realçando o estilo carregado e sujo, no estilo oldschool. O rapper diz que esse é o início de uma sequência de lançamentos para o ano, prevendo mais dois sons até agosto. Seis anos de carreira e uma nova identidade Embora com apenas 21 anos, Svit tem muita história dentro do rap para contar. Tanto que ele está completando seis anos de carreira.  Com isso, diz estar dando inicio a uma nova identidade para essa sua fase musical. Muito da sua mudança de identidade se deu porque o artista esteve em tour do CD Entre o Back e a Bad. Ele passou por mais de 22 cidades e seis estados. Essas viagens renderam uma baita experiência.  “Eu tive um monte de vivência em lugares e com pessoas diferentes, somou muito para o meu trabalho. Aproveitei para aprender técnicas diferentes, renovar minhas influências e ampliar meus temas e vocabulário. Ao mesmo tempo quis inovar muito na identidade também. Eu sempre tive a identidade marrento, cheio de egotrip. Mas sempre cantei o que eu vivo e antes eu vivia uma fase de explosão repleta de depressão, problemas internos, rolê na madruga e uso abusivo de drogas. Isso refletia muito no meu trabalho e deixava ele com uma carga muito negativa e depressiva”. Svit Hoje diz que está em outra fase e quer trazer outras mensagens com uma vibe mais pra cima em seus sons e identidade mais forte, mas com a mesma egotrip de sempre. “Sinto que evoluí muito, estou em constante evolução”. Sem grana, mil cópias do CD e um sonho… Além de evoluir nessa tour, Svit também conseguiu aumentar seu público. Quando lançou junto do DJ cuco, o CD Entre o Beck e a Bad decidiu iniciar uma viagem vendendo o CD físico. O intuito era expandir seu público pelo Brasil e tentar fazer virar de vez e poder finalmente gerar alguma renda com meu som. “Nessas, rodamos mais de 22 cidades (passando por SP e todos os estados do Nordeste). Vendi quase 4 mil cópias de mão em mão. Isso também ajudou a aumentar meu público no spotify em 999% e me ensinou muita coisa para a minha carreira. O CD passou dos 20k de acessos e eu tive um monte de vivência foda”, explica.  Em uma dessas vivências foi que Svit conheceu o Speed, produtor do beat de Magrim Ruim. Ele estava de passagem por Natal com o irmão dele, Tai Mc, e ficou na minha casa em Natal por duas semanas. Depois me levaram pra conhecer Recife, onde fiquei um mês junto com eles. “Nessa trip, também tive a chance de ter vivência com muita gente como Teagacê (Mc de Natal, onde eu fiz muitas amizades e um público foda). Finalizei a tour voltando pra SP, onde continuei fazendo shows, contatos e vendendo cd até outubro. Depois, comecei a trabalhar com uma balada lá e focar nos projetos novo”.  A maior vivência e loucura da vida de Svit Svit caracteriza essa tour como a maior vivência e loucura de sua vida. Ele saiu da Baixada Santista repentinamente, sem dinheiro e com mil cds na mochila, direto para São Paulo. Dois meses depois estava no Nordeste, começando por desbravar Natal (RN), para onde foi com 100 reais, mais mil cds e seis peças de roupa na mochila. A duração da tour era para ser de quatro meses no máximo.  “Mas cada vez mais aparecia um novo destino, o que resultou em quase oito meses no Nordeste. Estava sozinho, longe de família, amigos e zona de conforto, mas criando laços novos em todo lugar que passava. Finalizando a tour com uma duração de um ano em outubro de 2019 e começando a agilizar os projetos novos.  Daí em diante, para começar os lançamentos agora. Tudo isso motivado pelo sonho de viver de música”.  De loucas experiências, feats e projetos Svit afirma que durante a tour escreveu muita coisa em vários estilos de som. Desde então, começou a organizar os projetos para montar um cronograma. “Eu e o DJ Cuco estamos mudando um pouco nossa forma de trabalhar e preparando muita coisa para esse ano. Até agosto queremos lançar mais dois sons no mínimo, serão boombaps que foram escritos na tour. Logo em seguida, começar o lançamento de sons novos em estilos diferentes, estamos explorando bastante os beats de trap”. Ele afirma que tem “uns feats pra sair também” com nomes como: Romulo Boca, Félix, Iannuzzi e mais alguns que ainda não pode divulgar. As produções de seus beats também devem vir de novas parcerias além da com a do Dj Cuco. Por isso, podemos ver Svit rimando em beats assinados por: M2K, Speed, Lr Beats, Dj Lksh, Guilherme Cres, Chvzvn e outros. Sobre Svit e Vinícius  “O Svit é na verdade uma personalidade minha. É só um lado meu, o lado mais agressivo, explosivo, artista. Porque o Vinícius mesmo é totalmente diferente e todo mundo que já conheceu os dois fala isso”, explica. O artista considera-se de Santos e São Vicente, pela maioria de suas vivências serem entre as duas cidades. Mas ele é de São Vicente, do Parque Bitaru, apesar de ter nascido em Santos. O rapper escreve desde os 12 anos. Mas só conheceu o rap e descobriu que escrevia um pouco no estilo quando conheceu Racionais. Nessa linha, começou a conhecer outros grupo. Com 14 anos, decidiu que era

Entrevista | Preta Jô – “É a força do empoderamento racial e feminino”

A rapper Preta Jô, 23 anos, de Santos, está soltando as faixas do seu primeiro EP Empretecer. A produção transmite a força do empoderamento racial e feminino. A artista está lançando as músicas do EP aos poucos. Na próxima quinta-feira (25), lançará o clipe da música Empretecer. Os vocais, as letras, a potência nas faixas já lançadas são de arrepiar. A Preta Jô contou mais detalhes sobre o seu primeiro EP ao Blog n’ Roll: Como o EP Empretecer foi composto? Suas experiências de vida contribuiriam para a composição? O EP Empretecer é meu primeiro EP. É a realização de um sonho e apenas o começo de tudo. Nele, eu deixo toda minha essência: tudo o que eu sou, minhas vivências reais e sentimentos profundos. A primeira faixa Filme de Terror é um desabafo diante da atual situação política e social não só do País, como do mundo. Você cita a Nanne Bonny, o Caoz, que estão na cena da Baixada Santista. Como elas inspiram você? A faixa seguinte Abundância retrata um desejo de riqueza para todas as mulheres que compõe a cena local, inclusive eu. É nessa faixa que eu cito a Dj e produtora cultural Nanne Bonny. Ela foi a primeira, que com o Movimento E.L.A, além de me acolher e abrir espaço, valorizou minha arte de forma profissional. Cito também @s menines do Caoz, +band da Baixada, que sempre me fortaleceram e inspiraram com seu rap e levante. Além de mulheres, muitas são pretas/mães solo como eu. A gente sempre se fortalece no quesito maternidade e trabalho. Somos merecedoras de toda abundância que há. Lançamento da faixa Empretecer A terceira e principal música, Empretecer, é o fundamento desse EP: triunfo, amor e poder ao povo preto- será lançada na próxima quinta-feira (25). A quarta faixa fala sobre a superação de um relacionamento abusivo. Já a quinta e última música é sobre minha personalidade e dedicada a todas que estão fora do padrão. O último lançamento sairá até o final de julho. Quais são as mensagens que você quis passar com esse trabalho? O EP, assim como minha carreira num todo, transmite a força do empoderamento racial e feminino, e reforça a nossa resistência. Quem produziu o EP? As letras e melodias são minhas. Os beats são do Prod The Vita e do Allure. A captação, masterização e mixagem foram feitas pelo Estúdio Bom Bando. Quando você conheceu e há quanto tempo faz rap? Eu sempre compus e poetizei tudo. Mas há cinco anos o rap me fez enxergar que isso seria mais do que um hobbie. Seria também meu porta voz, minha salvação como mulher, preta e mãe solo, minha paixão e meu trabalho. Ouça as faixas do EP nas plataformas digitais: Filme de Terror e AbundânciaInstagramFacebookContato: jordanapoetisa@gmail.com

Beyoncé quebra a internet mais uma vez: ouça Black Parade

Beyoncé pegou todo mundo de surpresa (mais uma vez) e soltou a faixa Black Parade nesta sexta-feira (19). A música celebra o fim de mais de 200 anos de escravidão nos EUA, chamado Juneteenth. “Por favor, continuem a lembrar da nossa beleza, força e poder”, pediu a Queen B nas redes sociais ao divulgar a faixa. O dia 19 de junho de 1895 se chama Juneteenth porque é uma junção da palavra junho e do número 19 em inglês. Além da música, Beyoncé divulgou uma galeria digital com apresentação de trabalhos de artistas e empreendedores negros. Os lucros de Black Parade serão destinados para o fundo BeyGOOD, que apoia negócios comandados por pessoas negra.

Thamy Iannuzzi presenteia filha no aniversário de um ano com a música Lua

A rapper Thamy Iannuzzi, 22 anos, de Santos, homenageou sua filha na recente música lançada Lua, nome da bebê. O som foi um presente para a Lua, que completou 1 ano no dia do lançamento, 13 de junho. No clipe, há imagens caseiras da pequena Lua e a letra retrata o amor que Thamy sente por ela, bem como a saudade. “Foi um som bem difícil de gravar. É muita emoção envolvida, eu falo da vivência que estou tendo, é todo um processo”, afirma. Thamy foi uma das entrevistadas para a matéria especial de Dia das Mães do Blog n’ Roll. Na ocasião, compartilhou que atualmente sua filha está com a avó e essa decisão foi muito difícil, mas necessária. “Estou longe para não te deixar no pior momento”, diz um trecho da música. A faixa saiu pelo selo Frog Prod. “Sempre enfatizo o quanto a Frog Prod me ajuda a realizar as coisas que eu quero, passar o sentimento que eu quero de forma original. Eles sempre me acolhem”, ressalta.

Isolado: EP do santista Dre Vila traz identificação para quem enfrenta quarentena

O rapper Dre Vila, 25 anos, de Santos, lançou o EP Isolado no último dia 5. O trabalho tem cinco faixas que abordam diversos sentimentos que as pessoas podem sentir durante o isolamento social. Assim como os beats, as letras surgiram em três dias de produção durante a quarentena. Embora possa parecer um tempo curto, a qualidade do EP está muito boa e ele passa uma vibe de identificação.  “A ideia de fazer o EP foi justamente por achar que nesse momento as pessoas estão consumindo mais arte. Por saber disso, como artista me senti na obrigação de produzir algo que as pessoas pudessem ouvir e se identificar com cada coisa dita nas músicas. Foi a vontade de tentar “confortar” as pessoas. E também faze-las entender que cada angústia, tristeza, saudade ou qualquer sentimento parecido é compartilhado outras pessoas e que de alguma forma ela não está sozinha”.  Dre Vila Outra forma que Dre entende que o EP pode ajudar as pessoas é porque ele passa uma ideia de consolo. “A intenção é que todos nós cantemos juntos nesse momento para que outras pessoas entendam que tudo isso é só uma fase. E no futuro vamos nos lembrar que devemos valorizar ainda mais o mundo saudável e sem aquilo que nos roubou muito sentimento bom que foi essa doença, a covid-19, que continua nos assombrando dia após dia”.  O produtor de todo o trabalho, Gilberto Júnior, compartilhou da ideia e produziu os beats do EP. “Por isso, cada sentimento que os instrumentais passam tem parte do sentimento dele também”. Após a produção dos beats e composição das letras, Dre e Gilberto partiram para o processo de gravação que durou quatro dias. O processo final foi a mixagem e masterização feito três semanas.  Mais lançamentos Além do EP Isolado, Dre pretende lançar outro EP ainda esse ano intitulado  Músicas pra ouvir na chuva. Ele também está em processo de gravação do álbum Quem não pode errar sou eu, que também deve sair esse ano. Começo de carreira Dre Vila, morador do bairro Saboó, começou no rap na sua adolescência. A princípio, gostava do rock e reggae e até teve bandas desses estilos. Entretanto, decidiu apostar no rap de forma séria em 2016. “Comecei a escrever de forma séria com objetivo de botar os trabalhos para frente. Mas também por entender que o país estava numa transição estranha de rappers brancos e de áreas nobres. Fiquei confuso sobre o rumo que o rap estava tomando no Brasil. Achava que se eu chegasse cantando as coisas que eu vivo e vejo seria visto como um “estranho”. Mas felizmente tive pessoas ao meu lado que me fizeram enxergar que o rap é minha casa, pelas minhas origens e pela cor da minha pele”, afirma.  O rapper conta que uma época não se sentia maduro o suficiente para soltar os trabalhos. “Eu não queria errar como via essa leva de “rappers” burguês errando nas linhas. Então, em 2018 decidi finalmente soltar um som. Mas só em 2019 com a parceria de dois amigos de infância que é o produtor Brak, e o MC St Begod soltamos o álbum Cigarro, Chiclete & Pólvora. Eu iniciei meus caminhos em meio ao movimento e me sinto muito feliz de ter dado as caras ao lado desses caras que são mais do que significantes na minha vida e no meio artístico”.