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Arctic Monkeys debuta The Car no Brasil, mas não esquece hits em São Paulo

Com um disco fresquinho na bagagem, o Arctic Monkeys retornou ao Brasil três anos e meio após sua última passagem por aqui, quando foi headliner do Lollapalooza. E, justamente, com uma canção de The Car, Sculptures of Anything Goes, que a banda de Alex Turner abriu o show principal do primeiro dia do Primavera Sound, no Distrito Anhembi. Muito bem recebida pelos fãs, a faixa mostrou que a banda não precisaria de muito esforço para ter o público na mão. Bastava incluir seus principais hits e colocar os singles do novo álbum que o jogo já estaria ganho. Brainstorm, Snap Out of It, Crying Lightning e Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair em sequência, uma música de cada álbum dos ingleses, mostrou que a ideia era justamente contemplar todos os públicos da banda. Dos mais antigos, que beiravam um punk rock moderninho, até os mais introspectivos das fases mais recentes. AM, maior sucesso comercial da banda, segue sendo o carro-chefe do show, mesmo após o lançamento de outros dois álbuns. Mas Alex Turner e companhia não ignoram os outros trabalhos. Pelo contrário, conseguem um equilíbrio muito bom. A diferença para a apresentação no Lollapalooza está justamente na troca do protagonismo de Tranquility Base Hotel + Casino por The Car. O primeiro aparece mais tímido no setlist, com apenas duas canções, enquanto o mais recente surge com quatro faixas no repertório. Alex Turner melhora show do Arctic Monkeys Ademais, Alex Turner parece mais empolgado em cena, diferente do que vimos em 2019, no Lollapalooza, quando lembrou até Julian Casablancas, do The Strokes, mas sem as piadas idiotas. Algumas canções ganharam novos arranjos, como Four Out Five e 505. Novidades? Do Me a Favour voltou a figurar no Brasil pela primeira vez desde 2012, tal como rolou na véspera, no show do Rio de Janeiro. I Bet You Look Good on the Dancefloor e R U Mine? fecharam a apresentação da melhor forma possível. Impossível foi segurar esse povo todo para o restante do festival, que tinha programação estendida até 2h, com nomes relevantes, inclusive.
Mitski rouba a cena no Palco Primavera e faz um dos melhores shows do festival

A cantora nipo-americana Mitski, de 32 anos, saiu certamente como a artista que mais ganhou público e consolidou fãs no primeiro dia do Primavera Sound São Paulo. No Palco Primavera, logo após o Interpol, que estava no Beck’s, Mitski fez uma apresentação cheia de emoção, sensualidade e repertório consistente. Os dois maiores sucessos comerciais de Mitski, campeões de streams, bury me at makeout creek e Be The Cowboy, dominaram o repertório, com seis e cinco músicas, respectivamente. E foi justamente com os singles desses dois álbuns que a cantora mostrou sua força diante dos fãs. Cantaram juntos o tempo todo.O domínio do palco por parte de Mitski também impressiona. São apenas dez anos de carreira e oito dos primeiros singles com alcance comercial relevante. Mas ela se porta como uma veterana. Repleta de movimentos teatrais e influência nítida da dança contemporânea, a pouco fala com os fãs. Mas diante de um show tão impecável, impossível alguém se queixar dessa “falta de atenção” que o público brasileiro sempre espera dos artistas internacionais.
Interpol esquenta público do Primavera com set cheio de nostalgia

Interpol e Arctic Monkeys, duas das principais atrações do primeiro dia do Primavera Sound São Paulo, têm algo em comum: ambos vieram ao Brasil pela última vez em 2019, no Lollapalooza. Aliás, ambos estão com discos recém lançados na bagagem. The Other Side of Make-Believe, lançado em julho, é o que traz frescor para a apresentação do trio novaiorquino. Paul Banks, Daniel Kessler e Sam Fogarino vêm de uma temporada de shows sold out pela Europa. Na frente do palco, a expectativa dos fãs era muito grande. Foi o primeiro show da tarde que realmente houve “briga” por espaço na frente do palco. Os álbuns Antics, The Other Side of Make-Believe e Turn On The Bright Lights foram lembrados em dez das 12 faixas do repertório, que foi completado com uma canção de El Pintor e outra de Our Love To Admire. No palco, pouco se vê os integrantes. O gelo seco domina boa parte da apresentação e a iluminação baixa dificulta ainda mais a missão de ver os músicos. Sorte de quem conseguiu um lugar na frente e teve uma experiência melhor. Evil, de Antics, logo no início do show, foi um ponto fora da curva. Aqui, a iluminação contribuiu para a visão do público, diminuiu o gelo seco e aumentou os refletores no palco. Sem muita conversa, o Interpol aproveitou bem os 50 minutos no palco para engatar uma sequência de guitarras, algo que estava em falta até então na programação, deixando os fãs do Arctic Monkeys mais à vontade. The New, PDA e Slow Hands vieram em sequência, garantindo um fim de apresentação bem empolgante para os fãs mais nostálgicos. Melhor atração possível para entreter o público que esperava ansiosamente pelo Arctic Monkeys.
Acompanhada da Orquestra Bachiana, Björk faz show que poucos entenderam

Björk é grandiosa em tudo que faz. Ícone na moda, referência musical, símbolo da Islândia, seu país. Tudo em que está envolvida tem um cuidado em todos os detalhes. A apresentação no Primavera Sound, em São Paulo, não foi diferente. Acompanhada da Orquestra de Cordas Bachiana e com um figurino muito extravagante, Björk deu o seu melhor. No telão, uma mensagem pedia para que os fãs não a fotografassem, muito menos filmassem a apresentação. No entanto, não houve a sinergia necessária com o público. Na frente do Palco Primavera, onde ela se apresentava, uma debandada dos fãs rumo a outros palcos, mesmo com o concerto em andamento. No Palco Beck’s, onde um telão exibia a apresentação, o público reclamava das músicas e pedia para o DJ colocar um som diferente. Uma falta de respeito sem limites. Sim, o som de Björk não é fácil de digerir. Não é para um público jovem ávido por guitarras e bateria. Casaria muito melhor no Auditório Barcelona, junto a nomes incríveis como Amaro Freitas e Hermeto Pascoal. Nada, no entanto, tirou Björk de sua concentração. Apresentou um repertório semelhante ao tocado em seus últimos concertos. Destaque para Ovule, canção do recém-lançado álbum Fossora. Foi a única lembrada do disco. Que Björk retorne ao Brasil, no palco certo, na hora certa, que a experiência será ainda mais vibrante do que foi no fim da tarde deste sábado (5).
Helado Negro festeja Lula, dança e comando coro no Primavera Sound

Americano de origem equatoriana, Helado Negro subiu ao Palco Beck’s, logo após o término do show da Liniker, que rolou no Palco Primavera, no primeiro dia da edição inaugural do Primavera Sound, em São Paulo, no sábado (5). Helado e seus dois músicos de apoio, um baixista/guitarrista e um baterista, surgiram todos com calça cinza e camiseta vermelha, parecendo até uma homenagem aos bombeiros. Helado é muito comunicativo. Conversou com os fãs o tempo todo, fez dancinhas desengonçadas e pediu o apoio deles o tempo todo, sendo atendido em todas. Far In, álbum lançado em 2021, foi o que deu o tom do show de Helado Negro. Quando cantou Gemini and Leo, o músico puxou coreografias divertidas para acompanhar o som. Até o intérprete de libras, presente no telão de todos os shows, entrou na mesma vibe que o cantor, acompanhando os passinhos. There Must Be a Song Like You, também de Far In, veio logo na sequência. E, mesmo que o público desconhecesse boa parte do repertório, isso não foi problema. O show de carisma de Helado contagiou o público, que na reta final já gritava “Helado gostoso” e “Helado, te amo”. Antes de cantar Pais Nublado, o músico conquistou de vez os fãs, quando dedicou a canção ao presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva (PT), e foi ovacionado pelo público. Na reta final, ele ainda apresentou Running, quando foi para os braços do público e comandou um coro orquestrado durante o refrão. Mesmo que ainda não tenha um hit tão poderoso, Helado Negro saiu com gostinho de vitória do palco. Certamente conquistou uma nova fatia de fãs.
Primavera: Toda de rosa, Liniker emociona com vocal potente e set forte

Luccas Carlos e a cantora Liniker foram os representantes brasileiros no Palco Primavera, o principal da primeira edição do Primavera Sound, que teve início neste sábado (5). Aliás, Liniker entregou uma das melhores apresentações do dia, logo após o show de Amaia, que aconteceu no Palco Beck’s. Com muita desenvoltura, público na mão e uma banda incrível por trás, a cantora colocou o público para cantar e dançar do início ao fim. E arrancou lágrimas também. Atualmente com 27 anos, Liniker alcançou a fama em 2015, quando despontou nacionalmente e internacionalmente com o grupo Caramelows, lançando o EP Cru. A parceria com o Caramelows rendeu ainda dois ótimos discos, Remonta (2016) e Goela Abaixo (2019), ambos presentes em listas de melhores álbuns do ano. Mas Liniker sabe que é gigante. Hoje brilha em carreira solo, como cantora e atriz. No Palco Primavera, toda de rosa, assim como os integrantes da banda, Liniker cantou, tocou guitarra, dançou, correu de um lado para o outro. Estava muito feliz e à vontade diante de uma plateia muito receptiva. Começou o show com Antes de Tudo, faixa do seu álbum solo de estreia, Indigo Borboleta Anil (2021), que foi a base do repertório.Foi desse álbum que vieram outras canções apresentadas no show, como Mel e Baby 95. “Aplaude e grita porque tem uma travesti no palco”, gritou a artista. Mas nem precisava pedir, o público já estava entregue.