Descendents passeia por um dos legados mais lindos do punk rock em Londres

Com pouquíssimos shows marcados na Europa este ano, o Descendents voltou a Londres no último sábado (11). Aliás, a apresentação foi anunciada no último outono e tinha em seu line-up os suecos do The Baboon Show. No entanto, com algumas mudanças de última hora, Last Hounds e Wonk Unit foram as responsáveis pela abertura da noite. A Last Hounds subiu ao palco e mostrou um show enérgico e empolgante. Com Handmade, Extraordinary e Slow Burn tocadas na velocidade e volume máximo, banda abriu caminho para o vocalista mudar de lado e se juntar ao público para cantar Running With The Dead, todas do álbum de estreia deles, Burden, de 2021. Em poucas semanas, eles retornam a Londres, dessa vez em turnê com Lagwagon. Aliás, a banda seguirá os norte-americanos durante toda tour pelo Reino Unido, em junho. Do sul de Londres diretamente para o norte, uma das pérolas do underground inglês, o Wonk Unit. Para falar deles seria necessário abrir um capítulo extra, pois teríamos que voltar nos anos 1990, onde tudo começou. Porém, para ser mais rápido e dinâmico, a gente resume. A banda é um autoretrato do vocalista e fundador, Alex “Daddy” Wonk, como ele mesmo afirma. As letras são todas por experiências vividas por ele ao longo desses anos e falam sobre problemas pessoais transformadas em um diário pessoal. Com Heroin abrindo a festa, o Wonk Unit transformou a pista do Forum Kentish Town em uma bagunça sem limites. Rápidas palavras de agradecimento por estarem em uma festa junto ao Descendents e, logo depois, mais porrada sonora. Normalmente, os shows da banda ultrapassam 25 músicas. Sábado, no entanto, foi apenas uma amostra da diversão que é o show da banda. Músicas como Awful Jeans, Go Easy, Lewisham (bairro localizado no sudeste de Londres), Ja Mappelle e Kings Road Sporting Heroes, do excelente álbum Nervous Horse, finalizaram a apresentação em grande estilo. Descendents Sem nada mencionando o nome da banda e nenhum efeito de luz, os quatro integrantes do Descendents entraram no palco. Milo, primeiramente, perguntou quem esteve na última apresentação da banda em Londres, em 2018. O vocalista queria se desculpar pois disse que naquele dia a sua voz não estava boa o suficiente. Logo depois, apresentou o cartão de visitas com Everything Sux. Melhor entrada possível. A casa literalmente virou do avesso. De um clássico a outro, a banda voltou para os primórdios e mandou Hope, do clássico Milo Goes to School. Coolidge veio logo na sequência. Cinco minutos de euforia. A banda não fala, deixa que a música fale por eles, e vão tocando ininterruptamente. Com um set list gigantesco, mínimas pausas entre as músicas, Milo apenas dizia o nome da próxima faixa ou Bill abria a contagem nas baquetas. Uma coisa super interessante foi notar uma presença grande de fãs assistindo a banda de cima do palco. Também um número grande de crianças na casa, especialmente na parte superior. Uma banda que passou por diversos momentos na carreira, mudou de nome, acabou, voltou, vários problemas internos, hiatos, e ainda está lá mostrando para todos o quão relevante ainda é. O set se misturou perfeitamente e pelo menos uma música de cada álbum foi executada durante a maratona. Pontos altos do set? Sim, diversos! I’m the One, Myage, Without Love, Bikeage e pelo menos mais umas 15 músicas. A banda entrega exatamente o que os fãs querem, muitos hits. Por fim, podemos dizer que os quatro senhores nos deram um frescor da adolescência e nos lembraram como a música ainda nos leva a lugares que não eram visitados há muito tempo. Mais de 40 anos de história e um dos legados mais bonitos da história do punk rock mundial.

Jawbox transporta público em uma viagem sonora aos anos 1990, em Camden

Em mais um dos casos de shows marcados e remarcados por algumas vezes em função da pandemia, as lendas do rock alternativo Jawbox tocaram em Londres na última quinta-feira (9). Um fato curioso é que essa foi a primeira vez desde 1994 em que a banda veio como headliner por aqui. Aliás, esse era o único show da banda no Reino Unido. O local escolhido não poderia ser melhor, o Electric Ballroom, em Camden. E, por falar em escolhas, a banda de apoio desse show também foi uma excelente ideia: os ingleses do Delta Sleep, que em poucas semanas desembarcam para uma série de shows na América do Sul. Poucos minutos antes do início do Delta Sleep, a casa estava vazia. Bastaram os primeiros acordes para uma quantidade considerável de público aparecer. E foi aumentando durante a apresentação da banda. Com um mix de melodias, bateria percussiva e um baixo forte com as vozes intercalando agressividade e sutileza, a banda pontuou o set com músicas do último álbum, Spring Island. A mescla sonora da banda gera um mix de emoções durante as músicas. Os andamentos malucos deixam tudo muito imprevisível e vidrados no palco. Os músicos exploram os instrumentos e efeitos de forma muito especial, fazendo com que o show fique muito orgânico, mesmo com tantas variações durante as músicas. Destaques do show? Sim, os pontos altos ficam por conta de View to a Fill, Lake Sprinkle Sprankler e Dotwork. Semexagero nenhum, um dos melhores shows que acompanhei nos últimos tempos. Uma viagem direta do túnel do tempo nos levou de volta para os anos 1990, desde o público que já era grande na casa até a trilha sonora entre os shows. O Jawbox é daquelas bandas que sempre será lendária e estará nos melhores line-ups de todos os festivais. A musicalidade deles explica essa grande aceitação. É uma banda que se destacou em uma época que era tudo diferente. Aliás, depois de idas e vindas, sem lançamentos por pelo menos 20 anos, ainda mostra toda a sua relevância. Muito ruído e bateria desconstruída são as marcas registradas da banda, e isso ao vivo é reproduzido fielmente. A apresentação é uma imersão no meio dos anos 1990 com FF=67, Nickel Nickel Millionaire. Outras músicas como Chinese Fork Tie e Grip nos mostraram uma banda que estava extremamente feliz no palco e se sentindo totalmente acolhida pelo público. A baixista e fundadora, Kim Colleta, era só sorrisos durante a apresentação da banda, dispensando até o uso de microfones para se comunicar com o público. Uma avalanche sonora na noite de quinta-feira em Londres com duas gerações lado a lado trocando experiências e referências sonoras.

Drive-By Truckers faz show intimista em Londres para revelar Welcome 2 Club XIII

Com um álbum fresquinho na bagagem, os americanos do Drive-By Truckers estão excursionando pela Europa e Reino Unido até o final deste mês. Em resumo, o grupo tem tocado algumas canções do Welcome 2 Club XIII. Aliás, foi isso que o público presenciou na última quarta-feira (8), no O2 Forum Kentish Town, em Londres. A abertura da noite ficou por conta de Jerry Joseph, que fez um set baseado no seu último lançamento, o álbum The Beautiful Madness, de 2020. Infelizmente um set curto, pois o artista tem uma discografia imensa e para pincelar todo a sua obra, seria necessário pelo menos o dobro do tempo que lhe foi dado. Mas o set de Jerry Joseph foi muito bem escolhido. A bela Days of Heaven abriu o show e já deu a dica de como seria o resto da apresentação. Em síntese, seguiu exatamente dessa forma, mais intimista, no voz e violão. Ao todo foram seis canções. Já o Drive-By Truckers, que não dava as caras por aqui desde 2017, entregou um show com um set list enorme. Vinte e três músicas, quase duas horas de show, com participação especial do Jerry Joseph em Hell No, Ain’t Happy. Com garrafas de cerveja se misturando aos amplificadores e com uma luz mais baixa, a banda conseguiu aproximar mais dos fãs. Quanto ao set, nada mais justo ao dar prioridade ao recém-lançado Welcome 2 Club XIII e incluir seis músicas no repertório. A banda é perfeita ao vivo, todos os detalhes são tecnicamente executados ao vivo. É uma banda de rock que bebeu de diversas fontes, passa de Johnny Cash a Ramones. Por fim, também tem um forte posicionamento, no qual já questionaram diversas vezes os problemas que o Estados Unidos tem com o porte de armas.

Bad Religion, uma ligação de pai para filho em Londres. E ainda teve UK Subs

Nos últimos dias, Londres estava dividida entre diversas celebrações do Jubileu da Rainha. Mas foi outro evento importantíssimo que atraiu punks e fãs de hardcore ao Forum Kentish Town, no norte da capital inglesa. De um lado, a lenda do punk inglês UK Subs com seus 44 anos de história. Do outro, a referência do punk americano Bad Religion, que comemora 40 anos (coloquem mais dois na conta devido ao atraso de dois anos da pandemia). O evento foi uma belíssima imersão ao universo do punk, com a velha guarda misturada com adolescentes. O Forum recebeu um excelente público para prestigiar as duas bandas veteranas. Os ingleses fizeram as honras da casa e entraram em ação primeiro. Passearam por toda a carreira da banda, enquanto o carismático vocalista Charlie Harper conversava com o público com a mesma irreverência e proximidade de quem está em uma mesa bebendo um café com amigos. Som alto, empolgante e certeiro deixaram os ânimos altos para a atração principal. Em resumo, foram 16 faixas do UK Subs, prestigiando os álbuns Another Kind of Blues, Diminished Responsibility, Brand New Age e Endagered Species. Pausa rápida, mudança de backline e tudo certo para a entrada do Bad Religion. Antes de falar sobre o show, uma coisa realmente emocionante de ver foi o respeito mútuo entre as bandas. Jay, do Bad Religion, disse que era surreal depois de tanto tempo estar excursionado com uma banda que ele é muito fã. Charlie também disse que estar junto dos amigos do Bad Religion era algo mágico. Bem, os americanos fizeram um show certeiro, agradaram aos fãs mais velhos, causaram um impressão positiva para os que estavam lá pela primeira vez, além de ter emocionado o público. Em síntese, mostrou o motivo de ser uma das bandas mais relevantes do punk rock. Poderia escrever sobre o setlist, destacar que eles não erram acordes ou que os timbres de guitarra são e estão cada vez melhores. No entanto, o que vai ficar é uma experiência bem pessoal. Explico: em 1996, fui ao meu primeiro show do Bad Religion. Tinha apenas 15 anos, no Brasil. No Forum, no último fim de semana, meu filho, também com 15 anos, viu o primeiro dele, enquanto eu estava indo ao meu vigésimo. Muita coisa se passou nas nossas vidas, mudamos de país, aprendemos uma nova língua e uma nova cultura, porém nunca deixamos de ouvir a música deles. Uma coisa que passei para ele, mas que com certeza ficará marcado para sempre. A música nos proporciona coisas mágicas. Um dia que jamais será esquecido. Obrigado Greg, Jay, Brian, Mike e Jamie! Foi uma noite linda. Por fim, sobre o set list, estava tudo lá como sempre: uma avalanche sonora de 26 músicas. Clássicos, b-sides, singles, do primeiro ao último álbum. De We’re only Gonna Die até End of History, de Recipe for Hate, passando por Modern Man. Ou seja, um show de Bad Religion como deve ser.

Amyl and The Sniffers e Bob Vylan conquistam UK com som cru, visceral e discurso forte

Com a temporada de shows e festivais prestes a começar pela Europa e Reino Unido, abrimos junho com um dos mais aguardados concertos do semestre. A icônica casa londrina Brixton Academy foi o palco para Pist Idiots, LYNKS, Bob Vylan e Amyl and The Sniffers, na última quarta-feira (1). Os primeiros a darem as caras no palco foram os australianos do Pist Idiots. Show curto, influenciado por um mix de pós punk, punk e grunge. Os 40 minutos foram suficientes para passar o recado e apresentar ao público diversas faixas do primeiro álbum da banda, Idiocracy. Mudando totalmente o rumo da noite, diretamente do sudeste de Londres, LYNKS deu um clima dançante e performático na noite, com batidas eletrônicas, coreografias no ritmo de academia, misturados com backing vocals femininos. Tudo muito rápido e frenético. Prata da casa, o duo Bob Vylan entrou em cena de forma pouco convencional. Enquanto o vocalista se alongava, o baterista dava o ritmo para os exercícios. O show quebrou o clima de uma casa enorme e trouxe uma atmosfera de clube underground, no qual na primeira música o vocalista já voou de encontro ao público. Show necessário, pautado pelo fortíssimo discurso dos integrantes, onde diversas questões sociais e culturais são erguidas. Eis que a headliner da noite, a australiana Amyl and The Sniffers entrou em cena. Acredito que o ponto a ser festejado sobre o show é a postura selvagem da banda, especialmente da vocalista, fazendo com que o público ficasse frenético junto com ela. Uma banda crua, poderosa e visceral. Tocaram por cerca de 1h10, pautando o clima do show em levantar questões feministas, políticas e obviamente a oposição ao jubileu da rainha. Show de uma banda que está em uma crescente absurda. Dois anos atrás tocava em clubes pequenos e hoje é headliner para 5 mil pessoas, mas sem perder o ponto que divide o underground do mainstream. Após essa apresentação, Amyl ainda abriu o concerto de Liam Gallagher em Knebworth. E, agora, se prepara para os shows da Hella Mega Tour, com Green Day, Weezer e Fall Out Boy.

Resenha de show | Helloween e Hammerfall em O2 Academy Brixton

O Helloween convidou os amigos do Hammerfall para a excursão europeia United Forces. Dois dos maiores nomes do metal melódico, eles passaram por algumas cidades europeias. Aliás, o show de Londres, no O2 Academy Brixton, no último dia 5, foi o responsável por fechar essa primeira parte da tour. Quem se apresentou primeiro foi a sueca Hammerfall. Com um palco com plataformas nas laterais, bateria suspensa e muita, mas muita coreografia, a banda passeou por uma hora e meia diante do público londrino. Com o mais recente álbum na bagagem, Hammer of Dawn, os suecos pincelaram toda sua discografia e nos mostraram o motivo de ser uma das bandas mais relevantes do power metal. De clássicos como The Metal Age até a Brotherhood, do mais recente álbum, o Hammerfall deu conta do recado no aquecimento para o Helloween. Edit this setlist | More HammerFall setlists Logo depois, houve um espaçamento grande entre as bandas, porém necessário. Em resumo, as duas bandas estavam ali com todos os detalhes de palco. O Helloween, por exemplo, optou por um palco enorme e um telão fazendo todo o background, além de uma enorme abóbora elevando a bateria. É realmente impressionante como as músicas eram ilustradas com as imagens sendo exibidas no telão. Setlist do Helloween Os alemães não pouparam cartas e acertaram em cheio no setlist, onde priorizaram os três primeiros álbuns. Foram oito das 16 músicas tocadas. Aliás, como feito nas últimas turnês, mantiveram a dinâmica na troca de vocais entre Micheal Kiske, Andi Deris e Kai Hansen, que também roubou a cena fazendo sua parte vocal no medley Metal Invaders/ Victim of Fate/ Gorgar / Ride The Sky. O clima de amizade na apresentação foi o ponto alto. O respeito e a admiração mútuas eram claramente sentidas, seja nas palavras ou pelas trocas de olhares dos membros. O set list claramente não tirou nenhum coelho da cartola, jogaram pela vitória e isso foi de fato um grande acerto. Muitos ali já seguiam a banda há diversos anos, enquanto outros estavam vendo pela primeira vez. Portanto, nada mais justo que ter o melhor dos melhores. Edit this setlist | More Helloween setlists Helloween e Hammerfall vêm ao Brasil Em 8 de outubro, a dobradinha entre Helloween e Hammerfall chega ao Brasil. A apresentação será no Espaço Unimed (antigo Espaço das Américas), em São Paulo. A venda de ingressos já começou. Eles variam entre R$ 150,00 e R$ 300,00.

Resenha de show | Bowling for Soup no O2 Brixton Academy, Londres

Poucos dias antes do show em Brixton, o Bowling for Soup afirmou que o baterista Gary Wiseman havia adoecido e foi levado de volta para os EUA. Jaret Reddick raramente conseguia se lembrar de um show que eles fizeram sem ele em seus 28 anos de banda. Como seria o show? Felizmente, membros das bandas de apoio, The Dollyrots e Lit, entraram (assim como Jaret) na bateria para entregar, como prometido, “um show de rock completo”. As bandas de suporte fizeram exatamente o que era esperado, dois shows curtos, precisos e bem dosados. The Dollyrots com uma pegada mais punk rock, enquanto o Lit mais voltado ao pop punk deram o tom de como seria o desenrolar da noite. Ambas as bandas e o DJ Matt Stocks excursionaram juntos durante os 11 shows pelo Reino Unido, nomeando a tour de Crowd Surf the UK Tour. Antes do Bowling for Soup entrar no palco, Jaret apareceu sozinho e tocou uma versão acústica de Turbulence, do LP Fishin’ for Woos, de 2011. A ausência de Gary foi sentida. A bateria do Bowling for Soup tinha Greatest of All Time escrito nela, a faixa de abertura de seu novo LP: Pop Drunk Snot Bread. No entanto, estar desfalcado não significa que o show estava com falta ou esgotado de energia. A vibe era a mesma (as pessoas já tinham bebido o suficiente) para se entregar e extravasar com a trilha de outrora e dos clássicos My Hometown e High School Never Ends. Com o lançamento de Pop Drunk Snot Bread, algumas músicas deste álbum foram tocadas, incluindo a última faixa revelada, I Wanna Be Brad Pitt, além de Alexa Bliss, sobre a atual lutadora da WWE, que apareceu no vídeo para esta música. Essa música será lembrada na Brixton Academy por vários motivos. A banda parou Alexa Bliss no meio. Não porque houve uma briga (como geralmente é a causa), mas porque a banda sentiu que um membro da plateia estava angustiado!?. A banda explicou que eles haviam parado de tocar no passado, pois sentiram que as pessoas haviam perdido sapatos e óculos e depois os encontraram. A banda deu bastante tempo e fez com que os membros da plateia recuassem para que pudessem ser feitas tentativas de encontrar o telefone de uma pessoa da plateia que havia sido perdido. Este ato de empatia do Bowling for Soup aumentou a atmosfera: eles então terminaram de tocar Alexa Bliss, que já virou um clássico instantâneo do Bowling for Soup. Aliás, eles não exageraram no material novo, tocaram apenas duas faixas do Pop Drunk Snot Bread. Embora, a julgar pelo número de camisetas alusivas ao disco, o público teria sido bem receptivo. Inclusive o vocalista citou os números de streaming do álbum em dia, o qual chegou na casa de 4 milhões! No entanto, eles tocaram todos os seus sucessos básicos, incluindo Punk Rock 101 e 1985, além de Girl All the Bad Guys Want. Além de entregar um show honesto devido ao desfalque do baterista e mostrar respeito ao público e um ótimo nível de piadas, eles proporcionaram uma performance única para uma banda onde todos os clichês são respeitados e seguidos a regra, enraizada no status quo pop-punk. Em resumo, isso funcionou desde tocar Last Christmas, do Wham, durante o bis, até mostrar muito humor (aliás isso a banda tem de sobra) através de um Comedy Jam separado, onde os membros do BFS, bem como os integrantes da equipe, faziam piadas ininterruptamente. O guitarrista Chris Burney, que estava de vestido e óculos de Alan Ginsberg, mostrou bom humor ao se virar para mostrar seu traseiro durante 1985, enquanto Jared cantava “ela ia sacudir a bunda no capô do carro do Whitesnake…”. Burney também ocasionalmente liderava a multidão cantando para a banda. A roupa do dia de São Jorge de um membro da equipe foi menos bem recebida; este ainda foi um esforço caloroso de uma banda tentando se conectar mais profunda e intimamente com seus fãs britânicos. Com base na reação quando o BFS anunciou que retornaria ao Reino Unido no final deste ano para um show de Natal, é justo dizer que tudo acabou bem e todo mundo foi embora com o astral lá em cima.

Resenha de show | Dead Can Dance no Eventim Apollo, em Londres

Após 40 anos a banda cult de música gótica neoclássica Dead Can Dance finalmente chegou a Londres, na primeira noite de sua turnê pela Europa, no último domingo (10). Hora de começar, bater um gongo, martelar um dulcimer, dedilhar um bouzouki e emitir declarações sobrenaturais. Este conjunto enigmático é uma referência para o exotismo auditivo em trilhas sonoras de filmes e televisão; pessoalmente, eles entregavam uma mistura inebriante de influências, baseando-se em tradições musicais da Turquia ao Tibete, da Irlanda à Índia. A vocalista Lisa Gerrard é a alta sacerdotisa do gótico global, seu extraordinário contralto ressoando em algum lugar entre a diva da ópera e a cantora sagrada com sua própria linguagem encantatória. Seu parceiro musical Brendan Perry é um vocalista convencionalmente emotivo com um canto de barítono melancólico, para melhor transmitir os sentimentos de The Carnival Is Over e a pompa tribal de Black Sun. A eles se juntaram a cantora/compositora de Shetland Astrid Williamson nos teclados e backing vocals e uma série de cavalheiros barbudos impressionantes em um conjunto orquestral de percussão e sopros. Mesmo com essa formação multi-instrumental, tal era o alcance de suas referências culturais que parte de sua paleta sonora pan-global foi sampleada e tocada por meio de sintetizadores. Com nove álbuns de estúdio em seu catálogo, havia riquezas de sobra. Sua versão de Persian Love Song foi apresentada pela primeira vez em quase 30 anos, enquanto a impressionante interpretação de Gerrard em The Wind That Shakes the Barley e a ressonante Severance de Perry eram mais parecidas com grandes sucessos. O Dead Can Dance o set principal com seu padrão mais catártico e atmosférico, The Host of Seraphim, augurado por doomy drone e tolling toms e elevado a um plano devocional pelos mantras monásticos dos membros da banda e pelo ululado arrepiante e fascinante de Gerrard.

Resenha | Less Than Jake, Millie Manders and the Shutup, The Toasters e Skinny Lister em Londres

Os americanos do Less Than Jake abriram as comemorações dos seus 30 anos de banda com nove shows pelo Reino Unido, sendo que sábado (9) foi o último dessa primeira parte da turnê pela Europa. Posteriormente, a partir de outubro, eles retornam para mais shows na parte continental. Time escolhido a dedo, venue perfeita para a festa, turnê muito bem sucedida até o momento, não tinha como dar errado. Millie Manders and the Shutup Iniciando a festa, Millie Manders and the Shutup foram os primeiros a subir ao palco do Forum Kentish Town. Aliás, um pequeno acidente logo nos primeiros segundos da música inaugural causou um fratura no dedinho da vocalista Millie. No entanto, isso não foi problema em nenhum momento, exceto por impedir ela de tocar seu saxofone em determinados momentos da apresentação. Em resumo, Millie Manders and the Shutup é uma banda maravilhosa ao vivo, na qual a performance vocal se encaixa perfeitamente nos arranjos pesados, com lindas passagens pelo ska, e refrões grudentos fazem tudo funcionar perfeitamente. Não tinha como estar melhor, a banda é fenomenal e a vocalista realmente faz um trabalho excepcional. O vocal dela é a cereja do bolo. The Toasters Logo depois, voltando no tempo e atravessando o oceano, diretamente de Nova York, uma das lenda do ska, The Toasters, entrou em cena. Enfim, o jogo já estava ganho, 40 anos de história, muitos shows, amigos, uma carreira maravilhosa foi construída e um legado incontestável. Infelizmente, um show de 45 minutos deixou um gosto especial no público. Missão cumprida com propriedade! Skinny Lister A penúltima apresentação da noite ficou a cargo dos ingleses da Skinny Lister. A banda entrou em ação como um terremoto. A Skinny mescla folk music com rock, cozinha padrão, porém pontuada com bandolim, violão, sanfona e baixo acústico. As vozes são intercaladas entre os vocalistas. Tudo nesse esquema frenético, como a própria banda no palco. A trinca final da apresentação da Skinny Lister foi o que faltava para deixar o público ainda mais animado para o Less Than Jake. Vieram em sequência, Hamburg Drunk, This Is War e Trouble on Oxford Street. Talvez o mais legal tenha sido que as três bandas deixaram no público uma impressão maravilhosa. Com certeza sets maiores seriam melhores para todos. Afinal, cada uma delas tinha também sua fanbase por lá. Less Than Jake Por fim, chegou a hora dos donos da festa: Less Than Jake! E a receita do bolo é com eles mesmos: muitos hits e piadas entre as músicas, garantindo aquele gran finale em alto nível. A banda toca feliz, JR (trompete) quando não está tocando, está na frente dos monitores dançando com o público. Cris e Roger formam uma dupla perfeita nas vozes, Bobby é o ponto chave nos backings e com um sax afiadíssimo, enquanto Matt é como o coração da banda. O Less Than Jake visitou grande parte da sua discografia, incluiu b-sides, teve como de costume o papel higiênico jogado no público, as bolas gigantes, mascotes inflados ao lado da bateria, piadas das mais diversas possíveis e todos os hits que ainda mostram todo o poder de fogo da banda. Dentre os hits mais festejados, destaques para Automatic, History of a Boring Town e All My Best Friends Are Metalheads. O Less Than Jake já está no célebre hall das bandas dos anos 1990 que estouraram com aquela geração de 1994, e faz jus a isso. Em resumo, a banda faz o show se divertindo, a energia deles é contagiante e talvez isso seja o sucesso. Por fim, podemos destacar que eles estão celebrando 30 anos na melhor forma, desfrutando do reconhecimento trabalho ao longo desses anos e sabem muito bem como fazer e organizar uma bela festa, vide o lineup que colocaram para a gente no último sábado.