O cantor e compositor Arthus Fochi traz um olhar melancólico e pouco “maravilhoso” para o Rio de Janeiro, em seu novo trabalho. Em parceria com o saxofonista americano Scott Hill e gravado em takes únicos, Quadrados na Bola é um EP pensado como uma suíte com lançamento do selo Cantores del Mundo.
“Sou filho de imigrantes de distintas gerações, minha filha e sua mãe são frutos de imigração. A distância e o pertencimento para mim são eternas construções. Mapear a cidade o tanto que pude e descobrir seus corredores, fiz ao lado de imigrantes. E assim, como artista, frequentei amizades de diversas ampolas urbanas e sociais. O Rio de Janeiro tem seus corredores e suas dificuldades para quem não cresceu ali e frequentou suas ampolas”, conta o artista, que nasceu no Rio mas cresceu na Região dos Lagos.
Para o projeto, Arthus contou com a parceria com Scott Hill, também com seu olhar de estrangeiro e parceiro de múltiplos projetos. O americano é fruto da tradição do improviso no jazz e trouxe isso para as canções de Fochi.
“Sempre gostei de conhecer expressões e pessoas. Tudo no Rio é dicotômico, é feliz e triste, sem escapatória, é torpor e perseverança. No Rio, em meio à obrigação da festa ou da militância, há uma luta constante por mobilidade social, fama ou notoriedade. Julgamento e auto-julgamento em retroalimentação. Quadrados na Bola é um pouco dessa experiência de vida cosmopolita e extremamente urbana, um pouco da dificuldade de associação nesse projeto de vida, um pouco da tristeza coletiva e individual de muitos que sonham com um lugar mais justo e melhor e se perdem em si”, completa Fochi, que hoje vive na Dinamarca.
O projeto veio para somar a uma trajetória já experiente como compositor, poeta, músico, pesquisador, professor e historiador. Todas essas são facetas presentes na aura artística de Arthus Fochi, um carioca filho de pai guarani paraguaio, que convergem na música.
Como autor, lançou dois livros independentes: Afasia (2010) e Poema Poeira (2012), com apoio técnico e parceria da Editora Cozinha Experimental. Em 2018, lançou também Ao amor imigrante, pela Editora Urutau.
Fochi faz de seu trabalho uma coleção de referências musicais e poéticas, brasileiras e latinoamericanas, folclóricas e modernas há mais de 10 anos.
Desde 2007, ele investiga ritmos da América do Sul, em viagens e residências artísticas. É articulador e fomentador da cultura hispano-americana no Rio de Janeiro.
Ao lado de Guilherme Marques, desenvolve como diretor geral a label Cantores del Mundo, cedido a Arthus em 2015 por Tita Parra (neta da folclorista icônica Violeta Parra).
Já participou de peças teatrais como diretor musical e ator (entre elas, “Xambudo”, montagem da Cia. Bananeira e dramaturgia de Aderbal Freire Filho, vencedora do Festival de Teatro do Rio 2010).
Em 2015, atuou e fez trilha sonora para o curta-metragem Sopro, uivo e assovio, de Bernard Lessa. Em 2013, iniciando a carreira musical, lançou o primeiro disco, Êxodo Urbano, gravado a convite de Juan Alcón na IEMF Los Carmeles (Madri).
Em 2017, lançou seu segundo álbum, Suvaco do Mundo. Fochi lançou ainda o registro Arthus Fochi e Os Botos da Guanabara – Ao vivo no Barbatana e uma série de singles, incluindo faixa Tro på dig selv, em homenagem à sua filha recém nascida, já morando em solo dinamarquês.
Recentemente, ele lançou Ano Sabático, plural álbum com colaborações com José Delgado (Venezuela), Lívia Nestrovski (EUA), Fred Ferreira (Portugal), Juliana Linhares (RN), Duda Brack (RS), Tyaro (PE), Déa Trancoso (MG), Qinhones, Ana Frango Elétrico, Chico Chico, Júlia Vargas e Ivo Vargas (RJ) e MASSAMBARÁ com o arranjador, cantor e trompetista Pedro Paulo Junior.