Rapper, cantor, compositor e força criativa polivalente, BNegão propõe um caldeirão de ritmos em Canto da Sereia, primeiro single de seu próximo álbum, Metamorfoses Riddims e Afins. A faixa dançante é um convite a se deixar levar pelos encantos rítmicos e abre as portas para uma sonoridade cheia de surpresas e transformações – como o próprio título do disco indica.
O primeiro single resume a proposta: a recriação radical; ora das próprias obras de BNegão, ora das que fazem parte da sua trajetória de vida, do seu DNA sonoro. Este último é o caso de Canto da Sereia, originalmente lançada em 1969.
Na sua primeira gravação, o cantor e compositor Osvaldo Nunes aparece acompanhado pelo lendário grupo The Pops. Este clássico obscuro foi resgatado pela Orquestra Contemporânea de Olinda em 2008, cuja gravação fez Canto da Sereia entrar com tudo na vida de BNegão.
Não por acaso, foi exatamente nos anos 60 que os riddims ganharam notoriedade. O termo faz uma referência à pronúncia, em patoá jamaicano, da palavra inglesa “rhythm”. Na linguagem do reggae, dancehall, calipso, soca e reggaeton, riddim refere-se ao acompanhamento instrumental de uma canção – mas naquela época, a figura do DJ também ganhava proeminência. Décadas depois, a evolução nesses ritmos e técnicas criou uma verdadeira ponte da Jamaica ao Brasil.
Esta nova versão foi produzida pela dupla BN e Gilber T, entre o final de 2023 e o início de 2024. Na releitura de BNegão, a música ganha uma batida completamente diferente, urbana, ao mesmo tempo em que o trompete de Pedro Selector alça voo e plana dentro da paisagem sonora. A percussão múltipla e marcante de Sandro Lustosa completa os destaques, trazendo a energia ancestral necessária para que o encanto da sereia faça seu efeito.
Na voz, BNegão surpreende e se aventura por mares nunca antes navegados dentro da sua discografia. Para além da trajetória incomparável com o Planet Hemp, o rapper traz uma carreira solo elogiada como BNegão & Seletores de Frequência, tendo lançado álbuns como o marcante Enxugando Gelo (2004), Sintoniza Lá (2013) e TransmutAção (2015). Nove anos depois, o artista está pronto para expandir sua sonoridade para novos caminhos, com o Canto da Sereia abrindo as águas.