O foguete sobe e o homem pisa na lua. Na medicina o sucesso dos transplantes faz um branco receber o coração de um negro. O avanço tecnológico abre caminho para o surgimento da internet e dos computadores. E na moda a mini saia abala os costumes.
Esses são alguns dos bons acontecimentos que ocorreram durante a década de 1960; entretanto nem tudo era “flower power” e “peace and love”.
O presidente americano John Kennedy e o líder dos direitos civis dos negros Martin Luther King foram assassinados. No Vietnã milhares de corpos ardiam sob o efeito das bombas. A guerra fria e os conflitos mundiais dominavam os noticiários. E os hippies invadiam as ruas de todo o mundo levantando a bandeira da contracultura e protestando contra tudo.
Mudanças na música
No campo musical, a década de 1960 foi revolucionária e vanguardista. Marcada por vários movimentos, passou por cima de todas as barreiras e preconceitos.
Além do legado deixado pelos festivais, a genialidade e capacidade criativa de muitos artistas transformou a década no berço da era da música moderna.
Apesar de todos os aspectos positivos desse período, não podemos esquecer que alguns fatos tristes ligados ao rock marcaram o fim daqueles anos e o início dos anos 1970.
Como já tivemos a oportunidade de comentar em outro artigo, o fundador dos Rolling Stones, Brian Jones, o guitarrista Jimi Hendrix, a cantora Janis Joplin e o cantor do Doors, Jim Morrison, morreram e para completar os Beatles anunciaram o fim da banda.
Como disse John Lennon, “o sonho acabou” e o clima estava sombrio e desanimado.
A cena musical, apesar de diluída em vertentes, carecia de algo contundente para balançar aquele período apático e tedioso.
Os adolescentes desejavam renovação ou qualquer ação que trouxesse um som diferente, com visual mais colorido e descontraído.
As gravadoras e os produtores de shows também buscavam novas tendências. O fenômeno da androgenia se estabelecia por todos os segmentos.
Glam rock
Tudo se juntou e esse contexto sociocultural e musical deu origem a mais um sub gênero do rock, o Glam Rock.
O Glam Rock surgiu na Inglaterra no início dos anos 1970 e o nome nasce do termo glamour devido o uso exagerado de brilho, glitter e purpurina nas maquiagens e pinturas. Com plumas, paetês e sapatos com salto alto exaltavam a bissexualidade tanto nos figurinos, quanto no comportamento.
O gênero também é conhecido como Glitter Rock. Em muitos casos, as performances nos palcos eram tão sofisticadas e teatralizadas que também ficou conhecido como Theater Rock. Musicalmente as influências vinham do blues, hard rock, art rock e o pop “bubble gum” com riffs simples e refrão grudento.
Principais nomes do Glam
Entre os principais ícones da geração Glam estão Marc Bolan da banda T. Rex, David Bowie que com suas constantes transformações estéticas e musicais ficou conhecido como o camaleão do rock e o cantor Gary Glitter, o Elvis do glitter, devido seu grande topete.
Bandas como Slade, The Sweet participaram do Glam Rock com propriedade e inúmeros sucessos.
Entre outros nomes que aderiram ao brilho e fantasias, destacamos Brian Ferry da banda Roxy Music, o cantor Elton John e a cantora Suzi Quatro.
Nos Estados Unidos destacamos: Vicente Furnier, que com sua banda Alice Cooper, foi o precursor do rock teatral. Com seu personagem andrógeno, enchia o palco com cobras, cadeira elétrica, guilhotinas e muito sangue falso. Posteriormente vieram as bandas Kiss e New York Dolls.
No Brasil, as fantasias e o androgenismo ficaram por conta da banda Secos e Molhados e a Rita Lee, com a banda Tutti Frutti.
Para concluir, citaremos uma fala de Alice Cooper que com seu humor característico disse: “A maioria dos conjuntos de rock sobe no palco e toca. Não podem compreender que se o bolo é bom, ficara melhor com sorvete. E, além do mais, por melhor que sejam os guitarristas, um dia tudo fica parecendo a mesma coisa…” (A música do século XX)
Citação
“Não acho que ser roqueiro seja lá uma grande vocação; eu sou um ator e um artista – apenas utilizo o rock como tela para minhas primeiras pinceladas”.
David Bowie (A música do século XX)
Rock Abraço
Aldo Fazioli