Crítica | A Morte do Demônio: A Ascensão
Engenharia do Cinema Inicialmente previsto para ser lançado diretamente no HBO Max, “A Morte do Demônio: A Ascensão” era visto de maneira mista pelos fãs da franquia, uma vez que Sam Raimi e Bruce Campbell (criador e protagonista da trilogia original) estariam presentes apenas como produtores. Sob a direção e roteiro de Lee Cronin (que já trabalhou com Raimi, na minissérie antológica “50 States of Fright”), temos uma obra que mesmo não sendo uma continuação direta dos outros quatro filmes (sendo que o último, foi um reboot do primeiro), funciona como um epílogo para o possível retorno da cinessérie. Após um terremoto acarretar em uma falta de energia em um prédio e abrir uma cratera no estacionamento do próprio, Danny (Morgan Davies) acaba encontrando não só vários vinis interessantes, como também um misterioso livro. Ao abrir o mesmo em seu apartamento, enquanto ouvia aqueles, o próprio acaba acordando uma entidade demoníaca que se aflora em sua mãe Ellie (Alyssa Sutherland). Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Já na sequência de abertura, é nítido que o foco de Cronin será referenciar o trabalho de Raimi nos dois primeiros longas. Seja por intermédio da câmera andando rapidamente pelo cenário ou dando os enquadramentos rápidos, pelo excesso de violência (e aqui há muita) com nojeira em algumas cenas (pelas quais os mais sensíveis vão se abalar facilmente) e o fator exploração de um cenário sombrio, ao máximo. Tudo isso com uma metragem de 90 minutos (que bate com a metragem média da trilogia original). A única exceção (e confesso que senti muita falta) foram os efeitos visuais em CGI serem colocados como prioridade, ao invés dos práticos. Apesar do primeiro ser uma fórmula mais fácil para determinadas produções, a franquia se destacou nos cinemas por conta dos efeitos práticos (que muitas das vezes, eram feitos tão simples, que ficavam ridículos). E mesmo não tendo a presença do icônico personagem Ash (vivido com maestria por Bruce Campbell), Beth (Lily Sullivan) realmente cumpre o que promete ao ser a incumbida de homenagear o próprio brevemente em algumas passagens (embora ela não tenha ainda a presença do citado, há duas passagens cujos fãs vão vibrar com a referência). Porém, o show aqui é realmente de Sutherland, que se desconstrói à medida que os arcos vão avançando e Ellie vai sendo mais e mais possuída pela entidade. Mas como tudo não é as mil maravilhas, o roteiro (escrito pelo próprio Lee) parece cair em contradição com ele próprio, ao tomar algumas decisões ignorantes com o que é visto (como Ellie não deixar ninguém usar o elevador, e a mesma acabar pegando em seguida). Em compensação, ele é audacioso ao conseguir quebrar alguns paradigmas do gênero (como colocar crianças como potenciais vitimas). “A Morte do Demônio: A Ascensão” não é apenas um longa de terror violento, perturbador e corajoso em alguns momentos, como também é mais um retorno sucedido de uma icônica saga de horror.
Crítica | Ninguém é de Ninguém
Engenharia do Cinema Não é novidade que o cinema espirita no Brasil, é quase sempre o mesmo padrão de qualidade em sua maioria. Vemos roteiros simples, atuações às vezes medonhas e uma direção totalmente errada (beirando as famosas simulações de esquetes em programas de auditório). Inspirado na obra de Zibia Gaspareto (que há alguns meses já teve seu livro “Nada é Por Acaso”, também adaptado para os cinemas), “Ninguém é de Ninguém” é um dos mais famosos e rentáveis livros da própria, desde seu lançamento em 2003. A história é focada no casal Gabriela (Carol Castro) e Roberto (Dalton Mello), onde este possui uma imensa possessão e ciúmes pela sua esposa, inclusive acreditando que esta está lhe traindo com seu chefe Renato (Rocco Pitanga). Em meio suas crises de ira, ele acaba alertando a esposa deste, Gioconda (Paloma Bernardi), fazendo com que a situação piore à cada dia. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Dirigido e roteirizado por Wagner de Assis (que já comandou filmes da temática como “Nosso Lar” e “Kardec”), o próprio já demonstrou para qual tipo de público ele faz seus longas desta temática: pessoas que não possuem o hábito de ir ao cinema, muito menos ler livros espíritas (entre outras palavras, são os menos exigentes). Consequentemente, somos brindados a um jogo de “pobreza” narrativa, como enquadramentos sensacionalistas, regados a uma trilha sonora que transmite um sentimento óbvio (como na cena onde Renato coloca a mão na cintura de Gabriela, cortando para um olhar canastrão de Roberto). Sim, realmente estamos falando de um filme que extrapola neste quesito. Isso porque não falei sobre as cenas de ambos os casais em suas casas, que se assemelham a uma família em uma propaganda de margarina (fugindo totalmente dos padrões de uma casa normal de brasileiros). Fora os diálogos que quando não são ditas frases de efeito ao rodo, o linguajar foge totalmente do que ocorre no dia a dia (em outras palavras, faltou um contato de realismo por parte dos envolvidos). Porém, por incrível que pareça, o mesmo não pode ser dito da atuação de Carol Castro e Dalton Mello (que também são produtores do filme), que realmente são uma das únicas coisas boas nesta produção nacional. A desconstrução de ambos personagens ficam nitidamente bem representadas por conta da emoção transposta pela dupla (com exceção da maquiagem lhes imposta, que parece ter saído do primeiro “Evil Dead”), além deles possuírem uma boa química em cena. “Ninguém é de Ninguém” termina sendo mais um fraco filme de nicho, feito totalmente para pessoas adeptas ao espiritismo e nada mais além disso.
Crítica | I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston
Engenharia do Cinema Não é novidade que a cantora Whitney Houston sempre foi uma das maiores vozes da música, nos últimos anos. Com um desfecho bastante trágico e repentino (já que ela faleceu afogada na banheira de um hotel, após ter uma overdose de cocaína, em fevereiro de 2012), era certo que aconteceria uma cinebiografia da mesma cedo ou tarde. Em meio ao lançamento das histórias de Elvis Presley, Elton John e Freddie Mercury, a Sony Pictures anunciou que iria fazer um longa centrado na citada. Porém, é nítido que não houve uma preocupação em humanizar a própria e tudo se torna bastante rasteiro nesta produção. A história é centrada na carreira de Houston (Naomi Ackie) desde quando ela era pequena e foi descoberta pelo respeitado empresário Clive Davis (Stanley Tucci), passando por seu ápice na carreira quando se tornou uma das maiores vozes da música nos EUA, seu casamento conturbado com o cantor Bobby Brown (Ashton Sanders) e seus problemas com o vício em drogas e álcool. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Chega a ser bizarro o nível de retratação desta cinebiografia, no roteiro escrito por Anthony McCarten (que também escreveu “Bohemian Rhapsody“), uma vez que nitidamente ele teve medo em retratar os problemas pessoais da cantora e nos fazer ter uma proximidade maior com a própria. Durante os 152 minutos, tudo é resumido nos contextos de “Houston temos um problema” e a edição já corta para “Houston você vai se apresentar em X lugar. Vamos ver ela cantando porque o público gosta”. Isso sem citar que a fotografia de Barry Ackroyd se assemelha demais com um telefilme gospel, passando em momento algum aquela tonalidade viva e badalada que este próprio filme pedia. Realmente era perceptível que houveram conflitos da diretora Kasi Lemmons (que também estava totalmente perdida na função) com aquele e o editor Daysha Broadway (já que ambas não se casam em momento algum). E isso chega a ser bizarro, pois temas delicados como as relações conturbadas dela com seu Pai (Clarke Peters), que também era seu empresário, com o marido Bobby Brown, sua ex-namorada e assessora Robyn Crawford (Nafessa Williams) são todas mostradas de forma rasteira. Isso sem citar a ausência (que deve ter ocorrido talvez por questões de direitos autorais) de um arco maior envolvendo o filme “O Guarda-Costas“, pelo qual nasceu uma grande amizade e respeito entre a cantora e Kevin Costner (que lhe auxiliou até no desenvolvimento da icônica música tema, e aqui sequer dá as caras). A única exceção fica na relação entre Hudson e Clive, pelas quais são mérito também da ótima atuação de Ackie e Tucci (que nitidamente entraram de cabeça no papel). “I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston” termina sendo uma cinebiografia que nitidamente foi feita às pressas, com o intuito de beatificar ao máximo a imagem da cantora, deixando de lado seus problemas e polêmicas.
Crítica | As Múmias e o Anel Perdido
Engenharia do Cinema Enquanto a Disney se preocupa em fazer animações voltadas ao público das minorias, e consequentemente decai na qualidade e confiança dos pais ao levarem seus filhos para verem as mesmas, outros estúdios continuam mostrando que o gênero ainda há muito do que ser explorado para os pequenos. Nesta linha de pensamento, a Warner Bros da Espanha realizou em parceria com os EUA a animação “As Múmias e o Anel Perdido“. Com uma pegada bem infantil, realmente estamos falando de um produto feito focado apenas nas crianças com no máximo 12 anos (que certamente vão adorar), ao invés dos adultos. A história é centrada no campeão de corridas de biga Thut, onde após o Rei do Egito falar que ele deve se casar com sua filha, a Princesa Nefer, ambos rejeitam totalmente a ideia. Porém, durante um descuido da dupla e do irmão mais novo do primeiro, Sekhem, eles acabam descobrindo um portal que os leva para Londres dos dias atuais. Logo, eles acabam sendo alvo do inescrupuloso caçador de recompensas Carnaby. Imagem: Warner Bros (Divulgação) O roteiro da dupla Jordi Gasull e Javier López Barreira procura não realizar nada inovador ou complexo, que já não tenha sido mostrado em longas envolvendo o Egito e conflitos de tradições/épocas (embora algumas delas funcionem de forma plausível e divertida). Porém, se você for uma criança na faixa da idade citada anteriormente, você conseguirá comprar a premissa da animação já nos primeiros minutos (uma vez que na grade escolar do primário, é ensinado exatamente como funcionava a cultura mostrada no filme). Ciente que o foco é este, o diretor Juan Jesús García Galocha (que é estreante na função, mas já trabalhou na área de direção de arte em animações como “As Aventuras de Tadeo“) procura estabelecer no desenvolvimento do design de produção do Egito (que realmente é bem feito, sem apelar para cores muito gritantes) e na criação do pequeno “crocodilo de estimação” de Sekhem (que rouba a cena, devido a seu carisma). “As Múmias e o Anel Perdido” é uma tranquila e interessante pedida de animação para ser mostrada apenas e exclusivamente para as crianças, enquanto para os adultos se torna em uma experiência torturante e tediosa.
Crítica | O Exorcista do Papa
Engenharia do Cinema Há alguns anos o ator Russell Crowe não havia se aventurado em um projeto que lhe fosse tão impactante (uma vez que ele só estava pegando papéis como coadjuvante ou pequenas pontas), quanto este “O Exorcista do Papa“. Sob a direção de Julius Avery (“Operação Overlord”), temos um longa de horror que pode parecer clichê em um primeiro momento, só que devido ao trabalho deste na função e do roteiro de Michael Petroni e Evan Spiliotopoulos abre a oportunidade disso tudo ser exercido. Baseado nos eventos reais que foram retratados no livro “An Exorcist Tells His Story’ and ‘An Exorcist: More Stories“, a história se passa em 1985 e é centrada no Padre Gabriel Amorth (Crowe) um dos mais respeitados exorcistas que residem no Vaticano. Colocado na função pelo próprio Papa, seu posto é colocado em cheque cada vez mais por conta de suas sessões nada ortodoxas e principalmente quando ele é escalado para auxiliar uma família, cujo filho Henry (Peter DeSouza-Feighoney) acaba sendo possuído por um espirito demoníaco. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Começo enfatizando em um primeiro momento o principal nome que ajudou na qualidade positiva deste filme: Russell Crowe. Pela primeira vez estrelando um longa de horror, o veterano se mostra totalmente a vontade no papel, e inclusive coloca um estilo de Sherlock Holmes em sua interpretação (o que faz criarmos um certo carinho e proximidade com o próprio). Mesmo com um elenco de apoio contendo nomes desconhecidos, ele só é ofuscado pelo novato Peter DeSouza-Feighoney, que realmente rouba a cena e possui uma presença digna dentro deste contexto. Quando a dupla está junta nas cenas de exorcismo, 60% do sucesso da mesma ocorre por conta deles (uma vez que Avery não usufrui de algo inovador ou até mesmo violento/assustador como vimos em “Operação Overlord“). Em contraponto, às cenas que englobam o contexto da trama não ficam enrolando demais ou exigindo muito do espectador. São sucintas e breves dentro do enredo (tanto que a metragem do longa ficou na casa dos 90 minutos), inclusive estamos falando de uma narrativa que se preocupa em contar uma história ao invés de pregar sucessos (como na franquia “Invocação do Mal”). “O Exorcista do Papa” consegue ser uma agradável surpresa positiva, em meio a uma época onde o gênero de terror está cada vez mais desgastado nos cinemas.
Crítica | Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
Engenharia do Cinema Após a fracassada versão cinematográfica de “Dungeons & Dragons“, lançada em 2000, Hollywood estacionou a franquia por um tempo. Porém, com o sucesso de filmes como “Transformers” e “GI Joe“, resolveram retornar com este projeto que foi passando por estúdios como Warner, Universal e finalmente sendo idealizado pela Paramount Pictures. Com um elenco estelar contendo astros como Chris Pine, Michelle Rodriguez, Hugh Grant, Justice Smith, Regé-Jean Page e Sophia Lillis, foi uma grata surpresa ver que realmente mesmo tendo uma história simples, o longa tenha funcionado. A história é focada em um grupo de mercenários liderados por Edgin (Pine) e Helga (Rodriguez), onde após a traição inesperada de Forge (Grant), acabam ficando presos durante um bom tempo. Após saírem da prisão, a dupla une forças com o mágico Simon (Smith) e Doric (Lillis), para resgatar a filha do primeiro (que está sob a guarda de Forge) e tentar salvar o reino das mãos da bruxa Sofina (Daisy Head) e do terceiro. Imagem: Paramount Pictures (Divulgação) Com roteiro assinado por John Francis Daley, Jonathan Goldstein (estes dois também cuidam da direção) e Michael Gilio, temos em pauta um enredo que em um primeiro momento procura estabelecer uma ligação com o público, por meio do carisma dos personagens (que são totalmente embasados no perfil pessoal dos próprios atores). Para isso, temos o galã atrapalhado (Pine), a mulher durona (Rodriguez), o mágico destrambelhado (Smith), a adolescente audaciosa (Lillis) e o galã que se orgulha em ser o vilão (Grant). E isso ajuda ainda mais no enredo, uma vez que gostamos dos atores envolvidos e suas retratações. Por se tratar de uma adaptação de um jogo em RPG (cujo arco e narração são totalmente exercidos pelos próprios jogadores, na hora dele ser jogado), a direção de Daley e Goldstein procura estabelecer este cenário desde o princípio. Somos apresentados aos pontos positivos e negativos dos personagens; Todos os desafios onde eles são colocados possuem um interlocutor que apresenta como os desafios devem ser feitos (inclusive, o ator Regé-Jean Page casa direitinho com esta função em determinado contexto. Embora ele apareça relativamente pouco) e claro, há a presença de dragões e magias em situações já previstas. E quando isso ocorre, os efeitos visuais realmente são muito bem conduzidos, como a sequência na “Caverna do Dragão” (trocadilho infame, uma vez que estes personagens são do mesmo universo de “Dungeons & Dragons” e possuem uma ponta fraquíssima no enredo), onde embora nitidamente tenha sido gravada em um estúdio com fundo verde, funcionou perfeitamente. “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” termina sendo uma agradável surpresa, ao conseguir sutilmente transformar uma narrativa simples, em um jogo de RPG.
Crítica | Disque Jane
Engenharia do Cinema Este é mais um daqueles casos de filmes, cuja temática pode abalar o aspecto A ou B. Tendo como plano de fundo o debate sobre o aborto, “Disque Jane” é um filme dividido em várias camadas, pelas quais quando todas elas se juntam, acaba nos entregando um debate vazio sobre ser certo ou errada tal atitude. A história tem início com a pacata dona de casa Joy (Elizabeth Banks), onde após descobrir que sua gravidez colocará em risco a sua vida e a do bebê, passa a entrar em um processo complicado para conseguir abortar (já que antigamente era proibido este procedimento, nos EUA). Após várias tentativas falhas, ela se depara com um grupo de mulheres rotulado de “Disque Jane”, onde não só consegue realizar o procedimento citado, como também acaba se tornando uma das principais representantes por facilitar o aborto ilegal destas. Imagem: Ingenious Media (Divulgação) Realmente, este filme funciona perfeitamente para o público feminino, uma vez que toda a narrativa é concentrada no olhar e perspectiva não só de Joy, mas de outras mulheres que são apresentadas, como a veterana Virginia (Sigourney Weaver). Mas vale ressaltar que estamos falando de um tema polemico e bastante delicado, que é o aborto, e a produção desde seu principio deixa clara que sua índole não é apenas romantizar o ato, como também apoiar o mesmo, independentemente do caso (tanto que uma parcela do público vai odiar a produção por causa disso). Só que por mais que ela se posicione, faltou mostrar várias questões e debate-las como “qual é o limite de tal ato?”, “como os cônjuges reagem a esta decisão de sua parceira?”, dentre outras. Tudo se resume ao seguinte contexto: “a mulher faz o que ela quer e pronto”, como se não houvesse nenhuma consequência ou algo do gênero (inclusive, há uma passagem onde Joy e Virginia vão atender a uma adolescente e o enredo deixa tudo muito raso, não apresentando ao redor da decisão desta). “Disque Jane” acaba sendo mais um filme que não apenas apresenta um tópico delicado de forma rasa, como também romantiza um ato sem um aprofundamento necessário.
Crítica | Fé nas Alturas
Engenharia do Cinema Um gênero que não canso de explicar no início das análises, é o gospel. Centrado em um público que não possui o hábito de ir aos cinemas, muito menos procura obras mais cabeça e bem idealizadas, a única coisa que lhes interessa é a mensagem por trás da trama (independente do desenvolvimento, que é quase sempre pífio). “Fé nas Alturas” facilmente entra neste contexto, porém o diretor Sean McNamara (“Soul Surfer: Coragem de Viver”) já mostrou que é capaz de conduzir melhor este tipo de filme anteriormente. Baseado em fatos reais, a história mostra o casal de Doug (Dennis Quaid) e Terri (Heather Graham) que junto de suas duas filhas (Abigail Rhyne e Jessi Case) vão realizar uma breve viagem em um jatinho particular. Após o piloto ter uma parada cardíaca fulminante, cabe ao primeiro tentar conduzir a aeronave até o chão, mesmo demonstrando pouca habilidade como piloto. Imagem: MGM (Divulgação) O ponto de partida deste filme é como Doug realmente passa a desacreditar de Deus, depois do falecimento de alguns de seus entes queridos, e como o próprio coloca sua fé em cheque quando está passando por uma situação delicada. O problema é que o roteiro de Brian Egeston, não se preocupa em estabelecer uma intimidade melhor com os traumas do personagem, assim como sua relação com a fé (que é jogada após uma boa metragem do longa). Quando somos entregues ao arco central, que necessitava de um suspense maior, apesar de já sabermos qual será o desfecho (uma vez que o enredo já pressupõe isso), acaba parecendo um resgate de outras cenas que já vimos em vários filmes de “aviões que estão sem piloto”. E o próprio diretor Sean McNamara conduz estas cenas de uma forma que parece cômica, uma vez que seus enquadramentos deixam claro que eles estão gravando dentro de um simulador de voo (não estou brincando). Isso porque não entrei no mérito das atuações, uma vez que o filme é dividido em três cenários distintos e são eles: dentro da aeronave, na central aérea e em uma garagem de um piloto profissional (Jesse Metcalfe), que ajuda indiretamente a situação. Em nenhuma delas você denota uma intimação ou até mesmo emoção sendo devidamente transposta. “Fé nas Alturas” termina sendo mais um filme gospel, pelo qual será esquecido com o tempo no catálogo do Prime Video.
Crítica | O Rei da TV (2ª Temporada)
Engenharia do Cinema Sendo uma das mais polêmicas séries lançadas em 2022 (devido ao próprio apresentador Silvio Santos e sua família não terem gostado da mesma), “O Rei da TV” teve sua segunda temporada lançada de forma tímida no catálogo do Star+. Com oito episódios, a atração tenta englobar o máximo de acontecimentos do Grupo Silvio Santos/SBT em um curto período de tempo, causando uma grande estranheza por ter colocado algumas personalidades como vilãs e outros fatos sem sentido algum de terem ocorrido. Os episódios se passam em duas épocas, onde a primeira é no ano de 2010 quando Silvio (José Rubens Chachá) terá de lidar com a crise financeira do Banco PanAmericano. Já a segunda é durante os anos meados dos anos 80/90, quando ele diretamente competia com a Rede Globo, pela audiência aos domingos e ao mesmo tempo almejava se tornar Presidente do Brasil. Imagem: Star Productions (Divulgação) Se tratando de uma atração voltada para os fãs do apresentador e que vivenciaram as épocas citadas na série, a sensação de bagunça na abordagem é gigantesca. Em um curto período de semanas, a televisão brasileira viu o hilário encontro da Gretchen com o ator Jean-Claude Van Damme, os sequestros de Patrícia Abravanel (Bárbara Maia) e do próprio Silvio Santos e a polêmica entrevista do PCC mostrada no programa do Gugu (Paulo Nigro), resultando em sua ida para TV Record (que ocorreu quase 10 anos depois disso). Isso certamente foi executado com o pretexto de que havia uma insegurança de não ser mostrado em uma possível terceira temporada. E essa rapidez chega a ser bizarra, pois não há uma profundidade na abordagem dos assuntos (para se ter uma ideia, a situação de Gugu durou anos até ele tomar a decisão de mudar para a Record). Porém, é mostrado o quão a Rede Globo estava disposta a detonar o SBT em vários sentidos, tanto que o apresentador Fausto Silva (Herton Gustavo Gratto) era um verdadeiro peão na mão de Rossi (Celso Frateschi, que é um pseudônimo do próprio Boni), até ele se conciliar como líder aos domingos. Mas esse é o único assunto que pode-se dizer que foi abordado com bastante calma e com tempo do espectador se assimilar com o que estava sendo apresentado. Já que em sua maioria, tudo é resumido e colocado de uma maneira pela qual o público precisará do “auxílio” do Google, para poder compreender direito o que estava sendo mostrado (como o arco quando Gugu foi empresário da banda “Dominó”, e sofria constantes pitacos de Patrícia). Uma lástima também, é que não houve nenhuma amostra dos carros chefes da emissora naquela época, que eram a Hebe Camargo (cujo nome é apenas citado), Ratinho, Jô Soares e Serginho Groisman. Marília Gabriela, Jackeline Petkovic e Ronald Golias chegam a ter válidas e breves participações. Apesar de estar completamente bagunçada em vários sentidos, a segunda temporada de “O Rei da TV” continua entretendo e mostrando os fatos no estilo pastelão e cafona, como eram executados os programas do SBT no passado.