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Foto: Cristiano Martins

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Entrevista | Armada – “Armada é uma banda onde você não precisa ter um projeto paralelo”

Com integrantes do Blind Pigs e Não Há Mais Volta, a Armada já levantou âncora para começar a navegar pelos mares do punk rock nacional. O primeiro single, Eterno Marujo, foi disponibilizado recentemente nas plataformas digitais e também no YouTube. O som faz parte do EP de estreia Armada, que sairá no dia 27 de outubro. O material será apenas uma prévia do disco completo que será lançado em janeiro de 2018 pela Hearts Bleed Blue.

E em meio a tantas novidades, tive a oportunidade de conversar com o “capitão” Henrike Baliú. O bate-papo envolveu alguns detalhes sobre o EP e o LP produzido por Átila Ardanuy, as inspirações por trás da nova banda e a paixão pelo vinil.  E para acompanhar a leitura, dê o play e escute Eterno Marujo.

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A Armada é formada por ex-membros do Blind Pigs e mais um integrante do Não Há Mais Volta, e logo vocês vão lançar o primeiro EP autointitulado. Mas conta pra gente como foi começar uma nova banda? Qual foi o caminho até chegar no EP?

Logo depois que o Gordo saiu do Blind Pigs, os integrantes que ficaram: eu, Mauro [Tracco, baixo], Arnaldo [Rogano, bateria] e Galindo [Alexandre, guitarra] tínhamos duas opções: continuar como Blind Pigs ou montar uma banda nova. Optamos por montar algo novo, especialmente porque o Blind Pigs foi fundado por mim e pelo Gordo. E sem ele ou eu na banda, não seria Blind Pigs.

Com uma nova banda poderíamos também trazer novas influências e isso pesou bastante, pois poderíamos escrever letras que não caberiam no Blind Pigs. Eu sei que o EP ainda soa muito como Blind Pigs, mas isso foi proposital, escolhemos justamente Eterno Marujo e Bandeira Negra como as músicas do EP para não assustar a “Legião de Inconformados”. Mas o LP, que já está gravado e será lançado em janeiro, contém músicas onde nos aventuramos por mares não desbravados pelo extinto Porcos Cegos.

Trazer o Ricardo Galano (guitarra) a bordo da Armada foi o que precisávamos para virar uma máquina de compor. O cara é foda, talentoso demais. Com ele a tripulação ficou completa. Compor e gravar as músicas foi um processo libertador, ficamos livres das amarras do Blind Pigs e você vai entender isso só quando escutar o LP de cabo a rabo.

O nome da banda, a letra de Eterno Marujo e a arte da capa do EP trazem referências a vida de quem vive enfrentando os “mares bravios”. E soube que seu pai é Capitão-de-Mar-e-Guerra da Marinha do Brasil. O quanto disso tem influência dele e o quanto é uma homenagem a ele?

Esse lance marinheiro, pirata, navios, temas náuticos, etc, é uma coisa que eu sempre gostei desde que eu era moleque. Eu trouxe isso para o mini LP Capitânia do Blind Pigs e funcionou bem. Meu pai é Capitão-de-Mar-e-Guerra da Marinha do Brasil e como tenho uma grande admiração e respeito por ele, claro que isso acaba influenciando sim. A letra de Sentinela dos Mares do Blind Pigs foi meio que inspirada nele. Mas a Armada traz um lance mais pirata, como vocês irão ver na segunda música que vamos lançar este mês, Bandeira Negra!

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Você comentou que a Armada irá explorar outros estilos além do punk rock/street punk. O que podemos esperar dos próximos lançamentos da banda? Por quais estilos vocês decidiram navegar?

Ah, aí você vai ter que esperar para testemunhar! Não posso entregar o ouro! Mas posso te dizer que tem participação da lenda Sérgio Reis em uma música meio Johnny Cash anos 50, tem participação do meu sogro, Kiko Zambianchi, em um cover do mestre Bezerra da Silva.

Enfim, tem coisa que não caberia no Blind Pigs e que ficou foda demais. A Armada é uma banda punk rock, mas ouso dizer que é punk rock como o The Clash ou o Stiff Little Fingers foi punk rock, navegando por estilos musicais. Entre a banda, a gente gosta de dizer que a Armada é aquela banda onde você não precisa ter um projeto paralelo. Traz a ideia que a gente grava, se ficar bom a gente usa; escreve sobre o que você quiser, se ficar bom, vira letra.

Observando a arte do EP Armada percebi que ele é um material que teve um cuidado bem especial. Por exemplo, ele foi prensado em vinil dourado que combina com os detalhes da capa. Isso é uma visão de um colecionador de discos que não quer deixar essa cultura morrer com as mídias digitais?

Com certeza absoluta. Sou um colecionador de disco, meu pai é um colecionador de disco, a coisa tá no sangue. O Mauro e o Galindo também colecionam discos. Tive todo o cuidado para o EP Armada ser algo que se destacasse. O meu amigo Paulo Rocker (ex-Gramofocas) é responsável pela identidade visual da Armada e foi ele que fez a arte da capa. O vinil foi prensado na Europa pela Pirates Press, que é sinônimo de qualidade. O EP, aliás, será lançado pelo selo Comandante Records, um selo novo que promete, sob licença da Hearts Bleed Blue, nossa gravadora.

Quem acompanha suas redes sociais ou escuta o programa Semper Adversus sabe sobre sua paixão por vinil e que muitos deles você herdou do seu pai. Dentro da sua coleção existe um disco que é uma grande raridade e que você sente orgulho de ter por um motivo especial? Aquele álbum que se a casa tivesse pegando fogo, você ia dar um jeito de salvar.

(Risos) Porra, pergunta difícil, acho que eu teria que salvar primeiro minha coleção de LPs, EPs e singles do Johnny Cash, mas seria difícil porque a minha coleção do Man in Black ultrapassa as cem unidades, é o meu orgulho. Aí na sequência eu teria que salvar minha coleção do The Pogues e do The Cramps.

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Putz, mas aí ainda teria que subir os dez andares do meu prédio correndo pela escada – porque em caso de incêndio o elevador não funciona – e ainda salvar as coleções do Forgotten Rebels, Stiff Little Fingers, The Clash! (Risos) Fodeu mano, eu teria que salvar todos! Meus discos são como meus filhos, amo todos de maneira igual, um amor democrático pelo vinil.

E já que falamos do Semper Adversus, você já organizou duas coletâneas nacionais de street punk, a Para Incomodar. Hoje como você avalia a cena brasileira voltada para esse gênero? Além de ouvir os dois discos lançados pela Heart Bleeds Blue, que bandas você indica para quem quer conhecer mais?

Como toda cena, ela tem seus pontos positivos e negativos. Acho que a politicagem atrapalha um pouco e as fofocas atrapalham um pouco mais. Gosto das bandas que estão preocupadas em fazer um som legal sem querer agradar certas panelas ou certos indivíduos. Destaque especial para Faca Preta, Não Há Mais Volta, DOC 21, Fibonattis, Subalternos, Rejects SA e todas as bandas que participaram das coletâneas Para Incomodar.

Obrigado pela atenção e disponibilidade. Então deixe seu recado para o pessoal, fale mais sobre a Armada. Enfim, o espaço é livre.

Quero agradecer o apoio da “Legião de Inconformados” à Armada, obrigado por estarem sempre com a gente. Levantar âncora, deixar pra trás!

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