A iniciação musical do guitarrista cearense Artur Menezes foi parecida com a de muitos músicos. Influenciado pelo irmão, ainda na infância, passou a escutar AC/DC, Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Com 11 anos já mirava o blues, ouvindo Steve Ray Vaughan e Jimi Hendrix até chegar aos dinossauros do gênero como Buddy Guy, Albert Collins, Albert King, B. B. King e Johnny Winter.
Antes de se lançar em carreira solo, Artur participou de várias bandas de blues no Ceará e outras covers (AC/DC, Led Zeppelin, Hendrix). “Stevie Ray Vaughan foi o cara que me fisgou para o blues. Com certeza tenho muita influência dele no meu som. Mas hoje em dia quem mais me influencia é o Henrik Freishlader e o Eric Gales”, comenta o músico.
Aos 30 anos, Artur Menezes é uma das atrações da 3a Mostra Blues de Santos. Ele toca hoje, às 21 horas, no Sesc (de R$ 5,00 a R$ 17,00, Rua Conselheiro Ribas, 136). Amanhã, às 15 horas, com entrada franca, conversa com o público sobre a carreira e alguns feitos. E bota feitos nessa jovem carreira.
Em 2011, por exemplo, quando estava em sua terceira temporada em Chicago, celeiro do blues norte-americano, Artur Menezes tocou com o Buddy Guy no seu bar (Buddy Guy’s Legends).
“Foi uma experiência surreal e muito recompensadora. Eu frequentava o Legends e tocava por lá semanalmente. Conhecia todos que trabalhavam lá. Um dia eu estava tocando em uma jam session e o Buddy Guy subiu ao palco e cantou um slow blues com a gente”.
Um ano depois, Buddy Guy retornou ao Brasil para shows em São Paulo e Rio de Janeiro. Artur não perdeu tempo e enviou o seu material para a produção local da turnê. “Eles gostaram bastante e enviaram para a produção do Buddy Guy. Quando eles receberam o meu material a resposta foi: ‘Ah, é ele? Claro! Já conhecemos e aprovamos para os shows de abertura’”, relembra.
Apesar da proximidade com um dos maiores blues man da história, Artur afirma que não mantém contato com ele. “Trocamos poucas palavras. Ele já é um senhor de idade, passou por muitas dificuldades para chegar onde está e tem uma agenda cheia e cansativa. Tenho mais contato com os músicos de sua banda. Sempre que eles vêm ao Brasil nós nos encontramos”.
A aceitação dos bluseiros do Brasil nos Estados Unidos vem crescendo muito nos últimos anos, mas Artur reconhece que não é uma tarefa fácil. O guitarrista, no entanto, chama a atenção pela valorização no País.
“Com certeza é difícil, mas eu não tenho do que reclamar. Venho tocando bastante em vários festivais pelo Brasil. Mas merecíamos mais espaços, com certeza. Os músicos brasileiros são muito talentosos. Tem uma galera massa no blues brasileiro”.
Mesmo com um mercado musical tomado por sertanejo universitário e funk, o músico cearense acredita que tem mercado para o blues no Brasil.
“O verdadeiro artista busca reconhecimento, não fama. Obviamente se ela vem, pode ser muito bem-vinda e deve ser aproveitada. Quem faz blues é por amor e quando você faz uma coisa de coração as pessoas veem verdade nisso. Eu estou indo passar uma temporada nos Estados Unidos novamente no final de junho, mas sempre que possível volto para fazer shows e visitar a família e amigos”.
Para o show no Sesc, Artur mostra faixas do último álbum, Drive Me, gravado em 2015 em São Paulo, onde reside desde 2011. “Acho esse disco mais orgânico em termos de timbres. Gravei-o inteiro com guitarra espetada no amplificador. Sem pedais. Está mais maduro que os outros. Arranjos mais trabalhados e as letras, mais maduras. Além disso, está com uma pegada mais rock”.
Considerado o disco mais vendido e bem aceito, Drive Me é o terceiro como solo. Tem participações de Adriano Grineberg (hammond e piano elétrico), Jefferson Gonçalves (gaita) e de naipe de metais comandando por Paulo Malheiros (trombone e arranjos). O show será um mix de faixas dos seus discos e de clássicos do blues e rock, mas com arranjos próprios.
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