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Entrevista | Roger Taylor (Duran Duran) – “Faz parte da natureza humana se reunir para ouvir música e dançar”

Foram necessários seis anos para a banda inglesa Duran Duran lançar o sucessor de Paper Gods. Future Past chegou ao streaming nesta sexta-feira (22). Aliás, o nome não é mera coincidência. É um pé na nostalgia, outro no futuro.

O novo trabalho traz colaborações que ampliam o universo do Duran Duran. Giorgio Moroder e o conceituado Erol Alkan assinam a produção de faixas e – além de Tove Lo – CHAI, Graham Coxon (Blur), Mark Ronson, Ivorian Doll e Mike Garson aparecem como participações especiais.

“Quando entramos em estúdio pela primeira vez, no final de 2018, eu estava tentando convencer os caras que tudo o que precisávamos fazer era escrever duas ou três faixas para um EP. Quatro dias depois, tínhamos a base de 25 canções muito fortes, que precisamos desenvolver com calma. Então aqui nós estamos, em 2021, com nosso 15º álbum de estúdio querendo se libertar”, comenta o vocalista do Duran Duran, Simon Le Bon.

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O baterista do Duran Duran, Roger Taylor, conversou com o Blog n’ Roll sobre o novo momento da banda. Durante a entrevista, ficou muito empolgado ao ver um quadro do Rolling Stones na parede e lamentou a morte de Charlie Watts, um de seus heróis.

Foram seis anos até Future Past. Por que esse intervalo tão grande? A pandemia contribuiu para essa demora?

Com certeza contribuiu. Mas nós lançamos Paper Gods que foi um grande sucesso na América e com os nossos fãs. Então saímos em turnê por mais de dois anos… era uma turnê que não parava de crescer enquanto nós nos apresentávamos. Isso tomou muito do nosso tempo.

Depois tivemos um tempo livre e finalmente voltamos para o estúdio. Trabalhamos por três ou quatro meses e aí veio a pandemia e fechou tudo. Ficamos nove meses em que não pudemos ir ao estúdio, trabalhar… tentamos trabalhar remoto, mas para fazer um grande disco, precisávamos todos estar na mesma sala.

O mundo mudou completamente desde o último álbum. Future Past é uma luz do Duran Duran para os tempos sombrios?

Algumas são alegres, enquanto outras são completamente profundas e sombrias. Acho que Invisible é uma música sombria. É sobre não ser visto em um relacionamento. Não conseguir se fazer visível para o mundo e isso serve para o período de lockdown.

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Escrevemos algumas músicas sobre celebração que foram feitas antes da pandemia… e agora são recebidas como: Que legal que vocês conseguiram que as pessoas ficassem animadas com as suas músicas, você não acha? Foi um feliz acidente.

Nós escrevemos essas músicas que pareciam apropriadas para o momento. Nós fizemos um grande show aqui em Austin (Texas) e temos uma música Tonight United, que no disco não foi gravada ao vivo e que foi muito bem saudada pelo público. Todo mundo se unindo e curtindo de novo.

Acho que as pessoas estavam sentindo falta disso. Faz parte da natureza humana se reunir para ouvir música, dançar… ter uma experiência compartilhada em comum.

É por isso que parte do mundo está deprimida, nós não podemos fazer mais isso. Especialmente no Brasil e na América do Sul é uma grande parte da cultura de vocês estarem felizes juntos, dançando pelas ruas. Então é bom tocar para uma plateia de novo.

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Future Past é um nome curioso. É um pé no passado, outro no futuro?

É parte do significado. Acho que com esse álbum nós, definitivamente, somos mais independentes e voltamos ao gênero que costumávamos tocar no início. Especialmente eu e o John estamos trabalhando como estávamos acostumados, muito mais organicamente, um som mais autêntico, que as pessoas remetem ao início dos anos 1980.

Mas é um disco contemporâneo, com Erol Alkan, um produtor muito contemporâneo. Então é (um álbum) muito contemporâneo, mas remete um pouco ao início (da banda).

Future Past é uma boa descrição de onde estamos, na realidade. Mas Alkan produziu essa ideia que nós deveríamos, sabe, quase que “voltar para o futuro”. Nós voltamos e recapturamos o som dos primeiros discos e o trouxemos para o futuro.

Como está a expectativa para a retomada dos shows do Duran Duran? Já consegue vislumbrar uma turnê mundial?

Com certeza. Os Rolling Stones postaram (sobre a turnê), infelizmente sem o Charlie Watts. Acho que as pessoas estão começando a ver um novo futuro. A pandemia parece estar diminuindo e acho que ela irá mesmo, com mais tempo e mesmo se você for uma pessoa a favor ou anti vacina, mas com uma mentalidade de vacinação.

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Acho que devagar, com a ciência, nós vamos vencer e ano que vem o mundo estará aberto novamente. Estamos vendo uma turnê mundial e com certeza voltaremos para a América do Sul.

O que significa para você estar no palco à frente dos fãs depois de uma longa pausa devido à pandemia?

Tem sido incrível. Quando você faz muito uma coisa, você perde um pouco da valorização daquilo. Se você faz 100, 200 shows, seja lá quantos… é como comer biscoitos de um grande pote. Os primeiros 20 são maravilhosos, mas quando você chega no quinquagésimo ou no centésimo não é mais tão excitante. Então precisam tirar isso de você para você ter isso de volta. Essa é uma das coisas boas, tirando as mortes e a tristeza.

Acho que vamos ter uma grande valorização de todas as coisas que foram tiradas de nós. Temos visto isso nos shows que as pessoas têm feito. As pessoas estão fora de si, histéricas, porque elas não iam em um show há dois anos. Momentos emocionantes estão por vir. E é muito bom ter um disco novo que é recebido dessa maneira positiva.

Você pode citar três álbuns que mudaram sua vida e por quê?

Que mudaram a minha vida? Tem que ser o primeiro álbum do The Clash (The Clash, 1977), que teve muita mudança para mim.

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Acho que Low (1977), do David Bowie, foi um grande disco para mim. Eu estava meio que tentando criar um estilo para mim, como baterista. Aprendi muito ouvindo esse disco, particularmente. Só o som da bateria e como o Dennis Davis tocava a bateria foi um grande disco para mim.

Black and Blue (1976), do Rolling Stones, porque o Charlie Watts é outro grande herói. Falamos dele agora pouco… é muito triste… mas aprendi muito com ele, minhas favoritas são do Charlie.

Poderia ser uma lista infinita. Nós crescemos em um momento incrível para a música. Fomos muito afortunado que tivemos todos esses diferentes tipos de música chegando até nós e conseguimos canalizar isso para nossa banda que criou essa combinação interessante, acho.

O Duran Duran tem várias turnês e participações em festivais, como Hollywood Rock (1988), Lollapalooza (2017) e SWU (2011). Está faltando o Rock in Rio nesta lista. Está nos planos da banda?

Nós adoraríamos tocar no Rock in Rio! Fora do Brasil, tem também o Glastonbury e um outro que também nunca tocamos. Mas acho que esses dois nós queremos muito.

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Festivais nunca fizeram parte do nosso ganho. Nos anos 1980, você tinha que ter uma banda de rock pesado para tocar nos festivais. Então, agora nós tivemos que aprender a tocar em festivais. Tocamos no Isle of Wight no Reino Unido, onde fechamos o domingo.

Também tocamos Austin City Limits, que é um grande festival dos Estados Unidos. É uma área que ainda estamos aprendendo a lidar. Mas nós definitivamente queremos tocar no Rock in Rio, então por favor, nos convidem. Mas que não seja às 11 horas (risos).

O que você recorda das apresentações do Duran Duran no Brasil?

Na última vez que estive no Rio, não via a hora de ir para lá. Era o lugar onde sonhei em ir à praia, ver o nascer do sol e toda essa cultura de praia. Fui para lá e choveu a semana toda. Era como estar na praia na Inglaterra. Espero que na próxima vez que eu for, o sol brilhe por mim.

Mas te disse isso porque tem chovido muito no Rio, acredito que seja parte de um microclima ou algo assim. Então, infelizmente, na última vez choveu muito. E acabamos ficando no quarto a maior parte do tempo.

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Mas teve algum momento curioso com outros artistas no Brasil?

Nós sempre fizemos viagens curtas aí. Ringo Starr estava tocando na última vez que estive em São Paulo. Com toda a banda dele. Eu precisava encontrar o Ringo Starr, seria a primeira vez de toda a minha vida. Foi uma experiência surpreendente. Ele é tão legal, foi tão legal. Nunca mais o encontrei depois. Mas foi uma grande experiência. E tinha muita gente nova lá.

Fui em um show de um dos Beatles no Brasil pensando que ia ter gente velha, muito mais velha, mas eles eram tão jovens. Alguns nem tinham 20 anos, foi incrível.

O público da América do Sul é o mais apaixonado do mundo. E nós amamos isso. Adoramos ir para a América do Sul, particularmente para o Brasil. Esperamos voltar em breve.

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*Texto, entrevista e tradução: Isabela Amorim e Lucas Krempel

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