Entrevista | Hanson – “Prefiro sangrar a ter que viver uma vida acorrentada”

Em outubro, o Hanson desembarca no Brasil com a turnê mundial Red Green Blue 2022. O trio irá se apresentar em sete cidades: Porto Alegre (11 de outubro no Bourbon Country), Curitiba (12 no Live Curitiba), Ribeirão Preto (14 na Arena Eurobike), São Paulo (15 no Espaço das Américas), Uberlândia (16 no Sabiazinho), Brasília (19 no Centro de Convenções Ulysses Guimarães) e Rio de Janeiro (21 no Qualistage).

A tour chega ao Brasil após rodar Europa, Reino Unido, Estados Unidos, México e alguns países da América do Sul. Os ingressos já estão à venda. Confira mais detalhes no fim do texto.

Responsável por um dos maiores hits dos anos 1990, MMMBop, o trio composto pelos irmãos Clarke Isaac Hanson (guitarra, baixo, piano e vocal), Jordan Taylor Hanson (piano, percussão e vocal) e Zachary Walker Hanson (bateria, piano e vocal) completa 30 anos de carreira com mais um álbum no forno, Red Green Blue.

Com um terço do álbum escrito e produzido por cada irmão (Taylor’s Red, Isaac’s Green e Zac’s Blue), o novo trabalho reúne as três vozes criativas e únicas como nunca antes e uma equipe de colaboradores.

No repertório dos shows, além das músicas do novo álbum, o Hanson irá apresentar pela primeira vez as canções de Against The World (2020) e grandes sucessos, como MMMBop, Where’s the Love e Save Me.

Isaac Hanson conversou com o Blog n’ Roll sobre a turnê, novo álbum, relação com o Brasil e influência de MMMBop na vida dele e dos irmãos. Confira abaixo.

Já são 30 anos de estrada e vários lançamentos marcantes até aqui. Qual é o balanço que vocês fazem desse período?

Bom, foi muita coisa vivida nesses álbuns e músicas. Nosso primeiro single fala para se preocupar com o que realmente importa, porque no fim essas são as coisas que são preciosas. Em outras palavras, colocar seu coração e alma no que realmente importa. Seja no nosso relacionamento com a audiência que ficou com a gente todos esses anos, ou encontrando sua coragem, escrevendo a melhor canção que você pode ou aceitando riscos e começando um selo de gravadora e todos a sua volta não acreditarem que você consegue. 

É muito tempo de vida, nós passamos de adolescentes para adultos, que têm seus próprios adolescentes. Eu me sinto muito sortudo. Tem muita (experiência de) vida nessas músicas. E nos sentimos gratos de poder compartilhá-las com as pessoas.

O que você acredita que mudou, evoluiu na trajetória de vocês e o que procuraram manter como característica da banda?

Certamente uma parte significante que as pessoas conhecem da gente é a nossa harmonia cantando juntos e isso é algo que temos feito consistentemente ao longo dos anos. Não é algo que tentamos manter, é algo divertido de fazer. E é algo meio que fácil de fazer para nós. Fazemos tanto e há muito tempo. Também é algo meio que especial… não tem nada como harmonia, literalmente, música  e vozes harmonizadas. Mas também harmonia no sentido de juntar as pessoas seja pela música na performance ao vivo ou lançar álbuns e as pessoas ouvirem juntas pelo telefone, rádio ou TV. 

A nossa esperança é reunir as pessoas e ajudá-las a encontrarem um pouco de paz, alegria e força para enfrentar o mundo.

Muito se fala sobre uma banda estar junta há tanto tempo e o quão desgastante isso pode ser para a relação entre os integrantes. No caso do Hanson, formado por três irmãos, a situação é mais controlada? Como é o entendimento entre vocês depois de tanto tempo trabalhando juntos?

Eu estaria mentindo se não disse que em vários momentos meus irmãos me deixam louco. E eu também os enlouqueço. As coisas que você ama também são as coisas que o enlouquecem. Se você já esteve em um relacionamento longo, sabe que geralmente não vai brigar no primeiro mês que vocês se conheceram, a menos que você realmente não goste da pessoa. Geralmente você não briga até conhecer muito bem a pessoa e algumas situações desafiadoras aparecerem. 

Eu e meus irmãos temos muito em comum e confiança um no outro, mas isso também tem seus limites e você tem que achar maneiras de minimizar essas questões. Uma das coisas que acho muito valiosa desse último álbum é que nos apoiamos uns nos outros de uma maneira que nunca tínhamos feito. 

Pela primeira vez em nossas carreiras nós não iríamos escrever músicas juntos. Cada um teria cinco músicas. Vamos fazer nosso melhor e ir em busca de ideias como compositores individuais e artistas individuais. 

Podemos trabalhar e gravar esse disco juntos, mas eu não vou falar para você o que fazer, não serei seu editor, produtor, vou confiar em você e servir sua visão criativa… e isso é muito difícil de fazer e muito poderoso quando você consegue. 

Eu estaria mentindo se dissesse que esse processo curou algumas feridas que nós não sabíamos que tínhamos porque foi muita coisa que cada um teve que se responsabilizar. Eu preciso sustentar essa ideia de um jeito diferente. Porque eu amo escrever com o Taylor e o Zac, eles são excelentes compositores. Nós escrevemos coisas diferentes quando fazemos isso juntos. 

As ideias que eu quero que eles sigam, às vezes são diferentes das que eles querem. Então foi muito interessante nos permitir que cada um pudesse fazer isso individualmente. E cada um vai poder falar: “Isso é o que eu quero, essa é minha música favorita e é isso que vou tocar”.

O álbum é obviamente dividido em três partes, isso é muito claro. Até porque nós três temos vozes muito diferentes. Nós temos vozes similares, mas a minha é mais profunda que a deles. Zac e Taylor têm vozes similares, mas também diferentes. 

Foi muito incomum para o Ben poder falar que iria fazer três projetos solos e cada um seria o vocalista em cada parte deste disco. O Kiss fez isso, acho que em 1978, eles lançaram quatro discos em que cada um deles era o vocalista. E o meu filho adora esse disco. Bom, é incomum e nós adoramos coisas diferentes.

MMMBop marcou uma geração. E ainda hoje ela é muito poderosa nas plataformas de streaming. Só no Spotify são mais de 220 milhões de plays. Qual é a relação de vocês com a música? Se incomodam quando os fãs pedem nos shows? Por que acredita que ela ainda tenha um desempenho tão forte?

Acho que somos muito sortudos que uma música que fizemos ainda jovens, Zac tinha 11 ou 12 anos, eu tinha 16 e Taylor 13, 14 anos. A importância disso não pode ser subestimada porque foi a nossa voz, nossas palavras, pensamentos, melodia. Tem coisas na música que não somente os fãs amam, mas nós também. 

Na realidade eu fico emocionado quando a toco porque as primeiras letras são: “Você tem tantos relacionamentos nessa vida. Apenas um ou dois vão durar. Você passa por toda a dor e luta. Então você vira as costas e eles se foram tão rápido. Então segure a quem realmente se importa. No final, eles serão os únicos por lá”. 

Sei que é um refrão chiclete, mas estou de boa com isso. Todo mundo quer escrever uma música chiclete. Mas a música tem algo melancólico, triste e uma afirmação pessoal nela. Quando fizemos o álbum String Theory, em 2018, em que fizemos os shows com orquestras, literalmente fiquei abalado cada vez que tocamos MMMBop porque a música durou. 

O público é o que realmente importa e as pessoas que estavam lá sentiram o que sentimos quando escrevemos essa canção. Que era um sentimento de solidão e incompreensão… e de procurar por aquilo que realmente importava na vida. Prefiro sangrar a ter que viver uma vida acorrentada.

Por falar em streaming, o Hanson vivenciou a mudança de formatos de música. Surgiu quando o LP e o CD ainda eram muito fortes, passaram pela fase do Napster e hoje segue forte no streaming. Qual é a principal mudança para vocês? Acredita que os artistas são remunerados da forma correta pelas plataformas? 

Essa é uma pergunta muito complicada… eu vou dizer sim. Adoro que o streaming permite às pessoas fazerem e como permite se conectar com o público. E permitir o público a descobrir músicas e de facilmente compartilhar as músicas no streaming. 

Acho que a indústria da música tem um papel muito árduo de proteger os valores dos direitos autorais, dos artistas, das músicas e os acordos que eles fecharam com plataformas de streaming tem prejudicado o nível de valor intelectual que eles produzem. Isso não é sobre o público ou com performance. Eles estão fazendo exatamente o que pediram para eles, que é ouvir música, se conectar com ela e encontrar as coisas que o público ama.

Temos sorte de termos pessoas que fazem isso a cada dia pelo mundo. Acho que terão mudanças significativas nos próximos dez anos em como as pessoas consomem música porque você não pode começar uma banda, na minha opinião, como as coisas estão atualmente. 

É um desafio único que vivemos hoje. Vou dizer mais, temos membros no nosso site que se inscreveram previamente para ouvir músicas que ninguém mais teve acesso. Nós gravamos cinco músicas especialmente para eles. Nós fizemos isso em comemoração aos 20 anos do fã clube, nós lançamos uma coletânea chamada Perennial: a Hansson Net Collection, com 20 canções das 80 que existem no site. E colocamos uma música nova chamada Nothing Like a Love Song, que eu absolutamente adoro. 

Mas nós queríamos dividir isso com o mundo como um exemplo do fato que estávamos fazendo algo pelos membros do fã clube ia além de versões de músicas acústicas e b-sides, nós fizemos discos para eles. 

Isso é um exemplo de como nos importamos com o público e com a relação com os fãs. Isso mostra como essa é uma questão complexa.

Você utiliza alguma plataforma com mais frequência?

Uso a plataforma de vez em quando, não muito. Prefiro descobrir música comprando, é dessa maneira que gostaria que os outros também o fizessem. Porém é um jeito mais caro. Você dá mais valor para aquilo que se esforça para conseguir, então para você dar valor aos discos, você precisa comprá-los mais. E eles terão mais valor na sua vida por esse motivo. Esse é o jeito que faço e muitos fãs nossos ao redor do mundo também. 

Eu tinha um disco para comprar, mas uma camiseta ou outro merchandising porque isso ajuda a banda que gosto a fazer mais músicas e lançar mais discos.

Em breve, o Hanson lançará um álbum novo. Conte um pouco sobre como foi esse processo de gravação e os percalços enfrentados por conta da pandemia.

Nós não fomos afetados pela pandemia no início da produção do disco. Mas o que muda é que nunca fizemos um disco desse jeito, separado em três partes e falado que cada um faria uma parte. Nosso forte é que todos são cantores e compositores em contar suas histórias… como pintar com cores fortes, eu diria. 

E vermelho, verde e azul são cores que formam todas as cores do arco-íris e foi interessante usarmos isso para mostrar que estamos conectados mas cada um mantém a sua individualidade. 

Também são nossas cores preferidas de quando éramos crianças. Nós sempre fomos vermelho, verde e azul desde crianças. Culpo minha mãe, mas eu a perdoo (risos).

Na comparação com os últimos projetos da banda, que incluíram inclusive shows com orquestras, o que os fãs podem esperar? O DNA do som está mantido? Procuraram experimentar algo na música?

Acho que tem algo neste disco para todos os fãs. Seja um fã que está ouvindo pela primeira vez ou não ouvia há muito tempo. Terão muitas coisas que irão soar familiar e terão outras que irão surpreender. Para nós o projeto é sobre isso, algo que é conectado, mas também é diferente. 

Então quando você fala que vai fazer um álbum solo dessa maneira, mas com o mesmo baterista, mesmo guitarrista e tecladista, mas vamos fazer isso de uma maneira única. É um ótimo meio termo que nos permite fazer coisas que não havíamos feito antes. Sei que se você for ao show ou ouvir esse álbum, você irá encontrar coisas para se conectar com coisas novas e antigas.

O Hanson entrará em turnê em breve, inclusive com shows no Brasil. Como está a expectativa de vocês?

Com certeza vamos fazer um show esse ano no Brasil. Temos shows agendados por todo o país, acho que em outubro. Estamos muito animados para tocar no Brasil.

O que vocês recordam das outras passagens pelo Brasil? Chegaram a descobrir artistas brasileiros? O que vem à cabeça quando se pensa no Brasil?

Sempre me diverti muito no Brasil. Eu amo cachaça, é ótima… e tenho diversos tipos. Estava tentando trazer um pouco de cachaça na mala e as garrafas quebraram e estragaram algumas roupas, mas valeu a pena tentar. Muitos dos meus fãs no Brasil me encontraram sentado na praia e colocaram uma caipirinha na minha mão e tive que sambar algumas vezes. Dancei muito mal, mas fiz isso! 

Então só tenho coisas boas para falar do Brasil. Ótima comida, ótimo povo, de verdade, é o melhor do Brasil. Os fãs brasileiros são diferentes de todos os outros no mundo. São os mais barulhentos, os que cantam mais alto. Sem ofender os outros, mas os brasileiros ganham em entusiasmo.

*Texto e entrevista por Isabela Amorim

SERVIÇO

PORTO ALEGRE

Data: 11 de outubro

Local: Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80 – 71 – Jd.Europa)

Horário: 21h

Ingressos Online 

Preços: R$ 240 a R$ 620

CURITIBA

Data: 12 de outubro

Local: Live Curitiba (Rua Itajubá, 143 – Novo Mundo)

Horário: 21h

Ingressos Online 

Preços: R$ 260 a R$ 520

RIBEIRÃO PRETO

Data: 14 de outubro

Local: Arena Eurobike (Rua Edgar Rodrigues ,373 – Ribeirão Preto)

Horário: 20h

Venda online 

Preços: R$ 100 a R$ 500

SÃO PAULO

Data: 15 de outubro

Local: Espaço das América (Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda)

Portas: 19h / Show Hanson: 21h

Valores: R$ 130 a R$ 680

Venda online 

UBERLÂNDIA

Data: 16 de outubro

Local: Arena Sabiazinho (Av.: Anselmo Alves dos Santos, 3351 – Uberlândia)

Horário: 20h

Venda online 

Preços: R$ 100 a R$ 500

BRASÍLIA

Data: 19 de outubro

Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães (SDC – Brasília)

Horário: 20h

Venda online 

Preços: R$ 150 a R$ 500

RIO DE JANEIRO

Data: 21 de outubro

Local: Qualistage (Av.: Ayrton Senna, 3.000 – Barra da Tijuca – RJ)

Portas: 20h / Show Hanson: 22h

Preços: R$ 140 a R$ 400

Na internet