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Entrevista | July Talk – “Sabemos que as coisas estão difíceis no Brasil”

De Toronto para o mundo, a July Talk é a banda que você precisa conhecer hoje. Indie rock de alto nível com tons de blues, o grupo acaba de lançar o seu terceiro álbum de estúdio, Pray For It (BMG).

Para quem já conhecia o trabalho deles, o vocalista Peter Dreimanis ressalta que esse é o trabalho mais autoral possível.

“Quando você lança seu terceiro álbum em uma banda, você consegue fazer exatamente o que quer. Nos primeiros álbuns a luta é para sobreviver, marcar turnês, e todas essas coisas, mas no terceiro a confiança é maior, e isso faz com que as coisas aconteçam de forma mais natural, sem todo aquele foco em tentar ser notado”. 

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Satisfeito com o resultado, Peter não vê a hora de apresentar as faixas para o público. “Foi muito divertido lançar esses dois singles, porque são bem diferentes das nossas músicas mais antigas. A gente queria muito poder tocar o álbum novo ao vivo, mas está muito difícil conseguir isso hoje”, disse, aos risos.

Mudança de comportamento

Uma característica do novo álbum são as letras mais profundas. A outra vocalista da banda, Leah Fay, comenta que a mudança está estritamente relacionada com as mudanças pelo mundo.

“A gente lançou nosso segundo álbum em 2016, então fazia um bom tempo que não lançávamos música nova. O mundo mudou muito nesse tempo, e as coisas que a gente pensava naquela época são diferentes das que pensamos hoje. É impossível viver em um mundo como hoje e não ser afetado por tudo que acontece. A gente vem testemunhando tudo, tanto as coisas bonitas quanto as coisas terríveis. Esses extremos e essa intensidade resultaram no que decidimos falar sobre no álbum”.

Muito conhecidos no Canadá por conta das performances ao vivo, os integrantes da July Talk aderiram recentemente ao drive-in. Peter não escondeu a alegria com a nova fase.

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“Antes da pandemia, nós íamos anunciar vários shows e participações em festivais no meio do ano. Por isso, nossa amiga Vanessa veio com essa ideia e passou para nossos agentes. Tem sido muito divertido planejar tudo isso apesar das dificuldades. Você depende de muitas coisas para fazer isso funcionar, mas estamos muito empolgados, porque somos geeks de cinema, fizemos faculdade de cinema, trabalhamos com isso por anos… então tivemos várias ideias para fazer nosso show caber em um cinema de drive in”. 

Segundo o vocalista, o projeto contará com oito câmeras. “Será uma experiência incrível para os fãs. Porém, não sei se isso é uma tendência para o futuro, porque é realmente muito caro (risos). Não dá para imaginar uma turnê assim ainda. Acho mais fácil criarem locais para shows que sejam pensados para o distanciamento social”.

July Talk no Brasil

Peter também falou sobre o desejo de vir ao Brasil assim que as coisas melhorarem, num cenário pós pandemia. 

“Sempre foi algo que a gente pensou em fazer, mas nunca foi possível. Agora estamos de gravadora nova, e o pessoal está bastante empolgado com a ideia de fazermos shows na América do Sul. Quando acontecer, será um sonho realizado para nós. Espero que as pessoas aí estejam se cuidando, porque sabemos que as coisas estão difíceis no Brasil. Só queremos que tudo isso passe para que a gente se divirta. Somos amigos do pessoal do Catfish and the Bottlemen, e eles dizem que o Brasil é o melhor lugar de todos. Estaremos aí assim que tudo isso passar”.

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Outros temas da entrevista

Posicionamento dos artistas

Leah: Acho que é diferente para cada pessoa. Mas acredito que não faria sentido a gente falar sobre outra coisa, sabe? Seria errado estar alheiro ao que acontece. Eu adoro músicas sobre festas, amor, curtição, bebidas, até porque música é uma forma de escape. Porém, nossa banda é formada por pessoas sensíveis. Nós conversamos muitos sobre tudo, e esses temas acabaram sendo naturais para nós.

Influências do July Talk

Peter: No nosso segundo álbum, a gente batalhou para fazer um som coeso, mas nesse terceiro álbum a ideia era ouvir cada canção e decidir se caberia no disco ou não. Se tem uma coisa que sempre gostamos na banda é que temos dois vocalistas com vozes completamente diferentes e reconhecíveis em cada canção.

E a gente consegue fazer decisões musicais de forma muito natural, sem se estressar em fazer tudo soar parecido. Por isso, Pray for It tem muitas curvas e variações, e cada faixa tem uma influência diferente. Tivemos influência de Bruce Springsteen, Blood Orange… cada música veio de uma fonte de inspiração diferente. 

Vozes balanceadas

Leah: Encaixar nossas vozes não foi algo que pensamos muito no começo. Eu lembro que eu costumava escutar nossas gravações e pensava: ‘acho que ninguém vai gostar disso’. Mas acho que essa variação de vozes é algo que tem muita gente que adora e tem muita gente que não gosta mesmo. No início a gente tentou isso como forma de tentar soar diferente.

Hoje em dia já temos uma ideia mais fixa sobre isso e sabemos o que faz uma música boa ou não de acordo com nossas vozes. Há uns anos, era muito difícil encontrar uma banda com um homem e uma mulher sendo vocalistas e dialogando no mesmo nível em uma música.

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Provavelmente até podemos dizer que fazer isso teve um teor político, mas o mundo tem mudado e eu me orgulho em termos pensado nessas coisas desde o começo. 

Relação com os fãs

Leah: Em 2016, aconteceu uma situação bizarra em um show, onde um cara nojento pediu para ver meus peitos, e isso foi documentado na internet e a notícia se espalhou. Por algum motivo, as pessoas do Brasil viralizaram o assunto e depois disso muita gente veio nas nossas redes sociais apoiar nossa banda e pedir que a gente fosse tocar no Brasil. Desde então a gente percebeu que os fãs daí são especiais e pudemos interagir mais com eles. Vamos nos esforçar para tocar por aí.

Peter: Isso é especial para mim, porque desde pequeno sou fã do futebol brasileiro. Mal posso esperar para tocar aí.

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