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Entrevista | Gabi Doti – “Eu queria buscar um novo horizonte”

Apesar das mudanças repentinas, o ano de 2020 está sendo produtivo para a cantora Gabi Doti. Nascida em Montevidéu, no Uruguai, a artista veio para o Brasil ainda criança. Portanto, a cantora e o seu trabalho são compostos por duas raízes latino-americanas.

Por falar em trabalho, recentemente Gabi lançou o seu novo álbum, Outra Razão. Em resumo, o processo criativo começou lá em 2018 e integra dez faixas inéditas. A princípio, o disco foi gravado no lendário estúdio EastWest Recording, em Los Angeles. Além disso, alguns singles como Otra Razón já ganharam videoclipes.

“Foi extremamente intenso! Foi maravilhoso fazer esse projeto, me dediquei de cabeça, mergulhei. Tem que ter cuidado, dedicação e muito empenho. Tem que dar o melhor de si! Eu senti que eu estava pronta para isso e que eu precisava e queria amadurecer. Eu queria buscar um novo horizonte e não é à toa que o disco acabou recebendo o nome Oura Razão”, comenta Gabi. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, a cantora contou sobre esta nova fase, repleta de mudanças.

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Novo álbum

Recentemente, Gabi Doti lançou o seu mais novo álbum: Outra Razão. Em suma, o trabalho deu os primeiros passos ainda em 2018 após encontrar Moogie Canazio. O produtor carioca radicado há quatro décadas em Los Angeles já trabalhou com nomes como João Gilberto, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Rita Lee, entre outros. Gabi demonstra um imenso carinho ao falar sobre o produtor. “Experiência surreal Ele é uma pessoa maravilhosa! Muito straight to the point e ao mesmo tempo uma pessoa simples. Um coração generoso e que prima pela qualidade e excelência musical Ele tem muitas histórias e carrega muita experiência”.

Vale lembrar que Outra Razão foi criado por um time de peso! Além de Daniel Baker nos teclados, o trabalho conta com Tim Pierce (guitarrista em discos e shows de Michael Jackson, Roger Waters e Phil Collins), Jamie Wollam (atual baterista do Tears For Fears, que já passou por grupos de Michael Jackson e David Crosby) e Sean Hurley (baixista de John Mayer, também presente em gravações de Ringo Starr, Annie Lennox e Alanis Morissette). Em cinco faixas, o percussionista cubano Rafael Padilla (que já trabalhou com Shakira, Gloria Estefan, Thomas Dolby, Diana Ross, Matt Bianco) reforça o sotaque latino-americano.

Além disso, há também participações pontuais que completam a paleta sonora do álbum: o percussionista Felipe Fraga (curitibano radicado em Los Angeles) botou pandeiro e repique em Silêncio Capital; os irmãos cariocas Felipe e Viny Melanio fazem backing vocals em Nonsense e Iguais; enquanto as canções Nosso Jeito e Iguais contaram com a Orquestra de Saint Petersburg (sob a direção do maestro Kleber Augusto, a partir de arranjo de Daniel Baker).

Otra Razón

Lançado recentemente, o videoclipe Otra Razón é uma mensagem que precisava ser reportada. “As músicas também são muito visuais pra mim. E Otra Razón é a única música espanhol do disco que eu não tinha a menor dúvida que precisava ter todo um cuidado lúdico com a questão da imagem e da mensagem que estava sendo passada. É a respeito de uma história de alguém que sofre da síndrome de Alzheimer. É uma pessoa muito próxima, eu queria retratar de uma forma muito lúdica e cuidadosa, o que acontece com a mente de uma pessoa”.

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Além disso, Gabi Doti também contou um pouco sobreo processo criativo do trabalho, que desdobra uma história em sinergia. “Junto com o Rodrigo Cardoso – que é o diretor do vídeo – a gente sabia que para retratar esse processo tinha alguns elementos, como aridez, água e também uma espécie de lugar abandonado, onde a gente pudesse capturar da forma visual. A gente gravou nas ruínas da UnB em Brasília, que é um lugar que reúne um pouco dessas questões”.

“Já sobre a água, nós reforçamos na reserva ambiental que é do Parque Nacional de Brasília, famoso parque da água mineral. A gente quis tratar visualmente, portanto precisavam ser uns lugares meio personagens. E ao mesmo tempo, no meu lugar tanto de cantora, como fazendo o papel da mente, buscando tentar mostrar um pouco das questões dos lapsos de memória e todo o processo que o Alzheimer provoca, com todo o cuidado e carinho”.

Videoclipes

Além de Otra Razón, o disco novo já rendeu outros dois videoclipes. “Eu já tenho um clipe de estúdio, que mostra um pouquinho dos bastidores de como foi a gravação em Los Angeles, da música Silêncio Capital, em outro videoclipe que já está no meu canal do YouTube e também no Apple Music e no Tidal. E a música Eco, que foi gravada nos famosos cobogós de Brasília. É uma música que fala sobre você se reconstruir; terminar um relacionamento de forma tranquila e ir para uma nova etapa da tua vida. Esse videoclipe também foi dirigido pelo Rodrigo Cardoso”, explica a cantora.

Posteriormente, Gabi Doti revelou que já existem novos trabalhos a caminho. “Além disso, tem um mini documentário a onde eu abordo um pouquinho do ambiente de Los Angeles e do contexto todo de como foi feito o disco. Tem a participação do Moogie, o Daniel Backer é entrevistado e tem entrevista minha contando um pouco de como foi o processo. Também está disponível do meu canal do YouTube. E já estou trabalhando no próximo videoclipe do disco, não vou falar a música ainda, é uma surpresa, mas vai ser algo muito legal, muito bacana!”

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Gabi Doti é tri-eclética

Gabi nasceu no Uruguai, viveu um bom tempo no Brasil e visitou uma porção de países ao redor do mundo. Ou seja, esse repertório cultural faz parte dos seus gostos musicais e reflete também na sua arte. “Tanto pelas minhas raízes uruguaias, como pelo tempo em que eu morei no Brasil, pelas viagens que eu já fiz ao redor do mundo, a gente vai se transformando. Eu sempre me interesso muito em ouvir as músicas dos lugares por onde eu passo. Tanto as músicas de origem, como os folclores, quanto as músicas que são contemporâneas. Então é um caldeirão que reside aqui dentro de mim e isso também está traduzido no tipo de música que eu faço, música eclética”.

E descobrir novas vertentes, nunca é demais! “Eu sempre busco abraçar várias influências e sempre estou atrás de novas influências. Atualmente, tem desde John Meyer, até funk americano da década de 1970. A gente pode falar de George Clinton, até música brasileira, como Fernanda Abreu, Marina Lima. E também me abro muito pra sonoridade pra música da Europa, como Espanha. Não só música de raiz, como por exemplo o uruguaio Jorge Drexler, que mora lá hoje, tem também rock sabina. Clássicos do Rock n’ Roll sempre tem, desde Led Zeppelin, até bandas mais atuais como Red Hot Chilli Peppers. E tem obviamente, música pulsante latino americana desde Mercedes Sosa, Astor Piazzolla, e também tem muito da influência aqui [do Brasil] de Elis Regina e Rita Lee”, comenta Gabi.

Raízes latino-americanas

Gabi carrega duas raízes latino americanas: uruguaia e brasileira. Ao Blog n’ Roll, a artista compartilha sobre ambas as influências. “No nosso hino [uruguaio], a gente tem Orientales la Patria o la Tumba! Libertad o con gloria morir, ou seja, é oito ou oitenta! Então tem muito a coisa do emocional. E isso eu percebo não só como uma característica uruguaia, mas uma característica dos países hispanohablantes aqui da nossa América Latina. Tem muito a questão da emoção, da força muitas vezes transmitida na voz e isso é algo que eu carrego. Isso me inspira, por exemplo, em termos de poesia. Me inspira a compor no espanhol. Eu percebo a forma, o acento do espanhol, que é muito doce”, explica.

E certamente, o Brasil ocupa um lugar gigantesco na vida – e na música – de Gabi. Inclusive, a cantora pretende atuar com as diversas brasilidades musicais que compõe o nosso país. “No caso da minha raiz brasileira, bebi da fonte de cultura do Rio Grande do Sul e hoje de Brasília, que é muito diversa e muito eclética e isso reforça o meu ecletismo aqui. O Brasil é muito diverso ritmicamente. Eu ainda quero fazer um trabalho a onde eu possa explorar as diversas vertentes rítmicas que o Brasil tem. Isso é muito bonito, muito rico. Eu gosto muito da questão da alegria, do lado um pouquinho mais sarcástico que principalmente tá carregado nesse disco e eu acho que o brasileiro tem esse que do brincar muitas vezes”, finaliza.  

Novos projetos

Com a pandemia do novo coronavírus, Gabi Doti precisou se reinventar. E ela tem feito isso com maestria! Além das lives, que têm se popularizado muito em tempos de quarenta, a cantora foi além, criando inclusive o seu próprio programa. “Nesse caminho acabei criando um programa chamado Mundo Pop, no qual uma vez por mês no meu perfil do Instagram, eu sempre convido um artista. A intenção é a gente abordar aquilo que está nos meandros do mundo pop, mas que por ser popular se transforma em pop e não necessariamente tem que estar no meanstring”, explica.

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Ademais, após a entrevista é gravado um vídeo com o convidado. “A gente acaba no final desse processo divulgando um vídeo gravado em conjunto. O primeiro programa eu fiz com a artista, intérprete e maravilhosa Indiana Noma, onde a gente falou do mundo pop da música de influência da América Latina. Depois, o segundo programa eu fiz com o Osvaldo Amorim, baixista. Falamos da influência do groove da música pop. E assim, sucessivamente, para cada programa sempre tem alguma coisa nova”.

E as inovações não param por aí! Até mesmo o seu mais recente trabalho ganha novos tons nas lives. “O disco Outra Razão foi feito com banda. Com a questão da pandemia, eu tive que readaptar e na realidade me desafiar a fazer o show, por exemplo mais acústico, voz e violão. Eu nunca tinha feito até então, essa foi a primeira vez. Então eu precisei preparar esse processo e trazer um pouco da roupagem de como as músicas foram feitas originalmente para esse disco. Só tem uma música feita no piano, mas a maior parte do disco foi feita no violão. Good Times foi feita no piano”.

E depois da pandemia?

Há inúmeras especulações sobre o futuro. Mas uma coisa é certa: Gabi Doti não vê a hora de subir no palco novamente. “Depois da pandemia é um pouco difícil de falar, eu acho. Porque é muito difícil de saber como as coisas vão se reconfigurar. Por mais que, como dizem, os artistas serão os últimos a se reestabelecer nesse processo, como voltar a fazer show. Eu estou morrendo de vontade de realmente estar em contato físico com o público! É muito diferente de você fazer uma live. A emoção é diferente, completamente diferente. Então eu preciso do palco, eu quero poder estar expressando as minhas canções”, revela Gabi.

Porém, mesmo em tempos de quarentena, a artista continua criando e produzindo. No momento, o foco está direcionado para a divulgação do seu álbum. “Mas enquanto esse momento não chega, eu acho que a questão é continuar fazendo música. Primeiro, eu ainda estou em processo de divulgação desse disco. Eu acabei de fazer o lançamento dele e ainda pretendo continuar com esse projeto e seguir trabalhando nessas lives. Mas também começar a pensar no próximo projeto. Então, nesse momento vou aproveitar também para compor e preparar o próximo disco”.

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Juntos Pela Vila Gilda

Gabi Doti é uma das artistas que estará presente no Juntos Pela Vila Gilda, um evento social promovido pelo Blog n’ Roll. Acho belíssima essa iniciativa do Juntos Pela Vila Gilda. Essa ação social é fantástica. Eu acho que a gente sempre precisa sim fomentar esse tipo de ação, faz parte do papel social da música. É uma coisa muito bacana você como artista se conectar com pessoas e saber que estará as ajudando. Ou seja, melhorando a qualidade de vida das pessoas e de uma comunidade, seja através de alimentos, revertendo em ações para esse momento que estamos vivendo de covid-19, principalmente a comunidade que está sofrendo com isso”, comenta a artista.

Enfim, no dia 25 de julho, Gabi e mais de 100 artistas se apresentarão virtualmente em prol da comunidade santista. “Então eu acho que tudo aquilo que a gente puder fazer para melhorar a situação de vida, por que não? Se eu tenho um meio de prover isso para alguém através do meu trabalho, através da arte que veio para o mundo, então simbora! Desejo que essa campanha seja bem sucedida, não só essa, como outras que vierem e estar sempre aberta a isso. Obrigada pela oportunidade de colocar minha arte em prol de uma ação tão bonita, tão bacana de poder ajudar pessoas”.

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