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Crédito: Ana Karina Zaratin

Best of Blues and Rock

Entrevista | Nasi – “O Ira! é a última banda de rock popular no Brasil”

No próximo dia 4, o Ira! se apresenta no Best of Blues and Rock, na plateia externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Será um dos representantes nacionais juntamente com a revelação Day Limns. A programação inclui ainda os pesos-pesados Buddy Guy, Tom Morello e Goo Goo Dolls.

O vocalista do Ira!, Nasi, conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre a expectativa para o festival e não escondeu a empolgação. “Haja whisky pra mim essa noite! Acabei de fazer meu show, vou ter que ver dois shows. Sou um cara que raramente sai, o último que saí de casa para entrar na multidão foi do The Who, imperdível”.

O Best of Blues and Rock acontece nos dias 2, 3 e 4 de junho, na plateia externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Os ingressos do festival podem ser adquiridos a partir de R$ 450,00 com parcelamento em até dez vezes pelo site da Eventim ou na bilheteria do Estádio do Morumbi (nesse último, sem taxa de conveniência).

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Os fãs contam com a opção Combo Promocional, que dá direito a assistir aos três dias do festival. Também está disponível para todo o público a Entrada Social, mediante a entrega de um agasalho na entrada do evento, destinado à Instituição Cruz Vermelha de São Paulo.

Como você recebeu o convite para o Best of Blues And Rock?

Recebi isso com muita felicidade, nunca pensei que iria dividir o mesmo palco com o Buddy Guy. Você sabe que o Edgar (Scandurra) já tocou com o Buddy Guy e o Junior Wells? Junior Wells que é um grande cantor e gaitista de blues, parceiro do Buddy Guy, eles formavam os verdadeiros Blues Brothers. Esse termo nasce com Buddy Guy e Junior Wells, aí depois tem o filme, etc e tal.

O Maksoud Plaza (em São Paulo) tinha uma sala que trazia diversos artistas internacionais, principalmente do jazz e do blues, e trouxeram a dupla. E convidaram eu e Edgar, em uma época que eu estava muito ‘entrevado’, tava tipo o Nosferatu. Lá pros anos 90, deveria ser, pela minha condição adicta, entre 93 e 95. Eu não fui, Edgar foi, deu canja, lembro que o Edgar falou mais do Junior Wells do que do Buddy Guy. E realmente Junior Wells, esse cara é o Jimi Hendrix da gaita.

Então, quando recebi essa notícia (do convite para o festival), até pensei: “é sério?”. Vou falar uma verdade, doa a quem doer, o Ira! é uma das últimas, se não for a última, banda de rock popular no Brasil. A gente tem o nosso momento rock popular, eu e o Edgar detestamos essa coisa pop rock, parece que você já diminui o rock, “é rock mas não é tão rock”.

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Prefiro assim, rock popular e o Ira! tem rocks populares, então a gente é colocado em um festival desse, com gênios da guitarra, Steve Vai, Buddy Guy, Tom Morello, esses três, e até o próprio Edgar, que é um cara que está na noite certa mesmo. Edgar é um cara que representa o Brasil em termos de excelência de guitarra. Então, cara, vou ter uma noite que vou ser profissional e amador ao mesmo tempo.

Vocês já discutiram o setlist para o show?

Olha, eu tenho uma diretriz, vou te falar, mas quem vai fechar o setlist sou eu e o Edgar. Geralmente dou uma espinha dorsal, o Edgar chega e fala: “quero essa, também quero aquela, tira essa”. A gente discute, hoje ainda vamos sentar para falar sobre isso.

Mas já posso adiantar para você, que já conversei por cima com ele, e nós vamos fazer uma setlist na qual vou propor um pequeno set de cover de grandes guitarristas. Jimi Hendrix, quem sabe Muddy Waters, Tommy Iommi, coisa que a gente já tocou, coisas que a gente toca no bis. Seria legal fazer um momento tributo a grandes guitarristas.

Claro que tem que ter aquelas músicas, muita gente vai lá ver o Ira!, tem que ter o momento de catarse. Mas acho que esse show vai ser mais pesado em termos de pesar a mão na guitarra, mais pesado do que normalmente fazemos.

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Como você vê essa mudança na postura dos festivais, que agora dão muito mais espaço para artistas nacionais?

Cara, pois é, por essas e outras coisas que o Ira! foi bucha de canhão nos anos 80, o Ira! brigou por várias coisas, brigou por túnel no Chacrinha, para não colocarem uma coleira nos artistas ao invés de gorro de Papai Noel, que ficou muito famoso. Ninguém lembra de quem tocou naquela noite, só lembra que o Ira! virou as costas. Se eu soubesse o marketing que isso tinha dado: o Ira! foi a banda que recusou o Chacrinha, virou as costas e foi embora.

Nesse ponto também, a gente comprou muita briga, quando teve o primeiro Hollywood Rock (1988), o Ira! brigou com a Globo, demos uma coletiva, acho que o Paralamas tava na coletiva. Perguntaram para gente se todos os artistas tinham as mesmas condições, e a gente, acho que até ingenuamente, respondeu: “Não, a gente toca cedo, não tem luz, os cara do staff gringo são mal educados, e a gente não ganha nada”.

A empresária chegava e falava assim: “Toca lá, que vai passar na Globo, vai ser legal para vocês e tal”. Ganhava praticamente nada. O Ira! colocou a boca no trombone, trocamos farpas na imprensa com o Luiz Oscar Niemeyer (produtor). Ele falou da gente: “Esses caras são uns merdas”.

Aí nós tocamos no Rio de Janeiro e teve toda aquela história, nós passamos uns dois minutos do nosso tempo, Edgar continuou, os caras cortaram o som, o Edgar quebra a guitarra, a gente destrói o camarim, isso vira uma polêmica.

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Depois a gente foi pra São Paulo, tocar no Morumbi, e fomos filhas da puta. Deixamos Pobre Paulista fora, tocamos uns 50, 45 minutos, puta show. E o público de São Paulo sabia que o tinha acontecido no Rio de Janeiro e via gente como o artista injustiçado que fala a verdade. Aí a gente acabou o show, o público continuou gritando, saímos, e o público gritando “mais um, mais um”. A gente olha para produção, meio de lado assim, até eles se humilharem e pedirem pra gente tocar mais um, e a gente toca Pobre Paulista.

Essas coisas também acho que queimaram muito o Ira! Teve uma época, que mesmo fazendo sucesso, estava sendo uma capivara muito grande no mainstream. Era aquela coisa no Chacrinha, no Hollywood Rock, pessoal não queria problema.

O último álbum do Ira! foi o homônimo, lançado em 2020. Existem planos para um novo disco?

A gente não tá excursionando com esse álbum. Ele foi concluído no final de 2019 e o primeiro single saiu no começo de 2020. Aí veio a pandemia e fodeu tudo, a gente não pôde excursionar com esse disco, e depois de dois anos, não digo que as músicas perderam o sentido, mas ficou um vazio muito grande, achar que nada aconteceu. Mas a gente toca algumas músicas desse disco no nosso show normalmente.

Quanto a coisas inéditas, estou produzindo desde o final do ano passado um disco solo meu, Rock Soul Blues. É um disco de intérprete com várias bandas diferentes tocando comigo, tem elementos de blues, rock n roll, soul music. É o disco mais de intérprete que fiz, primeiro single vai sair 4 de agosto, com muita calma, pois viajo muito com o Ira!, e esse disco como falei, não é feito com uma banda fixa.

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Vou gravar um country western, procurei a melhor banda de country western para isso. Vou gravar um hit do Ira! em blues, com a melhor banda de blues, a do Igor Prado. São umas coisas clássicas que gravei, umas coisas que gravei com Johnny Boy, Zé Rodrigues. É um disco que pretendo que seja, um dos meus melhores solo.

O Ira! tem que pensar em coisas novas, não sei os planos do Edgar, está sempre envolvido nos projetos. Pelo jeito que é o mercado hoje, muito diferente dos anos 80 e 90, a gente tem que pensar daqui alguns anos nesse sentido.

Consegue listar três álbuns marcantes para a tua formação como músico?

Vou ter que psicografar. Vou falar o primeiro que aparece na minha cabeça: Billion Dollar Babies (1973), do Alice Cooper. Podia ser o School’s Out (1972), mas vou colocar o Billion Dollar Babies (1973). O primeiro do The Clash (1977), além do Raising Hell (1986), do Run DMC.

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SERVIÇO

Best of Blues and Rock 10 anos

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral – Ibirapuera – São Paulo

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Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos: a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

Vendas online: Link

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