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Entrevista | Shawn James – “Foi provavelmente o show mais energético de nossas vidas”

Após a bem-sucedida turnê de 2023 pelo Brasil, o músico norte-americano de folk blues rock Shawn James inicia nesta sexta-feira (11) mais um giro pelo Brasil, com seis datas. A primeira será em São Paulo, no Carioca Club.

O giro de Shawn James, chamado Muerte Mi Amor, em referência a uma das mais aclamadas músicas do seu álbum mais recente Honor & Vengeance, passará ainda por Curitiba (12/10, CWB Hall), Florianópolis (13/10, Célula Showcase), Brasília (15/10, Infinu), Rio de Janeiro (16/10, Solar de Botafogo) e Belo Horizonte (18/10, A Autêntica).

Nesta aguarda volta ao Brasil, Shawn James traz o disco Honor & Vengeance na bagagem, lançado em 2023, que escancara músicas intimistas e sentimentais em uma roupagem mais folk. Ballad of the Bounty Hunter, Muerte Mi Amor, Six Shells e Dust to Dust são os destaques e as mais ouvidas pelo seu público.

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Shawn James ganhou holofotes midiáticos de todo o mundo com o lançamento da série The Last of Us, na HBO: em 2016, sua música Through the Valley foi tocada pela personagem Ellie no trailer de anúncio do jogo de videogame The Last of Us Part II. Isso levou a música ao topo da parada viral do Spotify no Reino Unido, conquistando mais de 60 milhões de streams nas plataformas digitais.

Um pouco antes de chegar ao Brasil, Shawn James conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre os shows no País, carreira, lançamentos, entre outros assuntos. Confira abaixo.

Como serão os shows no Brasil? Como está a expectativa?

As duas últimas vezes que estivemos em São Paulo foram incríveis. A primeira vez foi meio solo comigo e meu violinista. Mas a última, lá no Fabrique Club, foi provavelmente o show mais energético com multidão e interação que já tivemos em nossas vidas. Então, sim, estamos muito animados.

Estamos trabalhando em um novo set, um monte de músicas novas e antigas, um monte de coisas para fazer uma noite realmente boa.

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Mas você acha que vai se concentrar mais no álbum Honor & Vengeance?

Vai ser uma mistura. Sabe, isso é uma coisa sobre mim. Tipo, sempre que lançamos uma música nova, não gosto de focar apenas nas coisas novas porque há muita música antiga que é a favorita das pessoas e que as fez gostar de nós e isso e aquilo. Então será uma mistura.

Acho que tocaremos cerca de metade do novo álbum ao vivo. Além disso, será uma mistura de todos os álbuns que fizemos também.

E você disse que foi uma apresentação incrível aqui. Você tem alguma lembrança mais marcante aqui?

Houve muitos bons momentos no Brasil. A última vez que estivemos aqui, tivemos alguns dias antes para apenas sair. E saímos um pouco no bairro de Pinheiros. Fomos a vários restaurantes e bares, fomos ao Beco do Batman e toda aquela área do entorno.

Meu amigo Santi (chef argentino radicado no Brasil) é dono de alguns restaurantes e tem uma propriedade chamada Punta Blanca Ranch (Gonçalves, MG). Não consigo lembrar exatamente onde fica, mas fica a algumas horas ao norte de São Paulo. E era um dos campos mais lindos, passeios a cavalo, apenas cabanas. Foi épico!

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Tem muita coisa boa no Brasil. Uma das minhas favoritas, no entanto, é que depois do show na Fabrique, em São Paulo, havia um bar de cachaça do outro lado da rua que era bem pequeno, era como um lugar de propriedade local. E depois do show, fomos lá e havia um monte de fãs. Eles estavam tipo: “vamos lá, vamos lá”. E, então, acabamos bebendo um pouco demais.

No final da noite, eles estavam nos servindo esta cachaça onde estavam acendendo fogo e todas essas coisas malucas. Sim, foi uma boa noite. Foi divertido.

Você é um artista que faz música sem seguir fórmulas prontas. Como funciona esse universo musical que você habita?

Sim, não há uma fórmula para explicar, mas baseio muitas coisas que faço em sentimentos e em coisas pelas quais passei, experiências ou sentimentos que tenho. Ou talvez seja um livro que li ou uma música que ouvi ou um filme que assisti e me sinto inspirado.

E muitas vezes está em todo lugar. Às vezes será minha própria história, como especialmente meu primeiro álbum, Shadows (2012). Essas são muitas das minhas experiências de vida crescendo com meu pai e com outras coisas.

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Mas aí vem um álbum como Honor and Vengeance, por exemplo. Sempre fui fã de filmes de faroeste como The Good, the Bad and the Ugly, Ennio Morricone, The Composer, filmes e histórias assim. Então sabia que sempre quis criar algo assim.

E tive esse tempo longe da estrada que me inspirou. A maneira como funcionou para mim é que eu simplesmente comecei a ter ideias. Às vezes é música, às vezes são ideias, às vezes é uma letra, mas é o que vier a você.

Honor & Vengeance veio com uma ideia, não?

Honor & Vengeance, especificamente, veio com a ideia. Queria criar um álbum que fosse como um filme que passasse, que tivesse um começo, um meio, um cara mau, um cara bom. Como muito empurra e puxa e então um final que esclarecesse tudo.

Lembro que comecei e disse: ‘bem, o que vai ser? O que vai acontecer? Qual é o drama que faz a história acontecer?‘ Foi então que criei The Outlaw. E a razão pela qual ele se tornou um fora da lei é porque alguém matou sua esposa e ele se vingou. Então ele se torna um fora da lei por causa disso.

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Então, realmente, ele não está errado. Ele estava se vingando disso, mas aos olhos do governo e da lei, ele é um criminoso. Foi aí que começou.

A música tento fazer com que se encaixe no que estou sentindo, no que acho que ele sentiria ou no que acho que os caçadores de recompensas sentiriam. Me coloco no lugar deles e tento pensar sobre o que estaria em suas mentes, sabe, e então escrevo isso. E sim, não há um processo real, no entanto.

É meio que o que inspira e o que vem. Sabe, às vezes faço uma música de blues rock. Às vezes faço uma música folk sincera que é muito deprimente. E tudo tem a ver com o que estou sentindo no momento.

Sinto que para mim, é o mais honesto e genuíno. Não que eu queira falar mal de outros artistas, mas alguns só fazem uma coisa, um som, um estilo. E sinto que, para mim, estaria mentindo se fizesse isso porque nem sempre sinto o mesmo.

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Você se considera um contador de histórias?

Absolutamente. Sim, acho que sem as histórias, não seria nada. Cada emoção vem de uma história muitas vezes, certo? Ou algo que acontece na vida, que é uma história ou uma experiência. Então, sim, acho que sou um contador de histórias e transmito emoções, ideias e histórias por meio da música.

Por falar em histórias, você viralizou com uma música na franquia The Last Of Us. Como você reagiu a esse feedback público?

Provavelmente foi há cerca de sete anos quando isso aconteceu, talvez oito anos atrás. E na época, eu estava no começo da minha carreira, então não tinha muitas pessoas ouvindo a música que faria em turnê. Às vezes havia dez pessoas em um show ou algo assim.

Eu amava o que fazia e a música estava sempre lá e tocando, mas as pessoas não a reconheciam tanto na época. E me lembro do pessoal da Sony PlayStation e The Last of Us nos contatar alguns anos antes, mas eles nunca me disseram para o que seria usado.

Eles disseram: “queremos usar Through the Valley, mas não podemos dizer qual jogo, não podemos dizer como será usado. Não podemos dizer nada“. No começo, eu recusei. Não queria que eles colocassem e traduzissem de uma forma estranha.

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Mas contei a um amigo sobre isso e ele rebateu: ‘Shawn, esta é a Sony PlayStation, você é um pequeno artista. Isso pode ajudar a levar a música para muitas pessoas’. Então voltei atrás.

Dois anos depois, o trailer saiu e eles me convidaram para assistir ao anúncio. Fiquei assistindo por umas duas horas e nada aconteceu. Comecei a pensar que não tinha nada mesmo. Mas apareceu no fim do evento. Isso me surpreendeu.

Foi perfeito, não conseguia pensar em um jogo mais perfeito para essa música com a sobrevivência, as vibrações pós-apocalípticas e tudo com Ellie.

A resposta foi enorme. Da noite para o dia, consegui um milhão de streams e consegui alcançar mais pessoas ao redor do mundo. Isso me deu um grande impulso.

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Sempre serei grato a Neil Druckmann (roteirista do jogo) e The Last of Us por usarem a minha música. Isso simplesmente aconteceu aleatoriamente, ninguém forçou nada.

Você agradeceu o seu amigo na época? Risos

Claro! Eu estava com medo. Mas, às vezes, como artista, você quer proteger a sua obra. Ainda me sinto assim, mas é preciso correr um risco. Arrisquei e valeu a pena, felizmente.

Você jogou The Last of Us Part Two?

Com ​​certeza! Sim, é uma história e meia. É de partir o coração. É difícil. Sabe, a história é difícil, mas acho que com qualquer boa história, haverá perdas, desgosto, triunfo. E sei que muitas pessoas não gostaram do que aconteceu em The Last of Us também. Também não gostei de ver, mas isso cria uma história interessante. Foi incrível! A série também é incrível!

Você assistiu?

Sim, claro! Estou ansioso pela segunda temporada já.

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Você gosta desse universo geek? Se considera um geek?

Eu não sei se gosto dessa palavra. Mas diria que um nerd ou um geek é alguém que é muito apaixonado por essa coisa. Então, como músico, deveria ser um nerd ou um geek por música. Cresci jogando videogame, sabe, era uma fuga pra mim. Foi uma libertação, acho que não para todos.

Então, algumas pessoas podem me considerar um nerd ou um geek, mas não me importo.

Para fecharmos essa entrevista, gostaria de saber quais os três álbuns que mais influenciaram Shawn James na carreira. Por que?

Uau! Você vai me colocar em uma situação difícil agora. Amputechture (2006), do Mars Volta. Esse teve uma influência direta em mim. Eu já amo o álbum, não sei se devo dizer isso em uma entrevista, mas peguei algo dele. Peguei algo e ouvi o álbum e foi como se tivesse um efeito em mim que nunca senti antes. E esse álbum sempre me trará de volta. Então esse álbum é um deles.

Ah, cara, crescendo no gospel, acompanhando uma ópera em Chicago, tive muitas influências de Aretha Franklin, Nina Simone, essas pessoas realmente me influenciaram. Pavarotti também me inspirou muito, o poder da voz e como ele projetava isso. Mas não consigo pensar um álbum específico desses artistas.

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Outro álbum que entra na lista é um do Bill Withers, que canta Just the Two of Us e Ain’t No Sunshine. Há alma, groove e coração ali. Não consigo lembrar o nome do álbum, para ser honesto, mas acredito que seja uma coletânea.

Por fim, também destaco que amo metal, hip hop, várias coisas bem diferentes dessas influências. Não me limito a uma coisa, mas é difícil colocar em apenas três álbuns.

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