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Entrevista | Jay Weinberg (Suicidal Tendencies) – “Gosto dessas bandas que misturam estilos”

Com mais de 40 anos de história e uma ligação próxima com o público brasileiro, a banda Suicidal Tendencies coleciona visitas ao país. Aliás, cada turnê é única, sempre acompanhada de algum integrante novo. Thundercat, Dave Lombardo, Robert Trujillo (Metallica), Brandon Pertzborn (Offspring), Greyson Nekrutman (Sepultura), a lista de peso é interminável. Nem todos vieram ao Brasil, mas deixaram suas marcas registradas.

Agora, novamente no Brasil, Mike Muir vem celebrar a turnê Nós Somos Família. Os convidados da vez são Tye Trujillo (filho de Robert Trujillo) e Jay Weinberg (ex-Slipknot). Serão cinco shows: sexta-feira (12), no Sacadura 154, no Rio de Janeiro, sábado (13), em São Paulo no Esquenta Rockfun Fest (ingressos esgotados), no domingo (14), no Tork n’ Roll, em Curitiba, na terça (16), no John Bull, em Florianópolis. Por fim, na quarta (17), no Mister Rock, em Belo Horizonte.

Aliás, a atual tour também rendeu uma bonita homenagem de músicos brasileiros influenciados pelo Suicidal Tendencies, além de atletas. O single, disponibilizado na última quinta-feira (4), conta com as participações de Badauí (CPM22), B-Negão (Planet Hemp), João Gordo, Rodrigo Lima (Dead Fish), Supla, os campeões mundiais de Skate Sandro Dias e Pedro Barros, Fernanda (Crypta), Marcão Britto e Thiago Castanho (Charlie Brown Jr), o vocalista do Bayside Kings, Milton Aguiar, além de diversos músicos da cena underground/alternativa nacional.

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Para falar sobre esses shows e a linda homenagem recebida pela banda liderada por Mike Muir, o baterista Jay Weinberg conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, durante uma perna da turnê na Europa. Confira a entrevista abaixo.

Como foi receber a convocação para se juntar ao Suicidal Tendencies? Você já conhecia o Mike Muir? 

Sim, foi uma honra. Conheci o Mike e o Dean há muito tempo, provavelmente uns dez anos. Nós fizemos nosso primeiro show juntos em 2015, e sempre nos víamos nos shows, tocávamos em muitos festivais juntos, então mantivemos essa amizade nos últimos dez anos.

Na verdade, o que aconteceu primeiro foi que o Mike me chamou para tocar com o Infectious Grooves, uma banda que compartilha membros com Suicidal Tendencies, com o Dean Pleasance na guitarra, o Robert Trujillo no baixo. O filho do Robert, Tye, toca no Suicidal, é claro. 

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Então, originalmente, eu tinha uma cirurgia no meu quadril para corrigir um problema que tinha com o meu fêmur em novembro. Mas ele estava com pressa, eu nem conseguia andar, na verdade, quando o Mike me perguntou se estaria disponível e pronto para tocar alguns shows com o Infectious Grooves em março. No entanto, eu sabia que queria fazer isso, então lhe disse que sim, faria o que fosse necessário para estar lá com ele.

Logo depois, aconteceu que o Suicidal estava precisando de um baterista para tocar alguns shows no Japão. Aqui, eu já estava recuperado. Mas o Mike me ligou e disse assim: ‘ok, eu sei que isso está mexendo muito contigo, mas basicamente preciso de uma resposta agora, porque em duas semanas teremos shows no Japão, e precisamos de um baterista. Você também pode não apenas tocar bateria para o Infectious Grooves, mas, por favor, tocar com o Suicidal Tendencies também? E eu falei, é claro, foi um prazer absoluto tocar com ambas as bandas.

O fato de que aconteceu naturalmente, por meio da nossa amizade, o Mike sentiu que isso seria um grande sucesso, e foi muito, muito divertido até agora, um prazer completo. 

E como você conseguiu tocar com toda essa dor? O que você está fazendo? 

A dor do meu quadril? Não é tão ruim agora, fiz todo o programa de recuperação, a reabilitação levou muito tempo, entre quatro e seis meses, realmente, para sentir que estava de volta em capacidade máxima.

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Tocamos juntos com Infectious Grooves em fevereiro, que foi apenas três meses após a minha cirurgia, e isso foi bem agressivo, eu ainda podia sentir a dor do meu quadril, de onde tinha cirurgia, mas como continuei e tal, tocar me fez sentir-se mais e mais confortável.

É só uma parte da vida, às vezes você tem que ter uma cirurgia corretiva, mas voltar a tocar bateria foi meu primeiro e principal objetivo, é por isso que queria voltar, é por isso que queria ter a cirurgia. Então, isso nunca afetou o meu exercício de tocar bateria, mas queria viver uma vida saudável, e ser ativo das formas que gosto de ser, foi algo necessário. 

E antes do Suicidal, você tocou em outras grandes bandas, na cena de punk hardcore, como Against Me e Madball, como foram essas experiências? 

Bem, todas as minhas experiências de tour me levaram até este ponto, o qual sou muito agradecido. Viajei pelo mundo muitas vezes, tocando música, que é uma coisa incrível, sou muito sortudo por poder fazer tudo isso nos últimos 15 anos.

Tive a sorte de tocar com músicos incríveis e bandas incríveis, além do Suicidal e o Infectious, mais recentes. Sinto que todas essas experiências se transformam em minhas tocando de alguma forma, isso me ajuda a me informar sobre a música que amo, amo tantos estilos diferentes de música.

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Punk e hardcore, de onde venho, sou muito entusiasta, mas amo muitos outros estilos. Hoje, porém, estou em uma interseção de metal, punk e hardcore, que é exatamente o Suicidal. 

Gosto dessas bandas que misturam estilos. Para mim, é sobre trazer as pessoas, criar algo que não podemos criar sozinhos, trazer os ouvintes, além de fazer as pessoas sentirem uma sensação de comunidade. Em resumo, é o que o crossover realmente faz: traz as pessoas juntas que normalmente não estariam em um mesmo show.

Agora você está vindo para o Brasil com o Suicidal Tendencies. Quais são suas expectativas? 

Não tenho expectativas, tenho esperanças e aspirações, mas nunca me aproximo de qualquer coisa, não coloco pressão em qualquer situação. Acho que você vai para uma tour ou um show com esperanças de o que pode ser, mas ter uma mente aberta para tudo isso é o nome do jogo para mim.

O Brasil é a casa de alguns dos maiores fãs de música, fãs de metal pesado, fãs de punk rock do mundo, é um dos países mais bonitos que já estive. São Paulo é uma das minhas cidades favoritas, tudo que é meu favorito está no Brasil.

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As pessoas me perguntam qual é o meu lugar favorito para tocar, e sempre digo que é difícil escolher um lugar apenas, mas no topo da lista é sempre o Brasil, em qualquer lugar no Brasil. Amo tocar no Rio, amo tocar em São Paulo, estamos indo para outras cidades também, cidades que nunca toquei antes. É uma ótima oportunidade para estar no Brasil por mais tempo do que apenas dois shows, temos que tocar cinco shows, então estamos muito animados. Jay Weinberg, baterista do Suicidal Tendencies

Sinto que o Brasil é um país que ama música, ama arte, ama expressão, é apaixonado por coisas. É o que nós, como músicos, artistas, realmente amamos. É um pouco difícil quando você toca para um público que talvez não tenha essa paixão, pessoas que não investem a mesmo paixão que nós investimos na música. Definitivamente, nunca será relacionado aos brasileiros, que sabemos que sempre são muito apaixonados. Mal podemos esperar.

Incrível! Jay, você se lembra de alguma história curiosa quando você estava aqui no Brasil? Pode ser um concerto ou alguma situação divertida. 

Tive muitos concertos lembrantes no Brasil, mas recordo de uma história que é meio engraçada, bem típica de tour. Mas no Rock in Rio (2015), o Slipknot tocou um dia depois do Hollywood Vampires, que tinha Alice Cooper, Matt Sorum, Duff McKagan, Johnny Depp e Joe Perry na guitarra, certo?

Lembro que ficávamos no mesmo hotel deles e havia um longo caminho do lobby até o elevador. Eu tinha ido a uma loja de conveniência para comprar suco de laranja, uma maçã, um cereal ou algo assim, e me lembro que voltei com uma sacola plástica cheia disso. Estava caminhando pelo corredor, enquanto o Joe Perry estava caminhando em minha direção. Só queria ser educado e pensei ‘não vou dizer nada, não vou interromper a noite dele’. Mas nós estávamos caminhando pelo corredor, foi bem rápido, era só eu e ele, mas quando cheguei perto dele, minha sacola explodiu e caiu tudo no chão, na frente do Joe Perry. Jay Weinberg, baterista do Suicidal Tendencies

Me senti muito mal, estava muito triste, peguei meu suco de laranja e fui direto para o elevador, mas é uma história engraçada que aconteceu no Brasil.

Nunca o vi desde então, então não sei se ele se lembra disso, mas espero que ele não se lembre porque é muito embaraçoso para mim. 

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Junto com a sua chegada ao Suicidal, o Tye Trujillo também foi anunciado. Como é tocar com um cara tão jovem e técnico? 

O Tye é incrível! É interessante, porque sou filho de um baterista também (Max Weinberg é baterista da E Street Band, do Bruce Springsteen), sei o que é isso. Ele e eu temos uma afinidade por sermos filhos de músicos de rock. O pai dele, obviamente, tem uma carreira incrível. 

Então, ele e eu nos relacionamos desse jeito. Ele é muito mais jovem do que eu, mas sinto uma amizade verdadeira com o Tye, na qual ambos perseguimos a nossa própria vida, a nossa própria música e apenas tomamos inspiração dos nossos entornos, nossas famílias e celebramos isso. Mas o Tye, de seu próprio jeito, é um baixista absolutamente louco. É um prazer tocar com ele.

Foi realmente incrível, no início do ano, quando fizemos um tour com Infectious Grooves e alguns shows do Suicidal Tendencies. Tínhamos o Robert e o Tye tocando ao mesmo tempo, foi algo muito especial.

Os Trujillos são tão talentosos, a família inteira é talentosa, a esposa do Robert, Chloé, a irmã do Tye, Lula, eles formam uma família incrível. E há uma comunidade em tudo que eles estão tocando é realmente interessante.

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Eles fazem todo mundo que eles tocam juntos soarem incríveis. É um prazer tocar com o Tye, ele tem energia incrível, pula a minha bateria o tempo todo, é muito divertido. Isso me lembra quando eu tinha 19, 20 anos, tocando em bandas punk e de hardcore, e só tendo um apetite real para explorar o mundo e tocar música. É o que ainda faço, mas me lembro de como era tão novo para mim quando tinha 19. 

Você deu algum conselho ou dicas para ele por conta dessa conexão?

Nenhum conselho, ele não precisa do meu conselho, com certeza. Ele tem o seu próprio compasso que o guia bem e faz muito bem. 

Mas falamos sobre nossas vidas, porque é uma coisa interessante para compartilhar com alguém que não encontro muito. Não sei o porquê disso, mas é interessante como nós dois temos pais que estão em grandes, grandes bandas de rock, e então vê-lo nesse nível como um filho desse cara, absorvendo essa inspiração e encontrando a motivação para procurar nossa própria música, isso é incrível.

É uma espécie de amizade especial que tenho com o Tye, na qual podemos nos relacionar sobre isso. Nós tomamos inspiração, mas forjando nosso próprio caminho e fazendo nossa própria música.

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Qual será o setlist do show do Suicidal Tendencies no Brasil? Você vai destacar algum álbum ou será o melhor do Suicidal Tendencies? 

Realmente não sei ainda. O Mike certamente vai mudar o setlist enquanto estivermos no palco. Sei que vamos tocar alguns grandes hits do Suicidal. Foram dez shows com a banda até agora, sinto que estou me abrindo para a obra completa do Suicidal. 

Mas vamos tocar sons de todos os discos possíveis. Não estou focando em um em particular, mas estou ouvindo toda a discografia. O que podemos garantir é que vai ser intenso e vamos transmitir tudo o que as pessoas querem do Suicidal, com certeza.

O Suicidal Tendencies também recebeu um bonito tributo de músicos e atletas do Brasil. O que você achou do single? Você já conhecia essas pessoas? 

Não conheci as pessoas que estão no single, mas estou muito animado para isso. O Mike me aproximou com a ideia enquanto estávamos nos preparando para os meus primeiros shows com o Infectious Grooves, em Los Angeles.

E o Mike perguntou se eu poderia vir ao estúdio, literalmente no próximo dia, para gravar algumas versões novas de músicas mais antigas do Suicidal. A ideia era reinventá-las especificamente para essa tour brasileira. E foi muito emocionante, não apenas ter minha primeira experiência de gravação de Suicidal Tendencies, mas ter que ser tão especial para celebrar essa tour brasileira com o sentimento de que somos família.

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Eu peguei a visão que o Mike tinha imediatamente e realmente apreciei a oportunidade de ter o meu primeiro material gravado com Suicidal para apoiar essa tour brasileira, colaborando com músicos incríveis brasileiros. É uma oportunidade fenomenal que estou muito feliz de ter conseguido fazer.

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